Áudio: ex-chefe da PRF pensou que não seria preso e reclamou do MPF

Áudio: chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão Jair Bolsonaro, Vasques se iludiu sobre Moraes e reclamou do MPF antes da prisão

Antes de ser preso, Silvinei Vasques, chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo Bolsonaro, iludiu-se sobre Alexandre de Moraes. Após contato com o gabinete do ministro, o policial acreditou ter sua situação “bem encaminhada” com o magistrado do STF, que acabou por mandá-lo para a cadeia por tempo indeterminado ao decretar sua prisão preventiva.

Áudios obtidos pela coluna também mostram que, antes do cárcere, o policial criticou a atuação de procuradores do Ministério Público Federal (MPF), tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro, e reclamou de fogo amigo na PRF. Silvinei Vasques é acusado de tentar impedir a locomoção de eleitores no Nordeste, via blitz, no segundo turno do pleito presidencial.

“Grande Pereira, meu amigo. Não é brincadeira, não. A imprensa mente, e os outros acreditam. Acho que amanhã vão melhorar as coisas aí. A gente tem falado muito lá com a assessoria do ministro Alexandre, né. Lá tá bem encaminhado”, disse o então chefe da PRF em um dos áudios.

Contrariando a expectativa de Silvinei Vasques, Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva do policial em agosto deste ano e já recusou pedido da defesa para soltá-lo. A justificativa é que o ex-chefe da PRF estaria interferindo nas investigações.

No mesmo áudio, Silvinei Vasques contestou ainda a atuação de procuradores do Ministério Público Federal.

“Agora, o MPF, na verdade, são procuradores de segundo grau que nem poderiam [estar atuando], né? Porque tem jurisdição. Mas tudo bem. Vamos lá. Já liguei na PF, já vão abrir inquérito logo lá. Quero logo responder.

É muito documento para entregar. Está bem documentado. Acredito que vai resolver. E tô me programando aí, me aposento até o final de dezembro. Tô indo embora”, completou Silvinei Vasques.

Na ocasião em que o áudio foi enviado, em dezembro do ano passado, o MPF havia acabado de solicitar o afastamento de Silvinei Vasques do comando da Polícia Rodoviária Federal, sob alegação de “uso indevido do cargo”.

Fogo amigo

Em outro áudio, enviado na mesma época, Silvinei Vasques reclama de suposto fogo amigo na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo o então chefe da corporação, colegas de farda alimentariam o Ministério Público Federal com “mentiras”.

“Eu tinha obrigação de fazer o melhor, então tentei fazer. Não é fácil, (porque) lida com o interesse de pessoas. É difícil. O ser humano é complicado. (…) E eu queria ter entregue essa medalha antes aí, mas minha preocupação era proteger o pessoal, porque tem gente nossa aí do Rio que fica alimentando o Ministério Público com mentiras, infelizmente, inclusive o Ministério Público aí do Rio.

Então tive que ter esse cuidado. Então a gente viu que deu uma acalmada e foi um dos meus últimos atos [conceder a medalha]”, disse Silvinei.

Por: Metrópoles 

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