De raiz azulada, Erick promete revolucionar o item 12, aliando tradição e inovação
“O Caprichoso é a minha vida, eu nasci e cresci brincando em nosso curral. Não me vejo em outro lugar, a não ser aqui”. Essas são as palavras do novo pajé do Boi-Bumbá Caprichoso, Erick Beltrão, anunciado neste sábado, 15, no Curral Zeca Xibelão. De origem azulada, Erick participa de atividades no Caprichoso desde os 3 anos de idade e chega ao item 12 com a proposta de aliar tradição e inovação em mais um capítulo da sua história no Boi.
Reconhecido por sua liderança, competência, comprometimento e amor pelo Boi Caprichoso, Erick é coreógrafo do Boi há 17 anos e conduzirá um legado de raiz familiar, em razão de ser o segundo em sua casa a tornar-se pajé do Boi Caprichoso. “Acreditamos muito no trabalho e comprometimento do Erick, e assim como ele sempre surpreende todos os anos com suas coreografias na arena, sabemos que ele colocará todo esse empenho e amor como item do Boi”, afirma o presidente do bumbá, Jender Lobato.
Para a nação azul e branca, Erick promete comprometimento ao máximo para sua estreia, em junho, na arena do Bumbódromo. “Eu sempre me entreguei ao Caprichoso, e tudo o que eu puder fazer para trazer mais um título, estarei disposto a encarar e revolucionar o item 12, pajé”, assegurou.
Erick Beltrão assume como novo pajé do Boi Caprichoso ao substituir Netto Simões, que decidiu deixar o cargo por motivos pessoais, mas permanece no bumbá como figurinista e colaborador do espetáculo azul e branco.
História azulada
Os primeiros passos de Erick na arte foram moldados ainda na infância quando, aos três anos de idade, brincava na Marujada de Guerra com seu pai. O desejo de manter-se ligado à cultura parintinense o levou, em 1998, às apresentações da Tarde Alegre da Criança, ao compor o grupo Guerreiro Azuis.
No ano seguinte, em 1999, aos dez anos de idade, ingressou na Escolinha de Arte Irmão Miguel de Pascale, onde aprofundou os estudos a respeito dos movimentos da dança. Em 2003, em sua primeira assinatura como coreógrafo no Bumbódromo, comandou uma tribo de composição de arena. “A minha rotina passou a ser pintada de azul e branco e a cada nova apresentação eu só queria seguir aprendendo para aperfeiçoar meus movimentos com a dança”, disse.
Com a oportunidade, Erick passou a assumir desafios maiores. A partir desse momento, o artista convoca seus amigos mais próximos para comandar as coreografias de palco e liderar um grupo de novos talentos, a Troup Jovem, que mais tarde compôs a Troup Caprichoso. “Nossa ideia sempre foi inovar e por isso buscamos trazer passos nunca vistos na tribo coreografada, até mesmo a indumentária sofreu mudanças para destacar os movimentos corporais do grupo, e proporcionar mais ação, principalmente com a chegada de lances acrobáticos na dança”, enfatiza.
Com o grupo formado e a liderança de Erick Beltrão, o Boi Caprichoso revoluciona suas tribos coreografadas e ganha um momento ímpar na arena do Bumbódromo. Era hora de criar um nova bandeira, surge o Corpo de Dança Caprichoso (CDC), em 2008, grupo que se mantém liderado por ele até hoje.
Além dos trabalhos como coreógrafo em Parintins, Erick ganhou notoriedade em diversos festivais pela Amazônia e trabalhos no Brasil a fora. Em 2009 nasce um desafio maior e mais distante, na qual lhe incumbia assinar uma das coreografias da Escola de Samba Gaviões da Fiel, do Carnaval de São Paulo.
Em 2016, na abertura dos Jogos Olímpicos do Brasil, no Rio de Janeiro, Erick foi assessor geral de Deborah Colker, bailarina e coreógrafa brasileira reconhecida internacionalmente. Juntos, arquitetaram o quadro Pindorama, que retratou a força dos povos da Amazônia no evento. “O mundo inteiro estava presente no Maracanã e Parintins mostrou o quanto é surpreendente pertencer ao povo da floresta. Foi uma experiência surreal, que eu pude desfrutar na companhia de todos que embarcaram comigo na aventura”. No mesmo ano, Erick assinou as alas coreografadas da Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis, no Carnaval do Rio de Janeiro.
“Para mim tudo é significativo, nada é por acaso. É maravilhoso saber que nosso trabalho é reconhecido. Todas as viagens me engradeceram muito como artista e também como ser humano. Ter contato com outras culturas me fez enxergar a riqueza do mundo, e a forma de como eu posso fazer parte dele, contribuindo com o meu talento”, agradeceu.
E agora, o novo desafio de Erick Beltrão é trilhar os mesmos passos de seu tio Edelson Beltrão, um dos primeiros pajés do Boi Caprichoso, que lhe transmite a missão, depois de muitos anos, de chefiar os momentos tribais do bumbá azul e branco. “Eu já sonhava em ser pajé e não sabia ao certo quando seria a hora. O momento chegou e veio com uma grande responsabilidade que é reacender a tradição do item 12 na minha família. Estou muito orgulhoso e emocionado, sem dúvidas é o maior desafio da minha vida”, explicou.