Com acordo encaminhado para substituir Ramon Menezes, técnico de 48 anos vem de recente bom trabalho no Braga, é bom de vestiário, mas já protagonizou confusões históricas
O Vasco encaminhou o acerto com Ricardo Sá Pinto e está próximo de confirmá-lo como seu novo treinador. Mas quem é o português escolhido para substituir Ramon Menezes? Ex-jogador do Sporting e da seleção portuguesa, com passagens em seis países como técnico, ele está próximo de se aventurar pela primeira vez no futebol sul-americano.
E exatamente pelo fato de não ser muito conhecido pelas bandas do hemisfério sul, o ge decidiu ouvir quem acompanhou a trajetória de Sá Pinto de perto, como jogador e treinador. Conversamos com jornalistas portugueses, que falaram sobre carreira, questões táticas e o extracampo do treinador de 48 anos.
É um pacote completo. Embora Sá Pinto não esteja na primeira prateleira de treinadores portugueses, certamente é um grande personagem do futebol local. O recente trabalho no Braga, seu último emprego, é uma boa referência. A atuação enérgica à beira de campo, o estilo ofensivo de jogo e o temperamento explosivo também são citados por todos.
Sá Pinto coleciona confusões. Quando jogador, chegou a agredir o técnico da seleção portuguesa que o deixou fora de uma convocação e, nos tempos de diretor, trocou socos com Liedson (relembre o caso). Relatos, no entanto, dão conta de que, apesar de explosivo, Sá Pinto costuma ser muito próximo de seus jogadores. Ele cobra, mas ganha o vestiário.
Sá Pinto indicou o hoje vascaíno Carlinhos ao Standard Liége, da Bélgica
Apesar de nunca ter trabalhado no Brasil, Ricardo Sá Pinto encontrará um ex-comandado. Aliás, um atleta que indicou para uma das equipes que treinou. Após o meio-campista Carlinhos se destacar em 2017 pelo Estoril, de Portugal, Sá Pinto, então treinador do Standard Liège, da Bélgica, pediu sua contratação. O brasileiro teve sequência com o português e marcou três gols e deu três assistências durante a temporada.
Em entrevista concedida ao jornal lusitano “A Bola” em dezembro do ano passado, o hoje vascaíno Carlinhos revelou que o telefonema de Sá Pinto foi fundamental para trocar o futebol português pelo belga. À época, o Benfica e o Braga também queriam contratá-lo.
– Houve contatos (do Benfica). Falei com o treinador (que à época dirigia o Benfica), o Rui Vitória. Ele me ligou, e estávamos para ir eu e o Bruno Gomes, que também estava no Estoril. Mas o Benfica só queria os dois, e o Bruno acabou por não ir. Nesse período, recebi uma ligação do Sá Pinto para me transferir para o Standard Liège e acabei por sair de Portugal – afirmou Carlinhos ao “A Bola”.
Se vai dar certo ou não, é cedo para dizer. Mas o Vasco está próximo de contratar um grande personagem, uma figura que mudará radicalmente o dia a dia do clube e trará muitos holofotes para a Colina.
Veja os depoimentos de jornalistas sobre Sá Pinto
João Almeida Moreira, correspondente de A Bola no Brasil
“É uma carreira atribulada. Em Portugal, ele treinou um clube histórico meio decadente que é o Belenenses. Vamos tentar comparar: é uma espécie de Portuguesa-SP ou América-RJ. Um clube com muita tradição, mas que não tem obtido muitos resultados. Treinou e não teve muito sucesso no Belenenses.
Depois treinou o Braga, que foi o último trabalho dele. É um clube que tenta ser a quarta força do futebol português. Clube que até sonha ser campeão nacional, e ele também não teve muito sucesso.
E trabalhou no Sporting, que é um dos grandes e o clube com o qual ele tem ligação sentimental. Foi um jogador histórico do clube. No Sporting, ele conseguiu chegar à final da Taça de Portugal, o equivalente à Copa do Brasil. Mas perdeu para a Académica, que é um clube inferior.
Chegou à semifinal da Liga Europa, o que foi um feito, sinal de trabalho bem realizado, mas acabou com o gosto amargo de não chegar à final. Isso foi no ano de estreia (2012) e acabou por sair por maus resultados.
No estrangeiro, andou por mercado não comuns, esteve no mercado árabe por algum tempo. Esteve na Polônia, na Sérvia, onde treinou o Estrela Vermelha, que é o maior clube local. Começou bem, mas saiu em conflito com os dirigentes.
Esteve também na Bélgica, onde havia jogado um pouquinho. Acabou por ganhar uma Copa da Bélgica, que foi considerado talvez o maior sucesso dele como treinador.