No ano passado, quando a miss juvenil Ingrid Silva, de 16 anos, morreu em consequência de um infarto, o cardiologista Sérgio Rassi, membro do Conselho Deliberativo e Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), explicou ao g1 que é comum que infartos sejam confundidos com arritmias cardíacas, que podem ter várias causas, sendo quase todas predisposições genéticas.
“Infarto em adolescentes é extremamente raro, a menos que haja alguma anomalia congênita. Quando há uma morte súbita se supõe infarto porque, na idade adulta, a causa mais comum é o infarto. No entanto, nos jovens não. A maior causa de morte súbita no jovem é a arritmia cardíaca, que se confunde com infarto”, explicou à época.
Rassi indica que as principais condições genéticas que podem levar à arritmia são:
- Sindrome de Wolff-Parkinson-White: presença de uma via elétrica anormal no coração ;
- Dispalsia arritmogênica de ventriculo direito: quando há células de tecido gorduroso no lugar de células do miocárdio (tecido da parede mais espessa do coração);
- Hipertrofia assimétrica septal: quando o músculo cardíaco entre os dois ventrículos é mais espesso que o normal;
- Sindrome de Brugada: quando há uma anomalia em um dos segmentos do eletrocardiograma (chamado de ST);
- Sindrome do QT longo: quando há um prolongamento anormal de outra medição do eletrocardiograma (chamado de intervalo QT);
- Fibrilação ventricular primária: distúrbio elétrico congênito no coração;
- Intervalo QT curto (repolarização precoce): quando há um encurtamento anormal do intervalo QT (uma das medições do eletrocardiograma.
“Todas estas situações podem provocar taquicardias ventriculares que, em última essência, podem gerar morte súbita, confundindo-se com ‘infarto do miocárdio’ que, como disse, muito raro nesta faixa etária”, completou.
Picos de estresse ou ataques de pânico
Na entrevista ao g1, o especialista lembrou ainda que pode havera ligação entre essas alterações cardíacas e picos de estresse ou ataques de pânico, por exemplo. Rassi afirmou que essas situações em que há descarga de adrenalina no sangue podem ser gatilhos para uma arritmia, por exemplo. No entanto, apenas em pessoas que já têm predisposição para o quadro.
“A causa da arritmia é um substrato elétrico, o que não é desencadeado exclusivamente por uma emoção ou estresse. Eles podem ser fatores desencadeantes: a pessoa já tem aquele problema e o gatilho pode ser emocional ou um esforço súbito, mas não como causa”, esclareceu.
Fonte: G1