O governo do Rio de Janeiro confirmou, nesta quarta-feira (29), que 121 pessoas morreram durante a megaoperação policial realizada na terça (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital.
Entre os mortos estão quatro policiais — civis e militares — e 117 suspeitos de envolvimento com o crime organizado ligado ao Comando Vermelho (CV).
A informação foi dada pelo secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, que classificou a ação como a mais letal já registrada no estado.
Divergências nos números
Curi explicou que, inicialmente, foram contabilizados 58 suspeitos “neutralizados” durante a operação. Até a manhã desta quarta, porém, o número subiu para 63 corpos localizados na mata, na região da Serra da Misericórdia, área que separa os dois complexos e concentrou os confrontos mais intensos.
Moradores, por outro lado, afirmam que o total de mortos pode ser ainda maior — segundo relatos, 74 corpos teriam sido retirados da região da Vacaria, no alto da serra, e levados até uma praça na Penha.
Os dados oficiais apresentados até o momento são os seguintes:
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Na terça-feira (28), o governo informou 64 mortos, sendo 4 policiais e 60 suspeitos.
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Na manhã desta quarta, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) confirmou apenas 58 mortes, sem explicar a divergência.
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À tarde, em nova coletiva, a cúpula da segurança atualizou o número total para 121 mortos, sendo 4 policiais e 117 suspeitos.
Segundo Curi, uma perícia será realizada para confirmar se todos os corpos encontrados têm ligação direta com a operação.
Prisões e suspeitos de outros estados
Ainda de acordo com o secretário da Polícia Civil, a operação resultou na prisão de 113 pessoas, entre elas 33 oriundas de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco.
Curi afirmou que os presos faziam parte de um grupo interestadual ligado ao tráfico e que usava as comunidades do Rio como base de operações.
Governo e segurança classificam ação como “bem-sucedida”
O governador Cláudio Castro definiu a operação como um “sucesso”, afirmando que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos durante os confrontos.
“Os agentes tombaram em defesa da sociedade. São as únicas vítimas que reconhecemos”, declarou o governador.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, minimizou o impacto civil da ação e classificou o “dano colateral” como “muito pequeno”, alegando que apenas quatro pessoas inocentes teriam morrido.
Mais de 2,5 mil agentes — entre policiais civis e militares — participaram da megaoperação, considerada de alto risco e com forte aparato bélico.
Estratégia da operação
Durante coletiva à imprensa, o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, detalhou a estratégia utilizada. Segundo ele, as forças de segurança criaram um “Muro do Bope” — uma barreira tática formada por equipes que avançaram pela Serra da Misericórdia para cercar e empurrar os criminosos em direção à mata, onde outros grupos do Batalhão de Operações Especiais (Bope) já estavam posicionados.
“O objetivo era isolar o território e impedir a fuga dos criminosos. A ação foi planejada para reduzir riscos à população e garantir o controle da área”, explicou Menezes.
A operação mais letal já registrada
Com 121 mortos, a ação se torna oficialmente a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, superando episódios anteriores em Jacarezinho (2021) e Vila Cruzeiro (2022).
A repercussão do número elevado de mortes tem provocado reações de organizações de direitos humanos, que cobram transparência nas investigações e respeito aos protocolos legais de uso da força.











