Oxigênio cada vez mais raro em Manaus e consumo muito maior que a produção


Consumo de oxigênio de um único hospital de Manaus já é maior do que a média dos maiores hospitais do país

O consumo subiu por conta da alta de pacientes internados por Covid-19 registrada na última semana


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Cilindros de oxigênio chegando no Hospital Universitário Getúlio Vargas na manhã desta quinta-feira (14). Foto: Junio Matos

LUCAS VASCONCELOS 14/01/2021 ÀS 10:36

A pandemia do Covid-19 causou um crescimento no consumo de oxigênio em todo o país. Porém, segundo a White Martins – principal fornecedora do gás no Estado -, o consumo individual dos hospitais de Manaus está maior do que a média do consumo dos maiores hospitais do Brasil, como Sírio-Libanês em São Paulo, por exemplo.

“Em função do forte avanço da pandemia de COVID-19, o consumo de oxigênio na cidade aumentou exponencialmente nos últimos dias em comparação com o volume que já era extremamente alto, uma demanda muito acima de qualquer previsibilidade e que segue crescendo significativamente.  De uma maneira geral, o consumo de oxigênio tem crescido em todo país em função da pandemia do Covid-19, mas a situação em Manaus é totalmente atípica e muito acima do que vem sendo registrado nas demais cidades brasileiras. Para se ter uma ideia, o consumo individual de muitos hospitais da cidade está maior do que a média de consumo dos maiores hospitais do país”, descreveu em nota.



Na última quarta-feira (13), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informou durante o seu pronunciamento que o consumo atualmente o consumo médio dos hospitais no Amazonas é de 70 mil metros cúbicos por dia. Número bem acima do que era recebido pelas fornecedoras: apenas 28 mil metros cúbicos.

“Manaus vive a crise do oxigênio. A White Martins sempre trabalhou a 50%. Atendia o estado do Amazonas com 50% de sua produção. Capacidade dela de 25 mil e mais 3 mil de outras empresas, totalizando o fornecimento de 28 mil para o Amazonas que consumia em torno de 15 a 17 mil. (Eram) mil metros cúbicos de oxigênio por dia. Quanto é hoje no Estado do Amazonas? 70 mil metros cúbicos por dia. Quanto a White Martins fabrica? 28 mil, com outras duas fornecedoras menores. Qual é a nossa demanda atual? 70 mil. Sem contar com os novos leitos que irão abrir. E assim, o Estado passou a fazer sua logística. Não tem como vencer uma demanda desse tamanho. Toda a fabricação da White Martins está impactada”, detalhou Pazuello.

Questionada pela A Crítica, a White Martins informou que já tem ampliado sua produção e que está sendo preparado uma nova mobilização para suprir a demanda de oxigênio na capital amazonense.

“Mesmo já tendo ampliado sua produção e capacidade logística significativamente desde o início da pandemia, uma nova mobilização está em curso neste momento pela empresa com o objetivo de suprir os hospitais com a maior quantidade de oxigênio possível. A produção de oxigênio é um processo de grande complexidade em que há um limite de capacidade produtiva imposto pela infraestrutura disponível no estado do Amazonas e pelos desafios logísticos da região”, contou a empresa.

Deslocamento

Outro recurso usado pela White Martins para suprir a necessidade de oxigênio que os hospitais de Manaus tem demandado, é o deslocamento de produtos de outras unidades da empresa, localizadas em demais Estados brasileiros.

“Com uma logística integrada em todo o território nacional, a White Martins está deslocando de outros estados uma quantidade expressiva de equipamentos criogênicos de grande porte, entre carretas e isotanques, carregados com toneladas de oxigênio para a região. Nesta última madrugada, unidades de transporte de oxigênio líquido chegaram a Manaus trazidos de Belém e novos carregamentos estão programados”, pontuou a empresa.

Monitoramento

A empresa acrescentou que já direcionou toda a sua produção de oxigênio da unidade de Manaus para atendimento aos hospitais e tem reforçado a orientação sobre as melhores formas de uso do produto para evitar desperdício. A companhia também reforçou o monitoramento do consumo dos hospitais da região e otimizou ao máximo as rotas de entrega para abastecimento dos tanques que armazenam o produto. Segundo a White Martins, todos os tanques de oxigênio instalados nos hospitais contam com sistema online de telemetria e são monitorados 24 horas por dia pelo Centro Nacional de Logística da empresa.

“A companhia também mobilizou motoristas, supervisores de operação e outros profissionais especializados que seguiram para Manaus e estão trabalhando 24 horas por dia para aumentar a capacidade logística e a produção na região”, acrescentou.

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