Rio de Janeiro, João Pessoa, Natal, Maceió, Vitória e sua vizinha Vila Velha. Também Balneário Camboriú e Guarujá, além de Marechal Deodoro e Aquiraz.
Essas são algumas das cidades brasileiras que sediaram ou vão sediar algum torneio do circuito internacional de beach tennis neste ano.
São cidades turísticas e litorâneas que já mostram que o Brasil está entre os países onde esse esporte é mais popular.
Agora, o que escancara que o Brasil virou o país do beach tennis são as cidades-sede do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) espalhadas de norte a sul do país, em todas as regiões brasileiras.
Há capitais que não passam nem perto do mar, como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Teresina e Palmas, e até a mais distante do litoral, Cuiabá.
E muitas outras cidades do interior do país, como Ribeirão Preto, Vinhedo e Sorocaba (SP) ou Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu (PR) — e também em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, Goiás e Rio Grande do Norte.
O beach tennis é praticado no Brasil inteiro, em cada vez mais lugares, e por um número crescente de pessoas.
A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) estima que o número de praticantes tenha quase triplicado nos últimos três anos, de 400 mil em 2021 para 1,1 milhão em 2023.
potência em competições.
Segundo a ITF, o beach tennis surgiu nas praias italianas nos anos 1970, quando praticantes de tênis aproveitaram redes de vôlei instaladas na areia e começaram a bater uma bolinha. Logo surgiram os primeiros torneios e regras. Nos anos 1990, os atletas se profissionalizaram. Mas o esporte ainda estava confinado ao Mediterrâneo europeu.
Ele cruzou o oceano só no século 21. Atualmente, é praticado em cerca de 50 países, Brasil entre eles. De acordo com a CBT, a prática chegou aqui pelo Rio de Janeiro, em 2008. Dois anos depois, Florianópolis sediou o primeiro torneio no país.
Mas, ao longo de toda a década passada, o beach tennis foi um nicho muito específico. Aí veio a pandemia de covid-19, e a sua popularidade explodiu no Brasil.
O aumento do espaço ocupado por quadras esportivas na orla gerou uma onda de descontentamento que foi parar no Ministério Público.
Entidades como a organização não governamental Grupo Ação Ecológica alegam que a orla é uma área de proteção ambiental e que está havendo uma descaracterização da paisagem, um bem protegido por lei.
A polêmica é mais uma evidência da popularização do esporte. Entre todas as atividades físicas e esportivas licenciadas, o beach tennis é a mais comum na capital fluminense, com 80 espaços regularizados.
A Secretaria Municipal de Esportes defende que cada evento realizado na cidade, como a Copa do Mundo, atrai turistas e movimenta a economia.
O Brasil já ganhou quatro Copas da modalidade, mesmo número da Itália, e conta atualmente com três atletas no top 10 masculino no mundo e outras três no top 10 feminino.
Até onde o esporte consegue crescer depende, necessariamente, das condições socioeconômicas do país.
O beach tennis pode até não ser uma prática tão elitizada como o tênis, mas tem suas limitações.
Se não tiver uma quadra pública perto de casa, o praticante precisa pagar pelo uso. Ainda há os gastos com as aulas e o material.
Há raquetes que saem por menos de R$ 100, enquanto outras passam dos R$ 2 mil. Cada bola costuma sair por R$ 10 a R$ 20 cada. Daphne Lambros reconhece que o esporte tem um certo impacto em seu orçamento mensal. Mas não pensa em parar.
“Para mim, vale o investimento. Não é pelas competições, estou pela energia, pelo estado de espírito. Torço para que vire esporte olímpico”, diz.
Por: BBC