Para especialista, o vírus vai começar a manifestar na população que se infectou nas festas de fim de ano, dentro dos próximos sete dias, mesmo que capital já esteja colapsada
Manaus – Com as festas de Natal e Ano Novo, a previsão é que o pico da segunda onda da pandemia no Amazonas seja atingido em 15 de janeiro, com recordes de contaminações e internações. A afirmação foi feita pelo infectologista e mestre da Universidade Federal do Amazonas, Menabarreto Segadilha França, com base no período de incubação do vírus, que é de 14 dias. Segundo o pesquisador, o sistema de saúde no Amazonas não está preparado para enfrentar esse novo ápice. Já a Prefeitura de Manaus registrou 564 enterros nos cemitérios da capital em apenas seis dias, até a sexta-feira(08).
Esse “período de incubação” se refere ao tempo entre a infecção do ser humano pelo vírus e o início dos sintomas da doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no caso da Covid-19 esse intervalo varia de 1 a 14 dias.
Para o infectologista, o vírus vai começar a manifestar na população que se infectou nas festas de fim de ano, dentro das próximas duas semanas. Conforme o profissional que atua há mais de 40 anos na área, quatro eventos contribuíram diretamente para esses aumentos, sendo eles a Eleição Municipal, o Natal, o Réveillon e a posse do novo prefeito, vice-prefeito e vereadores, realizada no mesmo dia.
“Existe esse período de incubação do vírus. O vírus penetra em você, então ele passa a se multiplicar, sendo que a partir do 14º dia ele vem para a fase de contaminação. Somos o único estado que atingiu esse patamar “roxo” de contaminações”, destacou Segadilha, que desenvolve estudos sobre a Covid-19.
Em pronunciamento durante a live do Governo do Estado do Amazonas, a diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto, alertou que a situação é avaliada como de alto risco e que o Amazonas tem, atualmente, uma média móvel de 700 casos novos todos os dias. Com a rede privada atingindo a capacidade máxima de ocupação de leitos clínicos e de UTI, a previsão é que a população recorra ao serviço público.
“O governo não está preparado, por incompetência. O atual secretário de saúde do Estado [Marcellus Campêlo] é um engenheiro, que não sabe a diferenciar doenças básicas. O Hospital Delphina Aziz, sendo utilizado a capacidade máxima, atenderia 80% dessa demanda, só que não é de responsabilidade do estado, por que está nas mãos da O.S, então eles fazem o que bem entendem. Muitas enfermarias desse hospital estão inoperantes”, relatou.
Mudanças no cenário
A perspectiva é que esse cenário mude com o início da vacinação. Segadilha acredita que, mesmo se a campanha de imunização começasse nesse início de mês, o que não seria possível já que não há liberação para vacinação emergencial no território brasileiro, a reposta imune e a queda nas contaminações só seria vista no Amazonas no final do mês de fevereiro desde ano.
Fonte: D24am