Regiões ocupadas pelo tráfico para o plantio de maconha podem tomadas pelo Estado em ação feita nos mesmos moldes que tirou Monte Horebe do crime organizado, em Manaus
A dura ação anunciada ontem pelo governador Wilson Lima (PSC) para responder ao ataque do tráfico de drogas, que resultou na morte de sete pessoas, entre elas um cabo e um sargento da PM, em Nova Olinda do Norte, está de acordo com o que o calor dos ânimos espera.
Leia mais
Dois PMs são mortos e dois saem feridos de emboscada em Nova Olinda
Mas a ação precisa ir além de uma operação policial.
Além de dura, a resposta precisa ser permanente.
Em curto, médio e longo prazos, o poder público, União, Estado e municípios, precisa expulsar, retomar e ocupar com a presença de órgãos públicos e atividades econômicas as terras que o crime, com o plantio de maconha, mostra serem férteis e lucrativas.
Não somente isso, mostram que, além de agriculturáveis, sem a efetiva presença do Estado, esses territórios têm tudo o que o poder público não tem levado em conta, mas que é bem aproveitado pelo tráfico.
Quem já esteve em lavouras de maconha, no interior do Amazonas, como eu estive em abril de 2005, na Zona Rural de Maués, onde a terra preta indígena tem grande incidência, pôde ver que os plantios de droga têm tudo o governo historicamente nega à agricultura regular.
Tudo o que tráfico tem, terras férteis, tecnologia, financiamento, mão de obra e mercado, também pode ser proporcionado aos povos do interior da Amazônia, que a cada dia se tornam ainda mais vulneráveis ao crime.
A força do Estado vai muito além do seu braço armado. E, efetivamente, no caso de Nova Olinda do Norte, não passará de paliativo, caso a dura resposta seja apenas policial.
O governo Wilson Lima possui um modelo exitoso de enfrentamento ao crime organizado e que pode ser aplicado, em escala maior, em Nova Olinda do Norte, e em outras regiões do Estado dominadas pelo tráfico.
Por exemplo, o que foi feito na invasão Monte Horebe, na Zona Norte de Manaus, no começo do ano, também pode ser replicado no interior do Estado.
No Monte Horebe, o Estado entrou na região com inteligência, conheceu o problema e a tomou dos traficantes com uma ação multidisciplinar que não deu tempo do crime esboçar reação.
Hoje, até uma escola modelo está sendo construída na área, mostrando o poder do Estado.
É essa força que o governo precisa também precisa mostrar nos territórios ocupados pelo tráfico no interior do Amazonas e que pode começar por Nova Olinda do Norte.
Foto: Divulgação/Ministério da Justiça Por Neuton Corrêa, da Redação do BNC AMAZONAS