Tese bolsonarista era de que ex-ajudante de ordens blindasse o ex-presidente; ele alegou falta de acesso à perícia em seu celular
O ex-ajudante de ordens Mauro Cid ficou em silêncio durante depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18) sobre a investigação de falsificação de registros de vacina. A ação frustra aliados de Jair Bolsonaro (PL), que trabalhavam com a tese de que ele blindaria o ex-presidente. As informações são de Daniela Lima, âncora da CNN.
Conforme noticiado por Daniela Lima na quarta-feira (17), aliados esperavam que Cid assumisse que fraudou o próprio cartão de vacinação, o da esposa e o da filha.
Ele deveria alegar motivo pessoal, destacando que tem pessoas próximas que moram no exterior, demandando visitação frequente. Entretanto, ele teria receio de tomar a vacina contra a Covid-19 – requisitada para ingressar nos outros países – e, assim, articulou a falsificação dos documentos.
Mensagens extraídas do celular do ex-ajudante pela Polícia Federal (PF) revelam conversas dele com a esposa em que eles colocam em dúvida os imunizantes. Diversos especialistas já atestaram a segurança e eficácia das vacinas utilizadas contra a Covid-19.
Era esperado pelos aliados que ele confessasse o crime de menor potencial ofensivo (falsificação de documentos) e talvez cumprisse uma pena leve com um acordo. Porém, quando fosse indagado pela PF sobre o cartão de Bolsonaro, ele se afastaria.
A avaliação é de que o volume de provas contra Mauro Cid, principalmente em relação às falsificações de registros para ele a família, é grande, o que torna muito difícil não haver condenação.
Cid alega falta de acesso à perícia e defesa de Bolsonaro minimiza silêncio
Logo após ser divulgado que o ex-ajudante de ordens ficou em silêncio, um militar que visitou Cid anteriormente informou a Leandro Resende, analista de Política da CNN, que ele perdeu uma oportunidade de se defender.
Pessoas ligadas à defesa de Jair Bolsonaro (PL), por outro lado, tentam, logo após o fim do depoimento, minimizar a escolha pelo silêncio.
Eles pontuaram a Renata Agostini, analista de Política da CNN, que não houve tempo para os representantes de Cid terem acesso a todas as informações da perícia realizada em seu celular e se prepararem para a oitiva.
Assim, uma fonte destacou a Renata Agostini que a escolha seria “tecnicamente perfeita”. Não havendo caminho de pleitear adiamento do depoimento, a saída seria ficar em silêncio.
Em seguida, Daniela Lima confirmou com pessoas que acompanham o caso de perto que o ex-ajudante de ordens alegou falta de acesso à perícia em seu dispositivo e outras provas.
Depoimento de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal sobre o caso. Ele afirmou que não pediu a ninguém para falsificar cartões de vacinação contra Covid-19 para ele, nem para inserir dados no ConecteSUS em seu nome.
Conforme explica Daniela Lima, o ex-chefe de Estado também se afastou de algumas pessoas citadas nas investigações, como Ailton Barros – ex-militar que se identificava como “o 01 do Bolsonaro” – argumentando que se aproximavam apenas em períodos eleitorais.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro disse não saber o que foi feito por Mauro Cid nem supostas motivações. O ex-presidente também negou ter apoiado qualquer ato de insurreição ou afastamento do Estado Democrático de Direito.
Leia a íntegra do depoimento de Jair Bolsonaro sobre a investigação de falsificação de registros de vacinas neste link.
Fonte: CNN