Clima entre governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e demais apoiadores de Bolsonaro azedou após apoio à reforma tida como “do PT”
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi hostilizado em uma reunião com integrantes do PL, na presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, na manhã desta quinta-feira (6/7) em Brasília para tratar da reforma tributária. Tarcísio chegou a ser vaiado por aliados.
“Eu acho arriscado para a direita abrir mão da reforma tributária”, tentou dizer Tarcísio, após falar que havia ido ao encontro “na maior humildade”.
Ao ouvir vaias, porém, reclamou. “Tudo bem, gente. Se vocês acham que a reforma tributária não é importante, não vota, pô.”
Tarcísio, que havia declarado apoio à reforma nessa quarta (5), já vinha sendo alvo de críticas de bolsonaristas nas redes sociais.
Ele se reuniu com Bolsonaro e aliados para expor sua posição. Toda a bancada do partido da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) compareceu à reunião, após convocação do partido.
Ao começar a falar, no entanto, o governador foi interrompido pelos deputados Luiz Philippe de Orleans e Bragança e Mario Frias, ambos eleitos por São Paulo.
O presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, usou o microfone para garantir que Tarcísio concluísse sua fala e puxou uma salva de palmas ao governador no fim do discurso.
Bolsonaro disse que Tarcísio, “com todo o respeito, não tem experiência política”. Afirmou também que havia ficado “chateado” com Tarcísio, como mostra vídeo obtido pelo Metrópoles.
Nas redes sociais, Costa Neto publicou fotos com legenda dizendo que o partido “segue unido pela democracia e por um projeto de Brasil mais justo”.
Deputados que estiveram no jantar que Tarcísio ofereceu no domingo (2) à bancada paulista da Câmara dos Deputados disseram que, na ocasião, tiveram a impressão de que Tarcísio tinha mais pontos de discordância do que de concordância com o projeto em discussão na Câmara.
Deputados da bancada do PL ouvidos pelo Metrópoles interpretaram o encontro de Tarcísio com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antes de conversar com Bolsonaro como uma falha na articulação do governador e um gesto de deslealdade.
Segundo relatos, Tarcísio deixou o local às lágrimas após as hostilidades.
Para estes parlamentares, Tarcísio poderia ter pedido ajuda ao ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que defendeu a reforma durante o governo Bolsonaro. Guedes é visto pelos bolsonaristas como um liberal sem interesses políticos e cujos conselhos são normalmente acatados pelo ex-presidente.
Fonte: Metrópoles