Treinador de 55 anos morreu na Arábia Saudita, neste domingo, depois de sofrer ataque cardíaco. Substituído no intervalo por Lucas Paquetá, Douglas Luiz continua na equipe
Antes de iniciar a entrevista coletiva de véspera da partida contra o Uruguai, o técnico da seleção brasileira masculina de futebol, Tite, prestou homenagem ao treinador Carlos Amadeu, falecido neste domingo, depois de sofrer ataque cardíaco.
Amadeu morreu aos 55 anos. Ele estava no Al-Hillal e trabalhou quatro anos na base da CBF – foi treinador do sub-17 e do sub-20. Tite se emocionou e falou um pouco sobre o treinador:
– É muito difícil falar de quem a gente admira, quem a gente admirou. Quem conviveu. Nós trabalhamos três anos com o Amadeu. Em três anos a admiração, a escala de valores num mundo extremamente competitivo que a gente vive. E no futebol vencer é praticamente sobreviver, a escala de valores moral, educacional, ética, no convívio conosco, com Gabriel Menino, Militão, Vinicius, com quem ele teve oportunidade de princípios todos. E tenha a esposa Dora, o filho Ricardo, o filho Matheus, que me acolheram tão bem, nós tiramos fotos juntos na Bahia, toda nossa solidariedade, carinho, fortalecimento. Legado é muito grande. Dessa escala de valores muito rica. Que para vencer precisa ser melhor, não precisa vencer a qualquer custo. Fica meu sentimento, que é externado por todos nós – disse, emocionado, o treinador da seleção brasileira.
Técnico confirma escalação
Sobre a partida contra o Uruguai, Tite lembrou as três vitórias nas Eliminatórias e reconheceu que vai ter o time mais difícil até então. Ele lembrou a força ofensiva da seleção celeste.
– Nós fizemos as três vitórias, sim, contra as três últimas seleções da classificação. As duas primeiras vitórias criando e fazendo bastante gol, jogando bonito e tendo resultado. Na terceira não deu para jogar bonito, mas teve a consistência e teve a vitória. Talvez elas não briguem para classificar, mas daqui a pouco elas vão atrapalhar a classificação de alguém. Vamos enfrentar o Uruguai, uma equipe que vem sólida. Tradicionalmente um clássico, uma gama de envolvimentos com peso de camiseta, com atletas de alto nível e esse nosso processo de afirmação da equipe – comentou o treinador.
O treinador lembrou que o desafio é diferente. E tentou deixar para trás os problemas desta convocação, com oito cortes e ainda a possibilidade de mais um, caso Alex Telles teste positivo novamente no exame de Covid-19.
– Esse jogo tem características diferentes. Jogar contra a Venezuela em casa, tem uma proposta do adversário. O Uruguai jogando dentro da sua casa é uma outra proposta. Nós vamos ser mais exigidos defensivamente do que fomos contra a Venezuela. Paralelamente a isso nós vamos ter mais espaços para criações ofensivas. É um jogo que se caracteriza com estratégias, formas e ideias de futebol diferente de um jogo para o jogo. Essa é a preparação que a gente procurou fazer – avaliou.
Auxiliar de Tite, Cléber Xavier destacou a potência da dupla Cavani e Suárez no comando do ataque do Uruguai. Tite ainda lembrou a proximidade da cultura do Rio Grande do Sul com a uruguaia. Cléber comentou que Cavani, que saiu do PSG para o Manchester United, varia de posição.
– Vejo Cavani jogando de duas formas. No último jogo agora contra a Colômbia, jogando por dentro, em dupla com o Suárez. É inegável a qualidade deles. Cavani fazendo uma função de vir buscar, de aproximar mais e, também, jogando pelo lado. A gente está preparado para as duas formas. Estamos atentos pela grandeza desses dois jogadores e do clássico – disse Cléber.
O treinador da seleção brasileira disse que vai repetir a escalação, mas avisou que tem “dúvida clínica” por conta de Allan, sem aprofundar o tema – após a coletiva, a CBF informou que o meia sentiu dores musculares após o jogo contra a Venezuela. Ele treinou com o grupo na manhã desta segunda e será reavaliado na terça. Se não jogar, entra Arthur. Ederson segue no gol.
A escalação contra o Uruguai: Ederson Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi; Allan (Arthur), Douglas Luiz e Everton Ribeiro; Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Richarlison.
Reencontro com “Maestro”
Cléber Xavier explicou a manutenção de Douglas Luiz e ressaltou a importância tática do meia.
– O Douglas é um jogador que a gente precisava que no jogo saísse um pouco mais, diferente do que foi o jogo contra a Bolívia. A gente corrige trabalhando como sempre faz. Todo atleta que vai bem ou vai mal, a gente faz as correções. E conseguimos fazer isso durante os dois treinos para o jogo de amanhã – afirmou Clebinho, como é chamado.
Tite falou com admiração também do técnico Oscar Tabárez, o “Maestro” da seleção uruguaia, que tem longa estrada à frente da celeste. O brasileiro foi questionado se imagina que pode ter percurso tão longo quanto o colega uruguaio.
– As culturas são diferentes. Vamos só nos ater a esses aspectos. Atingir essa dimensão do mestre Tabárez é muito grande. Eu confesso que não vejo culturalmente a possibilidade. E nem vejo para mim essa longevidade toda – disse o treinador da Seleção.