Veja ponto a ponto as versões já apresentadas por do Val sobre reunião com Bolsonaro em que teria sido discutido plano de golpe

Interlocutores do ministro afirmam que ele não é amigo de Marcos do Val, e que, inclusive, o ministro recebeu o senador em público, no Salão Branco, como faz com outros pedidos de audiência que recebe. Segundo esses interlocutores, o senador relatou ao ministro Alexandre de Moraes que recusou um pedido de Daniel Silveira para grampea-lo. O ministro, então, quis saber se o parlamentar faria um depoimento sobre isso, mas Marcos do Val recusou. Diante disso, o ministro disse que nada poderia fazer.

Após o encontro, Do Val teria agendado a reunião com Jair Bolsonaro e Silveira.

3. Qual foi o teor do encontro?

No encontro, Do Val afirma que teria sido convidado a contribuir em uma tentativa de gravação de conversa com o ministro Alexandre de Moraes para tentar obter provas que pudessem levar à anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022.

À GloboNews, disse que Daniel Silveira foi claro sobre o plano: “[Ele disse:] ‘O nosso objetivo é anular a eleição, manter o presidente no cargo e o ministro Alexandre ser preso’”, declarou.

4. Houve imposição para a reunião?

Na quarta (1º), em discussão com integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), Marcos Do Val citou pela primeira vez a existência do encontro entre Bolsonaro e Silveira. Em uma transmissão ao vivo, ele disse que Bolsonaro teria imposto a ele a participação no plano.

“Eu vou soltar uma bomba. Na sexta-feira [3], vai sair na Veja, a tentativa de Bolsonaro de me coagir para dar um golpe de estado junto com ele. E é lógico que eu denunciei”, disse.

À GloboNews, ele retirou a declaração. “Eu tava tendo um embate muito grande com o MBL [que estava] fazendo uma série de fake news das eleições que tiveram ontem. Usei uma palavra que não deveria ter usado, a questão da imposição para estar nessa reunião”, disse.

5. Onde teria ocorrido a reunião?

Na primeira versão à revista “VEJA”, Do Val afirmou que o encontro havia ocorrido no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Ele teria sido levado até o edifício por carros descaracterizados da Presidência.

Pela manhã, em entrevista à GloboNews, mudou o local. Disse que o encontro havia acontecido na Granja do Torto, residência de campo da Presidência da República.

Mais uma vez, em nova entrevista à GloboNews à tarde, ao ser pressionado, Marcos Do Val alterou a versão. Disse que estava no Alvorada. “Posso dizer que estava lá”, afirmou.

6. Quem participou do encontro?

Neste ponto, não há mudanças nas versões. Ele narrou em todas que somente estavam no encontro o deputado cassado Daniel Silveira e Jair Bolsonaro.

7. O que Jair Bolsonaro disse?

Na primeira versão do relato, apresentada pela revista “VEJA”, Do Val diz que Jair Bolsonaro tratou dos acampamentos mobilizados em apoio a ele. E que, após ter sido introduzido ao plano, quis saber como seria colocado em prática.

A reportagem afirma que Jair Bolsonaro teria respondido que havia acordo para a participação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na entrega das escutas.

Mais tarde, ele retirou a informação. Segundo ele, Bolsonaro somente afirmou que não pediria a desmobilização dos acampamentos para não sinalizar a Alexandre de Moraes que estaria envolvido na organização. Teria sido Daniel Silveira o responsável por afirmar que o GSI estaria à disposição, segundo ele.

Na mesma entrevista à GloboNews, o senador disse que Jair Bolsonaro indicou concordar com a ideia. Mais tarde, em nova entrevista à GloboNews, retirou a informação. “Bolsonaro [só] ouviu tudo e ficou calado”, afirmou, acrescentando, porém, que ele não rejeitou as ideias de Silveira.

Ainda na entrevista à GloboNews, ele acrescentou que Bolsonaro voltou a falar no encontro ao se despedir do senador. “Pensa e depois você me manda a resposta”, afirmou.

8. Qual o papel do Gabinete de Segurança Institucional?

A participação do GSI no plano também tem divergências. Na primeira entrevista à GloboNews, ele disse que Daniel Silveira afirmou que o GSI poderia “dar toda a estrutura, todas as condições para você [Do Val] fazer seu trabalho”.

Em nova entrevista à GloboNews, pela tarde, ele retirou a declaração. “A gente pode tirar o GSI. […] Daniel não verbalizou isso, não”, afirmou. Segundo ele, a participação do GSI no plano teria sido inferido por ele próprio após o encontro.

9. A quem ele repassou as informações sobre a reunião?

Em todas as versões, o senador afirmou ter repassado as informações do encontro ao ministro Alexandre de Moraes. Ele não é preciso sobre a data do encontro na sede do Supremo Tribunal Federal, mas disse que teria como provar por meio de bilhetes de passagens aéreas.

10. Do Val chegou a formalizar um depoimento?

Segundo apuração do blog do jornalista Octavio Guedes no g1, ao relatar as informações a Moraes, Do Val teria sido convidado a prestar depoimento formal sobre a reunião. Ainda de acordo com o blog, o senador teria recusado.

Em entrevista à GloboNews, Marcos do Val negou. Ele afirmou que apenas municiou Moraes de informações sobre o encontro. “Ele [Alexandre de Moraes] olhou pra cima, balançou a cabeça do tipo ‘Não acredito que tão [discutindo isso]’. Ele não me demandou, colocar num relatório. Não recebi proposta em momento algum para escrever o depoimento”, disse.

11. Houve pressão da família Bolsonaro para que ele mudasse a versão original?

Nesta tarde, à GloboNews, ele negou ter sofrido pressão da família Bolsonaro para alterar a versão apresentada. Segundo ele, houve, sim, uma ligação do também senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) a ele.

O teor da conversa, afirmou, foi um pedido do senador para que Do Val não renunciasse ao mandato. “Um gesto de solidariedade”, classificou.

Ele ainda disse que Flávio teria ficado “feliz” por não ter sido mencionado no caso.

Ainda na entrevista, Do Val revelou que recebeu convite para abandonar o Podemos, seu atual partido, para se filiar ao PL, partido de Jair e Flávio Bolsonaro.

Ele afirmou ter ligado ao presidente do partido para dizer que este não seria o momento adequado para a filiação, mas que pretende efetivar a transição partidária.

Fonte: G1

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