Artista argentino Leandro Erlich ganha exposição no CCBB em São Paulo

Pessoas que não se molham e nem se afogam ao entrar em uma piscina. Uma sala de aula com alunos incomuns. Uma nuvem encapsulada. Um elevador que inverte os ambientes interno e externo. Uma janela para um jardim com seu reflexo aparecendo de forma cruzada. Tudo é invertido e subvertido na exposição A Tensão, do artista argentino Leandro Erlich, que será aberta hoje (13) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo. Erlich transforma coisas do dia a dia, mundanas ou comuns, em algo novo. Objetos cotidianos ganham novos significados em sua obra. “Ele transforma o ordinário em extraordinário”, afirmou o curador da mostra, Marcello Dantas. “O mecanismo da arte dele é o mecanismo da dúvida. Esse lugar que é a discordância entre aquilo que os olhos veem e aquilo que a sua mente sabe”, acrescentou. “Quando você olha para uma coisa, [você pensa]: eu estou vendo isso, mas isso não é possível. Essa discordância, essa dúvida, nos faz questionar todas as coisas básicas com as quais a gente se relaciona no dia a dia. E isso é uma gramática, uma linguagem universal. Por isso, ele consegue ter o mesmo impacto no Japão e no Brasil, na Argentina e na França”, disse o curador. No Brasil, a exposição já passou pelos CCBBs do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, sempre com muito sucesso. Diversas fotografias da exposição podem ser encontradas facilmente nas redes sociais. Apesar de “parecer instagramável”, a exposição é composta por obras produzidas muito antes do surgimento das redes sociais, como o Instagram. “A peça mais instagramável, que é a piscina, data de 1.999, dez anos antes da invenção do iPhone, 12 anos antes da invenção do Instagram”, observou o curador. O Programa CCBB Educativo – Arte & Educação, do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), comemora o Dia do Compositor – Divulgação/CCBB Ela também não é interativa, apesar de as pessoas parecerem interagir com as obras. “As pessoas podem chamar isso de modo interativo, mas não é. Essa é uma obra participativa. É um pouco diferente. Não tem nada para você apertar, não tem nenhuma máquina para você ligar aqui dentro. Toda a tecnologia está na cabeça das pessoas, e a importância é que essa obra, sem as pessoas, não existe”, explicou Dantas. “É a sua participação, o seu engajamento, que desperta o mecanismo sensorial, o seu envolvimento com o rito que está acontecendo ali dentro. Isso é mágico. A obra está te esperando”, ressaltou. O próprio nome da exposição, A Tensão, já começa produzindo um duplo sentido: a tensão, de frio na barriga, e atenção, como se você estivesse em uma sala de aula e o professor estivesse chamando a sua atenção, provocando uma dúvida entre o que você ouviu e o que de fato a palavra representa. Para o curador, a obra mais importante dessa exposição é exatamente a sala de aula, espaço onde sua imagem é refletida dentro de uma sala, transformando você em um fantasma. “A sala de aula é uma obra de 2017 e foi criada no âmbito de uma ideia de uma certa nostalgia, de uma velha escola, de uma memória no sentido afetivo. A sala de aula é uma obra necessária, num momento em que, no Brasil, a grande questão que estava à mesa era os rumos da educação”. Ao apresentar seu trabalho à imprensa, em São Paulo, Erlich disse que a obra dialoga com o espaço de exposição e, principalmente, com o público. “O trabalho que um artista faz é 50% [da obra]. Os outros 50% se referem a participar, a interpretar e refletir [sobre a obra]. A mensagem está aí e necessita do espectador. Se não tem uma pessoa dentro da piscina, não tem piscina: tem apenas um buraco, água. A ativação de tudo depende do público. O público é também ator e intérprete [da obra]”, definiu o artista. A Tensão fica em cartaz até 20 de junho. Mais informações e o agendamento de visita podem ser obtidos no site, onde também é possível um giro pela exposição.

Corinthians busca reabilitação na Libertadores contra Deportivo Cali

Qual Corinthians o torcedor que for à Neo Química Arena, em São Paulo, verá nesta quarta-feira (13) contra o Deportivo Cali (Colômbia) pela 2ª rodada da fase de grupos da Copa Libertadores? O time que perdeu do Always Ready (Bolívia) por 2 a 0 há uma semana ou o que venceu o Botafogo por 3 a 1 no último domingo (10)? A resposta poderá ser conferida a partir das 21h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo da Rádio Nacional. 🔜 Próxima parada do Timão é na @libertadoresbr 🏴🏳 🗓 13/04 (quarta-feira) 🆚 Deportivo Cali (🇨🇴) ⚙️ Fase de Grupos – 2ª rodada ⏰ 21h (horário de Brasília)#VaiCorinthians pic.twitter.com/d0J59z17V9 — Corinthians (@Corinthians) April 11, 2022 O tropeço diante dos bolivianos, mesmo considerando os 3,6 mil metros de altitude da capital La Paz, na primeira rodada, deixou cicatrizes. Membros de uma torcida organizada do Timão foram ao Centro de Treinamento do clube para cobrar o elenco. Alguns jogadores receberam ameaças, como o goleiro Cássio, que chegou a registrar um boletim de ocorrência sobre o caso, que é investigado pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), da Polícia Civil de São Paulo. No domingo, a estreia no Campeonato Brasileiro, especialmente pelo primeiro tempo, trouxe calmaria ao dia a dia do Alvinegro. Não significa, no entanto, que Vitor Pereira repetirá a formação que derrotou o Botafogo. O treinador tem se preocupado com o desgaste pela maratona de jogos, recordando da semifinal do Campeonato Paulista, quando a equipe não conseguiu esboçar reação e foi superada pelo São Paulo, por 2 a 1, no Morumbi. Em relação ao time de domingo, a expectativa, pelo menos, é das voltas de Fagner e Renato Augusto à equipe titular. O lateral cumpriu suspensão contra o Botafogo, mas já seria desfalque, pois tratava uma lesão muscular. Já o meia foi relacionado para o jogo no Rio de Janeiro, mas sequer saiu do banco de reservas, preservado. João Pedro e Gustavo Mantuan podem ser sacados para dar lugar à dupla. O zagueiro Gil, outro que não foi a campo diante do Glorioso, briga com Raul Gustavo por um lugar na equipe, assim como Fábio Santos, que pode ter nova chance na lateral esquerda, na vaga de Lucas Piton. No ataque, o posto de centroavante é disputado por Róger Guedes e Júnior Moraes. Treino de hoje com foco no jogo de quarta-feira 👊🏾⚽ 📸 Rodrigo Coca / Ag. Corinthians#VaiCorinthians pic.twitter.com/dVkAx9kHiA — Corinthians (@Corinthians) April 11, 2022 A provável escalação terá: Cássio; Fagner, João Victor, Gil (Raul Gustavo) e Fábio Santos (Lucas Piton); Du Queiroz, Paulinho, Maycon e Renato Augusto; Willian e Júnior Moraes (Róger Guedes). O Deportivo Cali teve largada mais positiva que a corintiana na Libertadores, já que recebeu o temido Boca Juniors (Argentina) na estreia e venceu por 2 a 0, na cidade de Cali. Os colombianos encerraram a primeira rodada na ponta do Grupo E, com os mesmos três pontos do Always Ready. Apesar disso, a equipe ocupa somente a 19ª e penúltima colocação no campeonato nacional. No domingo, o time ficou no 1 a 1 com o Junior Barranquilla, em casa, levando o gol de empate nos acréscimos, marcado pelo atacante Miguel Borja, ex-Palmeiras. O único desfalque na equipe dirigida pelo técnico venezuelano Rafael Dudamel (ex-Atlético-MG) é o atacante Yony González (ex-Fluminense e que defendeu o próprio Corinthians em 2020), que está contundido. O goleiro Guilherme de Amores (ex-Fluminense) é outro do elenco com passagem pelo futebol brasileiro. O time colombiano deve alinhar com Guilherme de Amores; Aldair Gutiérrez, Guillermo Burdisso, Jorge Marsiglia e Christian Mafla; Kevin Velasco, Yimmi Congo, Edgard Camargo e Jhon Vásquez; Téo Gutierrez e Ángelo Rodríguez. Transmissão da Rádio Nacional A Rádio Nacional transmite Corinthians e Deportivo Cali com a narração de André Marques, comentários de Waldir Luiz, reportagem de Maurício Costa e plantão de Luiz Ferreira. Você acompanha o Show de Bola Nacional aqui:

Ivone Lara, 100 anos: como a enfermeira influenciou a sambista

“Sonho meu, sonho meu Vai buscar quem mora longe, sonho meu Vai mostrar esta saudade, sonho meu Com a sua liberdade, sonho meu (…)”   Liberdade e sonho. As palavras que se fundiram em versos atravessaram as “duas vidas” da enfermeira-sambista Ivone Lara (1922 – 2018). Ou seria sambista-enfermeira? A artista, que usou musicoterapia no cuidado com pacientes psiquiátricos ou nas composições marcantes que a tornaram uma musicista singular, faria 100 anos de idade nesta quarta-feira (13).  “Ela  é um caso único na história da música brasileira. Isso porque, antes de lançar o primeiro disco, Dona Ivone dedicou 37 anos no trabalho como enfermeira e assistente social no serviço de doenças mentais”, afirma o biógrafo Lucas Nobile. Ele é o autor de Ivone Lara: a Primeira-dama do Samba, livro que conta uma das histórias mais complexas de uma personagem longeva da cultura brasileira. Ela morreu com 96 anos de idade.   Ouça programa Viva Maria sobre Ivone Lara Clique no player acima “Felizmente, a gente tem pelo menos dez grandes sucessos de Dona Ivone que são tocados até hoje em toda roda de samba. Ela teve sua obra gravada pelos maiores cantores e cantoras do Brasil. Isso não é nenhum exagero dizer”, afirma o biógrafo. A música Sonho Meu, por exemplo, integrou o histórico disco Álibi, de Maria Bethânia, o primeiro álbum de uma cantora brasileira a ultrapassar 1 milhão de cópias.  Assista à apresentação de Ivone Lara Assista ao especial produzido pela TV Brasil A enfermeira A primeira vida profissional de Ivone Lara (de 37 anos de serviços) é igualmente marcante. Ela trabalhou na equipe da médica Nise da Silveira (ouça programa sobre a histórica brasileira), que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil com ações humanizadas em contraste aos procedimentos agressivos como eletrochoques e lobotomia. “A doutora Nise passou a tratar aqueles pacientes com a utilização das artes [como visuais e plásticas]. A Dona Ivone Lara chega pra ela e sugere que ela crie uma salinha com instrumentos musicais lá no Hospital do Engenho de Dentro”, afirma o biógrafo. Nise da Silveira acatou essa sugestão da Dona Ivone e passou a organizar o “tratamento com música” também na década de 1940, uma época em que mal se falava de musicoterapia.  A enfermeira, de maneira intuitiva, começou a aplicar aquele tratamento diferente ao longo de 37 anos.  A música não era apenas uma intuição para a enfermeira. Influências por todos os lados Ivone Lara nasceu em um berço musical. “Os pais eram músicos amadores. A mãe cantava e o pai tocava violão. Dona Ivone recebeu essas influências musicais dentro da família e não é exagero nenhum a gente dizer que também tem uma trajetória única na história da música brasileira”, afirma Nobile. Dos pais, ela herdou a melodia dos “ranchos carnavalescos”, agremiações de carnaval anteriores às escolas de samba. Da tia, Vovó Tereza, ícone do Morro da Serrinha, recebeu a herança das matrizes africanas. Tereza era mãe dos dois primos sambistas, Hélio e Fuleiro. “Com 12 anos de idade, ela compôs sua primeira música. Foram os primos que a levaram para o ambiente de carnaval e para a escola de samba Prazer da Serrinha.” Lá, ela conheceu o Oscar (filho do dono da agremiação), com quem se casaria em 1947. “Assim ela entra no ambiente do carnaval, que ainda era muito masculinizado, machista e misógino.” Para driblar os obstáculos e participar com sua música, ela mostrava as composições como se fossem feitas pelos primos.  Ivone Lara ficou órfã cedo (na infância, perdeu o pai; na adolescência, a mãe). Aliás, foi a mãe que, para garantir uma boa educação formal para as filhas (para Ivone e para a irmã, Elza), teve a ideia de matriculá-las em uma escola pública que funcionava em regime de internato. Para isso, precisou declarar que Ivone tinha um ano a mais. Está registrada como nascida em 1921. “Ela mesma, em depoimento de viva voz, contou essa história de que a mãe dela aumentou a idade dela.” Na escola, as alunas, naquele tempo, eram ensinadas a fazer trabalhos manuais como artesanato e costura. Mas foi lá também que ela aprendeu o canto orfeônico com a prática de canto em grupo. Teve professoras como a pianista Lucília Guimarães, que foi companheira de Heitor Villa-Lobos. “Depois que Ivone perdeu a mãe, ela foi morar com o tio Dionísio, que tocava trombone e violão na sua escola e promovia saraus na casa dele”. Nos encontros, chegavam por lá músicos como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e o Candinho do Trombone. “Dona Ivone assistia a essas pessoas no quintal da casa dela.” Eram influências por toda a parte que iriam escrever a história da artista. Ela trabalhou por 37 anos com enfermagem em paralelo ao aprender musical, e cuidando dos doentes psiquiátricos. Em 1978, ela se aposentoou. O marido, que era muito ciumento, havia morrido. Ela tinha 56 anos de idade. “Aí finalmente ela gravou o seu primeiro disco. É um ano de estreia dela nessa carreira exclusivamente artística de forma muito impressionante”. Com Délcio Carvalho, ela compôs o grande sucesso Sonho Meu. “A estreia foi arrebatadora”, detalha Nobile.   Dona Ivone Lara com Delcio Carvalho, parceiros da música Sonho Meu, um dos maiores sucessos da primeira dama do samba – Acervo Dona Ivone Lara   Ouça entrevista com Dona Ivone Lara para o programa Nacional 80. A edição foi ao ar em 1981 e integra o acervo da Rádio Nacional. Entrevista Dona Ivone Lara.mp3 – Rádio Nacional – Programa Rádio Memória – Nacional 80   O desaguar O escritor entende que a experiência na área da saúde tem uma influência central na música da Dona Ivone. “O trabalho de Dona Ivone era o da inclusão. Muitos pacientes ficavam abandonados pela própria família. Então Dona Ivone tinha um papel de fazer contato com essas famílias para quando eles saíssem dali. Esse olhar doce de cuidar de outra pessoa sempre foi muito presente. Então, pra mim, é muito natural que quando ela partisse para a carreira artística, todo esse humanismo fosse desaguar na obra dela.” Dona Ivone é responsável por quase 200 composições. “Em uma quantidade

Ouro Preto ganha Museu Boulieu com acervo do barroco internacional

Quem visitar Ouro Preto, a partir de agora, vai encontrar na entrada da cidade mineira o novo Museu Boulieu, que ocupa as instalações do antigo Asilo São Vicente de Paulo e acolhe a coleção do casal que dá nome à instituição. A recuperação do imóvel levou quatro anos para ser concluída, em função da pandemia de covid-19, e foi realizada pelo Instituto Pedra, organização da sociedade civil sem fins lucrativos que desenvolve ações na área do patrimônio cultural. O patrocínio foi do Instituto Cultural Vale, que investiu no projeto cerca de R$ 8 milhões por meio da Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. O novo equipamento será inaugurado hoje (13) e ficará aberto ao público a partir de amanhã (14), às 10h. O diretor-presidente do Instituto Pedra, Luiz Fernando Almeida (Nando), informou que além da restauração, coube à instituição realizar a museografia, estudo das peças e montagem do projeto expográfico, entre outras ações. “Foi um projeto integral”. MUSEU BOULIEU – Nelson Kon/Direitos reservados A edificação tem área de quase 400m² para exposição no pavimento superior, compreendendo seis salas. No térreo, abriga saguão de entrada, bilheteria, café/loja, sala multiuso, sala do Educativo, espaços administrativos e reserva técnica. A coleção, doada pelo casal Jacques e Maria Helena Boulieu, reúne, em sua maioria, obras de origem asiática e latino-americana, com destaque para o período barroco. “Principalmente o que a gente pode chamar de diáspora do barroco ibérico para a Ásia e para a América Latina. É um museu raro no Brasil, porque o acervo dele é mais internacional do que brasileiro. É importante, porque está em Ouro Preto e contextualiza o que a gente tem como fenômeno universal”, afirmou Nando Almeida. Dinâmica O curador da exposição foi Angelo Oswaldo, antes de se tornar prefeito de Ouro Preto. Estarão em exibição 1.050 peças do total de 2.500 da Coleção Boulieu. As peças restantes vão possibilitar exposições temporárias e uma dinâmica do próprio acervo. “Você vai substituindo as peças em exposição. É essa a ideia. Há sempre um atrativo novo para o público”, disse ele. O museu é gerido pelo Instituto Boulieu, criado com essa finalidade em 2008, sob o nome de Instituto Cultural Brasileiro do Divino Espírito Santo (ICBDES).  No saguão, o visitante conhece a história do casal Boulieu e a origem da coleção. No piso superior, ele é recebido, na entrada, por poemas de Fernando Pessoa e Luiz de Camões, na voz da cantora Maria Bethânia. O diretor-presidente do Instituto Pedra disse que uma narrativa leva o público a uma viagem pelo novo caminho para as Índias, pelo Oriente, e depois chega à América e ao Brasil. “Chega à alma das pessoas e encontra civilizações que interagem com o barroco europeu, criando outra coisa”. Ali, com novos materiais e nova iconografia, o mundo ocidental se encontra e dialoga culturalmente com as tradições milenares locais. “As grandes navegações europeias contribuíram para propagar a fé e os impérios”, destacou. Para Nando Almeida, o mais interessante que o Museu Boulieu oferece ao público é essa narrativa do olhar para fora do Brasil, para entender o processo todo como algo que ocorreu no mundo. “Essa é uma dimensão. Outra é que havia civilizações e que isso gerou uma coisa nova. O barroco brasileiro, por exemplo, não é igual ao barroco português. O barroco do altiplano andino não tem nada a ver com o barroco espanhol. Ele tem dimensão própria, que se deu exatamente a partir do encontro de várias culturas”. MUSEU BOULIEU – Nelson Kon/Direitos reservados Segundo Almeida, o sincretismo religioso, sob o ponto de vista dogmático, também ocorreu no campo da representação das artes. “O museu está mostrando muito essas continuidades. Determinados elementos indianos estão na tipologia imaginária cristã da Ásia, determinados elementos incas estão na tipologia da pintura andina. Tudo isso permite que a gente tenha uma leitura mais complexa desse processo de extensão dos impérios e da fé dos europeus”. Exposição Fazem parte também da exposição duas obras cedidas temporariamente pela Coleção Ivani e Jorge Yunes, inaugurando o Programa Acervos em Diálogo. Ao percorrer as salas, é possível conhecer alguns dos desdobramentos do barroco pelo trajeto histórico poético proposto pelo curador: A fé e o império conquistam o mar; O mundo encantado das Índias; Americanos de Norte a Sul sob o sinal da cruz; O brilho dos metais e a luz da religião; A América hispânica e o esplendor do culto; Os engenhos da arte no Brasil açucareiro; A palma barroca na mão do povo; O eldorado no coração da grande floresta; Esfera da opulência e teatro da religião. Completa a programação de abertura do novo espaço a mostra temporária Aleijadinho – fotografias de Horacio Coppola, feita em parceria com o Instituto Moreira Salles. O conjunto de fotografias retrata as obras do escultor brasileiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a partir da viagem feita por Coppola a Minas Gerais, em 1945. Coleção Ao longo de mais de 50 anos, o casal de colecionadores Jacques e Maria Helena Boulieu acumulou cerca de 2.500 peças, sendo a maior parte de arte sacra. Parte da coleção foi doada, em 2011, à Arquidiocese de Mariana, atual donatária e proprietária do acervo. Segundo a Escritura Pública de Doação, “os bens doados são fora de comércio e devem ser permanentemente expostos no Museu Boulieu”. Em 2021, o casal entregou mais um lote de peças, desta vez ao Instituto Boulieu. Nesse novo lote foram doadas, além de esculturas e pinturas de temática religiosa, peças utilitárias, como mobiliário, utensílios domésticos de prataria inglesa e latino-americana, vasos de cerâmica, tecidos andinos, gravuras e fragmentos de entalhes. Há também um pequeno conjunto de peças arqueológicas pré-colombianas. Tendo vivido boa parte da vida entre o Brasil e a França, o casal decidiu doar a coleção para a criação do museu em Ouro Preto, devido ao apreço pela cidade, além da intenção de deixar o legado como parte do patrimônio local que, com o acervo, ganhará visão internacional do barroco. Serviço O Museu Boulieu fica na Rua Padre Rolim, 412. A instituição vai funcionar às segundas,