Em tom otimista, Biden destaca baixo desemprego e investimentos

O baixo desemprego e os investimentos na área de infraestrutura no país foram o foco do tradicional discurso do Estado da União, feito pelo presidente norte-americano, Joe Biden, na noite dessa terça-feira (7), para dizer que país está no bom caminho. Ele apelou aos republicanos para que colaborem na aprovação de legislação sensível, como a que permite acabar com as armas. A menos de dois anos das eleições presidenciais nos Estados Unidos (EUA), Biden fez um discurso otimista, de unidade, apelando aos republicanos que atuem em conjunto com a sua administração “para terminar o trabalho”. Em sua fala, diante de um Congresso dividido, o presidente destacou as conquistas legislativas dos dois anos de mandato e prometeu a retomada da força da produção e manufatura no país.  “Estamos garantindo que a cadeia de abastecimento para a América comece na região”, afirmou.  “Estou anunciando novos requisitos para que todos os materiais de construção usados em projetos de infraestrutura federais sejam fabricados na América”, afirmou Biden. “Madeira serrada, vidro, placa de gesso, cabos de fibra ótica feitos na América”.  Além do foco na produção doméstica, Biden tratou da volta dos bons empregos, acenou a uma classe trabalhadora que tem se sentido “esquecida” e insistiu nas reformas na área da saúde.  O Estado da União, visto por dezenas de milhões de americanos, foi a oportunidade de Joe Biden mudar a narrativa e colocar os republicanos na parede, na disputa sobre o teto da dívida pública, que tem sido levantado, para que o país possa pagar as contas.  “Alguns dos meus amigos republicanos querem tomar a economia como refém, a não ser que eu aceite os seus planos econômicos”, disse Biden.  “Em vez de fazer os ricos pagarem a sua parte, alguns republicanos querem que a Medicare e a Segurança Social desapareçam”.  Vários congressistas republicanos reagiram com vaias a essas declarações, e a extremista Marjorie Taylor Greene chegou a gritar “mentiroso!”.  O presidente sorriu e interpelou os agitadores, incentivando-os a entrar em contato com o seu gabinete para receber uma cópia da proposta. Biden disse apreciar “a conversão” de congressistas que agora “veem” que isso não deve ser feito. A proposta, do senador republicano Rick Scott, está disponível no plano “Rescue America” de 2022.  O momento foi um dos mais analisados por cientistas políticos. O ex-jornalista da Fox News Chris Wallace afirmou que os republicanos “caíram na jogada” do presidente, e o representante da CNN Jake Tapper considerou que os agitadores ficaram em má posição e deram a Biden uma oportunidade de parecer vigoroso.  Essas trocas contrastaram com os apelos do presidente ao bipartidarismo e ao trabalho conjunto com os republicanos para melhorar a vida dos americanos. Muitas das propostas de que falou, desde a descida dos preços da insulina ao fim das taxas escondidas nas reservas de viagens, não são controversas.  “Assinei mais de 300 leis bipartidárias desde que assumi a Presidência”, afirmou Biden. “Meus amigos republicanos, se trabalhamos juntos na última sessão do Congresso, não há razão para não trabalharmos também neste”.  A mensagem e o tom do presidente agradaram ao público. As pesquisas feitas após o pronunciamento resultaram em avaliação positiva de 72% dos eleitores. O índice ficou acima do registrado no ano passado.  Biden também se antecipou a alguns ataques republicanos. “Se vocês não vão aprovar a minha extensa reforma da imigração, ao menos aprovem o plano para fornecer o equipamento e agentes necessários para proteger a fronteira”.  Em muitas ocasiões, o democrata falou em “terminar o que foi começado”, algo que foi entendido como uma alusão à recandidatura para um segundo mandato como presidente.  Também se mostrou otimista e não poupou elogios ao espírito e à alma da América, um país que emerge “mais forte” das crises e é marcado pelo “progresso e resiliência”.  Biden abordou o fim da emergência de saúde devido à pandemia de covid-19, a revogação do direito federal ao aborto e a crise de mortes provocadas pelo abuso de opiáceos, em especial Fentanil.  O chefe de Estado fez ainda referência à China, depois de ter sido abatido um suposto balão de espionagem no espaço aéreo norte-americano. “Se a China ameaçar a nossa soberania, agiremos para proteger o país”, afirmou.  Também política externa, Biden saudou a liderança norte-americana na ajuda à Ucrânia e na aliança transatlântica contra a invasão russa e a tirania, garantindo que as democracias estão mais fortes. “Apostar contra a América nunca foi uma boa aposta”, disse, levando a audiência a gritar “USA! USA!”. O democrata prometeu continuar a apoiar a Ucrânia “pelo tempo que for preciso”.  O Estado da União é tradicionalmente a arma de comunicação direta mais poderosa de um presidente. No discurso do ano passado, 38 milhões de americanos assistiram à transmissão na TV. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Com informações da RTP – emissora pública de televisão de Portugal Fonte

CCBB apresenta, em São Paulo, exposição dedicada a Marc Chagall

No térreo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro de São Paulo, dois tecidos coloridos flutuam no ar. Com um sopro de ar, eles bailam pelo térreo do edifício e, algumas vezes, alcançam até os andares mais altos, como se voassem. A obra contemporânea Air Fountain, de Daniel Wurtzel, foi ali instalada para dialogar com a nova exposição em cartaz no espaço: Marc Chagall, Sonho de Amor, que abre nesta quarta-feira (8) e fica em cartaz até 22 de maio. Os tecidos da obra de Wurtzel parecem simbolizar o “perfume e a rosa” do poema Seul est Mien, escrito por Chagall (1887-1985). A poesia foi traduzida em português e colocada em uma das paredes da exposição. Ela também recebeu uma animação  apresentada no subsolo do edifício. “Essa sensação de leveza, essa visão abstrata do amor que está representada ali pelos dois tecidos que bailam é uma relação que a gente propôs ao artista Daniel Wurtzel para dialogar com a obra de Chagall. Então, a ideia era acolher o público nesse ambiente de encantamento e de enlevo e de fazê-lo sentir esse amor que desafia a força da gravidade e que a gente vai ter em um dos módulos da exposição”, disse Cynthia Taboada, organizadora da mostra. Duas guerras Nascido em 7 de julho de 1887, no bairro judaico da cidade de Vitebsk, na antiga Rússia, Marc Chagall faleceu na França, aos 97 anos. Com uma vida quase centenária, o artista atravessou a Revolução Russa, enfrentou a primeira e a segunda guerra mundial, viu a criação e consolidação do Estado de Israel e foi reconhecido como um dos nomes mais importantes da arte moderna, sobretudo, pela criação de uma linguagem artística única. “Chagall tem um estilo único. Ele tem uma poética própria que é apartada de todos os movimentos de vanguarda histórica. Ele dialogava com esses movimentos, mas ele criou um universo próprio, uma poética que você reconhece ao longo de uma produção de anos. Ele é o mestre da cor. Ele sabe manejar as cores como ninguém. Ele também foi o mestre da água-forte, da litografia e da gravura. Ele trouxe para a arte moderna o desenvolvimento da gravura”, disse Cynthia Taboada, em entrevista à Agência Brasil. Segundo a curadora Lola Durán Úcar, a obra de Chagall esteve sempre muito vinculada à sua própria vida. “Ao largo de sua vida, Chagall criou um mundo lírico, um mundo fantástico, um mundo poético. Vamos descobrindo isso em seus quadros, com personagens que voam, com animais com rosto de pessoas, pessoas com rostos de ratos”, disse ela. “Ele não era um artista surrealista, que mostra o mundo dos sonhos. Chagall está nos mostrando o mundo tal como ele aparece. Ele vê o mundo assim”, afirmou a curadora. Com passagens pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, a exposição do artista Marc Chagall chega a São Paulo trazendo novidades. Ela tem 191 obras do artista franco russo de origem judaica produzidas entre 1922 e 1981, sendo que 12 delas ainda não haviam sido expostas nas itinerâncias anteriores. Entre elas está o livro Maternité, de autoria do escritor surrealista Marcel Arland (1899-1986), que foi ilustrado com cinco gravuras em metal de Marc Chagall. O livro faz parte do acervo do também escritor Mário de Andrade (1893-1945), primeiro colecionador das obras do artista no Brasil. Também foram cedidas especialmente para esta mostra em São Paulo as obras Os noivos com trenó e galo vermelho (Les mariés au traîneau et au coq rouge) e Primavera (Le Printemps), provenientes dos acervos da Casa Museu Ema Klabin e do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). Entre os destaques da exposição também estão o raríssimo guache O avarento, que perdeu seu tesouro (L’avare qui a perdu son trésor), produção que deu início à série gráfica das Fábulas de La Fontaine (Fables, Jean de La Fontaine), encomendada por Ambroise Vollard no final dos anos 1920 e impressa somente em 1952. Também fazem parte da mostra as gravuras coloridas à mão da série Bíblia. A mostra apresenta ainda alguns dos poemas escritos por Chagall, artista que se devotava ao amor. “Fizemos uma “transcriação” dos poemas porque respeitamos os ritmos, os tempos, o trânsito entre os idiomas. Isso foi muito bem respeitado por um artista chamado Saulo di Tarso. Pegamos uma edição de 1968, que reúne os poemas de Chagall de 1909 até 1965, e todos eles foram “transcriados”, versados para a língua portuguesa de forma inédita. Essa é uma coisa que a gente traz como uma novidade da itinerância”, explicou Cynthia Taboada. Percurso Cada um dos andares do CCBB é dedicado a um tema ou período na vida e obra de Chagall. O percurso é iniciado no quarto andar, dedicado às origens e tradições russas. Já o terceiro andar apresenta obras relacionadas ao mundo sagrado e às noções de espiritualidade, como a série Bíblia. O segundo andar é dedicado ao lirismo e à poesia, apresentando obras do pintor que retratam Paris, a cidade onde ele viveu a maior parte de sua vida e em que morreu. Nesse andar também se encontra presente uma ode ao amor, onde estão pinturas de flores e de pessoas enamoradas desafiando a gravidade e flutuando pelas telas. Já no subsolo do edifício estão as ilustrações feitas por Chagall para as Fábulas de La Fontaine. “Esse percurso é muito didático para o público entender que a obra de um pintor está ligada à sua própria vida. Esse amor pela vida e pela arte transborda em suas próprias obras, nas cores, nos personagens que estão flutuando, nos violinos”, salientou Cynthia. “Uma exposição dessa natureza traz o artista da arte moderna para uma memória contemporânea, para uma interpretação do nosso mundo de hoje. Se o artista toca você hoje é porque a obra dele está viva e tem algo a dizer a você. Acredito que o público vai encontrar isso na exposição”, acrescentou ela. Performance Na passagem por São Paulo, a mostra também vai oferecer ao público performances de dança, que

Influencer gringo tatua “x-caboquinho” na pele para mostrar seu amor por Manaus

O professor australiano e influenciador digital, Simon Gurney, de 26 anos, já comeu e aprovou a culinária nortista e manauara como ninguém. O gringo se encantou tanto por Manaus que resolveu tatuagem na costela uma representação da terrinha e do seu carro chefe regional: O x-caboquinho. Simon que é professor, percorre todo vários países mostrando um pouco sobre a cultura e a culinária de cada local em que passa. Dessa vez ele atracou em Manaus e se apaixonou pelo lugar. A tatuagem foi feita com ajuda de internautas que o ajudaram a selecionar uma frase que ficasse boa e representasse bem a culinária manauara. “Pra mim, é um símbolo da felicidade, espírito de contentamento que senti durante a minha estada em Manaus”, explicando ainda que a cada cidade visitada, uma tatuagem é feita pra representar a estadia. Fonte

Pistoleiros invadem hospital e executam desafeto com 18 tiros em Carauari no Amazonas

Um homem identificado como “Pirara” foi executado com 18 disparos de arma de fogo, na madrugada da última terça-feira (7), no município de Carauari, interior do Amazonas. A vítima teria sido internada após uma tentativa de homicídio ocorrida no último domingo (5). Segundo informações, homens encapuzados invadiram o hospital e foram até o leito da vítima, após os disparos eles fugiram de moto. Alguns funcionários ficaram apavorados, mas ninguém se feriu além da vítima. A Secretaria de Estado de Saúde disse em nota que está prestando todas as informações à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), que investiga a situação ocorrida na Unidade Hospitalar de Carauari, quando quatro homens invadiram o local e mataram o paciente. Fonte

Exposição gratuita no Rio mostra ao público conexão pelos fungos

A partir de hoje (8), até o dia 26 de março, o Centro Cultural Oi Futuro apresenta a exposição inédita Simbiose – A conexão pelos fungos, com entrada franca sem agendamento e classificação livre. A mostra foi criada pela Deeplab Project, estúdio que integra design e tecnologia para criar experiências, e tem curadoria de Eduardo Carvalho. De acordo com os organizadores, a exposição apresenta ao público, de maneira lúdica e pouco conhecida, a imensidão do universo dos fungos. Os fungos são organismos heterótrofos, isto é, que não produzem o próprio alimento. Eles dependem da ingestão de matéria orgânica, viva ou morta, para sobreviver. O diretor da Deeplab, Felipe Reif, esclareceu que a “Simbiose é um pequeno recorte sobre essa vastidão que é o universo dos fungos. Ao produzirmos conteúdos como o apresentado na mostra, reforçamos nossa missão sobre o uso do digital e do analógico para entreter e compartilhar conhecimento, abordando temas ligados à ciência e ao meio ambiente”. Logo na chegada, os visitantes encontram um vídeo narrado pelo ator Eriberto Leão. Em seguida, a mostra apresenta dois grandes temas: O que fazem os fungos e O que fazemos com o fungo. O primeiro traz uma projeção mapeada de oito metros de extensão. Com uso de imagens reais de crescimento fúngico, sons e cores que remetem à diversidade de espécies existentes, o visitante vai desvendando um pouco dessa complexa rede que funciona como um biocomputador, ou seja, uma imensa internet que codifica dados orgânicos. Árvore da Conexão Ao final da projeção, as luzes guiam o visitante à instalação central, que é a Árvore da Conexão entre Natureza e Mente, onde é apresentada uma espécie de dança de luzes em alusão à rede de comunicação fúngica, que se espalha do solo para o todo. As luzes remetem também às sinapses, em referência à revolução científica que tem descoberto a função terapêutica dos cogumelos para o tratamento de doenças como a ansiedade e a depressão. Em seguida, o visitante recebe informações sobre as pesquisas relacionadas ao uso terapêutico dos fungos e seu diálogo com os saberes tradicionais indígenas com a descoberta da psilocibina, principal componente dos cogumelos psicoativos. Ensaios clínicos recentes mostram que o uso da substância é capaz de aliviar depressão e ansiedade graves, demonstrando o imenso potencial que esse universo oferece à humanidade. Mas há ainda um longo caminho a ser percorrido, sinalizam especialistas. O Centro Cultural Oi Futuro está localizado na Rua Dois de Dezembro, 63, no Flamengo, zona sul do Rio. Fonte

Homem e criança morrem durante temporal no Rio de Janeiro

Pelo menos duas pessoas morreram durante as chuvas que caíram ontem (7) no estado do Rio de Janeiro. Na cidade do Rio, uma menina de dois anos de idade morreu soterrada por desabamento na Tijuca, na zona norte. Bombeiros do quartel do Alto da Boavista encontraram a criança já sem vida, sob escombros. Em Saquarema, um homem de 27 anos morreu atingido por um raio, no bairro de Vilatur. As informações são da Secretaria Estadual de Defesa Civil. Em todo o estado, o Corpo de Bombeiros atendeu mais de 240 ocorrências. Mais de 60 pessoas que estavam presas ou ilhadas por causa das chuvas foram socorridas por equipes de resgate. Danos Na cidade do Rio, as chuvas provocaram alagamentos e transbordamentos de rios, deixando o município em estágio de alerta. Vias importantes foram interditadas para a circulação de veículos como a Avenida Niemeyer, a Estrada das Furnas, a Estrada Grajaú-Jacarepaguá e a Praça da Bandeira. Alguns prédios também sentiram impactos da chuva. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o teto não conseguiu impedir a entrada de grande quantidade de chuva. No prédio da Petrobras, na rua do Senado, algumas áreas foram atingidas pela água e houve necessidade de desligamento de parte da energia do edifício e de evacuação dos funcionários ontem. Hoje, os servidores desta unidade trabalharão de casa. De acordo com o Centro de Operações da prefeitura, 113 sirenes da Defesa Civil foram acionadas em comunidades da cidade, devido ao risco de deslizamento de terra. Neste momento, a cidade está em estágio de mobilização, o segundo nível em uma escala de cinco (o primeiro é normalidade e o último estágio é de crise). Há previsão de chuva moderada a forte para hoje no Rio, segundo o Centro de Operações. Fonte

Após um mês, desdobramentos de 8 de janeiro ainda estão longe do fim

Ontem (7), a Polícia Federal (PF) realizou a quinta fase da chamada Operação Lesa Pátria. Deflagrada em 20 de janeiro, a operação busca identificar pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram a invasão e a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Com autorização do STF, pelo menos 20 pessoas já foram detidas no âmbito da Lesa Pátria. Elas são suspeitas de participar dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado; associação criminosa; incitação ao crime, destruição, deterioração ou inutilização de bens protegidos. Só a Câmara dos Deputados estima que o prejuízo na Casa Legislativa, sem considerar o Senado, chega a R$ 3,3 milhões. Acampamento Desmontagem do acampamento de bolsonaristas em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste do Exército Brasileiro., por Fernando Frazão/Agência Brasil Além das detenções ocorridas no âmbito da Lesa Pátria, mais 920 pessoas que participaram do acampamento montado por cerca de dois meses em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, continuam custodiadas em duas unidades prisionais do Distrito Federal. Segundo a Secretaria Distrital de Administração Penitenciária (Seape), 614 homens estão detidos no Centro de Detenção Provisória da Penitenciária da Papuda e 306 mulheres permanecem à disposição da Justiça na Penitenciária Feminina, a Colmeia. Mais 459 suspeitos foram liberados, mas devem utilizar tornozeleiras eletrônicas e cumprir uma série de restrições judiciais. As 1.379 detenções foram feitas na esteira do desmonte do acampamento que pessoas que não aceitam o resultado das últimas eleições montaram em frente ao QG do Exército, em Brasília, e em várias outras cidades. O acampamento foi desmontado no dia seguinte ao anúncio da vitória do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Com o objetivo de impedir a posse de Lula em 1º de janeiro, manifestantes também bloquearam rodovias em diferentes pontos do país. No relatório sobre os 23 dias em que atuou como interventor federal na segurança pública do Distrito Federal, o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, mostrou que os aglomerados de barracas que “pequenos grupos” instalaram diante das unidades militares logo se transformaram em uma estrutura organizada, “crucial para o desenvolvimento das ações de perturbação da ordem pública”. No documento disponível no site do ministério, Cappelli sustenta que as ações antidemocráticas que culminaram com o 8 de Janeiro começaram com atos concentrados em frente aos quartéis (único local onde os participantes do movimento afirmavam estar seguros para se manifestar), mas que logo extrapolaram o perímetro militar, tornando-se violentas e ameaçando a vida de pessoas. Dois episódios ocorridos na capital federal, ainda em dezembro, sustentam a tese do ex-interventor. No dia 12, um grupo tentou invadir a sede da Polícia Federal, na área central de Brasília, em protesto contra a prisão, horas antes, de José Acácio Serere Xavante, um dos indígenas acampados diante do quartel do Exército. Reprimido, o grupo ocupou as vias próximas, bloqueando o trânsito, incendiando ao menos oito veículos, incluindo ônibus, e depredando três viaturas do Corpo de Bombeiros. O quebra-quebra ocorreu no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diplomou Lula e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, cumprindo uma das exigências legais para empossar os dois em seus respectivos cargos. Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. – Marcelo Camargo/Agência Brasil Menos de duas semanas depois, um artefato explosivo foi localizado junto a um caminhão-tanque estacionado próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Três suspeitos de fabricar e deixar a bomba no local foram identificados e estão presos: Alan Diego dos Santos Rodrigues; Wellington Macedo de Souza e George Washington de Oliveira Sousa. Eles são acusados de colocar em risco a vida e a integridade física e patrimonial de terceiros por meio de explosão. Washington, que também foi denunciado por porte ilegal de arma de fogo, confessou à polícia que o crime foi planejado no acampamento e que a intenção era “causar o caos” na véspera do Natal, promovendo a instabilidade política no país. Na ocasião, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse, entre outras coisas, que os acampamentos diante dos quarteis tinham se tornado uma “incubadora de terroristas”. Capitólio Somados às ocorrências registradas em outros estados – como o ataque a jornalistas no acampamento montado diante do quartel do Exército em Belo Horizonte -, os fatos de 12 e de 24 de dezembro, em Brasília, deixaram autoridades em estado de alerta. Principalmente devido à proximidade da cerimônia de posse presidencial, em 1º de janeiro. Um forte esquema foi montado para garantir a segurança da população e dos chefes de Estado que prestigiaram a posse de Lula e de Alckmin. Nenhum incidente grave foi registrado, embora milhares de pessoas tenham lotado a Esplanada dos Ministérios. O que aconteceu na semana seguinte é objeto das investigações da PF, das polícias do Distrito Federal e de outros órgãos públicos que atuam para esclarecer o que permitiu que a manifestação do 8 de Janeiro, mesmo reunindo um número de pessoas inferior àquela com a qual as forças de segurança locais estão acostumadas a lidar, resultasse no ataque ao Estado de Direito. As imagens correram o mundo, fazendo lembrar episódio semelhante, de janeiro de 2021, quando o Congresso dos Estados Unidos foi invadido por apoiadores do ex-presidente norte-americano, Donald Trump. Cappelli, nomeado interventor da segurança pública no Distrito Federal no momento em que poucos agentes públicos tentavam conter a ação de vândalos e golpistas, conclui, em seu relatório, que faltou comando às forças de segurança locais, responsáveis pelo patrulhamento ostensivo. Segundo ele, representantes de vários órgãos do DF se reuniram no dia 6 de janeiro e apontaram o “potencial lesivo da manifestação” agendada para dali a dois dias, antecipando que o ato poderia resultar em ações violentas, inclusive com a tentativa de invasão de prédios públicos. “Pode-se concluir que não houve falta de informações e alertas sobre os riscos da manifestação”, afirmou o então interventor em seu relatório, no qual cita a chegada de ônibus lotados, procedentes de várias partes do país, como um fato que deveria ter despertado a atenção das autoridades distritais. “Não houve a elaboração do Planejamento Operacional. Não foi identificado nenhum documento que demonstre a determinação prévia do número exato de PMs empregados