Agentes apreendem “Pontão” por venda irregular de combustíveis

Há 54 minutos Por Agência Amazonas O responsável operava com licenciamento vencido e foram do local autorizado FOTO: Divulgação/SSP-AM Agentes que atuam na operação Hórus/Fronteira Mais Segura apreenderam, nesta sexta-feira (10/03), um posto de combustível fluvial “Pontão”, em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus). Durante a abordagem, a polícia identificou que o responsável estava atuando em desacordo com as exigências estabelecidas pelos órgãos reguladores e em local irregular. Um homem de 52 anos foi detido. O flagrante ocorreu durante patrulhamento fluvial, na orla do bairro União. Durante a abordagem, o responsável apresentou uma licença de operação vencida desde 2019. Ele estava funcionando com cópia do protocolo de renovação de licença de maio do ano passado. Além disso, o Pontão foi encontrado realizando a atividade em localidade distante de onde havia obtido licença para o funcionamento. O Pontão foi apreendido. Foram apreendidos, ainda, 10 mil litros de óleo diesel e oito mil litros de gasolina. Os danos causados ao evento irregular foram orçados em cerca de R$715 mil. FOTO: Divulgação/SSP-AM O homem responsável pelo Pontão foi encaminhado a 3ª Delegacia Regional do município de Parintins, para que fossem realizados os procedimentos legais cabíveis. Fonte

Hemoam convoca doadores de sangue dos tipos O+ e O-

Há 17 minutos Por Agência Amazonas A ausência de doadores esta semana fez o estoque cair em quase 50% FOTO: Rafael Marques/Hemoam O esvaziamento de doadores nos últimos dias deixou o estoque de sangue da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) crítico. O órgão convoca doadores de sangue do tipo O+ e O- para comparecerem ao hemocentro para doação. O abastecimento crítico é uma ameaça ao atendimento de transfusão na rede pública e privada de saúde, podendo comprometer a realização de procedimentos como cirurgias e transfusões para pacientes de doenças crônicas e câncer, além de vítimas de acidentes. Na última terça-feira, o Hemoam registrou apenas 130 doações e continuou a registrar ausência de doadores no decorrer da semana. Para regularizar o estoque, são necessárias 200 a 250 doações por dia. FOTOS: Rafael Marques/Hemoam Requisitos Para se tornar um doador basta estar com boa saúde, ter entre 18 a 69 anos e pesar mais de 50 quilos. Caso tenha entre 16 e 17 anos pode doar somente acompanhado do responsável ou representante legal. Também é importante estar bem alimentado e munido de documento de identidade oficial com foto (RG, CNH, passaporte ou Carteira de Trabalho). O Hemoam funciona de segunda a sábado, das 7h às 18h, na avenida Constantino Nery, nº 4397, Chapada. Fonte

Três anos depois, profissionais de saúde ainda sentem peso da pandemia

  Em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil registrava o primeiro caso de infecção por covid-19. O paciente, um homem de 61 anos, deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com histórico de viagem pela Itália. De lá para cá, quase 700 mil brasileiros morreram com diagnóstico da doença. Dentre os óbitos, 1,3 mil eram profissionais de medicina e enfermagem. As primeiras ondas da doença impactaram fortemente a saúde física, mental e emocional dos que atendiam na linha de frente das emergências hospitalares. Nessa época, a cardiologista Ana Karyn Ehrenfried trabalhava na Santa Casa de Curitiba e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Fazendinha, também na capital do Paraná. A chegada do vírus ao país suspendeu os planos de um doutorado em São Paulo e fez com que a médica assumisse uma carga de trabalho de até 120 horas semanais em diversas urgências e emergências, incluindo unidades de terapia intensiva (UTI) exclusivas para pacientes infectados pelo vírus. A cardiologista Ana Karyn chegou a trabalhar 120 horas por semana, no início da pandemia de covid-19 – Arquivo pessoal/direitos reservados Em meio aos picos de casos, internações hospitalares e óbitos, Ana Karyn chegou a enfrentar filas em uma empresa de material industrial da cidade para conseguir equipamentos de proteção individual (EPI), que estavam em falta nas unidades de saúde. Amigos da igreja se reuniam para levar máscaras à médica, que passava apenas duas noites em casa e emendava um plantão ao outro. A cardiologista chegou a cogitar deixar uma mala com roupas no carro por medo de passar a doença para a família. “Tenho duas filhas, mas, na época, tinha só uma, a Manuela. Ela era novinha, mas já entendia. Minha sogra mandava mensagem dizendo ‘Ana, por favor, pense na sua família, no seu marido, na sua filha. O que vai ser se você morrer? Saia daí’. Quando escolhi a medicina, foi porque queria fazer a diferença na vida das pessoas. Sabia que estava lá e podia salvar vidas. Falava pra minha filha que, se acontecesse alguma coisa, queria que ela se orgulhasse de mim por estar ali e não ter me acovardado.” Três anos após a identificação do primeiro caso, o acolhimento de pessoas infectadas pela covid-19 no Brasil ocorre em meio a um cenário de menos incertezas e muitas lições para os sistemas de saúde público e privado. >>> Clique aqui e confira todas as matérias da Agência Brasil sobre os três anos da pandemia de covid-19 Além da tendência de queda na transmissão do vírus, a vacinação de praticamente todas as faixas etárias abriu caminho para menos casos graves, internações e mortes. Mas o esgotamento físico e mental de médicos e enfermeiros deixou sequelas. “Quem esteve lá dentro do hospital nunca mais vai ser a mesma pessoa. É impossível. As pessoas que entravam na UTI muitas vezes não sairiam mais. Você, como médico, era a última pessoa que elas veriam. Lembro de alguns pacientes que eu precisaria entubar e de falar pra lembrarem das pessoas que amavam. Se acontecesse alguma coisa e eles não voltassem, a última frase que tinham ouvido era que alguém os amava. Até hoje enche meus olhos de lágrima só de pensar que isso aconteceu tantas vezes.” “Nós, médicos, temos uma facilidade, entre aspas, de encarar a morte porque é uma coisa com a qual a gente convive de maneira mais próxima. Mas não é pra isso que a gente é médico. Pelo contrário, é pra trazer vida, pra trazer cura. Durante a covid, a gente fazia tudo que estava ao nosso alcance e, mesmo assim, os pacientes morriam. Era uma carga emocional que não tem explicação. Chegamos ao final dos picos de transmissão esgotados emocionalmente. A gente queria ver vida e não morte. Quem viveu nunca mais vai ser o mesmo.” Exaustão Um estudo da Universidade Federal de São Carlos apontou a presença intensa de quadros de exaustão e estresse entre profissionais de saúde de todo o país, além de má qualidade de sono, sintomas depressivos e dores pelo corpo. Foram ouvidos 125 profissionais da rede pública, que responderam a questionários online ao longo de 2021 e 2022. Os resultados mostram que 86% deles sofrem de burnout, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes. De acordo com a pesquisa, 75% dos entrevistados avaliaram negativamente as demandas emocionais ligadas ao trabalho, 61% criticaram o ritmo do serviço e 47% reprovaram a sua imprevisibilidade. Dados relacionados a comportamentos ofensivos também chamaram a atenção dos coordenadores do estudo: 15% dos profissionais relatara terem sido afetados por atenção sexual indesejada, 26% foram ameaçados, 9% sofreram violência física de fato e 17% reportaram bullying. Aos 40 anos e com duas filhas, Ana comemora a mudança de rumos proporcionada pela chegada da vacina. “A história da covid mudou totalmente depois da vacina. Mas, como médica e profissional de saúde, vejo que as consequências, as sequelas emocionais e físicas ainda são longas e vai levar muito tempo pra gente se recuperar. São três anos que passaram, mas parece muito mais. Foram vidas marcadas tanto na área profissional quanto no atendimento a pacientes. Graças a Deus, a gente está aqui pra escrever uma nova história depois da covid.” Em 2020, a cardiologista Ana Karyn e colegas de trabalho da UPA Fazendinha fizeram um ato em apelo aos moradores da capital paranaense para ficarem em casa- Arquivo pessoal Médicos O país contabiliza, atualmente, 546 mil médicos ativos, uma proporção de 2,56 profissionais por mil habitantes. Dados da plataforma Demografia Médica no Brasil 2023 mostram que os homens representam 51% desse contingente. A média geral de idade desses profissionais é 44,9 anos e a maioria permanece concentrada no Sul e no Sudeste, nas capitais e em grandes municípios. Nas 49 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes e que juntas concentram 32% da população brasileira estão pouco mais de 8% dos médicos ativos. Enfermeiros Já o Conselho Federal de Enfermagem contabiliza 1,8 milhão de profissionais,

Policlínica Codajás dispõe de Ambulatório de Diversidade e Gêneros

Há 30 minutos Por Agência Amazonas Os exames fazem parte da Pesquisa Transelus, uma parceria do Governo do Estado, por meio da SES-AM e Universidade do Estado do Amazonas Além da coleta de exames, também estavam disponíveis os testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C – FOTO: Islânia Lima/Policlínica Codajás. A Policlínica Codajás, unidade de Saúde vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), promoveu a quinta rodada de exames com coletas para Papiloma Vírus Humano (HPV) e flora microbiota vaginal, na tarde da última sexta-feira (10/03). A iniciativa foi direcionada especificamente para homens trans, indivíduos não binários, mulheres homoafetivas e bissexuais que são atendidos pelo Ambulatório de Diversidade e Gêneros Sexuais da unidade, com o objetivo de oferecer exames extras em saúde para os usuários. O diretor geral da Policlínica Codajás, Ráiner Figueiredo conta que foram realizados 15 exames, porém ainda restam 55 exames disponíveis na rede, para pacientes que tenham interesse em realizar o atendimento. “O pré-agendamento para próxima rodada já estará disponível a partir da próxima segunda-feira (13/03), na unidade de saúde, no próprio setor de diversidade, com o cartão do SUS e identidade”, disse Figueiredo. Além da coleta de exames, também estavam disponíveis os testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C. A coordenadora do Ambulatório de Diversidade, ginecologista Dária Neves explica que a coleta irá acontecer até o final do mês, durante o Março Lilás, campanha que conscientiza as pessoas sobre a importância da prevenção do Câncer de colo de útero. “É um mês de conscientização, prevenção de uma patologia gravíssima, sendo o HPV, que ocasiona o câncer, então a participação de todos é importante”, declarou a médica. FOTOS: Islânia Lima/Policlínica Codajás. Desde o início da iniciativa, foram realizadas 145 coletas para os exames de HPV e flora microbiota vaginal. Esses exames fazem parte da Pesquisa Transelus, uma parceria entre o Governo do Estado, por meio da SES-AM, e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que tem como objetivo identificar a prevalência do vírus do HPV na população atendida para pesquisas internas e, com base nos dados coletados, gerar futuras políticas públicas em saúde para essa categoria. De passagem na unidade de saúde, a estudante Syd Carmo, de 21 anos, aproveitou para fazer o exame. “Vim à procura de um psicólogo e fiquei sabendo do exame e então decidi fazer. Vi como uma oportunidade de fazer um check-up de saúde e ter mais consultas”, finalizou. Fonte

Mulheres e pandemia: covid acentuou desigualdade no trabalho doméstico

  Uma das primeiras mortes por covid-19 no Brasil foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro em 12 de março de 2020. A vítima, uma mulher de 63 anos, trabalhava como empregada doméstica e pegou o vírus depois que a patroa retornou de uma viagem à Europa e testou positivo para a doença. No mesmo dia, a Secretaria de Saúde de São Paulo também confirmou uma morte pela doença. A vítima, outra mulher, de 57 anos, que trabalhava como diarista e deixou um filho com deficiência. Os primeiros óbitos causados pelo vírus no país são emblemáticos e refletem a vulnerabilidade das mulheres frente à doença – sobretudo as mais pobres e negras. Pesquisa da Sempreviva Organização Feminista, realizada nos primeiros meses da pandemia, mostra como a crise na saúde e o isolamento social acentuaram as desigualdades nas tarefas domésticas. Segundo a entidade, a sobrecarga de trabalho e de cuidado foram questões que as mulheres sentiram logo que as medidas de isolamento social começaram. Três de cada quatro mulheres ouvidas no levantamento e responsáveis pelo cuidado de crianças, idosos ou pessoas com deficiência, afirmaram que a necessidade de monitorar e fazer companhia aumentou. Para a organização, essa é uma dimensão do cuidado que muitas vezes é invisibilizada. “Em casa, os tempos do cuidado e do trabalho remunerado se sobrepõem no cotidiano das mulheres: mesmo enquanto realizam outras atividades cotidianas, elas seguem atentas”, indica o relatório da Sempreviva. “As dinâmicas de vida e trabalho das mulheres se contrapõem ao discurso de que a economia não pode parar, mobilizado para se opor às recomendações de isolamento social. Os trabalhos necessários para a sustentabilidade da vida não pararam – não podem parar. Pelo contrário, foram intensificados na pandemia”, destacou a entidade. Os números apontam que metade das mulheres brasileiras passou a cuidar de alguém durante a pandemia. Ainda de acordo com o levantamento, 40% das mulheres ouvidas afirmaram que a pandemia e a situação de isolamento social colocaram o sustento da casa em risco. A maior parte das que têm essa percepção são mulheres negras (55%) que, no momento em que responderam à pesquisa, tinham como dificuldades principais o pagamento de contas básicas ou do aluguel. O acesso a alimentos também foi uma preocupação. >>> Clique aqui e confira todas as matérias da Agência Brasil sobre os três anos da pandemia de covid-19 Violência Sobre a percepção de violência, 91% das mulheres acreditam que a violência doméstica aumentou em meio ao isolamento social. Quando perguntadas sobre experiências pessoais, no entanto, menos de 10% afirmaram ter sofrido alguma forma de violência nesse período. O percentual aumenta entre mulheres nas faixas de renda mais baixa. Entre mulheres com renda familiar de até um salário mínimo, 12% afirmam ter sofrido violência; e entre mulheres que vivem em áreas rurais e estão na mesma faixa de renda, 11,7% relataram violência. “O cuidado está no centro da sustentabilidade da vida. Não há a possibilidade de discutir o mundo pós-pandemia sem levar em consideração o quanto isso se tornou evidente nesse momento de crise global, que nos fala sobre uma ‘crise do cuidado’. Não se trata de um problema a ser resolvido, nem de uma demanda a ser absorvida pelo mercado. Trata-se de uma dimensão da vida que não pode ser regida pelas dinâmicas sociais pautadas no acúmulo de renda e de privilégios.” Homenagem Nas redes sociais, a filha da diarista que morreu por covid-19 há três anos conta que passou a cuidar do irmão com deficiência, além de três crianças que já estavam sob sua responsabilidade. Em homenagem à mãe, postou: “Ah, se eu soubesse que era a última vez que eu iria te ver. Ah, se eu soubesse que aquele ‘até logo’ não iria acontecer. Eu tinha te abraçado tão apertado. Não deixaria você partir. Ficaria do meu lado. Ficaria aqui. Ah, se eu pudesse acordar hoje e fosse só um pesadelo. Ah, se eu pudesse mudar o destino. Faria um apelo: pra Deus não deixar você partir”. Fonte

Na Opas, Jarbas Barbosa alerta para melhor preparo contra pandemias

  O sanitarista pernambucano Jarbas Barbosa assumiu, em janeiro, o cargo de diretor da Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas. Entusiasta da saúde pública, ele sucede a médica Carissa Etienne, da Dominica, que liderava a organização desde 2012. Eleito pelos Estados-membros da organização, em setembro do ano passado, Barbosa reforçou, em seu discurso de posse, o compromisso com a saúde pública para a construção de um mundo mais equitativo e com saúde universal para todos. Durante os primeiros anos da pandemia de covid-19, quando era diretor assistente da organização, o brasileiro liderou os esforços da Opas para apoiar países das Américas na redução do impacto da emergência sanitária em programas prioritários de saúde pública. O médico também encabeçou uma força-tarefa para a vacinação contra o vírus na região e lançou uma plataforma para expandir a produção de vacinas na América Latina e no Caribe, a fim de reduzir a dependência de importações em futuras emergências de saúde. Jarbas Barbosa assumiu em janeiro o cargo de diretor da OPAS. O mandato é de cinco anos – OPAS-OMS/divulgação >>> Clique aqui e confira todas as matérias da Agência Brasil sobre os três anos da pandemia de covid-19 Da sede da Opas, em Washington, nos Estados Unidos, Barbosa conversou com a Agência Brasil, por ocasião dos três anos da pandemia de covid-19, declarada emergência em saúde pública mundial pela OMS no dia 11 de março de 2020, há exatos três anos. Na entrevista, o sanitarista falou sobre ferramentas de combate à pandemia; desigualdades históricas entre países das Américas; fortalecimento da atenção primária como estratégia de saúde pública; lições aprendidas com a covid-19; e um futuro desafiador para a região, já que a próxima emergência sanitária pode estar à espreita. Ele também tratou de temas como prioridades da organização, perspectivas e desafios de seu mandato, que vai até 2028. Confira os principais trechos da entrevista: Agência Brasil: A prioridade, neste primeiro momento à frente da Opas, é o combate à pandemia de covid-19?Jarbas Barbosa: É uma das prioridades. Temos que trabalhar com os países da região para que terminemos a pandemia como emergência de saúde pública que causa tanto impacto. Estamos em um momento importante em que temos uma redução [de casos] em todos os países, de maneira geral. Temos um dos menores índices de transmissão desde o começo da pandemia. Isso, no entanto, pode se alterar porque pode surgir uma nova variante. É preciso manter uma vigilância epidemiológica muito cuidadosa para identificar qualquer mudança no padrão, ou seja, se há um crescimento no número de casos, buscar identificar o que está ocorrendo, fortalecer a vigilância genômica para identificar uma nova variante e, principalmente, vacinar os que ainda não estão vacinados. Campanhas de vacinação são fundamentais para reduzir casos graves de covid-19 – Marcelo Camargo/Agência Brasil Agência Brasil: Quais as principais estratégias e ferramentas a serem utilizadas nas Américas para o fim da pandemia?Jarbas Barbosa: A vacinação é fundamental. As vacinas disponíveis hoje não impedem a transmissão. É uma característica dessas vacinas atuais, o que faz com que elas não sejam capazes de eliminar completamente a transmissão da doença. Isso leva muito pessoas a ter essa falsa impressão de que as vacinas não funcionam. Dizem: “Eu tomei a vacina e, seis meses depois, tive covid.” A vacina não impede a transmissão, isso é verdade. Mas todos os dados acumulados – e já são praticamente dois anos de análise – mostram que elas têm uma capacidade importante de reduzir casos graves e mortes, o que, efetivamente, é com o que a gente mais se preocupa. Quem tem covid vacinado, geralmente, apresenta uma forma leve, que não é muito diferente de uma infecção respiratória. Agência Brasil: Como o senhor avalia o atual cenário de covid-19 no Brasil?Jarbas Barbosa: O Brasil, como outros países da América do Sul, vem tendo um período de diminuição da transmissão, desde dezembro. A grande preocupação é esse monitoramento diário das tendências: o que está ocorrendo, os casos hospitalares, os leitos de UTI. Se a gente consegue identificar uma nova variante no começo, as autoridades sanitárias podem tomar medidas imediatas para fazer com que o impacto seja reduzido. Estamos em um momento, eu diria, muito melhor do que já estivemos desde que começou a pandemia, mas a pandemia ainda não acabou. É preciso muita responsabilidade de todos com a vacinação e das autoridades sanitárias em manter essa vigilância epidemiológica, trabalhando de maneira sensível, rapidamente identificando qualquer alteração no padrão. Durante a pandemia de covid-19, a telemedicina se tornou uma opção segura de atendimento em todo o mundo – Marcello Casal JrAgência Brasil Agência Brasil: O sistema de saúde brasileiro dá sinais de que poderia sair da pandemia fortalecido?Jarbas Barbosa: Acredito que sim. Durante a pandemia, em todos os países e também no Brasil, houve uma atenção muito grande para o setor da saúde. Nunca se falou tanto sobre saúde. O desafio agora é fazer com que essa maior atenção se traduza em um fortalecimento mais estrutural do sistema. Temos uma janela de oportunidade em que nós precisamos responder a todas as fragilidades que a pandemia demonstrou que nossos sistemas de saúde têm. Seguramente, é o momento de rever e implantar estratégias que foram utilizadas durante a pandemia e que ajudaram a diminuir os impactos negativos, como um processo melhor de priorização e de agendamento, a utilização de teleconsultas e da telemedicina e, principalmente, o fortalecimento da atenção primária de saúde. Agência Brasil: É possível aplicar as lições aprendidas com a pandemia para se preparar para futuras emergências sanitárias?Jarbas Barbosa: É uma obrigação que nós temos. Não estávamos preparados adequadamente para uma pandemia como a de covid-19. Sempre pensávamos em cenários relacionados a pandemias de influenza, como o H1N1, que se espalha rapidamente, mas não produz tantos casos graves. Outros coronavírus, como SARS e MERS, produziram casos graves, mas não se espalharam com velocidade. A covid, infelizmente, reuniu essas duas características: o vírus se disseminava com uma velocidade tremenda e com uma capacidade de produzir

Mega-Sena pagará hoje prêmio de R$ 9 milhões

O concurso 2571 da Mega-Sena distribuirá hoje (11) prêmio estimado em R$ 9 milhões. O sorteio será realizado a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço da Sorte, localizado na Avenida Paulista, nº 750, na cidade de São Paulo. As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília), nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet. A aposta simples, com seis dezenas marcadas, custa R$ 4,50. Fonte

Em três anos de pandemia, ciência e vírus evoluíram

  Desde que a pandemia de covid-19 começou, em 11 de março de 2020, o sucesso de novas estratégias na contenção do coronavírus SARS-CoV-2 e as mutações que deram a ele maior capacidade de transmissão moldaram altos e baixos que criaram ondas, picos e momentos de relaxamento e tranquilidade. Nestes três anos, o coronavírus descoberto em Wuhan, na China, já causou 759 milhões de casos de covid-19, que provocaram 6,8 milhões de mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 65% da população mundial está vacinada com duas doses, e 30% receberam doses de reforço. Esses percentuais, porém, escondem desigualdades: enquanto Américas, Europa e Leste da Ásia estão perto dessa média ou acima dela, menos de 30% da população da África recebeu duas doses da vacinas. No Brasil, os óbitos se aproximam dos 700 mil, em um universo de 37 milhões de casos já diagnosticados. Apesar de a pandemia não causar mais o colapso de unidades de saúde, ela ainda faz vítimas: foram 330 na última semana epidemiológica, segundo dados do DataSUS, o que mostra que ainda é necessária atenção à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento da doença. No que diz respeito à vacinação, o Brasil possui uma cobertura acima da média do mundo e das Américas, com 82% da população com o esquema primário completo e 58% com ao menos uma dose de reforço, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A maior parte dessas doses aplicadas é de vacinas de terceira geração, com as tecnologias de vetor viral e RNA mensageiro, uma inovação posta em prática em massa pela primeira vez com a pandemia de covid-19 e acrescentada ao arsenal da ciência contra futuras ameaças de saúde pública. Quais foram os marcos que moldaram a pandemia? Ao contar a história da pandemia, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, destaca que há muitas formas de dividi-la, e um dos principais marcos temporais que se pode apontar é antes e depois da vacinação. “Em 2020, a gente não tinha vacina, e, em 2021, a gente começou a vacinar muito lentamente no primeiro semestre. Foi o período em que a gente teve o maior número de mortes e a maior demanda por leitos hospitalares”, lembra. “A partir do segundo semestre 2021, quando a gente consegue avançar na vacinação, há uma mudança de característica da doença, que passa a ter uma gravidade muito menor do que foi durante esse primeiro período, com uma redução importante de mortalidade e no impacto sobre a rede hospitalar.” O infectologista acrescenta que as mudanças do próprio vírus são outra variável que moldou essa história. A partir de 2021, as variantes do coronavírus, especialmente a Gamma e a Delta, trouxeram um grande aumento de casos no Brasil, que se tornou ainda mais expressivo em 2022, com a chegada da Ômicron. Além de o vírus se disseminar mais rápido, os testes se tornaram mais acessíveis, o que também ajudou a elevar o número de diagnósticos de covid-19, que antes estavam restritos a casos de maior gravidade. “Uma terceira forma de dividir é que a gente teve, a partir do final de 2022 e início de 2023, a possibilidade de ter medicamentos incorporados ao SUS para que a gente possa tratar os casos com pior resposta à vacina”, diz Chebabo. “Apesar de a gente querer um tratamento precoce, rápido e específico para a doença, a gente demorou a achar. Precisou ter um desenvolvimento de novas drogas antivirais e anti-inflamatórias para que a gente pudesse ter a possibilidade de tratar precocemente a doença. Medicações que foram advogadas como salvadoras, como a cloroquina e a ivermectina, realmente não tinham nenhuma função.” Alberto Chebabo diz que novas variantes do vírus levaram ao aumento dos casos de covid-19 – SBI/Arquivo/Divulgação O conhecimento sobre o vírus, explica o pesquisador, foi outro ponto importante que reduziu a mortalidade da doença. Ainda no primeiro ano da pandemia, a descoberta de como manejar os casos de falta de oxigenação no sangue permitiu um tratamento clínico mais eficaz nas unidades de terapia intensiva (UTIs). A própria caracterização da covid-19 como doença respiratória mudou ao longo do tempo. “A gente aprendeu o espectro todo da doença. Não é uma doença apenas com um quadro respiratório agudo, é uma doença com quadros muito mais amplos, com quadros cardiovasculares, com risco de trombose, e com a covid longa. Também tem impactos a médio e longo prazo”, explica ele, que cita mudanças neurológicas e também sequelas pulmonares como condições pós-covid que podem necessitar de tratamento especializado. A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, destaca que a colaboração de cientistas de diferentes áreas se deu de forma acelerada durante a pandemia, e esse foi um fator fundamental ao longo da emergência sanitária. O laboratório chefiado pela virologista foi referência da OMS no continente americano e também participou do desenvolvimento de testes diagnósticos em tempo recorde. “Assim que a OMS disse que se tratava de um coronavírus, um laboratório em Berlim disponibilizou o desenho de como seria o teste diagnóstico PCR. Então, Bio-Manguinhos contactou nosso laboratório e, em colaboração conosco, produziu em menos de um mês um kit diagnóstico. Com coordenação do Ministério da Saúde, fizemos um treinamento de todos os laboratórios centrais de Saúde Pública [Lacens], e, em 18 de março, os 27 estados brasileiros já estavam com um profissional treinado e com kit para diagnóstico de SARS-CoV-2. Poucos países conseguiram isso, que foi fruto de investimentos de décadas do Ministério da Saúde e Ciência e Tecnologia em Bio-Manguinhos”, conta ela. Da mesma forma que os testes, a pesquisadora explica que as vacinas também foram fruto de investimentos e esforços cumulativos, o que desmonta a falácia de que foram produzidas “rápido demais”. “Isso aconteceu em um curto espaço de tempo porque já vínhamos com experiências e conhecimento científico acumulado de décadas. Imagina se a introdução do coronavírus tivesse sido há um século, como aconteceu com a gripe espanhola. Teria sido arrasador, porque