Cidade do Samba é coberta por retratos de mães de todo o país

A Cidade do Samba Joãozinho Trinta, que fica na Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro, está sendo “envelopada” com pôsteres, colados segundo a técnica lambe-lambe, que retratam 1,7 mil mães de todo o país, entre as quais, as matriarcas das 12 escolas de samba do Grupo Especial. Elas posaram para os fotógrafos Beatriz Gimenez, cria do Morro do Pinto, e Douglas Dobby, do Morro da Providência. A exposição Inside Out – Mãe, Um Retrato foi idealizada pela co-diretora do centro comunitário Casa Amarela Providência, a francesa Nina Soutoul, que se baseou em sua própria experiência como mãe de Zion, hoje com 2 anos e meio. Nina diz que passou por uma depressão pós-parto durante a pandemia de covid-19 e que isso a motivou a criar um projeto para rnostrar “o trabalho invisível” das mães, que enfrentam desafios e dificuldades, muitas vezes desconhecidos pela sociedade. “Minha ideia era retratar a realidade dessas mulheres, vendo que a minha experiência, mesmo sendo desafiadora para mim, não era das piores. Foi muito importante para mim percorrer os estados do Brasil, junto com organizações de outras mulheres e mães, fotografar mães parceiras, mães quilombolas, mães pretas, mães periféricas, mães indígenas.” A convocação das mães foi resultado de um trabalho boca a boca e de outro por meio das redes sociais. Em cada estado, foi feito um chamado focando na necessidade de retratos de mães. As mulheres interessadas organizavam, elas mesmas, as sessões de fotografia. “Foi tudo em parceria com mães e mulheres, sem nenhum outro apoio”, disse Nina. Projeto inclui colagem de fotografias de mães na Cidade do Samba usando a técnica lambe-lambe – Douglas Dobby/Divulgaçāo Ambiente cultural Cada retrato representa um pouco da vida da mãe, por meio da arte da fotografia. A exposição é realizada pela primeira vez na Cidade do Samba, espaço que tem 17 anos de existência. Segundo o diretor de Marketing da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Gabriel David, a Cidade do Samba é mais do que um espaço para os barracões das escolas. “Queremos torná-la cada vez mais um ambiente cultural”, disse Davi. Para ele, a exposição reforça a iniciativa, além de fazer uma merecida homenagem às mulheres das agremiações, que são tão importantes para o carnaval. As colagens foram iniciadas no dia 16 deste mês e têm previsão devem ser encerradas na próxima semana. Com esse rico material nas mãos, Nina Soutoul e Verônica Linder realizaram um documentário, que deve estrear até o fim deste ano. As fotografias da mostra Inside Out – Mãe, Um Retrato ficarão coladas até o segundo semestre, quando terá início a nova edição do Rua Walls, parceiro da exposição e responsável pelas conversas com a Liesa para liberação do espaço e também pela produção das colagens. Depois de preencher com murais os dois lados de um trecho de 1,5 quilômetro da Avenida Rodrigues Alves, em 2020 e 2021, o Rua Walls prepara-se para colorir toda a fachada da Cidade do Samba. A ação contará com a participação de 20 artistas, que vão colorir com murais os cerca de 20 mil metros quadrados das edificações. JR A exposição Inside Out – Mãe, um retrato constitui uma etapa do projeto internacional Inside Out, criado pelo fotógrafo francês JR em 2011, com o objetivo de dar visibilidade para o trabalho incansável das mães no mundo, bem como discutir a saúde mental das mulheres brasileiras na maternidade, com foco nos desafios e impactos gerados pela pandemia. Esta é a primeira vez que o projeto ocorre no Brasil. “Sinto-me inspirado pelas mães de diferentes localidades e realidades, que usaram o projeto como estratégia de mobilização e conexão. Por trás de cada retrato, há uma história única, que levanta a questão de como a nossa sociedade precisa dar mais apoio às mães”, afirmou JR. Usando sua própria prática artística como inspiração, JR criou uma plataforma participativa que ajuda indivíduos e comunidades a transmitir mensagem usando retratos em preto e branco em grande escala, colados como lambe-lambe em espaços públicos. Por meio dessas ações, comunidades ao redor do mundo despertaram conversas e colaborações. Nos últimos 11 anos, mais de 400 mil pessoas de 138 países participaram do projeto Inside Out. No Dia das Mães, a exposição Inside Out – Mãe, Um Retrato ganhará uma projeção especial no prédio anexo do Copacabana Palace Hotel. A ação está programada para o período de 11 a 14 de maio e haverá programação especial para a data, que será divulgada em breve. A Casa Amarela é um centro de educação, arte e apoio social no Morro da Providência, que visa a colaborar no desenvolvimento humano e territorial pela educação, arte e cultura, contribuindo para a redução do impacto social causado e mantido pela desassistência do estado na comunidade. A Casa, fundada em 2009 pelo artista francês JR e o fotógrafo brasileiro Maurício Hora, potencializa projetos locais e dá continuidade ao legado da dupla. Fonte

Rio Grande do Norte têm 187 suspeitos presos por onda de ataques

Balanço parcial das forças de segurança que atuam para combater a organização criminosa responsável pelos ataques iniciados na segunda-feira da semana passada (20) no Rio Grande do Norte indica que 187 suspeitos já foram presos. Desses, 22 foram no âmbito da Operação Normandia e 15 da Operação Sentinela. Até o momento, 43 armas de fogo foram apreendidas. Também foram capturados 148 artefatos explosivos e 33 galões de combustíveis. De acordo com nota divulgada neste sábado (25), também foram apreendidos dinheiro, drogas e munições. Produtos de furto foram recuperados. Nesses casos, não foram divulgados quantidades ou valores. Onda de violência Desde o dia 14 de março, ações orquestradas por facções criminosas causam terror à população, com incêndios e tiros contra prédios públicos, veículos, comércio e até residências.  As ações são uma retaliação às condições dos presídios, indicam investigações da polícia. A custódia de presos está entre os motivos apontados pelos criminosos para a série de ataques no estado. O estado já confirmou pelo menos 300 ataques criminosos desde o início das ações. Fonte

Histórias indígenas ocupam centro da programação do Masp em 2023

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou nesta sexta-feira (24) três novas exposições temporárias. Todas elas têm olhar voltado às histórias indígenas, tema que foi escolhido para a programação do museu durante todo este ano de 2023 e que pretende apresentar a diversidade e complexidade dessas culturas, além de discutir o silêncio da história oficial da arte em relação a essa produção artística. “O ano de 2023 é dedicado [no Masp] aos povos indígenas e às artes indígenas. Particularmente considero que é um passo muito grande de reconhecimento das artes e dos saberes indígenas, que historicamente foram excluídos e estiveram à margem dos museus, e hoje estão sendo convidados para participar dessas instituições, particularmente do Masp”, disse Edson Kayapó, curador adjunto de arte indígena do Masp, em entrevista à Agência Brasil. Uma das mostras abertas é Carmézia Emiliano: a Árvore da Vida, com pinturas que retratam o cotidiano da comunidade da artista indígena macuxi. A segunda, e maior delas, é Mahku: Mirações, que apresenta pinturas, desenhos e esculturas produzidas pelo grupo de etnia huni kuin. Na sala de vídeo do museu são exibidos curtas do coletivo Bepunu Mebengokré. “São exposições que inauguram o ano de histórias indígenas [no Masp]. Elas abordam diferentes mídias, suportes e linguagens dessa produção, revelando a diversidade que está contido nas histórias indígenas, histórias que o Brasil deixou de olhar com consistência durante muito tempo”, disse Amanda Carneiro, curadora assistente. São Paulo (SP), 24/03/2023 – O Museu de Arte de São Paulo (Masp) recebe a exposição Mirações, do Movimento dos Artistas Huni Kuin – MAHKU, na programação anual dedicada às histórias indígenas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil Esta não é a primeira vez que as culturas indígenas ocupam os espaços do museu. Ao longo de sua história, o Masp organizou diversas exposições com objetos e registros de comunidades localizadas no território brasileiro tais como a Exposição de arte indígena (1949), Alguns índios (1983), Arte karajá (1984), Índios yanomami (1985) e Arte indígena kaxinawa (1987). Em 2019, o Masp também chegou a ter sua primeira curadora indígena, Sandra Benites. “Nos anos 70, o museu abrigou uma série de exposições de arte indígena. Mas agora é um novo momento. Esse é um ano todo dedicado às histórias indígenas, mas muito mais voltado para a produção de arte indígena contemporânea, baseada em outros marcadores. Agora estamos olhando atores e agentes que têm sua identidade e seu estilo”, disse Guilherme Giufrida, curador do Masp. Carmézia Emiliano Chamada de Carmézia Emiliano: a Árvore da Vida, a exposição apresenta 35 pinturas sobre tela produzidas pela artista, oito delas inéditas e desenvolvidas especialmente para a mostra. As pinturas figuram e refletem paisagens e o cotidiano da comunidade da artista indígena macuxi, povo que se localiza principalmente na Maloca do Japó, Normandia, no estado de Roraima. A curadoria é de Amanda Carneiro. “A árvore da vida, também chamada de wazaká, é tema muito significativo na produção da Carmézia, se liga a Macunaíma, romance muito conhecido por nós, e fala de um mito em que uma árvore frondosa foi derrubada e tem seu tronco transformado no Monte Roraima. Isso virou o mote da exposição e fala dessa capacidade de renovação e de perpetuação dos saberes e das vivências indígenas”, disse a curadora. Autodidata, Carmézia nasceu em 1960 e começou a pintar motivada pelo impacto que teve ao visitar uma exposição de arte em Boa Vista. “A Carmézia Emiliano é uma artista macuxi que começou a sua produção na década de 90 e que produz pinturas, sobretudo, sempre ligadas a temas de vida comunitária e dessa relação de profundo respeito entre os macuxis e a natureza”, explicou a curadora. Sua pintura traz cores vivas, muito movimento e elementos de mitos e saberes macuxis. São Paulo (SP), 24/03/2023 – O Museu de Arte de São Paulo (Masp) recebe a exposição Mirações, do Movimento dos Artistas Huni Kuin – MAHKU, na programação anual dedicada às histórias indígenas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil A exposição começa com um autorretrato feito pela artista, em que ela aparece pintando o Monte Roraima. Esse quadro compõe o primeiro dos sete núcleos com que os trabalhos de Carmézia estão sendo apresentados na mostra. Há também núcleos dedicados às danças, às manifestações lúdicas, à coletividade, às representações da fauna e da flora, aos rios e à transmissão dos saberes. “Eles [quadros] foram divididos em temas que são mais trabalhados pela artista como, por exemplo, a figuração do Monte Roraima; a dança do parixara, uma celebração que acontece em comemoração à colheita da mandioca; as brincadeiras ligadas ao cultivo; as formas de transmissão de saber; e a relação da vida comunitária, entre outros”, afirmou a curadora. O Masp vai também publicar um catálogo com reproduções de trabalhos produzidos pela artista, além de ensaios desenvolvidos especialmente para essa exposição, que estará em cartaz até o dia 11 de junho. Coletivo Bepunu Mebengokré A produção de grafismos nos rituais de pintura corporal é retratado em dois curtas apresentados na sala de vídeo do Masp. Produzidos pelo coletivo Bepunu Mebengokré, os curtas abordam desde a extração dos pigmentos até os sentidos simbólicos e ancestrais dessas práticas. Os vídeos serão apresentados até o dia 18 de junho, no segundo subsolo do museu. A curadoria é de Edson Kayapó, que também é curador adjunto de arte indígena do Masp. O coletivo é liderado pelo jovem cineasta Bepunu Kayapó, que tem assumido protagonismo na apresentação das histórias e das ancestralidades do povo mebengokré e é um formador de novos cineastas. Bepunu é filho do cacique Bepkaeti e mora na aldeia Moikarakô, localizada no município de São Félix do Xingu, sul do Pará. “O coletivo é gerado nesse movimento de formação de cineastas indígenas para pensar as questões do povo mebengokré”, disse o curador, que também é mebengokré. “A nossa arte tem muito desse objetivo de mostrar quem somos nós, o que fazemos, que línguas falamos, quantos somos e como vivemos”, disse. O primeiro curta, Menire djê: grafismo das mulheres Mebengokré-Kayapó (2019), narra o processo de produção da tinta de jenipapo, mostrando desde a colheita até a mistura com o carvão moído para dar a pigmentação e consistência adequadas para ser aplicada no corpo. O segundo curta, Mê’ok: nossa pintura (2014), apresenta uma série

Grupo Os Tapetes Contadores de Histórias celebra 25 anos no Rio

O grupo carioca Os Tapetes Contadores de Histórias celebra 25 anos de arte e vida com apresentações culturais gratuitas no Rio. Como nos contos orientais, em que tapetes voadores levam mágicos de um lugar para o outro, o grupo leva o espectador para o mundo da imaginação através do teatro. A técnica de contar histórias com recursos de tecidos para formar os cenários e personagens é antiga e recorrente em diversas culturas, tais como gabbehs iranianos, arpilleria andina, quilts da tradição colonial norte-americana e estandartes de palha e pano do nordeste brasileiro. O início da comemoração de aniversário será no Museu de Arte do Rio (MAR), com o espetáculo Presente de Aniversário, hoje (25), às 14h, dentro da programação do Festival Crianças no MAR (Museu de Arte do Rio). São contos do mundo inteiro que tratam da importância do aniversário e da amizade, através de um pergaminho, um poncho, um grande bolo de festa e uma casa que vira tapete. Na história, três pitorescos andarilhos buscam encontrar o lugar ideal e as crianças certas para proporcioná-las uma festa de aniversário. CCBB terá minitemporada O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) receberá a minitemporada do Circuito Tapetes Contadores 25 anos, mesmo local onde o grupo estreou, em 1998. A cada domingo do mês de abril, com início no dia 9, o público poderá conferir quatro diferentes espetáculos: Sol, chuva e tapete apresenta contos clássicos narrados com o tradicional acervo do grupo, criado em sua origem na França; Cabe na mala apresenta mala, avental, caixas de tecido para iluminar obras da literatura mundial e nacional; Palavras Andantes compartilha o acervo de painéis feitos em parceria com o projeto peruano Manos que Cuentan; e Conta um causo, ganha um aplauso compartilha as ilustrações originais em tecido feito para histórias brasileiras, como a Congada de São Benedito em Uberlândia. Os Tapetes Contadores de Histórias Com uma proposta artística diferenciada, que é referência internacional na arte de contar histórias e criação de cenários têxteis, o grupo, formado por Warley Goulart, Cadu Cinelli, Rosana Reátegui, Edison Mego e Andrea Pinheiro, costuram e narram histórias com tapetes, painéis, malas, aventais, roupas, caixas e livros de pano, técnica aprendida com o diretor teatral, contador de histórias e artesão francês Tarak Hamman, em um seminário, no ano de 1998, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde eram estudantes de teatro. A técnica foi desenvolvida pela pedagoga francesa Clotide Hamman em parceria com seu filho Tarak, que criaram, há mais de 15 anos, o projeto Raconte-Tapis que tem como suporte vários tapetes artesanais que são usados na contação de histórias e para estimular a leitura na França. A ideia surgiu quando Clotilde resolveu fazer um tapete de retalhos de pano como cenário da história preferida do seu neto. A programação completa da temporada pode ser consultada na página do Instagram do grupo Tapetes Contadores de História  – Circuito Tapetes Contadores 25 anos. MAR: 25 março (sáb, 14h). Espetáculo: Presente de Aniversário CCBB: Temporada: 9 a 30 abril 2023 aos domingos, às 15h. 9 abril – Sol, Chuva e Tapete 16 abril – Cabe na Mala 23 abril – Palavras Andantes 30 abril – Conta um Causo, Ganha um Aplauso A classificação é livre, indicado para crianças acima de 3 anos, com duração de 45 minutos. A entrada é gratuita. Retire seu ingresso na bilheteria ou no site. *Estagiário sob supervisão de Akemi Nitahara Fonte

Mega-Sena deste sábado deve pagar prêmio de R$ 63 milhões

O Concurso 2.577 da Mega-Sena, que será sorteado neste sábado (25) à noite em São Paulo, deverá pagar o prêmio de R$ 63 milhões a quem acertar as seis dezenas. O sorteio será às 20h, no Espaço da Sorte, na Avenida Paulista. O último concurso, na quarta-feira (22), não teve ganhadores e o prêmio ficou acumulado. As dezenas sorteadas foram 29 – 32 – 33 – 35 – 38 – 43. As apostas para o sorteio de hoje podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa em todo o país ou pela internet. A aposta simples, com seis números marcados, custa R$ 4,50. Bolão Caixa O Bolão Caixa só é comercializado, com toda a segurança e com a entrega do recibo original de cota, nas casas lotéricas. Portanto, esse tipo de aposta não pode ser feita pela internet ou canais eletrônicos. As lotéricas podem cobrar tarifa de serviço adicional de até 35% do valor da cota. Verifique os valores das apostas nas lojas lotéricas ou no site Loterias Caixa. Fonte

Superlotação e péssimas condições em presídios são base de facções

A superlotação e as péssimas condições dos presídios brasileiros são as raízes para o surgimento de facções criminosas no país, afirma a doutora em sociologia Camila Nunes Dias, professora da Universidade Federal do ABC Paulista, uma das autoras do livro A Guerra A ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil. Para a especialista, o poder dessas organizações só diminuirá quando Poder Público enfrentar diretamente o problema nas prisões brasileiras. Segundo Dias, “não apenas se apostar apenas na repressão a eles com polícia, com regime duro, com armas, bombas (…) não vai ter nenhum tipo de avanço”. “Enquanto as prisões continuarem sendo celeiros de grupos criminais, a gente não vai resolver o problema. Vai se apagar o incêndio e daqui um ano ou seis meses, a gente vai estar falando de novo do assunto porque uma nova crise está acontecendo e é assim, cíclico”, argumentou. Em entrevista à Rádio Nacional, a especialista em temas ligados ao sistema prisional, à criminalidade organizada e à segurança pública fala sobre a história e atuação dessas organizações no Brasil após ataques promovidos por uma facção criminosa no Rio Grande do Norte e de operação da Polícia Federal, que prendeu suspeitos com planos de sequestro e homicídio de autoridades e servidores públicos. Confira os principais trechos da entrevista: Rádio Nacional: Qual a origem dessas organizações, como o PCC [Primeiro Comando da Capital], de São Paulo, e o Sindicato do Crime, que tem sido apontado como responsável pelos ataques no Rio Grande do Norte? Camila Nunes Dias: Existe algo em comum entre essas organizações. São grupos que a gente costuma chamar de facções. Eles têm origem dentro de estabelecimentos prisionais e está vinculada a reivindicação contra a opressão existente dentro das prisões. É uma reivindicação por direitos. O sistema prisional brasileiro é violador de direitos, sempre foi e continua sendo. Esses grupos surgem nesse contexto. O Sindicato do Crime, no Rio Grande do Norte surge em 2013 já em um contexto de reação também ao PCC, que estava se espalhando pelo Brasil. Rádio Nacional: O surgimento do PCC tem alguma ligação com o massacre do Carandiru? Camila Nunes Dias: Sim, tem uma relação direta. O PCC surge em 1993, o massacre do Carandiru foi em 1992. O surgimento do PCC é uma espécie de união dos presos contra aquilo que entendiam ser uma ameaça à segurança deles. O governo do estado [de São Paulo], através da Polícia Militar, promoveu um massacre de 111 presos. Quem garante que não iria se repetir? Nesse contexto que o PCC foi criado. Rádio Nacional: Sobre os ataques no Rio Grande do Norte, algumas linhas de investigação apontam que as ações seriam uma represália contra as condições dos presídios do estado. A senhora acha que é isso mesmo? Afinal, o que está por trás desses ataques? Camila Nunes Dias: Do meu entendimento, é isso mesmo. A gente não pode pressupor que as pessoas sejam torturadas reiteradamente dentro de estabelecimentos prisionais, como é o caso do Rio Grande do Norte. Em vários relatórios, incluindo o mais recente no final do ano passado, há relatos de atrocidades cometidas contra os presos por servidores públicos e a negligência, omissão das autoridades que nada fizeram para impedir, punir ou interromper esse processo. Não dá para gente pressupor que isso vai continuar assim, indefinidamente, e não vai haver reação. Infelizmente, desde 2017, movimentos sociais, familiares e outros têm denunciado essas condições das prisões, só que nada foi feito.  Quando se ignora uma violência gravíssima sofrida por uma população, não estou falando de violência banal, mas de um crime [cometido por] agentes públicos e fica impune. Infelizmente, às vezes, a resposta violenta é a única ouvida. Agora, pelo menos, está todo mundo falando no assunto. Precisou dessa violência nas ruas para que a sociedade de uma maneira geral falasse sobre esse assunto. Rádio Nacional: Sobre a operação do PCC que previa sequestrar autoridades e servidores públicos, o que dá para dizer sobre esse caso com as informações que temos até agora? O que eles queriam com essa ação de monitorar servidores e autoridades? Camila Nunes Dias: Até o momento, tem uma grande confusão pelo menos no que eu acompanho na imprensa em relação a esses casos. Vi alguns casos falando que pretendiam no caso do do senador Sérgio Moro era sequestrar e executar. A partir das informações da imprensa, se é sequestro você tem um objetivo: pode ser troca por um preso ou por alguém que está preso, dinheiro. Se você quer executar, o objetivo é outro. Você quer matar e não tem nenhuma lógica envolvida, é uma vingança, porque a partir da gestão Sérgio Moro se interromperam visitas íntimas nos presídios federais. Então, está muito confuso até o momento. Estou acompanhando pela imprensa, mas a compreensão disso, e só parte dela, só vai acontecer quando a gente entender direito o que que aconteceu. Já o promotor Lincoln Gakiya é um outro caso, que não tem relação com o material encontrado relacionado ao senador Sérgio Moro e está sendo divulgada como se fosse a mesma coisa. O promotor Lincoln já vem sendo ameaçado pelo PCC há muitos anos. Ele vem à frente no combate ao PCC em São Paulo há muito tempo, através do GAECO [Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo] e há muitos anos ele sofre ameaças. A gente tem que esclarecer melhor o que realmente foi encontrado, a investigação como que aconteceu. Até pra compreender o que que se pretendia, porque da forma como está sendo veiculada, pra mim, não faz sentido. Não é a primeira vez que há ataques contra autoridades, mas o PCC tem mudado ao longo da sua história um pouco a sua estratégia de enfrentamento, porque contra autoridades elas tendem a dar errado e gerar prejuízos. Rádio Nacional: Diante de sua experiência em relação às organizações criminosas no Brasil, o que poderia ser feito pelo Estado para minar o poder delas e reduzir a influência que demonstram ter no território nacional? Camila Nunes Dias: O poder das facções só vai ser reduzido

Metrô SP: empreiteira pediu dispensa de estudos em área de quilombo

As pesquisas históricas e arqueológicas para obter as licenças necessárias para o início das obras da Linha Laranja – 6 do metrô de São Paulo ignoraram a história do bairro do Bixiga, na região central paulistana, ligada a uma comunidade quilombola. Ao contrário da maior parte das áreas afetadas pelas obras, não foram feitos estudos arqueológicos prévios no local, atendendo a um pedido da concessionária. Estudo de impacto ambiental, realizado em 2014, chegou a apontar a sede da escola de samba Vai-Vai como um imóvel de possível interesse histórico e cultural. No entanto, os trabalhos de investigação arqueológica feitos posteriormente desconsideraram a região, ignorando os registros de que ali havia o Quilombo Saracura e que a agremiação foi fundada justamente pelos descendentes dessa comunidade, que reunia pessoas negras que fugiam do regime escravista. A reportagem da Agência Brasil analisou a documentação do licenciamento ambiental pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a partir do Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Territórios negros ignorados SÃO PAULO (SP) – Vale do Saracura em 1900 – Foto: Vincenzo Pastore/Instituto Moreira Salles Os pontos que foram abarcados pelos estudos vão do início da linha, no Morro Grande, zona norte paulistana, até Higienópolis, na parte central da cidade. Ficaram de fora as estruturas na região da Bela Vista, onde fica o Bixiga, e a Liberdade, outro bairro onde recentemente foi redescoberto o Cemitério dos Aflitos. Nesse local, entre 1775 a 1858, eram enterradas pessoas escravizadas e pobres, sendo também uma área importante para a história das populações afrodescendentes na capital paulista. A respeito do bairro do Bixiga, nos estudos prévios apresentados pela A Lasca, há um destaque para a chegada dos imigrantes italianos a partir de 1880 e de “trabalhadores pobres”. Não há qualquer menção ao Quilombo Saracura, apesar de recortes de jornais do início do século 20 chamarem a região de “pequena África”. São lembrados os times de várzea e os cordões carnavalescos, como o Cai-Cai que deu origem à escola de samba Vai-Vai, entre 1920 e 1930. Apagamento Na avaliação da coordenadora de Direito a Cidades Antirracistas do Instituto de Referência Negra Peregum, Gisele Brito, houve uma tentativa de apagamento da história negra do Bixiga. “Se sabia que aquele é um território negro. O Bixiga é um território negro. E aquele território específico onde estava sendo construída a estação era a Vai-Vai, que era um território negro vivo”, diz. Para além das evidências históricas de que havia um quilombo na região, Gisele destaca que a escola de samba era um elemento atual que fazia conexão direta com esse histórico. “A Vai-Vai era uma evidência que foi removida daquele território. Já havia várias referências historiográficas que havia ali um quilombo”, enfatiza. O local onde estava localizada a escola de samba está ligado, segundo a especialista, a manifestações religiosas afrobrasileiras. “A gente sabe que o rio atrai vários rituais religiosos”, acrescenta sobre o Córrego Saracura, que atualmente está canalizado. Moradores mais antigos lembram de uma relação próxima com o rio. “Eu tomava banho naquelas nascentes às 17h. Toda a negradinha ficava ali. E sempre tinha uma mãe, com sabão de cinzas para dar banho em todo mundo. Mas isso para provar que nós estamos há séculos no Bixiga”, disse um dos membros da diretoria da Vai-Vai, Fernando Penteado, ao participar de um evento na Câmara Municipal na última terça-feira (21). Liberação sem estudos O processo de licenciamento das obras no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) mostra que a A Lasca, empresa contratada pela concessionária responsável pelas obras para fazer os estudos arqueológicos, fez prospecções (coleta de materiais em campo) em 11 pontos do traçado da linha. Estão incluídos nessas áreas os locais onde devem ser construídas sete das quinze estações. As estruturas de ventilação e saídas de emergência também estão contempladas. Em fevereiro de 2020, a superintendência do Iphan em São Paulo emitiu um parecer em que concedia liberação, do ponto de vista arqueológico, nas áreas onde haviam sido feitas as prospecções. Em março daquele ano, a concessionária Move São Paulo enviou uma carta pedindo que houvesse liberação de todas as áreas que seriam afetadas pelo empreendimento, mesmo aquelas em que não houve pesquisa prévia. O documento, assinado pelo então presidente do consórcio, Raul Ribeiro Pereira Neto, argumentava que um ofício do Iphan de São Paulo, de abril de 2017, havia dispensado a empresa de continuar a fazer pesquisas arqueológicas nas áreas afetadas pelas obras da nova linha do metrô. Segundo o ofício, eram regiões “já impactadas pelo processo de urbanização”. Foto: IPHAN/Reprodução O ofício mencionado – 629 de 2017 – não consta no sistema digital que reúne a documentação relacionada ao licenciamento, conforme apontado pelo então superintendente substituto do Iphan, Ronaldo Ruiz ao responder o pedido de liberação da concessionária. Nesse documento, assinado em abril de 2020, o órgão dispensou a empresa de continuar os estudos arqueológicos nas áreas onde serão construídas as estações e outras estruturas, com base no ofício citado. Mudança de concessionária Em julho de 2020, a Move São Paulo transferiu o contrato para construção da Linha Laranja para a concessionária Linha Uni, que tem o grupo espanhol Acciona como maior acionista, além do banco de investimentos francês Société Générale e o fundo francês Stoa. O rompimento do contrato com a Move aconteceu após a concessionária atrasar o cronograma de obras. A concessionária enfrentou dificuldades em captar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devido às condenações sofridas pelo grupo controlador da empresa, Odebrecht, em processos por corrupção a partir da Operação Lava Jato.  Em abril de 2022, após a demolição da sede da Vai-Vai e com as obras da futura estação de metrô em andamento, a Acciona informou ter encontrado no local um sítio arqueológico. Foram iniciadas então, escavações para buscar possíveis objetos de interesse histórico e cultural no local. O relatório da empresa especializada em arqueologia não diz, entretanto, que os cordões e a escola foram fundados pela população negra que vivia na região. Foto: IPHAN/Divulgação O Iphan recomendou a paralisação das escavações após

Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 6

A Caixa Econômica Federal paga neste sábado (25) a parcela do novo Bolsa Família aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 6. Essa é a primeira parcela com o adicional de R$ 150 a famílias com crianças de até 6 anos. Embora o calendário oficial preveja o pagamento apenas na segunda-feira (27), a Caixa antecipa o depósito para o sábado anterior no aplicativo Caixa Tem. O valor mínimo corresponde a R$ 600, mas com o novo adicional o valor médio do benefício sobe para R$ 669,93. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, neste mês o programa de transferência de renda do Governo Federal alcança 21,1 milhões de famílias, com gasto de R$ 14 bilhões. Com a revisão do cadastro, que eliminou principalmente famílias constituídas de uma única pessoa, 1,48 milhão de beneficiários foram excluídos do Bolsa Família e 694,2 mil incluídos, dos quais 335,7 mil com crianças de até 6 anos. Desde o início do ano, o programa social voltou a se chamar Bolsa Família. O valor mínimo de R$ 600 foi garantido após a aprovação da Emenda Constitucional da Transição, que permitiu a utilização de até R$ 145 bilhões fora do teto de gastos neste ano – R$ 70 bilhões destinados a custear o benefício. O pagamento do adicional de R$ 150 só começou neste mês, após o governo fazer um pente-fino no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), a fim de  eliminar fraudes. Em junho, começará o pagamento do adicional de R$ 50 por gestante, por criança de 7 a 12 anos e por adolescente de 12 a 18 anos. No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco. Calendário do Bolsa Família, por Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome Auxílio Gás Neste mês não haverá o pagamento do Auxílio Gás, que beneficia famílias inscritas no CadÚnico. Como o benefício só é concedido a cada dois meses, o pagamento voltará em abril. Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica. Fonte

Hora do Planeta convoca Brasil a apagar as luzes

Na noite de 25 de março, às 20h30, luzes serão apagadas em diversos pontos do país, para chamar a atenção da sociedade sobre a crise climática. O apagão faz parte da Hora do Planeta, evento promovido anualmente pela organização ambientalista não-governamental WWF. A proposta é que indivíduos, grupos e empresas apaguem as luzes por 60 minutos, para pensar em como cuidar do planeta. Limpar a praia, plantar uma árvore, se engajar em movimentos comunitários ou simplesmente reunir os amigos no momento de desligar a energia elétrica são maneiras de aderir ao movimento. Segundo a WWF, qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode participar da mobilização. Apoiadores em mais de 190 países e territórios participam do evento, que acontece no Brasil desde 2009. De acordo com Giselli Cavalcanti, analista de engajamento do WWF-Brasil, a Hora do Planeta tem mais de 400 eventos programados pelo país, tanto virtuais quanto presenciais. Este ano, a WWF-Brasil ofereceu um mapa de visibilidade dessas ações, que podem ser consultadas no site da instituição. “O objetivo é que, em um esforço global, a gente consiga fazer a nossa parte, mas também cobrar medidas urgentes dos governos e das lideranças para barrar a crise climática e reverter a queda da biodiversidade”, afirma Cavalcanti. Uma parceria histórica Tradicionais parceiros da WWF, os escoteiros têm diversas atividades programadas para a Hora do Planeta, tais como vigílias, debates e observação de estrelas. Bruno Souza, diretor do Grupo Escoteiro José de Anchieta (GEJA), em Brasília, explica que os escoteiros já trabalham sobre um conjunto de ações associadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e que as atividades programadas para o dia 25 fazem parte dessas ações. “O GEJA participa da Hora do Planeta desde que ela começou no Brasil, então todo ano a gente faz ações desse tipo e, principalmente, orienta os nossos jovens sobre a responsabilidade de cada um na questão da preservação do meio ambiente”, diz. Para Giselli Cavalcanti, a participação dos escoteiros na Hora do Planeta tem um impacto significativo. “Essas crianças e esses jovens estão se engajando com a pauta ambiental, estão levando essa discussão para outros espaços também, seja nas escolas, nas comunidades, nas famílias”, explica. Cavalcanti destaca ainda o envolvimento crescente das empresas, que têm participado da mobilização com palestras, workshops e apoio a projetos de cuidado ambiental, além de reverem suas formas de atuação. No apagar das luzes No Brasil, monumentos e prédios públicos em diversas cidades devem apagar suas luzes às 20h30 deste sábado, como forma de adesão ao movimento. Enquanto isso, na Mongólia, acontecerá um desfile de moda sustentável com estilistas locais, apresentando roupas recicladas e redesenhadas. Já o WWF-Letônia sediará seu tradicional concerto da Hora do Planeta para parceiros e apoiadores. Essas e outras ações fazem parte dos esforços da instituição “para que a década termine com mais natureza e biodiversidade do que quando começou”, a fim de evitar danos irreversíveis ao planeta. A bióloga Nurit Bensusan, especialista em biodiversidade e pesquisadora do Programa de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA), questiona a efetividade dessas ações. Para ela, a Hora do Planeta seria mais um apaziguamento de consciência que uma proposta de transformação. “Cada pessoa individualmente poderia fazer muito mais, se posicionando contra uma economia que despeja seus impactos socioambientais nos outros agentes da sociedade. Cada um de nós poderia contribuir para tornar essa economia inaceitável, mas a gente não faz isso”, destaca. Bensusan citou o relatório lançado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na última segunda-feira (20). O documento alerta que a temperatura média mundial subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais – uma consequência direta de mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como do uso desordenado e insustentável de energia e do solo. O relatório também aponta que os desastres naturais relacionados ao clima atingem sobretudo as pessoas econômica e socialmente mais vulneráveis. “É muito difícil a gente analisar a crise climática separada do colonialismo, do racismo, da discriminação, do preconceito e das desigualdades”, complementa. De acordo com a bióloga, para transformar o cenário atual, apenas mudanças na rotina não são suficientes. Para ela, uma espécie de “fé’ na tecnologia nos faz crer que os danos socioambientais causados pelo clima são contornáveis, o que levaria a um adiamento de soluções efetivas. “O que funcionaria seria uma conscientização radical das pessoas”, defende. Já para Giselli Cavalcanti, a Hora do Planeta aumenta a conscientização e a mobilização dos diferentes setores da sociedade na causa ambiental, o que pode ser considerado um dos efeitos positivos da campanha. Fonte

Baía de Guanabara tem neste sábado um dia de limpeza

A Baía de Guanabara passa neste sábado (25) por um dia de limpeza, e o trabalho promete ser intenso, uma vez que a quantidade de lixo e a poluição na região é um problema antigo. Para realizar a tarefa, a Rede de Conservação Águas da Guanabara (Redagua), que promove a ação, juntou os Projetos Coral Vivo, Guapiaçu, Meros do Brasil e Uçá, patrocinados pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, na segunda edição do Clean Up Bay – Dia de Limpeza da Baía de Guanabara. Esta é a segunda edição do Dia de Limpeza da Baía de Guanabara, inspirado no Clean Up Day, ação mundial promovida anualmente no terceiro sábado de setembro para um mundo sem lixo. Mais uma vez, a ação faz parte do calendário Rio 2030, que inclui ações de educação sustentável com a intenção de sensibilizar a população do estado para a necessidade de cuidados com o meio ambiente. “O impacto do que queremos causar com este evento, na verdade, é no dia a dia das pessoas. Que elas se envolvam, participem e se sintam impactadas por verem tanto lixo na praia, por verem tantos sacos de lixo coletados e repensem as ações rotineiras de casa, como o próprio descarte do lixo, como o consumismo desenfreado. A ideia é que haja reflexão sobre o que se pode fazer a respeito,” disse a coordenadora geral do Projeto Coral Vivo, a oceanógrafa Flávia Guebert, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o Coral Vivo, o objetivo de eventos como este é impactar e surpreender as pessoas com a quantidade de lixo escondida na praia, porque a paisagem acaba disfarçando um pouco, e com o que elas podem fazer dentro de casa mesmo”, completou Flávia. Ela informou que ações semelhantes também são realizadas anualmente no estado da Bahia, onde funciona a sede do projeto. “Estamos na Década do Oceano, que vai de 2021 a 2030, então, a ideia é que olhar para o mar e ver o mar como nosso jardim, o jardim da nossa casa, porque todos dependemos do mar. O oceano regula o nosso clima, nos dá alimento, traz recursos financeiros para quem trabalha com diversas atividades, mas não é só exploração, é cuidado também”, afirmou. O trabalho de coleta, triagem e destinação de resíduos vai começar às 9h em cinco pontos diferentes nos municípios de São Gonçalo (Praia das Pedrinhas), Niterói (praias de Itaipu e Boa Viagem), Magé (Praia de Piedade), Cachoeiras de Macacu (Rio Macacu) e Tanguá (Rio Caceribu), na região metropolitana do Rio. Depois da coleta e da triagem, o material recolhido será classificado, registrado e pesado. A bióloga e educadora ambiental do Projeto Meros do Brasil Luana Seixas elogiou a extensão dos pontos incluídos na ação deste sábado e destacou também o aumento de demanda de voluntários para esta edição. “Comparativamente à edição do ano passado, que foi mais para o meio do ano, nesta, aumentamos nossos pontos de atuação, o que mostra que vieram demandas de pessoas dessas regiões. No ano passado, tínhamos quatro pontos. Para nós, é um indicador de transformações e mudanças e, comparativamente, também um aumento dos voluntários.” O projeto é comprometido com a preservação e recuperação dos meros (Epinephelus itajara), uma espécie de peixe ameaçada por capturas ilegais e pela falta de qualidade da água de manguezais e de áreas de foz dos rios da Baía de Guanabara. De acordo com Luana, este é mais um motivo para a realização de ações como o Dia da Limpeza. “O declínio da população [de meros] em território nacional está muito ligado à intervenção humana. A pesca é um problema, mas lógico também que estamos usando o ambiente em que o peixe vive, que são áreas costeiras, áreas de manguezal, ou mar aberto, em esportes, pescaria ou como lixo que, sendo levado, acaba prejudicando essa espécie de peixe para o local em que ele está sob ameaça”, acrescentou a bióloga. Para o presidente da organização não governamental (ONG) Guardiões do Mar e coordenador do Projeto Uçá, de preservação de caranguejos, Pedro Belga, a velocidade das mudanças climáticas torna cada vez mas evidente a necessidade de realizar ações deste tipo para redução da quantidade de lixo e sensibilização das populações. Por isso, o biólogo diz que é importante fazer o evento na Baía de Guanabara, que costuma estar no inconsciente coletivo das pessoas como algo ruim. “Quando se consegue criar uma data específica para tratar de limpeza e colocar as pessoas do bem, juntas, isso ajuda em uma emergência, na urgência que a gente tem. Quanto mais eventos sobre o tema, quanto mais voluntários se engajam, mais se consegue espalhar a corrente do bem e acelerar essa urgência em mobilizar as pessoas para as questões do resíduo sólido, da conservação ambiental e obviamente das emergências climáticas”, disse ele à Agência Brasil. Pedro Belga revelou que, no começo do Projeto Caranguejo Uçá de preservação na espécie na Baía de Guanabara, os catadores entediam que seriam transformados em coletores de lixo. “Hoje eles entendem que, ao tirar um sofá do mangue, aquele espaço ocupado pelo sofá estará disponível para que novas tocas de caranguejo se espalhem. Eles ganham a longo prazo. Hoje existem catadores de caranguejo e pescadores artesanais na Baía de Guanabara muito envolvidos na questão do resíduo sólido, porque entenderam que o lixo diminui a economia, a atividade deles e as áreas de trabalho”, acrescentou. Os voluntários inscritos no Clean Up Bay receberam capacitação online na quarta-feira (22), com o objetivo de formar lideranças para limpeza de praias e outros ambientes, com orientações sobre o uso adequado de equipamentos de proteção individual, extensão da área a ser trabalhada, dinâmica da atividade e tudo o que o voluntário precisa para participar do dia de limpeza, ou organizar a atividade semelhante em sua própria comunidade. Segundo o biólogo, mais de 100 voluntários participaram da capacitação. “Há um interesse maior das pessoas, que querem fazer. Só não sabem como. Às vezes, as pessoas não percebem como é simples cuidar com pequenos atos.” A guia de