Bragantino arranca empate e impede Palmeiras de assumir ponta
O Bragantino arrancou um empate de 1 a 1, na noite deste sábado (13) em pleno Allianz Parque, e impediu que o Palmeiras assumisse a liderança do Campeonato Brasileiro. Com este resultado o Verdão chegou aos 14 pontos e ficou um atrás do Botafogo, que visita o Goiás na Serrinha no próximo domingo (14). Fim de jogo: Palmeiras 1×1 Red Bull Bragantino. #AvantiPalestra #PALxRBB#JuntosNoBrasileirão pic.twitter.com/VIzLoPr4ml — SE Palmeiras (@Palmeiras) May 13, 2023 Comandado por um Raphael Veiga inspirado, o time do técnico português Abel Ferreira foi bem superior na etapa inicial. E foi justamente dos pés do meio-campista que nasceu o gol do Verdão, mas já na etapa final. Aos 19 minutos Veiga levantou a bola em cobrança de escanteio, Gustavo Gómez escorou de cabeça e Artur, livre na segunda trave, teve apenas o trabalho de cabecear para o fundo da meta defendida por Cleiton. Até este momento o Bragantino pouco criava. Assim, para chegar ao empate, teve que contar com a individualidade de um jogador. Aos 25, Juninho Capixaba recebeu na intermediária, ajeitou a bola e acertou um balaço para marcar um golaço. A partir daí o Palmeiras tentou muito o gol da vitória, mas quem ficou mais próximo dos três pontos foi o Massa Bruta, em belo contra-ataque, já nos acréscimos, que terminou em chute raspando de Alerrandro. Vitória no Maracanã A terceira posição da tabela é do Fluminense, que, atuando no Maracanã, superou o Cuiabá por 2 a 0 com gols de Nino e Ganso. Com o triunfo a equipe das Laranjeiras chegou aos 13 pontos. Já o Dourado permanece na 17ª posição, com quatro pontos. VEEEEEEEENCE O FLUMINEEEENSE! NINO E PH GANSO MARCAM DOIS GOLAÇOS E O FLU VENCE O CUIABÁ NO MARACA! TERÇA-FEIRA É CONTRA O FLAMENGO PELA COPA DO BRASIL! VAAAAAAAAAAAMOS, TRICOLORRR! pic.twitter.com/em5GE0ZVa3 — Fluminense F.C. (@FluminenseFC) May 13, 2023 O placar foi aberto logo aos 5 minutos de bola rolando. Marcelo levantou a bola na área e Ganso, de primeira, deu um passe de grande categoria para o zagueiro Nino bater de virada de dentro da pequena área. O segundo do Fluminense (que jogou sem peças importantes como o suspenso André e os lesionados Keno, Samuel Xavier e Alexsander) saiu aos 11 da etapa final. Marcelo recuperou a bola ainda no campo de ataque e tocou para Cano, que esticou para Lima, que apenas rolou para Ganso, que bateu colocado para superar o goleiro Walter. Outros resultados: Atlético-MG 2 x 0 InternacionalBahia 2 x 3 Flamengo Fonte
Vôlei sentado: seleção masculina garante presença nos Jogos de Paris
O Brasil garantiu mais uma vaga nos Jogos Paralímpicos de 2024, que serão disputados em Paris (França). A classificação veio com a seleção masculina de vôlei sentado. A equipe estará na próxima edição da Paralimpíada após conquistar o título do Zonal Championship (o Parapan da modalidade), neste sábado (13) em Edmonton (Canadá). Na decisão da competição disputada em solo canadense, a equipe canarinho derrotou os Estados Unidos por 3 sets a 0 (parciais de 25/20, 25/19 e 25/19). Com este triunfo, o Brasil encerrou a competição de forma invicta, com triunfos sobre a Argentina (na fase de grupos e na semifinal), sobre a seleção norte-americana (na primeira fase e na final) e sobre o Canadá. A equipe brasileira foi representada na competição por 12 atletas: Wescley Conceição de Oliveira, Diogo Rebouças, Alex Pereira Witkovski, Gilberto Lourenço da Silva (Giba), Luís Fabiano de Oliveira, Wellington Platini Silva da Anunciação, Renato Leite de Oliveira, Márcio Borges dos Santos, Daniel Yoshizawa, Leandro da Silva Santos, Thiago Costa dos Santos Rocha e Raysson Ferreira de Abreu Silva. Se o time masculino de vôlei sentado do Brasil garantiu a vaga em Paris apenas neste sábado, a equipe feminina já tinha presença garantida na competição desde novembro de 2022, quando conquistou o título Mundial em Sarajevo (Bósnia). Além do vôlei, o Brasil tem outras modalidades garantidas no megaevento na capital francesa: goalball masculino e ciclismo (pista ou estrada), que, através do ranking internacional, já tem uma vaga assegurada no masculino e outra no feminino. Fonte
Afroturismo mostra passado escravista brasileiro
Das ladeiras de Ouro Preto às ruas de Salvador, passando pelo Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, ou pela Rota da Liberdade, em São Paulo, e chegando à Serra da Barriga, em Alagoas. Esses são alguns dos lugares que abrem as portas para o passado escravista brasileiro, e contam para todos nós, até hoje, um pouco das origens do povo negro do país. Mais de 130 anos depois da abolição da escravatura, assinada em 13 de maio de 1888, o afroturismo, modalidade que valoriza o patrimônio material e imaterial da população negra brasileira, vem ganhando espaço. Tanto que, em janeiro deste ano, o Ministério da Igualdade Racial e a Embratur iniciaram uma parceria para incentivá-lo. O turismólogo e vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro do Rio de Janeiro, Bruno Franco, diz que o termo afroturismo ainda é novo, mas essa é uma estratégia que já vem sendo estruturada há algum tempo. “Por onde a diáspora africana nos levou, a gente deixou as nossas marcas. E essas marcas estão tanto hoje na história, na cultura, na música, e também até em monumentos históricos. O afroturismo é contar a nossa história, por nós mesmos, na nossa essência”. Uma das maiores referências nesse tipo de turismo no Brasil é o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que ocupa o espaço que foi o de maior resistência à escravidão do país, liderado pelo herói Zumbi. Balbino Praxedes, representante regional de Alagoas da Fundação Cultural Palmares, destaca que, em 2022, o parque recebeu mais de 35 mil visitantes – um aumento de 51% em relação ao ano anterior. “O parque contribui para a visibilidade e reconhecimento da história do povo negro desta nação, a partir do momento em que ele nos leva à reflexão e entendimento dos fatos ocorridos por uma das etnias que compõe a nossa nação”. No Rio de Janeiro, o Cais do Valongo, principal ponto de desembarque e comércio de pessoas negras escravizadas nas Américas, é tão importante que foi eleito Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Mercedes Guimarães, diretora do Instituto Pretos Novos, criado para preservar o patrimônio material e imaterial da região conhecida como Pequena África, no centro do Rio, explica o que o visitante pode aprender ao conhecer o Cais. “É um livro a céu aberto. A gente fala do Machado de Assis, a gente fala da própria Mercedes Batista, o samba, as tias, o mercado que houve aqui da região e até chegar ao cemitério e também a gente leva depois para o Museu da História Afro-Brasileira”. Bruno Franco também destaca que outro ponto relevante para o afroturismo no Rio de Janeiro é o Vale do Café. No entanto, este é um local que exige uma visita crítica. “Porque tem a questão do fazendeiro, do cafezal, a glamourização da escravidão, né, como se fosse algo belo, e não é. Porque mostra as fazendas como coisa linda, quando, na verdade, aquilo, para nós, era um local de sofrimento”. Em Ouro Preto, um dos destaques do afroturismo é a visitação à Mina do Chico Rei, africano escravizado que era rei no Congo, antes de ser trazido ao Brasil para trabalhar nas minas, e que conseguiu comprar sua alforria e também de outros escravizados. Já em Salvador, a cidade mais negra do Brasil, há muitos museus e monumentos que reverenciam a cultura negra, além da sua forte influência na religiosidade e na culinária. Fonte
Grêmio supera Real Ariquemes na 11ª rodada do Brasileiro Feminino
O Grêmio derrotou o Real Ariquemes por 1 a 0, na tarde deste sábado (13) no estádio Francisco Novelletto, em Porto Alegre (RS), pela 11ª rodada da Série A1 do Campeonato Brasileiro de futebol feminino. 🇪🇪 Três pontos que colocam as @GuriasGremistas na zona de classificação para a a próxima fase! A torcida Tricolor comemora! pic.twitter.com/WRFpX07v6A — Brasileirão Feminino Neoenergia (@BRFeminino) May 13, 2023 O único gol do confronto na capital gaúcha foi marcado pela meia Rafa Levis. Após cobrança de falta da entrada da área pelo ataque gremista, a bola bateu na mão de uma defensora do Ariquemes dentro da área e foi assinalado pênalti. A camisa 10 das Gurias Gremistas cobrou com categoria de pé direito no canto direito e deslocou a arqueira adversária para definir o placar. Com esse resultado, o Grêmio assume a 7ª posição da classificação com 16 pontos e fica, temporariamente, dentro da zona de classificação à próxima fase. O Real Ariquemes segue em penúltimo lugar com seis pontos em 11 jogos, dentro da zona de rebaixamento. Fonte
Movimentos negros debatem sobre racismo institucionalizado na saúde
Representantes de diversos setores do movimento negro participaram neste sábado (13) de uma conferência livre de saúde para debater a política nacional de saúde integral da população negra. A iniciativa, realizada em formato presencial e online, reuniu mais de 1,2 mil inscritos distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal. A Conferência Livre de Saúde da População Negra debateu entre outros pontos a erradicação do racismo institucionalizado no sistema de saúde, a redução da mortalidade da população negra, o monitoramento e o controle social das políticas públicas no Brasil. “A nossa principal pauta é a erradicação do racismo institucionalizado no Sistema Único de Saúde (SUS), a melhoria da qualidade de vida da população negra, maior participação da população negra nos rumos do sistema, nas deliberações, no controle social previsto nas leis que regem o SUS, além da erradicação do racismo, melhorar os indicadores de saúde da população negra. Visto que somos as principais vítimas dos processos engendrados na sociedade brasileira, como a violência e a fome”, disse a coordenadora da ONG Criola, Lúcia Xavier, uma das organizadoras da conferência. Lúcia disse ainda que um dos eixos norteadores dos debates foi o que trata da implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Aprovado em 2006 e publicado pela primeira vez em 2009, a política é um documento produzido pela sociedade civil brasileira, que traz as estratégias e as responsabilidades de gestão, voltados para a melhoria das condições de saúde desse segmento da população. O documento inclui ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças, bem como de gestão participativa, participação popular e controle social, produção de conhecimento, formação e educação permanente para trabalhadores de saúde, visando à promoção da equidade em saúde da população negra. Segundo Lúcia, as contribuições da conferência livre serão encaminhadas para a 17ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorrerá em julho. “A conferência surge como uma oportunidade, visto que nos quatro anos passados havia uma impossibilidade de diálogo e de participação e, então, vimos a chance de articular outra vez esses setores para trazer a política como um eixo fundamental dos temas que tratam a conferência. Ela está dizendo que o Brasil será outro, que o Brasil precisa ser democrático, fortalecer o SUS, e ter uma ação que fortaleça ou melhore as condições de saúde da população de modo geral e da população negra”, disse. Durante a abertura da conferência, a historiadora e integrante da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) Heliana Hemetério frisou a importância de que a política seja implementada por estados e municípios. “Quando a gente fala na implementação da política de saúde integral, estamos falando da [política] tripartite, isso tem que estar nos municípios e nos estados o tempo inteiro. Sabemos que o Conselho Nacional [de Saúde] tem o seu papel, mas para que essas políticas deem resposta é preciso que os municípios implementem”, disse. Heliana também reforçou a necessidade de maior presença de negros nos espaços de controle social do SUS, como os conselhos de saúde. “É importante que a população negra participe do controle social junto aos conselhos locais, distritais, estaduais. Cada vez mais a população tem que tomar conhecimento desses espaços de controle para fazer a inserção dessa luta”, afirmou. Fonte
Parecer do Iphan reforça suspensão de escavações em metrô de São Paulo
A fiscalização técnica do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São Paulo, recomendou – em parecer – indeferir a retomada das escavações arqueológicas na área do Sítio Saracura. O território arqueológico foi encontrado em meio a obras do metrô no bairro do Bixiga e, após mobilização da comunidade e uma inundação em fevereiro, o resgate das peças acabou suspenso pelo Iphan. O acesso ao parecer foi liberado na última sexta-feira (12). O instituto, no entanto, havia autorizado a continuidade de obras de engenharia que não afetassem o sítio. Mas exatamente nesse contexto foram encontradas novas evidências da ocupação quilombola, que em 1900 chegou a ser fotografada por Vincenzo Pastore, conforme material do acervo do Instituto Moreira Salles. O novo parecer do Iphan atesta que, frente aos novos achados na “área aterrada que possivelmente abriga os vestígios materiais do Antigo Quilombo Saracura, compreendemos que este ineditismo extrapola as competências de um único setor técnico”, diz o parecer. Técnicas do Iphan pedem também que a Fundação Palmares e os Ministérios da Cultura, Igualdade Racial e Direitos Humanos sejam acionados para avaliar o conjunto da materialidade e o contexto histórico e cultural do sítio. O novo parecer ressalta, ainda, que “o reconhecimento oficial de espaços de compartilhamentos e memórias coletivas – atestados arqueologicamente nas prospecções em superfície realizadas na Linha 6-Laranja, especificamente na Estação 14 Bis (área que engloba o Quilombo Saracura)”, justificam manter paralisadas as escavações até avaliação especializada multidisciplinar. O documento destaca, também, que a “patrimonialização à escravização negra se deparou com a complexidade, dinamicidade e resistência das estruturas de poder de uma elite não-preta, o que no passado impediu o reconhecimento da contribuição quilombola à formação cultural brasileira”. Mobiliza Saracura Vai-Vai Diante dos novos fatos, a comunidade organizada no Mobiliza Saracura Vai-Vai, em nota, reiterou a necessidade de revisão do processo de licenciamento autorizado pelo Iphan em 2020 à revelia da legislação que exige a pesquisa arqueológica. A mobilização já vinha questionando o licenciamento no âmbito de um inquérito civil no Ministério Público Federal e de uma ação que cobra perícia judicial que ateste a regularidade dos trabalhos arqueológicos realizados no local. Reportagem da Agência Brasil mostra que as pesquisas históricas e arqueológicas para obter as licenças necessárias para o início das obras da Linha Laranja- 6 do metrô de São Paulo ignoraram a história do bairro do Bixiga, na região central paulistana, ligada a uma comunidade quilombola. * Matéria atualizada às 18h48 para adequação do título Fonte
Flup revisita e atualiza obra de Lima Barreto com livro de contos
Para revisitar e atualizar a obra do romancista negro Lima Barreto foram convidados 22 escritores. O resultado foi o livro Quilombo do Lima, cujo lançamento se tornou um dos destaques da programação da 12ª edição da Festa Literária da Periferia (Flup), realizada neste sábado (13), no Rio de Janeiro. A escritora Daiana de Souza conta como surgiu a ideia. “Veio do organizador da Flup, Júlio Ludemir. Ele sugeriu um livro que pudesse repensar um pouco os contos do Lima Barreto para uma plateia que é dos nossos tempos. Recriá-los, pensá-los de outra forma, para de certa forma até trazer Lima Barreto para novos leitores. Os contos foram escritos por pessoas que já passaram pela Flup em vários outros processos ao longo desses anos. Durante três ou quatro meses, discutimos e escolhemos os contos que a gente mais gostava. E a partir daí, cada um escreveu o seu texto”. A Flup foi realizada pela primeira vez em 2012 e, desde então, acontece todos os anos, tendo tido algumas edições que recorreram à programação online devido à pandemia de covid-19. O evento, que já liderou a publicação de mais de 20 livros de autores das periferias do Rio de Janeiro, é realizado em territórios tradicionalmente excluídos dos programas literários. Já passou, por exemplo, pelo Morro dos Prazeres e por Vigário Geral. A edição deste ano acontece na Arena Samol, na Ladeira do Livramento, no centro da capital fluminense. A programação inclui um cortejo, a apresentação do Bloco Prata Preta, a lavagem das escadarias da Arena Samol, o bailinho dos crespinhos, apresentações artísticas e performances inspiradas em trabalhos literários. Também está prevista a participação do compositor Gilberto Gil e do sambista Haroldo Costa. O lançamento de Quilombo do Lima foi um dos destaques durante o início da tarde. Autor do célebre romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto produziu inúmeros contos, sátiras e crônicas. Foi também um crítico da Primeira República Brasileira, contestando o nacionalismo ufanista e a manutenção dos privilégios de famílias aristocráticas e dos militares. Sua produção literária se volta para a discussão de temas ligados às desigualdades sociais e à hipocrisia nas relações humanas na sociedade do início do século 20. Ele também deu visibilidade para a vida no subúrbio carioca e aproximou a linguagem coloquial do romance brasileiro. “Ele tem muitos contos. Então, a gente teve muito material para estudar e para escolher, podendo abordar temas variados. Ele falava bastante sobre a sociedade carioca, discutia temas políticos, mas falava também do subúrbio, de famílias negras e como que essas pessoas conseguiam achar seus lugares. Eu escolhi um conto que me permitiu discutir um pouco como que nós, as pessoas negras, somos múltiplas humanas e podemos errar, mas é importante que tenhamos para onde voltar. E como é importante também defender a nossa memória, as nossas histórias e as lutas dos que vieram antes de nós”, conta Daiana. Quilombo de Lima No final do ano passado, um evento organizado em preparação para a Flup já havia sido batizado de Quilombo do Lima. O primeiro dos dois dias da programação foi marcado para 31 de outubro, dia do aniversário de Lima Barreto. Na ocasião, o escritor foi homenageado e relembrado em mesas de debate com romancistas negros no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), no centro do Rio de Janeiro. Também foi exibido o filme Lima Barreto, Ao Terceiro Dia, dirigido por Luiz Antonio Pilar e lançado em 2018. Assinando um dos contos em Quilombo do Lima, Sueca crê que o lançamento do livro valoriza a riqueza do trabalho de Lima Barreto e, ao mesmo tempo, dá sua contribuição para uma reparação história. Alguns dos trabalhos mais expressivos do escritor foram publicados apenas após sua morte. Sueca observa que o escritor foi desprezado e invisibilizado pelas elites intelectuais modernistas. “Principalmente por essa hierarquização dos modos de escrita. Então precisamos refletir: quem escreve, o que escreve, da onde escreve? E Lima Barreto mostra que a linguagem que chega, por exemplo, pela oralidade também é tão legítima quanto essa forma materializada da escrita”, avalia. Para Camila de Araújo, que também é autora de um dos contos, o lançamento do livro no 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea, é simbólico. Ela destaca ainda que a releitura dos contos de Lima Barreto é facilitada pela atualidade dos temas que ele aborda. “Ele é um percursor da literatura negra e as questões que ele trata são completamente atemporais. Elas dialogam completamente com as questões estruturais que o Brasil está começando a enxergar sobre a negritude, o racismo, o preconceito, o racismo religioso”. Duas homenagens A escolha do local para realização da Flup em 2023 teve um motivo especial. Um dos homenageados dessa edição é Machado de Assis, que nasceu em um dos imóveis situados na Ladeira do Livramento. O evento propõe um novo olhar sobre a obra do escritor que viveu entre 1839 e 1908 e é um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). “Machado de Assis. Aquele que te obrigaram a ler antes mesmo de você se interessar por literatura. Aquele que escreve difícil e que cai na prova, cuja obra se resume a se Capitu traiu ou não Bentinho. Machado não é um intelectual hermético da zona sul. Nunca pisou em uma universidade. O Machado que te apresentaram na escola não existe. A escola não quer incitar a revolução e Machado é revolucionário. Preto, nascido no coração do Morro da Providência, cria da Ladeira do Livramento, filho de Maria e Francisco. Joaquim Maria Machado de Assis está mais próximo da nossa realidade do que nos fizeram imaginar. Esse é o Machado que eles não queriam que você conhecesse”, registro o texto de homenagem. A outra homenageada da edição é a escritora, artesã e sacerdotisa Mãe Beata de Iemanjá, falecida em 2017, que desenvolveu trabalhos relacionados à defesa e preservação do meio ambiente, aos direitos humanos, à educação, saúde, combate ao sexismo e ao racismo. “Mostrou com sua história de vida e sabedoria os frutos da
Trabalho sério que pouca gente conhece, afirma Alckmin sobre MST
Ao visitar uma feira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na cidade de São Paulo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, elogiou o trabalho feito nos acampamentos e assentamentos do movimento e sugeriu não ser papel da Câmara dos Deputados investigar invasões de terra promovidas pelos sem terra, por meio uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “O governo do presidente Lula, todos nós, defendemos a reforma agrária. Ela é importante”, declarou Alckmin a jornalistas presentes à 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece até domingo (14), no Parque da Água Branca, na capital paulista. “As pessoas têm a oportunidade de vir aqui, comprar produtos saudáveis e melhorar a renda de quem trabalha”, elogiou Alckmin. Diferentemente do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que subiu ao palco principal do evento e discursou ao lado de outros representantes do governo federal e de lideranças de movimentos sociais, o vice-presidente apenas circulou entre os stands, conferindo os produtos expostos e atendendo aos pedidos para tirar fotos com simpatizantes. “Eu sempre venho às feiras [do MST]. A primeira vez foi em 2013, quando eu era governador. Havia uma resistência quanto a eles [sem terra] usarem o Parque da Água Branca. Nós autorizamos e eu vim”, disse Alckmin, que quando governador de São Paulo chegou a dizer que apoiaria a reforma agrária no estado, mas não a invasão de propriedades públicas ou privadas. Ele acrescentou que a feira é importante para mostrar o “trabalho que pouca gente conhece”. “Um trabalho sério”. CPI Atualmente, o vice-presidente negou que as ocupações de terras que o MST promoveu em todo o país ao longo do mês passado tenha impactado as relações do governo federal com o movimento. Ele também contestou a decisão da Câmara dos Deputados de criar uma CPI para investigar o MST e as invasões de terras no país. “Sou muito cauteloso com esta história de CPI. O trabalho do legislativo é legiferante [ou seja, legislar], não policialesco. Sou muito cauteloso em relação a qualquer CPI. Acho que já há muitos órgãos de fiscalização: TCUs [tribunais de contas], MP [ministério público], Controladoria, Corregedoria. A função precípua [dos deputados e senadores] é legislar bem, aperfeiçoar o modelo legislativo, aprofundar o debate de questões complexas como a reforma tributária, que não é uma situação simples. Você tem que estudar, ouvir bastante. Ou a ancoragem fiscal, [sobre a qual é preciso] aprofundar [a discussão], comparar como outros países fizeram, onde foi bem-sucedido”, acrescentou Alckmin. Mais incisivo, o ministro Paulo Teixeira criticou a oposição pela instalação da CPI. “Querem investigar o MST? Querem criar uma CPI para isso? Acho que vão achar coisas interessantes. Vão ver que, ali [nos acampamentos e assentamentos do movimento], tem suco de uva que não tem trabalho escravo. Vão encontrar produtos que não têm agrotóxicos. Vão encontrar soja não transgênica”, afirmou, referindo-se a alguns dos produtos produzidos pelo MST, maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Riograndense de Arroz (Irga), autarquia subordinada à secretaria estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul. Fonte
Brasil garante bronzes com Rafael Silva e Bia Souza no Mundial de judô
Os judocas Rafael Silva (na categoria acima de 100 quilos) e Bia Souza (na categoria acima de 78 quilos) colocaram o Brasil no pódio no Mundial de judô neste sábado (13). Os brasileiros faturaram o bronze em seus respectivos pesos em Doha (Catar) e deram ao país as únicas medalhas individuais nessa edição do evento. É BROOOOOOOOOOONZE! 🥉🥋🇧🇷 E é de Beatriz Souza (+78kg) no Mundial de Judô, em Doha 🇶🇦 A judoca brasileira derrota Hayun Kim 🇰🇷 com um ippon espetacular e conquista a 1ª medalha do 🇧🇷 na competição! QUE VITÓRIA DA BIA! 💪🥋 pic.twitter.com/57DJzDoM2f — Time Brasil (@timebrasil) May 13, 2023 Bia Souza foi a responsável pela primeira conquista. Para isto, ela bateu a sul-coreana Hayun Kim por ippon para subir ao pódio pela terceira vez na carreira em Mundiais, após uma prata em 2022 e um bronze em 2021. Já Rafael Silva, conhecido com Baby, derrotou Temur Rakhimov, do Tajiquistão, com um waza-ari, no golden score, na decisão do bronze. Essa foi a quarta medalha do brasileiro em Mundiais, após uma prata em 2013 e dois bronzes (em 2014 e em 2017). É BRONZEEEEEEEEEEEEEEE! 🥉🥋🇧🇷 Rafael Silva (+100kg) conquista a 2ª medalha do 🇧🇷 no Mundial de Judô, em Doha 🇶🇦 O atleta brasileiro derrota Temur Rakhimov 🇹🇯 no Golden Score MAIS UMA MEDALHA PRA CONTA, BABY! 🥈🥉🥉🥉 pic.twitter.com/ZD6gZH2aoZ — Time Brasil (@timebrasil) May 13, 2023 O Campeonato Mundial continua no próximo domingo (14), oportunidade na qual será realizada a competição por equipes mistas. O time brasileiro medirá forças com o país que sair do confronto entre Mongólia e Geórgia. Fonte
Wanderley Pereira fatura prata no Mundial de boxe
O brasileiro Wanderley Pereira conquistou a medalha de prata no Campeonato Mundial de boxe masculino. Em final disputada na manhã deste sábado (13) em Tashkent (Uzbequistão), o pugilista baiano de 22 anos foi superado pelo cubano Yonelis Hernández na decisão da categoria até 75 kg. É PRAAAAAAAAATA! 🥈🥊🇧🇷 Wanderley Pereira (75kg) é vice-campeão mundial de boxe, em Tashkent 🇺🇿 O pugilista faz campanha espetacular e só para na final contra Yoenlis Hernández 🇨🇺 Que baaaaaita conquista do Holyfield! 💪🏿 📸@IBA_Boxing pic.twitter.com/BaJcshblZZ — Time Brasil (@timebrasil) May 13, 2023 A decisão dos cinco árbitros foi favorável ao rival do representante verde e amarelo de forma unânime nos três assaltos. Além da prata, o Brasil finalizou o torneio com o bronze de Wanderson Oliveira na categoria até 71 kg. Desta forma, o Brasil igualou sua melhor campanha em Mundias, com duas medalhas. Em 2011, Everton Lopes foi campeão, enquanto Esquiva Falcão levou a medalha de bronze. Everton repetiu o pódio em 2013, com um bronze, com Robson Conceição sendo vice-campeão no mesmo ano. Fonte
Polícia Federal fecha garimpo ilegal no Pará
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na última sexta-feira (12), a Operação Lagoa Seca, para combater a extração ilegal de minério de ouro e crimes ambientais no Rio Maria, no Pará. Uma pessoa foi presa em flagrante e seis trabalhadores foram resgatados de condições degradantes, informou a PF. Acrescentou que foram cumpridos três mandados de busca e apreensão na zona rural de Rio Maria. Durante a ação, policiais apreenderam um revólver, munições, uma escavadeira hidráulica, um caminhão e dois motores estacionários usados no crime. A arma apreendida estava carregada no veículo do homem preso, com munições no porta luvas. Quando chegaram na região para o cumprimento das decisões judiciais, os policiais encontraram um garimpo ilegal em plena atividade e eles encerraram o trabalho no local de forma imediata. A exploração de ouro não tinha autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM). Prisão Um homem identificado como sendo o dono do garimpo ilegal foi preso em flagrante e poderá responder por crimes ambientais, posse ilegal de arma de fogo, redução de trabalhadores à condição análoga à de escravidão e usurpação de bens da União. Os trabalhadores resgatados dividiam um barracão de lona próximo ao buraco do garimpo. Não havia banheiro e a cozinha era improvisada e de chão batido, tudo em condições precárias. Eles trabalhavam descalços ou de chinelo, sem nenhum tipo de equipamento de proteção, com jornadas exaustivas, informou a Polícia Federal. Os nomes dos presos ainda não foram divulgados. Fonte
Governo vai lançar programa de reforma agrária este mês, diz ministro
O governo federal anunciará, ainda este mês, a retomada de uma série de ações com vistas a promover a redistribuição de terras improdutivas. O anúncio foi feito neste sábado (13), pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, em uma feira que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza em São Paulo. “Agora em maio, o presidente Lula vai anunciar o programa de reforma agrária. A reforma agrária vai voltar para o Brasil. [Vamos] distribuir terras e recuperar terras que estejam improdutivas, destinando-as à reforma agrária”, disse Teixeira, acrescentando que, além de distribuir terras, o governo fornecerá crédito e assistência técnica aos assentados, estimulando a formação de cooperativas e agroindústrias. Acompanhado por representantes de vários órgãos federais e por lideranças de movimentos sociais, Teixeira elogiou a atuação do MST, afirmando que o movimento “produz comida saudável e igualdade social” em um país que, segundo ele, deixou de colher alimentos para a população a fim de produzir commodities agrícolas vendidas a outros países. “Diminuiu a produção de arroz, feijão, mandioca, hortaliças, legumes e de frutas”, assegurou Teixeira ao atribuir ao movimento sem-terra a expertise [competência] em produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos que podem contribuir para a segurança alimentar nacional. Desigualdade “O MST será muito importante para diminuir a desigualdade social no país e para incluir o povo na terra, produzindo comida em um país que perdeu terras para a produção de alimentos [em um contexto em que] ampliou a produção de soja e de milho”, disse ele, acrescentando que, ao mesmo tempo em que o governo federal planeja estimular os pequenos produtores agrícolas, não vai mexer com o agronegócio. “Isso é bom e não vamos mexer nisso.” O ministro também ironizou a criação, pela Câmara dos Deputados, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o MST e as invasões de terras no país. “Querem investigar o MST? Querem criar uma CPI para isso? Acho que vão achar coisas interessantes. Vão ver que, ali [nos acampamentos e assentamentos do movimento], tem suco de uva que não tem trabalho escravo. Vão encontrar produtos que não têm agrotóxicos. Vão encontrar soja não transgênica”, afirmou, referindo-se a alguns dos produtos produzidos pelo MST, maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Riograndense de Arroz (Irga), autarquia subordinada à secretaria estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul. Juros altos À defesa do MST, Teixeira acrescentou uma crítica ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – a quem membros do governo, entre eles o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atribuem a responsabilidade pela manutenção da taxa de juros. Atualmente, a taxa de juros básicos da economia, a Selic, está em 13,75%. “Se [quem quer investigar o MST] quiser descobrir um homem que está criando uma balbúrdia, uma baderna neste país, eles vão achar o Roberto Campos Neto, que está fazendo o maior juro da face da terra e levando muitos brasileiros à extrema pobreza e à miséria”, opinou. Principal alvo das críticas à manutenção da elevada taxa de juros – feitas não só por membros do governo federal, mas também de muitos economistas e entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) – Campos Neto tem justificado a política de juros implementada pelo Banco Central alegando que a definição da taxa não se limita à inflação, incluindo elementos que, na avaliação dele, ainda requerem cautela, como a dívida bruta do governo. “É a dívida alta o que faz os juros serem altos”, disse o presidente do BC no último dia 25, ao participar de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, onde garantiu que os critérios técnicos prevalecem em relação a políticos nas decisões do BC. Fonte
Mais de 1,2 mil pessoas foram resgatadas de trabalho escravo em 2023
Somente neste ano, 1.201 pessoas foram resgatadas de situações análogas à escravidão. A informação foi destacada neste sábado (13) em postagem publicada nas redes sociais por Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). O dia 13 de maio é conhecido pela assinatura da Lei Áurea, em 1888. O que deveria ser um marco pelo fim da escravidão se tornou mais um dia de luta. Após 135 anos trabalhadores ainda são resgatados de situações análogas à escravidão. Só neste ano, 1,2 mil pessoas foram resgatadas… — Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) May 13, 2023 Pimenta escreveu ainda que o governo brasileiro fará o que for necessário para construir um país mais justo. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também lamentou em suas redes sociais o alto número de ocorrências de trabalho escravo no país: “Até hoje a abolição não foi concluída. Estamos todos chamados a concluí-la”. Os dados relacionados ao resgate de pessoas em situações análogas à escravidão constam no Radar SIT, mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Trata-se de um painel de informações e estatísticas online sobre as inspeções do trabalho realizadas no país. Em 2023, ocorreram resgates em 17 das 27 unidades federativas. Dos casos registrados, 87,3% envolvem trabalho rural. Em Goiás, 372 pessoas foram encontradas em situação análoga à escravidão desde o início de janeiro. Todas elas em estabelecimentos agrários. É o estado com o maior número de ocorrências. Em seguida, aparece o Rio Grande do Sul, com 296 casos. Esse número foi impulsionado pela inspeção nas vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, em Bento Gonçalves (RS), onde 207 trabalhadores viviam em condições degradantes. Em março, semanas após a fiscalização, foi assinado um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) no qual as três se comprometeram a pagar R$ 7 milhões em indenizações. O episódio também gerou reação da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, que pediu a expropriação dessas terras e o confisco dos bens das vinícolas, como prevê o Artigo 243 da Constituição Federal. A entidade divulgou um manifesto público que recolheu centenas de assinaturas. No recorte por ocorrências em áreas urbanas, Minas Gerais responde por 71,9% dos casos com 110 pessoas resgatadas. Todas elas eram de estados do Norte e do Nordeste e trabalhavam em condições degradantes na construção de uma linha de transmissão de energia em Conselheiro Pena (MG). A obra é de responsabilidade do Consórcio Construtor Linha Verde, formado pelas empresas Toyo Setal e Nova Participações. Inspeções também costumam levar à descoberta de casos de empregadas domésticas submetidas a condições análogas à escravidão. No mês passado, o governo lançou uma campanha nacional para receber denúncias desse tipo de ocorrência por meio do Disque 100. A iniciativa integrou as ações anunciadas por ocasião do Dia Nacional da Empregada Doméstica, celebrado no dia 27 de abril. Série histórica Se comparado com os anos anteriores, os números parciais de 2023 chamam a atenção. Já é aproximadamente metade do total de resgate de 2022, ano com o maior número de ocorrências nos últimos dez anos. Além disso, superam as ocorrência registradas tanto em 2019 como em 2020 e representam 60% dos registros de 2021. Os últimos anos, porém, revelam uma queda quando se amplia a análise para a série histórica. Mais de 61 mil brasileiros foram resgatados em condições análogas à escravidão desde 1995. O ano que registrou o maior número de ocorrências é 2007, quando foram encontrados cerca de 6 mil trabalhadores em situação degradante. A recente queda tem sido relacionada com a menor fiscalização ao longo dos últimos governos. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, não há concursos desde 2013 e, embora existam 3.644 vagas, apenas 1.949 estão ocupadas. A entidade sustenta que é o menor número em três décadas. Entre especialistas, há o receio de que os casos cresçam diante da combinação entre flexibilização das regras trabalhistas e aumento da desigualdade social nos últimos anos. “Se em algum momento a gente conseguiu evoluir, no sentido de garantir um patamar de proteção às pessoas trabalhadoras, desde 2016, com a reforma trabalhista, com a uberização, com várias leis que vieram para diminuir o patamar de proteção da classe trabalhadora, a gente tem retornado a esse vazio protecionista. E os trabalhadores não têm mais um arcabouço protetivo que lhe garanta o mínimo de dignidade no trabalho”, disse há duas semanas o procurador do MPT, Tiago Cavalcanti. Source link
Achados arqueológicos devem gerar revisão de licença do metrô de SP
A fiscalização técnica do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São Paulo, recomendou – em parecer – indeferir a retomada das escavações arqueológicas na área do Sítio Saracura. O território arqueológico foi encontrado em meio a obras do metrô no bairro do Bixiga e, após mobilização da comunidade e uma inundação em fevereiro, o resgate das peças foi suspenso pelo Iphan. O acesso ao parecer foi liberado na última sexta-feira (12). O instituto, no entanto, havia autorizado a continuidade de obras de engenharia que não afetassem o sítio. Mas exatamente nesse contexto foram encontradas novas evidências da ocupação quilombola. Por isso, o novo parecer atesta que, frente aos novos achados na “área aterrada que possivelmente abriga os vestígios materiais do Antigo Quilombo Saracura, compreendemos que este ineditismo extrapola as competências de um único setor técnico”, diz o parecer. Técnicas do Iphan pedem também que a Fundação Palmares e os Ministérios da Cultura, Igualdade Racial e Direitos Humanos sejam acionados para avaliar o conjunto da materialidade e o contexto histórico e cultural do sítio. O novo parecer ressalta, ainda, que “o reconhecimento oficial de espaços de compartilhamentos e memórias coletivas – atestados arqueologicamente nas prospecções em superfície realizadas na Linha 6-Laranja, especificamente na Estação 14 Bis (área que engloba o Quilombo Saracura)” – justificam manter paralisadas as escavações até avaliação especializada multidisciplinar. O documento destaca, também, que a “patrimonialização à escravização negra se deparou com a complexidade, dinamicidade e resistência das estruturas de poder de uma elite não-preta, o que no passado impediu o reconhecimento da contribuição quilombola à formação cultural brasileira”. Mobiliza Saracura Vai-Vai Diante dos novos fatos, a comunidade organizada no Mobiliza Saracura Vai-Vai, em nota, reiterou a necessidade de revisão do processo de licenciamento autorizado pelo Iphan em 2020 à revelia da legislação que exige a pesquisa arqueológica. A mobilização já vinha questionando o licenciamento no âmbito de um inquérito civil no Ministério Público Federal e de uma ação que cobra perícia judicial que ateste a regularidade dos trabalhos arqueológicos realizados no local. Reportagem da Agência Brasil mostra que as pesquisas históricas e arqueológicas para obter as licenças necessárias para o início das obras da Linha Laranja- 6 do metrô de São Paulo ignoraram a história do bairro do Bixiga, na região central paulistana, ligada a uma comunidade quilombola. Fonte
Plataforma ImagineRio incluirá mapas do século 20 e dados temáticos
O Instituto Pereira Passos (IPP), órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro, e a Rice University, dos Estados Unidos, assinaram um acordo que tem como foco a plataforma ImagineRio, desenvolvida pela universidade norte-americana como um atlas digital pesquisável e que ilustra a evolução social e urbana da cidade do Rio de Janeiro ao longo de toda a sua história. O acordo tem vigência de cinco anos. Além da digitalização de mapas físicos da cidade no século 20, o convênio prevê a criação de novas ferramentas interativas para visualização de dados cartográficos. O coordenador Técnico de Informações da Cidade do IPP, Felipe Mandarino, disse à Agência Brasil que a plataforma ImagineRio é bem desenvolvida pela Rice University com alguns parceiros, mas como focaram muito na cartografia dos séculos 16, 17, 18 e 19, se ressentem de informações mais contemporâneas, do século 20. “Eles focaram mais em cartografias mais antigas e não investiram tanto tempo nem tanto esforço, ou também não encontraram essas informações do século passado, do século 20”. Mandarino disse que o IPP sempre foi entusiasta do trabalho da universidade americana, da questão dos mapas e da cartografia. Como a instituição disponibiliza a informação com mapas interativos e regras do tempo, era de interesse do instituto conhecer mais as tecnologias usadas ali, “já que aqui, a gente também faz publicação de mapas interativos”. O IPP tem um acervo bastante grande de mapas, fotos aéreas, plantas cadastrais do século 20. Os documentos anteriores já foram trabalhados com a universidade americana ou se encontram no Arquivo Geral da Cidade e na Biblioteca Nacional, disse Mandarino. Caminho “É do nosso interesse, e deles também, trabalhar em cima desse acervo e torná-lo mais acessível. A gente está falando de produtos que têm ainda em papel, alguns pelo menos digitalizados. Mas o caminho que o dado cartográfico faz para entrar na ImagineRio é muito completo e nos interessa”, destacou o coordenador. O caminho passa pela digitalização do mapa em papel. Em seguida, é preciso georreferenciar com cópia, ou seja, transformar em uma imagem com pontos em comum que permitem reconhecer a cidade e colocar o mapa no espaço de forma correta. O último passo é o da vetorização, que significa desenhar o que está no mapa em cima de dados já digitais, como se trabalha hoje na Prefeitura do Rio de Janeiro. A ideia, segundo Felipe Mandarino, é transformar essa cartografia antiga, por meio desse processo de digitalizar, georreferenciar e vetorizar e deixá-la mais fácil de usar e disponível. “Além de o IPP poder fazer o caminho complexo e completo com os mapas do século 20, que a Rice University fez com os mapas mais antigos, a gente também passa a ter acesso a esse acervo no qual eles trabalharam, dos séculos anteriores“. O acordo permitirá, pela primeira vez, colocar camadas temáticas nos mapas. “Não é só aquela informação da cartografia básica, mas terá informações temáticas. Eles estão propondo trabalhar com dados do período da escravidão, recuperar essa história para o mapa. Há coisas recuperadas, mas não georreferenciadas”, explicou Mandarino. Foram conversados também o uso e cobertura do solo do município do Rio de Janeiro e seu entorno. O planejamento prevê ainda a elaboração de um buscador de endereços do passado. “Ou seja, em cima dessa cartografia, a gente recuperar o que tem de endereços, ruas e números, porque alguns endereços permanecem, outros não. Eles vão fazer isso e a gente vai contribuir”. Plataforma O curso de história da Rice University sempre teve interesse pelo Brasil e o fato de o Rio de Janeiro ter sido capital do país fortaleceu a iniciativa da plataforma ImagineRio, disse o coordenador. Criado pelos professores Alida Metcalf e Farès el-Dahdah, em colaboração com o Laboratório de Estudos Espaciais do Center for Research Computing da Universidade Rice e com o apoio do Instituto Moreira Salles, o site é composto por fotos, mapas e plantas cadastrais localizadas tanto no tempo, quanto no espaço. Dessa forma, ao acessar o site, o usuário pode “passear” através de uma linha do tempo e conhecer o passado de cada canto da cidade do Rio de Janeiro desde sua fundação. A colaboração com o IPP dará início à quarta versão da plataforma. Fonte