PF cumpre mandados em operação contra crimes ambientais
A Polícia Federal (PF) cumpriu dez mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva nas cidades de Ubatuba e Cruzeiro, em São Paulo. A ação integra a Operação Puruba, deflagrada nesta quarta-feira (17), para apuração de crimes ambientais. Os investigados, segundo informou a PF, invadem áreas de preservação permanente na Praia da Puruba, desmatam e cercam o terreno, seguindo com construções de imóveis e posterior revenda para terceiras pessoas. A investigação abrange ocorrências na Praia da Puruba, em Ubatuba, e terrenos de Marinha na região. Os crimes a serem apurados incluem destruição e danificação de floresta considerada de preservação permanente, parcelamentos irregulares do solo e associação criminosa. “Um dos investigados também é suspeito de práticas violentas contra moradores da localidade que se insurgiram contra suas ameaças, inclusive havendo fortes suspeitas de portar arma de fogo ilegalmente, motivo pelo qual foi determinada sua prisão preventiva por parte do Poder Judiciário de Caraguatatuba/SP”, informou a PF. Após as diligências desta quarta-feira, a PF informou que serão colhidos depoimentos dos investigados e o processo investigatório criminal será encaminhado ao Poder Judiciário Federal e ao Ministério Público Federal para análise. Fonte
Homem acusado de matar esposa com golpes de terçado é preso em Tefé
Na noite do último domingo (14,) um crime macabro chocou a cidade de Tefé, no interior do Amazonas. Durante a comemoração do Dia das Mães, um homem identificado com Wilasmar Barbosa, assassinou sua esposa com diversos golpes de terçado. Após o crime, o acusado fugiu, mas acabou sendo preso pela Guarda Municipal de Tefé. Segundo relatos de vizinhos, Wilasmar era um marido abusivo e tinha ciúmes excessivos de sua esposa. Fonte
Senacon vai monitorar preços de combustíveis no país
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) quer que os Procons estaduais e municipais de todo o país monitorem os postos de combustíveis, para verificar se a redução dos preços médios da venda de gasolina e diesel para as distribuidoras foi repassado aos consumidores. Com esse propósito, o órgão emitiu, na noite desta terça-feira (16), um ofício aos Procons, solicitando a eles que façam esse monitoramento de preços nas diversas regiões do país. Em nota divulgada pela Senacon, o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, disse que o monitoramento é fundamental para assegurar que essa redução dos preços realmente chegue aos consumidores. “Nós queremos monitorar se essa redução chegou ao bolso das consumidoras e dos consumidores. Neste sentido eu solicitei aos Procons de todo o Brasil que exerçam a devida fiscalização”, justificou ao citar notícias veiculadas na imprensa sobre estabelecimentos que teriam aumentado de forma suspeita preços antes de a Petrobras anunciar a queda. Segundo Damous, esses estabelecimentos serão devidamente fiscalizados. “Não aceitaremos que postos se valham de fraude para aumentar os preços hoje e dizerem que reduziram amanhã. Esses postos estarão sob a nossa fiscalização e sanções serão aplicadas em caso de fraude”, afirmou, ao garantir que a Secretaria acompanhará “de perto” a situação e que, se necessário, adotará “medidas adicionais para proteger os direitos dos consumidores e garantir a concorrência justa no mercado de combustíveis”. No ofício, a Senacon instrui os Procons a fazerem um levantamento detalhado dos preços dos combustíveis em postos de diversas regiões. A ideia é identificar não apenas aumentos abusivos, mas eventuais “práticas irregulares que prejudiquem os consumidores”. Petrobras Na segunda-feira (15), a Diretoria Executiva da Petrobras aprovou uma estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina que encerrou a subordinação dos valores ao preço de paridade de importação. No dia seguinte, essa terça-feira (16), a empresa anunciou redução R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel para as distribuidoras, que passará de R$ 3,46 para R$ 3,02. A redução do preço médio da gasolina é de R$ 0,40 por litro, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78, valor também pago pelas distribuidoras. Com a nova política da estatal, as referências de mercado coloca o custo alternativo do cliente como prioridade na precificação; e considera o valor marginal para a Petrobras, tendo por base custos e oportunidades observadas em diversas etapas da atividade – entre elas, produção, importação e exportação de produtos. As premissas, segundo nota divulgada pela empresa, são preços competitivos por polo de venda, participação “ótima” da Petrobras no mercado, otimização dos seus ativos de refino, e rentabilidade de maneira sustentável. Segundo a estatal, os reajustes continuarão sendo feitos sem uma periodicidade definida e evitará repasses da volatilidade dos preços internacionais e do câmbio aos consumidores brasileiros. Fonte
OMS desaconselha uso de adoçantes para controle de peso
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou novas diretrizes sobre o uso de adoçantes e passou a não recomendar o uso desse tipo de produto para controle de peso ou como estratégia para reduzir o risco de doenças não transmissíveis. A lista inclui aspartame, sacarina, sucralose, stevia e derivados. “A recomendação é baseada em resultados de uma revisão sistemática de evidências disponíveis que sugerem que o uso de adoçantes não confere nenhum benefício a longo prazo na redução da gordura corporal em adultos ou crianças.” Os resultados da revisão, segundo a OMS, também sugerem que pode haver efeitos potenciais indesejáveis provenientes do uso prolongado de adoçantes, como risco aumentado de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos. De acordo com a entidade, o ato de substituir o açúcar por adoçantes não ajuda no controle de peso a longo prazo. A OMS pede que as pessoas considerem outras formas de reduzir a ingestão de açúcar, como consumir frutas e outros alimentos naturalmente adoçados, além de alimentos e bebidas sem nenhum tipo de açúcar. “A recomendação se aplica a todas as pessoas, exceto indivíduos com diabetes pré-existente, e inclui todos os adoçantes sintéticos, naturais ou modificados que não são classificados como açúcares encontrados em alimentos e bebidas industrializados ou vendidos separadamente em alimentos e bebidas.” Ainda segundo a OMS, a recomendação não se aplica a produtos de higiene e higiene pessoal que contenham adoçante, como creme dental, creme para a pele e medicações. Fonte
Presidente do Equador dissolve Parlamento e antecipa eleições
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, dissolveu a Assembleia Nacional nesta quarta-feira (17), antecipando eleições legislativas e presidenciais. O decreto foi assinado um dia depois de apresentar sua defesa em processo de impeachment. Lasso nega as acusações de que fez vista grossa a suposto caso de corrupção relacionado a um contrato da empresa estatal de transporte de petróleo Flopec. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Fonte
Vendas do comércio varejista crescem 0,8% em março
O volume de vendas do comércio varejista brasileiro teve alta de 0,8% em março deste ano, na comparação com fevereiro, quando houve estabilidade. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (17), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O varejo cresceu 1,5% na média móvel trimestral, 3,2% na comparação com março de 2022, 2,4% no acumulado do ano e 1,2% no acumulado de 12 meses. Apesar da alta no setor, quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram queda na passagem de fevereiro para março: tecidos, vestuário e calçados (-4,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-0,6%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%). O setor de supermercados, alimentos, bebidas e fumo manteve-se estável. A alta do varejo foi puxada por apenas três segmentos: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,7%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,7%) e móveis e eletrodomésticos (0,3%). “Esse aumento de 0,8% representa a saída de uma estabilidade em fevereiro para um resultado que podemos considerar como crescimento. Além disso, ao observarmos os últimos três meses juntos, vemos ganho de patamar de 4,5% em relação a dezembro do ano passado, último mês de queda”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. A receita nominal do comércio varejista teve altas de 2,5% na comparação com fevereiro, 7% em relação a março do ano passado, 8,6% no acumulado do ano e 12,6% no acumulado de 12 meses. Varejo ampliado O volume de vendas do varejo ampliado, que também inclui materiais de construção e veículos/peças cresceu 3,6% na passagem de fevereiro para março, com altas de 3,7% na atividade de veículos, motos, partes e peças e de 0,2% nos materiais de construção. O varejo ampliado também apresentou taxas de crescimento de 8,8% na comparação com março do ano passado e de 3,3% no acumulado do ano. No acumulado de 12 meses, no entanto, o setor apresenta queda de 0,2%. A receita nominal do setor teve avanços de 3,4% na comparação com fevereiro deste ano, 14% em relação a março de 2022, 10,2% no acumulado do ano e 11,3% no acumulado de 12 meses. Fonte
TRF1 ordena depoimento de testemunhas de defesa em caso Bruno e Dom
A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) decidiu ontem (16) acolher, em parte, um habeas corpus da defesa dos três acusados pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em junho do ano passado em uma emboscada na região amazônica. Pela decisão, devem ser anulados e colhidos novamente os depoimentos dos réus Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, que foram ouvidos na semana passada em audiência do caso. Testemunhas de defesa também devem ser ouvidas, determinou o TRF1 depois que o juiz Fabiano Verli, responsável pelo caso na primeira instância, ter negado as oitavas. Nos depoimentos da semana passada, os réus voltaram atrás na confissão que haviam feito à polícia e passaram a sustentar uma versão segundo a qual agiram em legítima defesa. Foi a primeira vez que os três se manifestaram perante o juiz. Com a decisão do TRF1, segue em aberto a possibilidade de que defesa e acusação solicitem novas diligências, como juntada de documentos, expedição de ofícios e requerimento de informações. Ao final da instrução da ação penal, as partes no processo deverão ter a oportunidade de apresentar suas alegações finais. Em seguida, o juiz responsável deverá decidir se o caso irá a júri popular. Não há prazo para essa decisão. Histórico O correspondente do jornal britânico The Guardian e o indigenista foram executados em junho de 2022. Eles articulavam um trabalho conjunto para denunciar crimes socioambientais na região do Vale do Javari, onde há a maior concentração de povos isolados e de contato recente do mundo. Dom Phillips pretendia, inclusive, publicar um livro sobre as questões que afetam o território e fazia apuração das informações, na época. Na Terra Indígena Vale do Javari, encontram-se 64 aldeias de 26 povos, com cerca de 6,3 mil pessoas. As autoridades policiais colocaram sob suspeita pelo menos oito pessoas, por possível participação nos homicídios e na ocultação dos cadáveres. No final de outubro de 2022, o suposto mandante do assassinato, Rubens Villar Pereira, foi posto em liberdade provisória após pagar fiança de R$ 15 mil. Fonte
Nome de irmã Dulce é incluído no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria
O nome da religiosa baiana Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, nome de batismo de irmã Dulce, foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília. A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada nesta quarta-feira (17) no Diário Oficial da União. A religiosa nasceu em Salvador em 26 de maio de 1914. Aos 13 anos, com o apoio do pai, começou a acolher mendigos e doentes em casa, transformando a residência da família em um centro de atendimento à população carente. Em 1933, na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, recebeu o hábito e adotou, em homenagem à mãe, o nome de irmã Dulce. Em 1949, sem ter para onde ir com 70 doentes, a freira pediu autorização à sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro próximo ao Convento Santo Antônio, na capital baiana. O episódio, que marca as raízes da instituição Obras Sociais Irmã Dulce, fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um galinheiro. Irmã Dulce se manteve firme em sua missão de servir aos mais necessitados até falecer, aos 77 anos. No dia 13 de outubro de 2019, 27 anos após a morte da religiosa, ela foi canonizada pela Igreja Católica e proclamada Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira nata. Fonte
Brazilian Team disputa semifinal de competição ambiental em Singapura
Com mais de 50 pesquisadores – sendo a maioria brasileiros –, a equipe Brazilian Team participa das semifinais da competição XPRIZE-Rainforest, em Singapura. A iniciativa mobiliza tecnologias inovadoras para a preservação de florestas tropicais. Para o evento, nos dias 27 e 28 deste mês, o time conta com apoio da empresa de tecnologia climática brCarbon, que emprestou o sensor remoto LiDAR (do inglês Light Detection and Ranging), integrado a um drone que faz o mapeamento de florestas em três dimensões. O uso do dispositivo permite medir a estrutura da vegetação, como altura das árvores, densidade de vegetação, diversidade estrutural e estoques de carbono. O Brazilian Team está entre as 15 equipes semifinalistas da competição internacional que premiará os primeiros colocados com valores que somam até US$ 10 milhões. A competição começou em 2019, com 800 equipes inscritas. Neste mês de maio, serão realizados os testes em campo. Otimismo Para o coordenador da equipe Vinicius Castro Souza, a expectativa em relação à participação nas semifinais é das melhores. “A gente está bem otimista. Acho que estamos bem à frente até, e temos boas chances de ficar nas primeiras colocações nesse prêmio. A final, a gente já deve garantir agora”, disse Souza, que também é professor no Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). À Agência Brasil, Vinícius destacou as habilidades da equipe: “A gente está com um time bastante completo em várias soluções, desde a parte de DNA até a parte dos drones, a parte dos sons dos animais. Estamos com várias soluções para saber que espécies tem na área.” Quatorze pesquisadores do Brazilian Team viajam na próxima segunda-feira (22) para Singapura. Boa parte da equipe ficará trabalhando de maneira remota, fazendo a análise dos dados coletados. Dos 15 times que disputam as provas semifinais, dez serão selecionados para as finais, em 2024. Segundo Souza, o local de realização das finais será revelado ainda este ano e há a perspectiva de que seja escolhida a Amazônia ou o Congo: “se for a Amazônia, para nós, vai ser ótimo”. Drone é utilizado para coletar ramos de árvores, por exemplo – Divulgação Robôs “A gente vai ter um período de testes dos nossos equipamentos e metodologias para, depois, realizar o teste-prova de fato, que são as coletas em 24 horas na floresta. É uma floresta de até 100 hectares em que nós vamos trabalhar”, informou o diretor da brCarbon, Danilo Almeida, que é co-coordenador de sensoriamento remoto da equipe. O trabalho utilizará robôs terrestres que fazem coletas de solos e de serrapilheira (camada de folhas secas, galhos, restos de frutas, flores e animais mortos que há na superfície do solo). “Esses robôs terrestres trazem essas amostras para nós, para a gente fazer os exames de DNA”. A partir desse exame do DNA do solo e do material morto acima da superfície do solo, os pesquisadores conseguem fazer projeções da biodiversidade existente na floresta. A equipe de pesquisadores conta também com robôs aéreos que fazem a coleta do ramo de uma árvore, por exemplo, e levam para os pesquisadores, drones com sensores do tipo câmeras fotográficas, além do sensor LiDAR, que é um scanner 3D, que ajuda a estimar a estrutura da vegetação, a diversidade estrutural. “Essas fotografias que o drone vai tirar com a câmera fotográfica, além do sensor LiDAR, vão ser utilizadas para algoritmos de reconhecimento de espécies, que são algoritmos de inteligência artificial (IA)”, explicou Almeida. O grupo terá uma área florestal para coletar em 24 horas, mas terá de respeitar a regra básica da competição: “Nenhum ser humano pode entrar dentro dessa área”. Por isso, há necessidade de desenvolvimento e apoio de robôs e da tecnologia. Frentes O Brazilian Team é constituído por sub-grupos: sensoriamento remoto, robótica, sensores sonoros, sequenciamento genético, insight e aplicativo Pl@ntNet (que permite estimar qual a espécie de uma planta a partir da foto). Os insights, que permitem dizer em que medida a diversidade mapeada agrega valor à floresta, serão transformados em bancos de dados: “Não é simplesmente estimar a biodiversidade, mas como valorar a floresta. Quais são os insights ou ideias que nós vamos trazer de valorização dessa floresta a partir dos dados que vamos obter desses sensores”, conta Almeida. A maneira como o grupo vai abordar a biodiversidade do local também é importante na classificação. Vencerá a XPRIZE-Rainforest a equipe capaz de pesquisar a maior biodiversidade contida em até 100 hectares de floresta tropical em 24 horas e nas 48 horas seguintes elaborar o documento final, identificando os serviços ecossistêmicos das espécies identificadas. Caso vença a competição, o Brazilian Team pretende, com o valor do prêmio, compor um fundo voltado a pesquisas e capacitação para conservar e restaurar a Amazônia e a Mata Atlântica. Participam da equipe profissionais com conhecimento técnico-científico multidisciplinar, entre eles botânicos, zoólogos, ecólogos, advogados, economistas e engenheiros do Brasil e também da França, Colômbia, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Holanda e Bélgica. Fonte
Supremo adia para junho julgamento sobre redes sociais
O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para junho, em data ainda a ser definida, o julgamento sobre a responsabilidade das redes sociais por conteúdos ilegais publicados em suas plataformas. O tema estava pautado para esta quarta-feira (17) no plenário, mas teve a análise adiada a pedido dos relatores, os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux. A caso havia sido pautado para julgamento em meio ao impasse no Congresso a respeito do chamado Projeto de Lei das Fake News, cuja votação foi adiada na Câmara após forte campanha de empresas de tecnologia contrárias ao projeto, que na véspera da análise pelos parlamentares disseminaram críticas ao PL. Além das consequências políticas, plataformas como Google e Telegram são investigadas por suposto abuso de poder econômico no caso. Uma investigação foi aberta no Supremo, por ordem do ministro Alexandre de Moraes e a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O Conselho Administrativo Econômico (Cade), que fiscaliza o cumprimento de regras concorrenciais, também apura a conduta das empresas. Ainda não há data para que o tema volte ao plenário da Câmara, diante da dúvida se o PL das Fake News conseguirá votos suficientes dos deputados para ser aprovado. No Supremo, a percepção dos ministros é que o caso deve ser tratado preferencialmente pela via legislativa, mas que o tribunal deverá agir para preencher eventual omissão do Congresso. Para isso, o Supremo deverá julgar dois recursos com repercussão geral – cujo desfecho deverá servir de parâmetro para os demais casos semelhantes – que questionam o artigo 19 do Marco Civil da Internet. O dispositivo dispensa as plataformas de redes sociais de responsabilização caso não removam publicações de usuários que sejam flagrantemente ilícitas. Desde os atos golpistas de 8 de janeiro, planejados e executados com auxílio de aplicativos de mensagens e redes sociais, diversos ministros do Supremo tem se posicionado publicamente em defesa da regulação dessas plataformas, de modo a conferir grau de responsabilidade às empresas que as administram se elas não agirem para impedir a disseminação de mensagens antidemocráticas. O tema tem peso diferenciado para o Supremo, cuja sede foi a mais depredada pelos vândalos que invadiram as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro. A maioria dos ministros da Corte estão convencidos de que o episódio poderia ter sido evitado se o uso das redes sociais já tivesse sido melhor regulamentado no país. Desde a eleição presidencial de 2022, ministros como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes pressionam para que o Congresso aprove lei a respeito do assunto. Após o 8 de janeiro, ministros como Rosa Weber, Edson Fachin e Luiz Fux também passaram a se manifestar mais abertamente nesse sentido. O julgamento sobre o Marco Civil da Internet foi tema de audiência pública no Supremo, em março, quando ministros da Corte e do governo se revezaram na defesa de uma maior regulamentação das redes sociais. Recentemente, a PGR também se manifestou, nos próprios recursos sobre o assunto, a favor de uma maior responsabilização das redes sociais que não removerem conteúdo ofensivo após alertadas. A pressão por uma regulamentação maior das redes sociais aumentou ainda mais na esteira de ataques e ameaças a escolas brasileiras que foram anunciados e estimulados em plataformas como o Twitter. As empresas se defendem afirmando que uma maior regulação deve desestimular investimentos para aprimorar as plataformas de redes sociais, bem como representa uma ameaça à liberdade de expressão. Source link
STF julga constitucionalidade de lei do Ceará sobre pulverização aérea
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar nesta semana o julgamento de ação de inconstitucionalidade de lei do Ceará que proíbe pulverização aérea de agrotóxicos no estado. A ação é da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que alega violação à livre iniciativa e aos objetivos da política agrícola. No STF, o julgamento, que já conta com dois votos favoráveis à constitucionalidade da Lei Estadual nº 16.820/19, deve ser concluído entre 19 e 26 de maio. Devido à retomada do julgamento, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, realizou na última segunda-feira (15) audiência pública para debater os efeitos da pulverização aérea de agrotóxicos. O requerimento para realizar o debate foi feito pelo presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT). O encontro contou com a participação de cientistas, pesquisadores, lideranças comunitárias e representantes do Ministério Público. “Não é um julgamento sobre uma lei do Ceará, é um julgamento sobre o Brasil”, afirmou o deputado estadual Renato Roseno (Psol), autor da lei cearense. Ele e outros participantes da audiência defenderam que os estados têm competência para legislar sobre a matéria, tendo em vista a Lei nº 7.802/89, conhecida como Lei dos Agrotóxicos. Também foi levantado o problema da deriva, que corresponde ao volume da substância pulverizada que não atinge o alvo pretendido. Luiz Claudio Meirelles, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), defendeu a manutenção da lei estadual nº 16.820/19. De acordo com nota técnica emitida pela instituição, a pulverização aérea foi proibida na União Europeia justamente devido ao seu potencial de “prejudicar significativamente a saúde humana e o ambiente, nomeadamente devido ao arrastamento da pulverização”. Meirelles lembrou ainda o posicionamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) contra as práticas de uso de agrotóxicos no Brasil, ressaltando seus riscos à saúde. Impactos na saúde Além de câncer, problemas respiratórios, deformação fetal, puberdade precoce, doenças neurológicas e suicídio estão entre as consequências da intoxicação por agrotóxicos citadas durante a audiência. Maria Juliana Moura Corrêa, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, entregou à comissão uma nota técnica. Nela, o Ministério da Saúde recomenda que as políticas dos diversos setores estejam alinhadas à prevenção de riscos à saúde da população. “Estudos constataram que a deriva decorrente da aplicação aérea de agrotóxicos já alcançou uma distância de 32 km da área alvo. Dessa forma, ao atingir o meio ambiente, pode também contaminar mananciais de abastecimento de água para consumo humano, assim como lavouras e rebanhos vizinhos”, destaca o texto. Outra preocupação dos participantes foi o avanço na tramitação do Projeto de Lei nº 1.459/2022, apelidado de Pacote do Veneno, que pode facilitar a liberação e a circulação de defensivos agrícolas. Segundo Juliana Santorum, representante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela vida, 720 mil toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos foram comercializadas no Brasil em 2021 e esse número pode aumentar. “Não existe possibilidade de usar o agrotóxico de forma segura, isso é um mito”, afirmou Leomar Daroncho, procurador do Trabalho e membro do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos do Ministério Público do Trabalho. Os participantes também disseram que o país não conta com uma rede de laboratórios capaz de monitorar a totalidade das substâncias autorizadas. Portanto, não seria possível medir a exposição das pessoas a essas moléculas. Impactos na economia Pedro Luiz Gonçalves Serafim da Silva, subprocurador-geral do Trabalho, afirmou que a lei cearense que proíbe a pulverização aérea é um exemplo para o Brasil. Para ele, os agrotóxicos são um problema não apenas do campo e podem impactar a relação do país com parceiros internacionais. Silva destacou a assimetria entre o Hemisfério Sul e o Hemisfério Norte no que diz respeito ao tema, podendo levar o Brasil a sofrer futuros embargos. Para exemplificar, ele citou a pesquisa de Larissa Mies Bombardi, da Universidade de São Paulo. O levantamento aponta que a legislação brasileira permite 5 mil vezes mais resíduo de glifosato na água potável que a União Europeia: enquanto aqui são tolerados 500 µg/litro, os países da UE limitam esse resíduo a 0,1µg/litro. O glifosato é o agrotóxico mais vendido no Brasil e testes de laboratório com essa substância levaram ratos ao desenvolvimento de tumores, à morte precoce, além de outros efeitos. O diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sintag), Gabriel Colle, defendeu o uso da tecnologia aérea na agricultura, mas disse que é preciso apurar responsabilidades. “Nosso papel aqui não é defender agrotóxicos, mas defender uma ferramenta, sabendo os desafios que ela tem”, afirmou. Segundo ele, o setor é regulado, envolve cerca de 200 empresas e emprega aproximadamente 5 mil pessoas. Colle sustenta que a aviação é responsável por menos de 10% da aplicação de agrotóxicos e que os casos de deriva que atingem comunidades e outras áreas vulneráveis são exceções. Mais atingidos Para Adelar Cupsinski, representante da Fian Brasil, trabalhadores rurais, assentados, quilombolas e indígenas seriam os grupos mais afetados pela pulverização aérea de agrotóxicos. “Onde há conflito pela posse da terra, muitas vezes se utilizam os agrotóxicos contra essas comunidades. O [povo] Guarani Kaiowá é um exemplo”, afirmou. Já o procurador do Ministério Público Federal, Marco Antônio Delfino de Almeida, argumentou que o uso indiscriminado de agrotóxicos evidencia o racismo ambiental, isto é, o efeito desproporcional de impactos ambientais sobre populações mais frágeis. O produtor agroecológico José Carlos, vítima de pulverização aérea em Nova Santa Rita (RS) entre 2020 e 2021, participou remotamente da audiência. Ele relatou as dificuldades enfrentadas após a deriva do veneno que atingiu casas, aquíferos, pastagens, lavouras, pomares e vegetação nativa. De acordo com ele, os pequenos agricultores que tiveram suas terras contaminadas não puderam vender seus produtos durante dois meses, comprometendo a subsistência das famílias. “O veneno destrói não só as plantas, destrói a dignidade das pessoas, destrói as perspectivas de futuro das pequenas comunidades”, disse. Erileide Domingues, professora e líder da comunidade Guyraroká, no Mato Grosso do Sul, se referiu à aplicação aérea como “pulverização de ódio”. Domingues disse que a produção de mandioca,
Jovens fazem propostas para reduzir violência policial em São Paulo
“Menos preconceito com a minha cor. Acho que você não sabe, mas negro também sente dor”. A reflexão, em forma de poesia, ilustra o documento Agenda Juvenil de Prevenção à Violência Letal contra a Juventude Negra, divulgado na semana passada pelo Instituto Sou da Paz. O relatório, que foi feito por jovens de várias regiões e situações de maior vulnerabilidade de São Paulo, apresenta propostas para diminuir a violência contra a juventude. Os jovens que elaboraram o documento tinham entre 16 e 21 anos de idade e foram divididos em três turmas, com cerca de 20 pessoas cada. Eles foram ouvidos em rodas de conversa e outras atividades, onde puderam compartilhar vivências e criar poesias e músicas sobre esses temas. O projeto foi executado desde março do ano passado e finalizado agora em maio. Ele foi desenvolvido com três turmas, em média com 20 jovens de territórios de São Paulo – na zona leste, em São Mateus, e na zona norte, na Brasilândia -, escolhidos pela alta taxa de letalidade da juventude negra. “Além desses territórios, também escolhemos uma unidade da Fundação Casa, porque entendemos que o público das medidas socioeducativas de internação teria muito a contribuir no projeto”, explicou Vanessa Alves, psicóloga e supervisora socioeducativa do Instituto Sou da Paz, em entrevista à Agência Brasil. Um dos jovens que participou da agenda foi Gabriel Souza, 19 anos, conhecido como MC GS e que atualmente é segurança de eventos. Ele disse que estava cumprindo medida socioeducativa na Fundação Casa [de onde saiu em 2022] quando decidiu participar do projeto. “Todas as propostas retratavam tudo aquilo que eu passava na minha realidade dentro das periferias e também dentro do perfil em que eu me enquadro, em ser um jovem negro”, acrescentou. “No começo, [o projeto] chegou a abranger várias perspectivas diferentes. Eles relatavam o que a gente passava lá dentro, mas não era novidade, todo mundo já havia visto isso [a violência] de perto. A maioria dos moleques que estava lá internada já tinha presenciado essas coisas. Então, o que fizemos? Fomos além na proposta. A gente não só fez uma roda de debates sobre o que acontecia dentro das comunidades, mas também montamos um plano para criar formas de que essas coisas que aconteciam dentro das comunidades não voltassem a acontecer”, afirmou. Para Gabriel, participar do projeto lhe deu responsabilidades e nova perspectiva de vida. “Ter a oportunidade de participar de um projeto, evitando que amanhã outras pessoas sejam vítimas da mesma violência que sofri, foi muito satisfatório”. Violência Jovens negros como Gabriel são as maiores vítimas de homicídios no país. Segundo o Atlas da Violência, mais da metade (51,3%) dos 45.503 homicídios que ocorreram no Brasil em 2019 afetaram jovens de 15 a 29 anos, sendo esses em sua maioria negros. No estado de São Paulo, dados compilados pelo Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, no relatório Vidas Protegidas, de 2022, já mostravam que 53,81% das crianças e adolescentes vítimas de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte eram negros. Para discutir o tema da violência com os jovens e construir as propostas de enfrentamento, o Instituto Sou da Paz fez uso de duas estratégias: oficinas artísticas e pontos formativos, com participação de especialistas em assuntos relacionados à segurança pública. “Usamos como expressões artísticas a rima, o grafite e a percussão. Nessas oficinas construímos propostas de enfrentamento à letalidade da juventude negra. Por meio dessas ofertas, eles iam conseguindo nos dizer como achavam que seria possível diminuir os índices [de letalidade]”, explicou Vanessa. “Eles conseguiam nos dizer, por meio de suas próprias experiências de vida, quais seriam as melhores formas de enfrentamento”. Foi assim que Gabriel Souza participou da cypher [música gravada por vários MCs, que se alternam nas rimas] Paz na Favela, que está disponível em plataformas de música, como Spotify e Youtube. Isso agora está impulsionando sua carreira de MC. “Como eu ficava com a mente vazia, muito angustiado, a rima foi um meio, uma válvula de escape para passar meu tempo, expor meus sentimentos e desabafar. Na minha segunda internação, encontrei esse projeto do Sou da Paz e eles viram em mim um potencial, minha facilidade com rimas e de me expressar por meio da música. E fizeram a proposta de fazermos uma cypher, a produção de uma música com vários MCs”. Propostas Entre as propostas apresentadas por esses jovens para prevenir a violência está o aumento dos canais de denúncia contra a violência policial, a implementação de terminais de identificação digital nas viaturas e a ampliação do uso de câmeras corporais em uniformes de policiais militares. Essa proposta feita por jovens, inclusive, vai ao encontro dos resultados de um relatório elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado ontem. O relatório demonstra que, após a adoção das câmeras corporais pela Polícia Militar de São Paulo, o número de crianças e adolescentes mortos em intervenções de policiais em serviço caiu 66,3% em 2022 na comparação com 2019, passando de 102 para 34 mortes. “Um tema recorrente nas três turmas e que chamou muito a atenção foi que eles escolheram, já no início do projeto, falar sobre a violência das abordagens policiais. Independentemente do território em que estavam, esses jovens disseram que queriam discutir a temática porque tinham muitas dúvidas e muito receio de como poderiam lidar ou enfrentar a violência decorrente das abordagens policiais”, explicou Vanessa. Os jovens consultados pelo Instituto Sou da Paz também citaram, entre as propostas, a ampliação das oportunidades de emprego formal e de acesso à cultura e a transformação das escolas em ambientes mais acolhedores. “Nas três turmas foram apresentadas ideias que diziam muito sobre a prevenção à violência. Eles falaram sobre a importância de uma escola mais acolhedora e que trabalhe, em seus conteúdos, temáticas de diversidade, racismo, violências de gênero e direitos humanos. Também destacaram a importância de jovens negros e periféricos acessarem espaços de cultura e de lazer que abordem essas temáticas”, acrescentou. Para que o documento não se tornasse apenas um conjunto de ideias, as propostas apresentadas pelos jovens foram analisadas por especialistas. “A gente entendeu que só a apresentação das propostas nesse documento talvez não trouxesse uma confiabilidade. Então, incluímos também dois pareceres técnicos de especialistas falando sobre a importância das sugestões e a viabilidade delas”, disse a psicóloga. O objetivo é que o documento amplie as discussões na sociedade sobre
Cemitérios do país recebem visitas guiadas e viram museus a céu aberto
De dia ou de noite, eles percorrem lugares que causam arrepios em muitas pessoas. Entre túmulos e epitáfios, encontram materiais de valor histórico, artístico e cultural. Convictos de que os cemitérios podem ser uma galeria a céu aberto, pesquisadores da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (Abec) organizaram uma agenda de visitas gratuitas pelo país. A programação faz parte da 21ª Semana Nacional de Museus, que começou na segunda-feira (15). Dois eventos já ocorreram na última sexta-feira (12) – os passeios guiados no Cemitério São Bonifácio, em Curuçá (PA), e no Cemitério do Araçá, na capital paulista. Estão previstos mais 13 eventos, entre os dias 18 e 28 de maio, em Belém, na capital paulista, em Campinas, Guarulhos, Piracicaba e Jaú, em São Paulo, em Belo Horizonte (MG) e Torres (RS). No Rio de Janeiro, a visita será no Cemitério São João Batista, no próximo sábado (20, mediada pelas historiadoras Maria de Fátima Fonseca e Marcia Costa Carneiro, ao lado da pedagoga Isabela Silveira. No cemitério, há um número grande de pessoas famosas sepultadas, como o ex-presidentes Floriano Peixoto, o compositor Tom Jobim e o escritor Carlos Drummond de Andrade. Mas a visita desta vez tem enfoque diferente. O tema é a memória do samba e do carnaval, pensada a partir das desigualdades sociais. “A maior parte dos sambistas cariocas foi sepultada em cemitérios da zona norte, uma vez que o São João Batista é historicamente um local de elites. Ali, os poucos negros estão em áreas menos valorizadas. Na nossa visita, dois exemplos são os jazigos de Clementina de Jesus e Donga”, explica a historiadora Maria de Fátima. “A proposta é chamar a atenção para os cemitérios como locais de memória e história da cidade. As desigualdades sociais têm reflexos nos espaços cemiteriais, o que nos mostra que nem a morte é igual para todos”. Rio de Janeiro (RJ) – Visitas em cemiterios – Semana de Museus – Cemitério do Araçá, São Paulo. Foto: Divulgação – Divulgação Maria de Fátima pesquisa no mestrado os funerais das artistas Carmen Miranda e Clara Nunes. O foco é entender mudanças na perspectiva sobre o luto no século 20 e o papel da mídia em estimular a comoção pública. O interesse pelo tema da morte surgiu durante o período mais crítico da pandemia de covid-19. Para ela, foi um jeito de lidar com o próprio medo de morrer. “Estudar a morte foi a forma que encontrei não apenas para a temer menos, mas também para valorizar a vida. Quando estudamos a história da morte, percebemos o quanto o tema se tornou tabu na sociedade contemporânea. Foi desnaturalizada, quando na verdade é o reverso da vida. Isso interfere na nossa capacidade de elaborar o luto quando perdemos alguém querido. Sofremos mais e sozinhos”. O estigma sobre a morte é uma das explicações para as visitações em cemitérios ainda serem vistas com desconfiança no Brasil, de acordo com o historiador Paulo Renato Tot Pinto. Ele é de Piracicaba, integra a diretoria da Abec e estuda o tema da morte na música sertaneja. Paulo entende que o país precisa valorizar mais os cemitérios como espaços museológicos, mesmo que fora dos padrões tradicionais. Ele cita exemplos bem-sucedidos de valorização patrimonial e turística, como o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina, lugar que, paradoxalmente, recebe muitos brasileiros que visitam o país vizinho. “Quando você mostra que não é apenas um lugar para sepultar pessoas, mas que lá existem esculturas que foram construídas, entre outras coisas, relações sociais de afeto, elas conseguem entender melhor a cidade dos mortos. Que nada mais é do que um reflexo da cidade dos vivos. Lá você tem ruas, divisões entre o centro e a periferia, a ostentação de materiais. Principalmente quando você analisa sepulturas do século 19 e do início do 20, e vê que as pessoas tentavam se diferenciar socialmente até depois da morte”. Paulo defende que os cemitérios guardam múltiplas riquezas. Não à toa, a Abec reúne pesquisadores de diversas áreas do conhecimento: história, antropologia, sociologia, pedagogia, arquitetura, geografia e até medicina. Ela foi fundada em 2004, a partir de um encontro que ocorreu na Universidade de São Paulo (USP). Há associados em quase todos os estados do país, em Portugal e nos Estados Unidos. A cada dois anos, eles se encontram para debater sobre esculturas, elementos arquitetônicos, costumes, relações sociais, configuração espacial e outros temas cemiteriais. Rio de Janeiro (RJ) – Visitas em cemiterios – Semana de Museus – Cemitério do Araçá, São Paulo. Foto: Divulgação – Divulgação Fomentar uma agenda de estudos e de visitas guiadas ajuda, assim, a manter a vida nos cemitérios. Mais do que a morte física, o que preocupa os pesquisadores é a morte pelo apagamento da memória. “Você morre quando é esquecido. Quando você utiliza o cemitério para visitas e passeios, está rememorando e trazendo à vida aquelas pessoas que estão sepultadas ali. Se elas são esquecidas, realmente morrem e somem da história”, analisa Paulo Renato Tot. “Você vê nos cemitérios do país muita degradação, muito roubo. Quando você ocupa o espaço, ele entra no olhar do Poder Público de forma diferente. E as pessoas entendem que os roubos que acontecem ali não são dos materiais em si, como o bronze. Mas que foram roubados o patrimônio, a história e uma parte da cidade”. Programação de visitas aos cemitérios 18/05 – Cemitério Santa Izabel – Belém/PA 19/05 – Cemitério da Saudade – Campinas/SP 20/05 – Cemitério São João Batista – Rio de Janeiro/RJ 20/05 – Cemitério São João Batista – Guarulhos/SP 20/05 – Necrópole de São Paulo – São Paulo/SP 20/05 – Cemitério da Saudade – Campinas/SP 21/05 – Cemitério São Judas Tadeu – Guarulhos/SP 21/05 – Cemitério da Saudade – Campinas/SP 21/05 – Cemitério Municipal Campo Bonito – Torres/RS 21/05 – Cemitério da Saudade – Piracicaba/SP 21/05 – Cemitério da Consolação – São Paulo/SP 26/05 – Cemitério Ana Rosa de Paulo – Jahu/SP 28/05 – Cemitério do Bonfim – Belo Horizonte/MG Para inscrições e mais informações, acesse a conta oficial da Abec no Instagram. Fonte
Servidores festejam concurso, mas denunciam problemas na Funai
O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGISP) formalizou no último dia 2, por meio de publicação no Diário Oficial da União (DOU), a autorização para que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realize concurso público, no prazo de seis meses. Deverão ser oferecidas 502 vagas e, apesar de a quantidade parecer significativa, é considerada insuficiente para compor o quadro de servidores. Quem faz essa avaliação são os próprios servidores da autarquia, que têm atribuições acima do normal, no dia a dia, pelas condições de trabalho que encaram. A promessa, em anos anteriores, era de que o desfalque de pessoal deixaria de ser um problema. A Lei nº 11.907/2009 previa a criação de 3,1 mil cargos para a Funai. Porém, o que houve foram dois concursos, um em 2010 e outro em 2016, que abriram 967 vagas. De acordo com relatório do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Distrito Federal (Sindisep-DF), ao qual a Agência Brasil teve acesso e que foi apresentado à equipe de transição do governo federal, a autarquia conta, atualmente, com cerca de 1,3 mil servidores. Aposentadorias Ao todo, 957 servidores (73,6%) do quadro têm 41 anos de idade ou mais, dado que demonstraria por si só que a autarquia deveria planejar o ingresso de novos servidores. Além disso, 315 (24,2%) servidores estão prestes a se aposentar, enquanto 292 deles (22,4%) já teriam direito a entrar com o pedido de aposentadoria, mas optaram por ficar em atividade, em troca do abono permanência. Uma das funções essenciais da Funai que justificam sua existência é a de demarcação e homologação de terras indígenas. Há 480 reivindicações por demarcação que ainda não foram, segundo o relatório, “sequer instruídas para dar início ao processo de reconhecimento formal”, o que depende da formação de um grupo técnico para fazer avançar os estudos. “Além de 480 reivindicações, a Funai possui 134 procedimentos de identificação e delimitação em curso, 16 procedimentos com terras indígenas já delimitadas que demandam análise de contraditório administrativo, 33 decisões judiciais (incidindo sobre o universo de reivindicações) para a composição de Grupos Técnicos (GTs) de identificação e delimitação, 58 decisões judiciais (incidindo sobre o universo de procedimentos em curso) determinando a conclusão dos estudos de identificação e delimitação e 12 procedimentos em curso com decisão determinando a conclusão demandam recomposição do GT. Nas decisões judiciais há, praticamente em sua totalidade, incidência de multas provocando prejuízos ao erário”, prosseguem os servidores no documento. Esse volume de trabalho está sob a responsabilidade de 12 servidores, mais quatro coordenadores, na Coordenação Geral de Identificação e Delimitação (CGID), juntamente com outros cinco técnicos que acompanham o desenrolar dos processos que se encontram na etapa de estudos, incluindo os que exigem a formação de GTs. Sobre o que vive, especificamente, a CGID, a dirigente do Sindsep-DF Mônica Machado Carneiro é direta: “Tem povo indígena que está aí aguardando, há 20 anos, a constituição de um GT.” Há outras áreas da Funai com ainda menos possibilidade de vencer as demandas que se apresentam. No início de abril deste ano, o Serviço de Licenciamento Simplificado (Selis) tinha 1.826 processos na fila de análise e nenhum servidor em trabalho, com exceção de um chefe do setor. A Coordenação do Componente Indígena de Transporte e Mineração (Cotram), por sua vez, somava 1.256 processos à espera de dois técnicos. Já a Coordenação do Componente Indígena de Petróleo, Energia e Gás (Coep), que também integra o rol de áreas que tratam de empreendimentos que impactam as terras indígenas, a relação, no mês passado, era de 313 processos por técnico, sendo que há um efetivo de três funcionários ali lotados. O que resulta disso é que muitos processos não chegam nem mesmo a ser designados a alguém, ficando no estágio zero. Em comparativo, a entidade sindical lembra a distribuição que se adota como parâmetro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde a média é de seis processos por técnico, quando o tema é licenciamento ambiental. Na Funai, o padrão deveria ser de 30 por técnico. O relatório dos servidores, contudo, evidencia a carência de recursos humanos e, indo além nas análises, deixa à mostra a falta de medidas que possam diminuir a rotatividade de servidores e um cenário de desmotivação e adoecimento mental. Evasão de servidores Outro órgão que leu a situação na Funai desse modo foi o Tribunal de Contas da União (TCU), conforme mencionam os funcionários no relatório. O TCU apontou, após finalizar auditoria, pontos como a evasão de servidores, a falta de incentivo para que se qualifiquem na área indígena e permaneçam em locais com adversidades, o que inclui correr risco de vida, dependendo da tensão em torno do território, a falta de reposição de pessoal e a baixa remuneração. O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos também entendeu da mesma forma, diagnosticando o que chamou de “epidemia de frustração” entre os servidores da Funai. De modo geral, a classificação também passa por “enfraquecimento crônico” do órgão, na avaliação do TCU. “Esperamos muito a mudança do discurso oficial do Estado com relação aos povos indígenas. A gente acha super importante ter, dentro do Poder Executivo Federal, um ministério específico, ter todo o governo federal dando ênfase à questão indígena, mas isso tem que se acompanhar de questões práticas. Não tem como a gente falar que vai retomar a política de demarcação de terras indígenas se, na coordenação responsável, a gente tem 12 pessoas para dar conta desse universo”, afirma Mônica, que exerce o cargo de indigenista especializada na Funai desde 2010. “São pessoas sobrecarregadas e o trabalho é muito complexo. É um trabalho de muita responsabilidade, não só por garantir os direitos inscritos na Constituição Federal aos povos indígenas, na conformação fundiária em que as terras indígenas se inserem, mas também porque anula os títulos privados que incidem nas áreas delimitadas. Ou seja, gera um potencial altíssimo de conflitos. Isso é muito sério”, complementa ela. A associação Indigenistas Associados (INA), de servidores da Funai, também
Copa do Brasil: Athletico-PR recebe Botafogo tentando quebrar escrita
O Athletico-PR recebe o Botafogo, a partir das 21h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira (17) na Arena da Baixada, em Curitiba, pela Copa do Brasil, com o desafio de quebrar uma escrita. Esta é a terceira oportunidade na qual as duas equipes se encontram em uma circunstância como esta, e nas duas anteriores o Alvinegro levou a melhor. A Rádio Nacional transmite o confronto ao vivo. O primeiro encontro foi pela própria Copa do Brasil, na edição de 1999 da competição. Naquela oportunidade o Furacão foi eliminado nos pênaltis em casa após cada equipe triunfar em um jogo por 2 a 1. Dez anos depois, os clubes se reencontraram, mas desta vez pela Copa Sul-Americana. O confronto terminou com vitória do Glorioso por 3 a 2 após um empate sem gols na Arena da Baixada. 🌪️ Prontos para as oitavas de final!Último treino pro jogo contra o Botafogo foi na tarde desta terça. 📲 https://t.co/l48vsVZMKH 📸 José Tramontin/athletico.com.br #Athletico #CopadoBrasil pic.twitter.com/EU48IWeJ2X — Athletico Paranaense (@AthleticoPR) May 16, 2023 Para quebrar esta escrita o Furacão conta com um bom histórico recente na competição. Campeão em 2019, além de vice em 2021, o Athletico-PR vem chegando com muita força nos últimos anos de Copa do Brasil. A equipe paranaense se classificou para as oitavas após eliminar o CRB na terceira fase na disputa de pênaltis (após derrota por 1 a 0 no Rei Pelé e vitória de 2 a 1 na Arena da Baixada). Para a partida desta quarta o técnico Paulo Turra tem como único desfalque o atacante Rômulo, que sofreu uma lesão muscular. A provável formação inicial do Athletico-PR é: Bento; Khellven, Pedro Henrique, Thiago Heleno e Fernando; Erick, Fernandinho, Christian e Terans; Pablo e Vitor Roque. Já o Botafogo chega confiante ao confronto. Além do bom retrospecto contra os paranaenses, o time de General Severiano vive um ótimo momento. Líder do Campeonato Brasileiro, apesar da derrota para o Goiás na última rodada, e com classificação convincente na rodada anterior da Copa do Brasil, com um placar agregado de 4 a 0 sobre o Ypiranga de Erechim, o técnico Luís Castro vive seu melhor momento no comando do clube. A expectativa é de que o Glorioso entre em campo com: Lucas Perri; Di Plácido, Adryelson, Victor Cuesta e Marçal; Tchê Tchê, Marlon Freitas e Eduardo; Júnior Santos, Victor Sá e Tiquinho Soares. 😄⚽️ #VamosBOTAFOGO 📸 Vítor Silva/ BFR pic.twitter.com/d4EZfRyDlL — Botafogo F.R. (@Botafogo) May 16, 2023 Transmissão da Rádio Nacional A Rádio Nacional transmite Athletico-PR e Botafogo com a narração de André Marques, comentários de Waldir Luiz, reportagem de Rodrigo Ricardo e plantão de Bruno Mendes. Você acompanha o show de bola nacional aqui: * Colaboração do estagiário Luiz Eduardo da Silva, sob supervisão de Paulo Garritano. Fonte