Hong Kong fecha escolas e cancela centenas de voos com a chegada do tufão Saola
Última vez que alerta mais alto na escala da cidade foi emitido foi 2018, para o tufão Mangkhut Centenas de voos foram cancelados e escolas e empresas fecharam em Hong Kong e outras partes do sul da China na sexta-feira (1°), quando o tufão Saola passou perto da costa, trazendo ventos e chuvas fortes no que poderia ser a tempestade mais forte da região em cinco anos. O Saola era classificado como um supertufão na quinta-feira (31), mas foi rebaixado para o status de tufão na sexta-feira – embora ainda continue sendo o equivalente a um furacão de categoria 4, com ventos atingindo 220 quilômetros por hora. A tempestade já atingiu partes do nordeste das Filipinas. Três pessoas ficaram feridas e foram levadas ao hospital em Hong Kong, segundo o Departamento de Serviços de Informação da cidade, e houve sete casos de inundações, mas nenhum relato de deslizamentos de terra até o momento. O Departamento de Assuntos Internos abriu dezenas de abrigos temporários. Os moradores começaram a se preparar para o tufão na quinta-feira, à medida que ele se aproximava, com muitos indo a supermercados e lojas para estocar alimentos e bens essenciais. Os ventos fortes começaram a aumentar na tarde de sexta-feira, com previsão de que a tempestade chegue mais perto da cidade e da província de Guangdong, no sul da China, entre a noite de sexta e a manhã deste sábado (2). No entanto, o Joint Typhoon Warning Center (Centro Conjunto de Alerta de Tufão) disse que o centro da tempestade provavelmente permanecerá no mar em vez de se deslocar para a terra e enfraquecerá à medida que se aproxima, até se tornar o equivalente a um furacão de categoria 2. O Observatório de Hong Kong (HKO) emitiu um sinal de alerta de tempestade T10 na sexta-feira, o nível mais alto de sinalização do tipo. As escolas e a maioria das empresas foram fechadas, naquele que deveria ser o primeiro dia do ano letivo para a maioria das instituições. O alerta T10 foi emitido pela última vez em 2018, para o tufão Mangkhut, que matou 10 pessoas na região vizinha Macau e causou danos significativos em Hong Kong. A parede do olho de Saola – o anel de ventos mais intensos que rodeia o olho calmo do furacão – está agora movendo-se pela cidade, destacou o HKO, acrescentando que “ventos com força de furacão estão afetando a parte oriental de Hong Kong”. “Saola contornará cerca de 40 quilômetros ao sul do Observatório de Hong Kong nas próximas horas”, destacou o HKO. O observatório alertou que a tempestade ainda trará fortes chuvas, ventos violentos e causará tempestades com aumento das águas nas áreas costeiras baixas. A tempestade também causou perturbações generalizadas nas viagens aéreas: na manhã de sexta-feira (1°), 366 voos foram cancelados em Hong Kong, e mais 40 atrasaram, de acordo com a autoridade aeroportuária da cidade. Antes do tufão, a principal companhia aérea de Hong Kong, a Cathay Pacific, suspendeu todos os voos de e para a cidade, desde a tarde de sexta-feira até a manhã deste sábado. As autoridades da China continental também emitiram um alerta vermelho de tufão, o nível mais alto num sistema de alerta de quatro níveis, quando Saola se aproximava de Guangdong. Shenzhen, um centro de alta tecnologia na fronteira com Hong Kong, suspendeu todas as aulas, trabalho, negócios, mercados e transporte na sexta-feira. Seu aeroporto internacional suspendeu todos os voos a partir do meio-dia do mesmo dia. A cidade pediu aos seus 13 milhões de habitantes que fiquem em casa. A administração municipal abriu abrigos de emergência para aqueles que necessitam de refúgio. Quase 4 mil serviços ferroviários em Guangdong foram suspensos entre quinta e domingo, informou a agência de notícias estatal Xinhua. Hong Kong tem experiência com ciclones tropicais e tufões, que ocorrem várias vezes por ano. Três avisos T8 foram emitidos em 2022, o terceiro alerta mais alto da cidade, sendo o mais recente em julho, para o tufão Talim, de acordo com o HKO. Mas a cidade tem um bom histórico nas últimas décadas de superar impactos diretos das tempestades, com baixo número de vítimas. *Sophie Jeong e Sarita Harilela, da CNN, em Hong Kong, contribuíram para esta reportagem Fonte
Insistência e milhões de cartas: conheça história do pai do Zé Gotinha
Com mais de 50 obras no Brasil e no exterior, Darlan Rosa se considera um artista plástico bem-sucedido, com uma carreira que vai da escultura em cimento à arte digital com inteligência artificial. Seu trabalho de maior sucesso e reconhecimento, porém, tem um traço simples e fácil de ser copiado: o Zé Gotinha, ícone do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos no próximo dia 18 de setembro e será celebrado por uma série de reportagens na Agência Brasil ao longo deste mês. Mineiro da cidade de Coromandel, Darlan, de 76 anos, conta que a simplicidade foi proposital. Era importante que qualquer um pudesse desenhar o personagem, em uma época em que não era tão fácil produzir uma cópia de um panfleto ou cartaz. “As agências de publicidade debochavam que era um personagem que não tinha mãozinha, que não tinha pé. E, naquela época, havia uma predominância de uma estética Disney, com personagens gordinhos, com a mão com luva, toda uma filosofia que, no meu entender, não se encaixava em um personagem para a saúde pública”, lembra o desenhista, em entrevista à Agência Brasil. Darlan começou a desenhar na infância, quando também praticava com materiais como pigmento em pó e cimento da fábrica de ladrilhos de seu pai. A contaminação por esses produtos desde a infância fez com que, na meia-idade, uma alergia intensa causasse uma paralisia em um dos olhos e o obrigasse a abandonar as tintas. O artista, então, abraçou o mundo digital e hoje desenvolve trabalhos com computação gráfica e inteligência artificial. Personagem Zé Gotinha é um dos protagonistas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) – Tânia Rêgo/Agência Brasil “Marcou minha vida” A insistência em continuar a produzir também marcou os primeiros passos do Zé Gotinha. Darlan Rosa conta que precisou ser insistente para convencer o Ministério da Saúde a adotar aquele que viria a ser seu símbolo mais famoso. Havia a crença de que a vacinação era um assunto sério demais para ser divulgado com um personagem em animação, conta ele, que foi ajudado por crianças de todo o Brasil, que soterraram o ministério com milhões de cartas com sugestões de nomes para o Zé Gotinha. “Demos a ideia de fazer um concurso para escolher o nome do personagem, porque aí poderíamos medir se ele tinha carisma ou não. E foi um boom. Foram mais de 11 milhões de cartas, e o próprio ministério ficou meio pasmo“, recorda. “Eu virei uma sarna em cima do ministério depois que criei o boneco. Fiquei lutando por aquilo. E, até hoje, é uma coisa que marcou a minha vida de uma maneira muito grande.” Darlan Rosa vai contar a história do Zé Gotinha em livro que será lançado em setembro – Joédson Alves/Agência Brasil O criador do Zé Gotinha vai contar a história de como o personagem nasceu e ajudou o Brasil a vencer a poliomielite, que teve o último caso no país em 1989. O livro Zé Gotinha Herói Nacional, editado pelo Ministério da Saúde, será lançado no dia 10 de setembro, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Agência Brasil: Nestes 50 anos de PNI, o Zé Gotinha é um dos protagonistas. O que você acredita que fez ele funcionar tão bem?Darlan Rosa: Fazendo uma análise depois de todo esse tempo, quando eu criei o personagem, percebi que havia um engajamento muito grande das vacinadoras. A maior parte era mulher. Eu criei um personagem para elas, e fiz um personagem super simples, para que qualquer pessoa pudesse desenhar. Havia uma demanda muito grande de cartazes, de hoje para amanhã, para fazer uma vacinação em uma escola, para fazer uma ação de bloqueio. E, naquela época, não tinha xerox no serviço público. Era tudo feito à mão. Então, eu fui em todos os estados divulgar o personagem, e eu dizia para as vacinadoras, esse é o filho de vocês, que vocês têm que educar e transformar em um grande educador, como vocês também são. E houve esse engajamento. Nesses 37 anos do Zé Gotinha, muitas vezes, o ministério não queria usar, mas os estados e as vacinadoras continuaram usando e pressionando o ministério para que fizesse campanhas usando o Zé Gotinha. Elas têm esse grande mérito de ter colocado o personagem no imaginário brasileiro. Agência Brasil: A ideia, então, era que ele fosse bem simples de ser desenhado?Darlan Rosa: As agências de publicidade debochavam que era um personagem que não tinha mãozinha, que não tinha pé. E, naquela época, havia uma predominância de uma estética Disney, com personagens gordinhos, com a mão com luva, toda uma filosofia que, no meu entender, não se encaixava em um personagem para a saúde pública. E vejo que, hoje, grande parte dos personagens do mundo dos games é como o Zé Gotinha, sem mãozinha, sem pé, porque facilita o computador a movimentá-los em cena. Coincidentemente, o Zé Gotinha hoje é totalmente contemporâneo, mais até do que quando foi criado. Agência Brasil: A ideia foi mal recebida inicialmente pelo ministério. Como foi esse convencimento para que o Zé Gotinha pudesse ser usado? O que virou essa chave?Darlan Rosa: O ministério tinha muito receio porque uma campanha de vacinação precisava vacinar milhões de crianças em um único dia, o que tem um custo muito grande. E, se você introduzisse um personagem na campanha e ela fracassasse, o prejuízo seria muito grande. Também havia pessoas dentro do ministério que achavam que não se podia tratar vacinas como fantasia, que era uma coisa séria demais para colocar um personagem engraçadinho pulando. O Zé Gotinha foi criado dentro da secretaria em que ficava o PNI e que também tinha um grupo de educadores em saúde. Primeiramente, eu os convenci de que poderíamos criar um projeto educativo a longo prazo. Quando o Zé Gotinha foi criado, a encomenda que eu recebi era só de criar uma logomarca para marcar o compromisso do Brasil de erradicar a pólio. Quando levei a ideia do personagem, me disseram: “Mas nós não te encomendamos isso. Queremos só a logomarca”. Mas meu raciocínio foi o seguinte: se o maior prejuízo