Autoridades líbias receiam que mortos cheguem a 20 mil após inundações
As populações das regiões afetadas pelas inundações na Líbia continuam a procurar os milhares de desaparecidos, e as equipes de resgate pedem mais embalagens para transportar os corpos. Nessa quarta-feira, as autoridades indicavam que o número de mortos era de cerca de 5 mil, mas as estimativas indicam que as vítimas podem chegar até a 20 mil. As autoridades locais admitem que há a possibilidade de terem morrido aproximadamente 20 mil pessoas na sequência das inundações que assolaram o Leste do país no domingo (3). A informação foi dada pelo prefeito da cidade de Derna à emissora da TV saudita Al Arabiya, considerando as localidades que foram destruídas pelas cheias após o desabamento de duas barragens na noite de domingo. Ainda não há confirmação de quantas pessoas estão desaparecidas nos escombros ou no mar e as autoridades temem ainda o risco de doenças. Os dois governos rivais da Líbia – o de Unidade Nacional, reconhecido internacionalmente, e o do Leste do país – têm feito esforços para dar resposta à situação que o país enfrenta e apelado à ajuda internacional, que tem aumentado nos últimos dias. Nas regiões mais afetadas estão equipes de resgate do Egito, da Turquia e do Catar. “Na verdade, precisamos de equipes especializadas na recuperação de corpos”, disse o presidente da Câmara de Derna, Abdulmenam al-Ghaithi, à imprensa local. “Temo que a cidade seja infectada por uma epidemia devido ao grande número de corpos sob os escombros e na água.” Lutfi al-Misrati, responsável pelas equipes locais de resgate, disse à Al Jazeera que o governo precisa de sacos para os corpos”. Corpos por todo lado O chefe do Conselho Presidencial – que exerce a função de chefe de Estado – Mohamed al Manfi, declarou, nessa quarta-feira, que “a catástrofe excede a capacidade da Líbia” e insistiu na urgência da ajuda internacional, que começou a chegar progressivamente devido ao difícil acesso à região rodeada de montanhas, submersa e isolada, sem eletricidade nem telecomunicações. A cidade costeira estava até agora inacessível por via terrestre. As chuvas torrenciais provocaram o rompimento de duas barragens, localizadas a poucos quilômetros de áreas habitadas, despejando 33 milhões de litros de água que varreram bairros inteiros e as quatro pontes que atravessam o Rio Derna até o mar. O ministro da Aviação Civil afirmou que o “mar está despejando constantemente dezenas de corpos” e que várias embarcações continuam a procurar cadáveres ao longo da costa. “Os corpos estão por todo lado, dentro das casas, nas ruas, no mar. Onde quer que estejamos, encontramos homens, mulheres e crianças mortas”, disse Emad al-Falah, um trabalhador humanitário de Benghazi. “Perderam-se famílias inteiras”. A tempestade mediterrânea Daniel atingiu muitas cidades do Leste da Líbia, sendo Derna a mais afetada. Enquanto a tempestade castigava a costa no domingo, moradores disseram ter ouvido grandes explosões quando as barragens nos arredores da cidade se romperam. As águas aumentaram substancialmente o Wadi Derna, um rio que corre das montanhas, atravessa a cidade e deságua no mar. “Derna foi afetada por ondas de sete metros de altura que destruíram tudo no seu caminho. O número de mortos é enorme”, disse Yann Fridez, chefe da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha na Líbia, à emissora France24. Derna situa-se numa estreita planície costeira no Mediterrâneo, sob montanhas íngremes que percorrem a área. Apenas duas estradas a partir do Sul podem ser utilizadas, e essas implicam longo e sinuoso percurso pelas montanhas. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Fonte
STF retoma hoje julgamento do primeiro réu pelo 8 de Janeiro
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje (14) o julgamento de Aécio Lúcio Costa Pereira, primeiro réu pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A sessão está prevista para começar às 9h30. Ontem (13), no primeiro dia de julgamento, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, votou pela condenação de Aécio a 17 anos de prisão em regime fechado por cinco crimes. Em seguida, Nunes Marques absolveu o acusado de três crimes e condenou por outros dois. Com os votos, o julgamento está empatado em 1 a 1 na parte mais importante da discussão, que é o reconhecimento da atuação dos manifestantes para atentar contra a democracia e tentar derrubar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aécio Lúcio Costa Pereira, morador de Diadema (SP), foi preso pela Polícia Legislativa no plenário do Senado. Ele chegou a publicar um vídeo nas redes sociais durante a invasão da Casa e continua preso. De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o acusado e os demais investigados de atuarem como executores dos atos participaram da depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e da sede do STF, quebrando vidraças, portas de vidro, obras de arte, equipamentos de segurança, e usando substância inflamável para colocar fogo em carpetes. Votos Para Alexandre de Moraes, Aécio deve ser condenado pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. “Claramente demonstrado que não há nenhum domingo no parque, nenhum passeio. Atos criminosos, atentatórios à democracia, ao Estado democrático de Direito, por uma turba de golpistas que pretendiam uma intervenção militar para derrubar um governo democraticamente eleito em 2022”, afirmou no voto proferido. Em seguida, ao abrir a divergência, o ministro Nunes Marques reconheceu que o acusado cometeu apenas os crimes de dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. No entendimento do ministro, não ficou configurada a tentativa da atacar a democracia e de dar um golpe de Estado. “As lamentáveis manifestações ocorridas no dia 8 de janeiro, apesar da gravidade do vandalismo, não tiveram alcance de consistir numa tentativa de abolir o Estado democrático de direito”, argumentou. Faltam os votos dos ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e da presidente, Rosa Weber. Durante o primeiro dia de julgamento, a defesa de Aécio Pereira disse que o julgamento do caso pelo STF é “político”. Segundo a defesa, o réu não tem foro privilegiado e deveria ser julgado pela primeira instância. Além disso, a advogado rebateu acusação de participação do acusado na execução dos atos. Fonte