Brasileiras no topo: estudo mostra cidades que mais vão ‘ferver’ até 2050
A última semana do inverno na maior parte do Brasil terá termômetros passando de 40 ºC. Picos de calor deverão se tornar comuns num futuro próximo, a ponto de um estudo indicar que Belém terá quase sete meses de temperaturas extremas até 2050. Indonésia em 1º. Estudo feito pela CarbonPlan e o The Washington Post calculou quantos dias de calor cada cidade poderá enfrentar nesse futuro próximo. A primeira da lista é Pekanbaru, na Indonésia, que pode ter 344 dias de calor extremo em 2050. Brasil também deve sofrer. A cidade brasileira citada em destaque é Belém, por ser onde deve se observar o maior crescimento de dias de calor extremo no levantamento: a previsão é de 222 dias – um salto equivalente a seis meses em relação aos dados dos anos 2000. Manaus com ainda mais calor. Se Belém tem o maior crescimento, a capital amazonense tem o maior valor absoluto entre as capitais brasileiras: 258 dias (pouco menos de 9 meses). O estudo não tem uma lista em ranking das cidades, mas permite a consulta a diversos centros com grande população. De que calor estamos falando? Limite de 32ºC. A análise leva em consideração a temperatura do ar, a umidade, a radiação e a velocidade do vento. Foi usada como ponto de partida para determinar um “calor extremamente arriscado” para a saúde humana a temperatura de 32ºC. Calor no curto prazo. Na previsão, estima-se que, até 2030, mais de 2 bilhões de pessoas estarão expostas a um mês inteiro de temperaturas médias acima de 32 °C. Muito calor a longo prazo. Já até 2050, mais de 5 bilhões de pessoas — provavelmente mais de metade da população do planeta— estarão expostas a pelo menos um mês de calor extremo, que ameaça a saúde em caso de exposição ao sol. Nesse contexto, adultos saudáveis que praticam atividades ao ar livre podem sofrer com estresse térmico. Mais Brasil Veja abaixo as capitais brasileiras citadas no estudo como tendo dias acima da média que classifica como em risco – com médias diárias de 32ºC ou mais. Manaus: 258 diasBelém: 222Porto Velho: 218Rio Branco: 212Boa Vista: 190Macapá: 185Cuiabá: 168Palmas: 158Teresina: 155São Luís: 83Campo Grande: 39Rio de Janeiro: 22Porto Alegre: 8Florianópolis: 7Goiânia: 6Aracaju: 3João Pessoa: 3Natal: 3Salvador: 2Belo Horizonte: 1 *Todas as outras capitais, incluindo São Paulo, são citadas como zero dias ou seus dados não estavam disponíveis. Brasília também aparece com zero dias. A pesquisa foi feita pela CarbonPlan, uma organização sem fins lucrativos que desenvolve dados climáticos publicamente disponíveis, em parceria com o The Washington Post. O estudo usou dados para produzir previsões sobre a frequência com que pessoas em quase 15.500 cidades enfrentariam um calor tão intenso que poderiam adoecer rapidamente — no curto prazo e também nas próximas décadas. Por: Ecoa Uol Fonte
Estudo mostra como sistemas alimentares agravam e enraízam iniquidades
Desigualdades de raça, gênero e classe social contribuem para diversas violações do direito à alimentação e à nutrição adequadas, afetando de forma mais intensa negros, mulheres e crianças, além de pessoas com mais baixa renda. A conclusão é do estudo Prato do Dia: Desigualdades. Raça, Gênero e Classe nos Sistemas Alimentares, divulgado pela Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas (Fian). O trabalho foi conduzido entre 2022 e 2023 por cinco pesquisadores e analisa dados pré-pandemia (período entre 2017 e 2018) coletados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de textos públicos de organizações de diferentes setores da sociedade – comercial, movimentos sociais, entidades profissionais e academia. Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do estudo, Veruska Prado, destacou que as desigualdades no acesso, no consumo e na produção de alimentos atualmente são tratadas de forma generalizada e, em alguns momentos, até mesmo naturalizadas. “O tema das desigualdades de raça, gênero e classe está presente no discurso de diferentes segmentos da sociedade brasileira. A grande questão é que isso é algo que está tão presente na formação do Brasil e no cotidiano dos brasileiros e brasileiras.” “Todos nós, quando saímos de casa, acabamos vendo pessoas em situação de rua, sabemos de pessoas que estão passando fome e outras violações aos direitos humanos a que a gente cotidianamente assiste. Isso está um pouco naturalizado, como se fosse uma situação impossível de ser modificada. Então, o tema é tratado”, disse Veruska. A pesquisadora alerta para a necessidade de uma abordagem mais específica nas falas sobre desigualdades relacionadas ao acesso à alimentação. “Todas as organizações da sociedade civil, sejam aquelas vinculadas ao setor privado, ao setor público, aos movimentos sociais e à academia trazem esse tema. No entanto, essa forma de trazer está generalizada e não é específica. A questão da alimentação, por interferência de raça, gênero e classe social, mesmo dentro desse grupo, precisa ter olhares diferenciados.” “Há, dentro desse grupo de pessoas em situação de maior vulnerabilidade para segurança alimentar, pessoas ou grupos de indivíduos que têm riscos maiores de isso acontecer em suas vidas. Por que isso acontece? A explicação que a gente está trazendo é que são questões estruturais no Brasil relacionadas à raça, gênero, desigualdades existentes no acesso ao mercado de trabalho e na garantia de meios para a sobrevivência e vida digna.” Veruska lembrou que o período analisado no estudo inclui a fase anterior à pandemia de covid-19 e disse que, mesmo naquela época, já havia indicativos de que lares chefiados por mulheres, por exemplo, vivenciavam fome e outras formas de insegurança alimentar, como o medo de não ter acesso ao alimento até o final. Outra realidade identificada pelos pesquisadores nesse período inclui adaptações alimentares nas famílias, como quando a mulher passar a comer menos pra que as crianças possam manter sua alimentação. “No mundo de hoje e no Brasil que a gente tem, pós-pandemia, com o tanto de gente que ainda está em situação de fome, não dá mais para a gente tratar as desigualdades do ponto de vista de algo generalizado na população. Dentro das pessoas que estão passando fome e em situação de insegurança alimentar, com violação do seu direito humano à alimentação e nutrição adequadas, é fundamental que a gente seja mais assertivo e específico nas nossas ações”, concluiu. Source link
Coberturas vacinais estão melhores que em 2021 e 2022, diz SBIm
Novidades como as vacinas para a dengue e para o vírus sincicial respiratório, além dos obstáculos já conhecidos do Programa Nacional de Imunizações (PNI) como o antivacinismo e a hesitação vacinal serão temas de discussão entre especialistas que vão se reunir de quarta-feira (20) a sábado (23) em Florianópolis, Santa Catarina, na Jornada Nacional de Imunizações. Em entrevista à Agência Brasil, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Mônica Levi, diz estar otimista em relação à retomada das coberturas vacinais, cuja queda já começou a ser revertida. “É um trabalho bem árduo, porque quando você consegue causar medo e desconfiança, é muito difícil retomar isso. Mas sou uma pessoa otimista, acho que estamos caminhando. As coberturas vacinais já estão melhores que em 2021 e 2022. Acho que vamos conseguir, mas recuperar todo o estrago demora um pouco para voltarmos a ser um exemplo”, avalia. Presidente da SBIm, Mônica Levi. Coberturas vacinais já estão melhores que 2021 e 2022, diz SBIm. Foto: SBIm/Divulgação A sociedade científica é a organizadora da jornada que será realizada no ano em que o PNI completa meio século de vida. Para além de celebrar, o evento vai contar com um fórum especial de saúde pública em que representantes do Ministério da Saúde, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e secretarias municipais e estaduais de saúde discutirão os próximos passos para a retomada das coberturas vacinais. Confira a entrevista completa: Agência Brasil: Nos últimos anos, a jornada foi realizada no contexto de queda das coberturas vacinais, pandemia de covid-19, aumento do antivacinismo e, agora, com a vacinação de volta às prioridades do Ministério da Saúde. Esses temas deixaram o evento mais “quente”, com discussões que despertaram maior interesse? Se, sim, como essa expectativa impactou a própria organização?Mônica Levi: Eu não tenho essa percepção. Inclusive estamos com um número de inscritos menor que o habitual, mas tem a questão da localização, de ser no Costão do Santinho [em Florianópolis], em um lugar de mais difícil acesso, principalmente para o Norte e Nordeste, e um lugar mais caro. Então, o número de participantes vai ser menor. Agora, para os profissionais da Saúde, esse tema é quente. Nós estamos sempre discutindo e, inclusive, organizando um fórum de saúde pública que é a última atividade do evento, um fórum interativo com PNI, Unicef, Opas, Conass, Conasems, para dar um fechamento na jornada sobre muitos temas. Um fechamento que não é teórico, mas sobre o que podemos nos unir para fazer e que não estamos fazendo até agora. Agora, acho que saturou esse tema na mídia geral. Quando vejo postagem sobre o risco de retorno das doenças controladas no passado pelas baixas coberturas, a minha impressão é de que não tem dado mais ibope na população em geral. Acho que quem se interessa já foi contemplado e já leu, mas a gente ainda não reverteu esse cenário, e o tema tem que continuar sendo falado, tem que continuar vendo os obstáculos. E para os profissionais de saúde interessados o tema é quente, como sempre. As dificuldades na vacinação da covid, a nova variante, o aumento do número de casos. Tudo isso continua sendo assunto atual. Agência Brasil: Nesse cenário de desgaste do tema que você menciona, a comunicação fica ainda mais complicada. É preciso discutir uma inovação na comunicação?Mônica Levi: Sem dúvida. É preciso inovar para sensibilizar de outra forma, ir a pessoas que não estão se importando e achando que a informação não é com elas. As estratégias todas têm que ser repensadas. Estamos em um momento em que a comunicação tem que ser diferente, não tem como fazer como era antes e dava certo. Agência Brasil: A jornada também vai ser um momento de avaliar os obstáculos e os primeiros resultados dessas ações de microplanejamento e multivacinação lideradas pelo Ministério da Saúde?Mônica Levi: Tem bastante espaço dentro da jornada para a saúde pública. Nos 50 anos do PNI e nos 25 da SBIm estamos de mãos dadas. Então, essas temáticas vão ser muito discutidas. Esse microplanejamento já vem acontecendo, com ações pontuais em locais pontuais, diferenciados, e entendendo que o Brasil tem diversas realidades e que é necessário o microplanejamento para atender a todas as demandas e obstáculos, que são diferentes de uma região para outra. Agência Brasil: Sendo essa a primeira jornada desde a decretação do fim da pandemia de covid-19, já vai ser possível fazer uma avaliação mais conclusiva sobre a pandemia e o papel da vacinação no controle dela?Mônica Levi: Não é um tema que eu diria ser o principal. Tem muitas outras coisas, estratégias para a eliminação de meningococos, de HPV e câncer de colo de útero, novas vacinas e novos agentes infecciosos, como o vírus sincicial respiratório, que foi o vírus que causou mais casos de doenças graves e internações de crianças no pós-pandemia. Tem nova vacina de pneumonia, o herpes zoster, que tem vacina no privado, a dengue, com o lançamento de uma nova vacina. Temos novas vacinas incorporadas no calendário da SBIm e no PNI, mudanças de recomendações nos CRIE [Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais]. O programa da jornada está muito completo, com tudo isso incorporado. Não é só covid. Ano passado já tivemos uma jornada presencial, e acho que não mudou muita coisa. O que mudou foi que a OMS decretou o fim da emergência em saúde pública, mas não mudou muita coisa. Mas é claro que vai ter. A primeira mesa já é sobre a covid e o que esperar. A covid não é o foco. Agência Brasil: E qual tema você destacaria como um dos focos?Mônica Levi: Um assunto muito importante que vai ser tratado é a hesitação. Esse obstáculo que não é novo, mas foi superlativado na pandemia, principalmente quando chegaram as vacinas de covid-19. A gente começou a ter recusa de vacinação e hesitação com essas plataformas novas e tudo o que veio como questão política que interferiu muito e deixou o Brasil super dividido. É um trabalho bem árduo,
STF retoma julgamento sobre marco temporal de terras indígenas
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (20) o julgamento sobre a constitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. O julgamento foi suspenso no dia 31 de agosto, quando o ministro Luís Roberto Barroso, último a votar sobre a questão, proferiu o quarto voto contra o marco. O placar do julgamento está 4 votos a 2 contra a tese. Até o momento, além de Barroso, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin se manifestaram contra o marco temporal. Nunes Marques e André Mendonça se manifestaram a favor. Moraes votou contra o limite temporal, mas estabeleceu a possibilidade de indenização a particulares que adquiriram terras de “boa-fé”. Pelo entendimento, a indenização por benfeitorias e pela terra nua valeria para proprietários que receberam do governo títulos de terras que deveriam ser consideradas como áreas indígenas. A possibilidade de indenização aos proprietários por parte do governo é criticada pelo movimento indigenista. Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a possibilidade é “desastrosa” e pode inviabilizar as demarcações. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que a possibilidade de indenização ou compensação de território vai aumentar os conflitos no campo. Entenda No julgamento, os ministros discutem o chamado marco temporal. Pela tese, defendida por proprietários de terras, os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época. Os indígenas são contra o entendimento. O processo que motivou a discussão trata da disputa pela posse da Terra Indígena (TI) Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e a posse de parte da terra é questionada pela procuradoria do estado. Fonte