Segunda etapa do Revalida é aplicada neste domingo em dez cidades
A segunda etapa Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2023/1 será aplicada neste domingo (25). A aprovação nas duas fases do exame (teórica e prática) revalida, no Brasil, os diplomas de médicos graduados no exterior. Os portões de acesso para os inscritos do primeiro turno foram abertos às 11h e fechados às 12h (horário de Brasília). Já no segundo turno, às 15h. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelas provas, orienta os candidatos a apresentarem documento de identidade oficial com foto, conforme previsto no edital do exame e levarem jaleco, preferencialmente, branco. O Inep aplica o exame em dez cidades brasileiras neste fim de semana: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), São Luís (MA) e Uberlândia (MG). De acordo com o Inep, o exame, aplicado desde 2011, tem o objetivo de comprovar as habilidades, as competências e os conhecimentos necessários de profissionais formados no exterior para o exercício profissional adequado aos princípios e necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste sábado e domingo, a avaliação está estruturada em um conjunto de dez estações que devem ser percorridas pelo participante, sendo cinco em cada dia. O candidato deverá realizar tarefas específicas das cinco grandes áreas: clínica médica; cirurgia geral; pediatria; ginecologia e obstetrícia; medicina da família e comunidade – saúde coletiva. O Inep elaborou situações-problema e apresentação de casos, que deverão ser resolvidas pelos participantes. O instituto usou como referência para formular o exame conteúdos, habilidades e competências dos cinco grandes eixos da formação e do exercício profissional, bem como os objetos descritos na Matriz de Referência do Revalida. Cada estação da prova de habilidades clínicas será pontuada de zero a 10, implicando nota máxima de 100 pontos para o conjunto das dez estações. Para serem aprovados na segunda etapa, os participantes precisam tirar, no mínimo, 60,722 pontos de 100 (nota máxima). Revalida O Revalida é composto por duas etapas (teórica e prática) e usa como referência os atendimentos na área de saúde de atenção primária, ambulatorial, hospitalar, de urgência, de emergência e comunitária, com base na Diretriz Curricular Nacional do Curso de Medicina, nas normativas associadas e na legislação profissional. A participação na segunda etapa, aplicada neste domingo, dependeu da aprovação na primeira, a teórica. E para quem quiser participar do segundo Revalida de 2023, as datas e regras já foram definidas. As provas serão aplicadas em 6 de agosto. E os interessados podem se inscrever até 27 de junho, pelo Sistema Revalida, conforme novo edital publicado pelo Inep, em 6 de junho. * Com informações do Inep Fonte
Dia de conscientização busca informar população sobre o lábio leporino
O universitário Alber Costa nasceu com fissura labiopalatina, uma malformação congênita caracterizada pela abertura no céu da boca ou uma fissura no lábio superior, que pode ocorrer em vários graus, chegando algumas vezes até a afetar o nariz. No Brasil, estima-se que a malformação, também conhecida como lábio leporino, afeta uma criança em cada 650 nascimentos, de acordo com a literatura especializada. Alber Costa superou os desafios e luta por quem tem lábio leporino – Aquivo pessoal/Divulgação A maioria dos estudos considera as fissuras labiopalatinas como defeitos de não fusão de estruturas embrionárias. Ou seja, tanto o lábio como o palato – o céu da boca – são formados por estruturas que, nas primeiras semanas de vida, estão separadas. Não há apenas uma causa para a ocorrência da fissura. Acredita-se que se dê por uma interação de genes associados a fatores ambientais. Neste sábado, 24 de junho, é o Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina. A instituição da data visa estimular a divulgação de informações sobre a malformação, contribuindo para a redução do preconceito. Hoje com 28 anos, Costa diz que sofreu preconceito. “Sofri muito bullying na minha época de colégio, infância e adolescência, uma fase infernal que todas as pessoas que carregam alguma diferença consigo sofrem. O bullying, que antes era visto apenas como “coisas de criança“, hoje é um problema grave. Esses tipos de preconceitos, discriminação e bullying, são reflexo da sociedade na qual vivemos. Os ambientes acadêmicos e as escolas precisam ter um espaço para conhecimento sobre as diferenças”, defende o estudante do curso de Serviço Social. Associação Além de acadêmico, Costa é paciente e atual vice-presidente da Associação Beija Flor (ABF), em Fortaleza (CE). “Superei tudo isso, hoje me tornei vice-presidente da Associação Beija Flor, onde eu luto por direitos para as pessoas com fissura labiopalatina”. A Associação Beija Flor atende pessoas com fissura labiopalatina desde o nascimento à idade adulta no Ceará. Segundo a ABF, atualmente são 1.320 cadastrados. No ano de 2022 foram atendidos 528 pacientes e feitos 3.416 atendimentos nas diversas especialidades disponíveis. A ABF nasceu por iniciativa de profissionais de saúde que vivenciavam as dificuldades enfrentadas pelos pacientes que precisam do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de deformidades craniofaciais e fissura labiopalatina. A entidade atua na reabilitação e reintegração social dos pacientes e suas famílias, abrangendo pessoas do Ceará desde 2002, sendo centro de referência no tratamento no estado. “O tratamento de fissura é um tratamento multidisciplinar muito complexo, exige vários profissionais, são evoluções bem diversas, os tipos de abordagens e terapias são diferentes e precisam de profissionais especializados, para que o paciente seja melhor tratado. A associação tem ampliado essa assistência”, explica a fonoaudióloga Elyne Lacerda Santana Girão, presidente da ABF. Entre as especialidades da unidade está o exame de nasofibroscopia da função velofaringe. “É a função que movimenta o palato mole, que que determina se a comunicação daquele paciente ficará alterada, com aquele aspecto mais fanhoso, com a voz anasalada, que é um estigma tão grande para os pacientes. É o único ambulatório do Ceará que realiza este exame na rede pública”, conta a atual presidente da ABF. Outra iniciativa da ABF é a equipe de assistência perinatal. “Quando a família recebe o diagnóstico na fase pré-natal é assistida pela equipe que acompanha a gestação e está presente no dia do nascimento, com avaliação, orientação na alimentação e depois da alta é acompanhado ambulatorialmente, percorrendo todo o tratamento da criança”. Elyne afirma que o amparo à família pode evitar intervenções. “Acompanhamos nas primeiras horas de vida para que evite receber, até se for o caso, uma sonda de alimentação sem necessidade e evitar de ir para a UTI neonatal. A equipe oferece esse amparo total, com cirurgião, fonoaudiólogo e também psicólogo, para ajudar essa família nesse luto do bebê ideal para o bebê real. Percorremos esse lado com a família antes do bebê nascer”, completa. Estigmas Na avaliação da fonoaudióloga, os preconceitos com a pessoas tratadas com lábio leporino acontecem pelas sequelas. “Se o paciente não vive o tratamento no tempo certo, ele passa a ter sequelas no desenvolvimento, porque é um tratamento longo, geralmente vai até o final do crescimento da face, no início da idade adulta. A criança já nasce com um tratamento longo”. Para diminuir os estigmas, o tratamento deveria ser assegurado, opina Elyne. “Se a gente conseguisse desenvolver políticas públicas para ter esse tratamento assegurado, com criança atendida no tempo certo, as sequelas seriam evitadas e com certeza ela estaria inserida socialmente de forma mais igualitária. Esse dia de conscientização é para olhar a fissura como um tratamento que deve ser visto com a sua importância”, ela defende. O Projeto de Lei 1267/22, em tramitação na Câmara dos Deputados, determina que o SUS preste o serviço de cirurgia plástica reconstrutiva de lábio leporino ou fenda palatina, bem como os tratamentos pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos necessários. Pela proposta, na ausência de especialistas nas redes de unidades públicas, o SUS deverá fornecer a cobertura de todos os procedimentos em algum hospital da rede particular, seguindo os critérios definidos pela administração pública. Em entrevista a Agência Câmara de Notícias, o autor do projeto, deputado Ossesio Silva (Republicanos-PE), disse que, embora o SUS ofereça a cirurgia e o acompanhamento dos pacientes que nascem com essas más-formações congênitas, “sua cobertura não é integral e também é considerada precária, havendo necessidade de um regramento para que haja essa prestação de procedimento”. A Associação Beija Flor está em campanha para poder ampliar a capacidade de atendimento da unidade e abrir a assistência cirúgica . Em parceria com ONG Internacional SmileTrain, a ABF recebeu financiamento para construção de um Centro de Reabilitação Craniofacial especializado em fissura labiopalatina – Hospital Smile Train. As doações podem ser feitas no site da associação. Com isso, espera-se reduzir a demanda reprimida, que contribui para o surgimento de possíveis sequelas que podem afetar este público quando não é oferecido um tratamento na idade certa, pré-estabelecida pelos protocolos que hoje determinam os procedimentos necessários para total reabilitação. Atualmente as cirurgias corretivas são
Into faz recomendações para prevenir queda de idosos
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), neste sábado (24), data que se comemora o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, faz um alerta para a importância da adoção de atitudes preventivas que contribuem para evitar traumas e fraturas provocados por esse tipo de acidente. Segundo o ortopedista do Instituto, Tito Rocha, a atenção deve ser redobrada com os idosos, que estão ainda mais sujeitos a quedas, dentro de casa e na rua. De acordo com o especialista, dois fatores são responsáveis para o aumento dessas ocorrências com o avanço da idade. Entre os idosos com mais de 80 anos, a sarcopenia e a osteoporose são os principais deles. “A fragilidade muscular provocada pela sarcopenia faz com que esses idosos caiam mais e, por conta da fragilidade óssea causada pela osteoporose, ao cair, há a fratura do osso”, explica Rocha. Além das condições associadas à perda de massa muscular, que comprometem a força e o equilíbrio, as chances de quedas nesta faixa etária também estão relacionadas a outros fatores de risco, como os distúrbios de visão e a presença de doenças degenerativas. O especialista enumera ainda que é dentro de casa que boa parte desses acidentes acontecem. Pisos escorregadios, tapetes, objetos deixados no chão e a baixa iluminação podem resultar em quedas. Ele ressalta também que é preciso estar atento aos obstáculos que os idosos podem enfrentar na rua: calçadas com desníveis, buracos e até mesmo as dificuldades no acesso aos degraus dos transportes públicos. Cinco regiões do corpo humano são as mais afetadas pela queda: o fêmur, a bacia, a coluna lombar, o punho e o ombro. Tito Rocha explica que a maioria das fraturas de fêmur necessita de tratamento cirúrgico, já que este é um osso sustentador de carga. “A cirurgia é fundamental para que o paciente consiga se reabilitar o mais rápido possível e retorne a sua condição prévia”. Prevenção Medidas simples podem ajudar a evitar as quedas dentro e fora de casa, como a retirada dos tapetes, a instalação de barras de segurança nos banheiros e o uso de calçados antiderrapantes. Rocha alerta ainda para a importância da prática regular de atividade física. “O exercício melhora o equilíbrio e a força, além de ser um tipo de prevenção barata, sem contraindicação e eficiente”, avalia o especialista. Fonte
Genética e inflamação na gravidez explicam lábio leporino
Estudo realizado em animais conseguiu demonstrar, pela primeira vez, como a interação gene-ambiente durante o desenvolvimento craniofacial do embrião pode dar origem à fissura labiopalatina. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com a University College London, do Reino Unido, conseguiram comprovar em modelo animal que a fenda lábio palatina, também conhecida como lábio leporino, ocorre como resultado da associação de dois eventos: um genético e outro provocado por inflamações durante a gravidez, no período de formação e desenvolvimento do embrião. No Brasil, estima-se que essa malformação afeta uma criança em cada 650 nascimentos. Neste sábado, 24 de junho, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina, data marcada para informar sobre o problema e contribuir para a redução do preconceito. Os pesquisadores acompanham famílias com casos de lábio leporino há anos e havia a suspeita de que para que ocorresse a malformação seria necessário um componente ambiental, além do genético, explica a pesquisadora do CEGH-CEL, Maria Rita Passos-Bueno, que coordenou a pesquisa publicada na Nature Communications. “Ao fazer o sequenciamento genético dessas pessoas, vimos que, apesar de muitas delas terem a mutação no gene CDH1, uma parcela importante não apresentava a malformação. Faltava uma peça que explicasse por completo o que levava à ocorrência do lábio leporino”. O gene CDH1 (que codifica a proteína E-caderina) é um dos exemplos em que uma mutação em um de seus alelos pode levar a ocorrência de lábio leporino e também a um tipo de câncer gástrico. “Vários estudos sugerem um padrão de herança multifatorial, que depende da interação de fatores ambientais e genéticos. Além disso, temos o conhecimento da interação/exposição a bactéria/inflamação e um determinado tipo de câncer gástrico associado a variante em CDH1. Por isso, resolvemos investir em busca de fatores ambientais. Escolhemos inflamação em função dos dados da literatura já associados às fissuras”. Mutação A mutação interfere no processo de migração de células das cristas neurais, aquelas que são presentes no desenvolvimento do embrião e que se diferenciam para a formação de ossos, cartilagem, tecido conectivo da face, entre outros tipos celulares. Com o comprometimento da migração das cristas neurais durante o desenvolvimento embrionário, o processo de diferenciação é prejudicado, podendo causar o lábio leporino. No entanto, como ressalta Passos-Bueno, essa variante sozinha não conseguia explicar completamente a questão hereditária do lábio leporino. “Quando há falta nos dois alelos de CDH1, o embrião morre. Já quando um alelo é normal e o outro mutável, é compatível com a vida e na maioria dos casos não há malformação”, afirma Passos-Bueno. Os pesquisadores passaram a investigar algum fator ambiental que pudesse contribuir com o processo. “Dados da população de pessoas com lábio leporino mostram que obesidade, diabetes e outras situações que são pró inflamatórias, como infecção materna (episódios de febre durante a gestação) são fatores de risco para a criança nascer com fissuras. Os resultados do estudo mostraram que moléculas inflamatórias, denominadas citocinas, induzem uma hipermetilação do gene CDH1”, diz Passos-Bueno. No caso da fissura labiopalatina, ocorreu a epigenética, ou seja, modificações bioquímicas nas células ocasionadas por estímulos ambientais (no caso a inflamação) que promovem a ativação ou o silenciamento de genes, sem provocar mudanças no genoma do indivíduo. A metilação é uma modificação bioquímica que consiste na adição de um grupo metil à molécula do DNA por meio da ação de enzimas. Trata-se de um processo natural e necessário para o funcionamento do organismo, pelo qual a expressão dos genes é modulada. No entanto, quando desregulado, como no caso da hipermetilação do CDH1, pode provocar disfunções nas células e contribuir para o desenvolvimento de doenças e malformações. No entanto, a pesquisa não pode mostrar quais tipos de inflamação, associadas à mutação, podem levar à malformação. “Não temos ainda claro quais são essas inflamações. Mas é importante ficar claro que um fator de risco ambiental sozinho não vai levar a fissura labial”, esclarece a pesquisadora. Experimento No estudo, além dos testes in vitro realizados em células humanas, os pesquisadores fizeram experimentos em camundongo e rãs para provar que a inflamação estava provocando hipermetilação no gene CDH1. As células e os embriões de camundongos e rãs foram expostas a fatores ambientais, por meio de partículas de bactérias que produzem a inflamação. Depois, as fêmeas com cópias normais do gene também foram expostas à inflamação. Quando fêmeas com uma cópia mutada do gene foram expostas à inflamação, os pesquisadores observaram que a prole tinha defeitos na migração da crista neural, o que pode explicar o aparecimento da fissura. A pesquisa pretende, futuramente, identificar quais as inflamações, combinadas com a variante CDH1, podem levar à malformação. “Pretendemos investigar essa questão. A identificação de fatores que ativam a inflamação materna será importante para o estabelecimento de medidas preventivas para a fissura labio-palatina”, concluiu Passos-Bueno. O estudo foi realizado no Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL) – um dos centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – e o artigo Neural crest E-cadherin loss drives cleft lip/palate by epigenetic modulation via pro-inflammatory gene–environment interaction foi publicado na revista Nature Communications. Fonte
Fiocruz propõe criação de cadeia de produtos para saúde no Mercosul
A criação de uma cadeia regional de produtos para a saúde no âmbito do Mercosul foi sugerida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) como uma medida para reduzir a dependência externa. Por meio dessa cadeia, poderia ser garantida a produção de insumos importantes que hoje só são obtidos pelos países do bloco recorrendo ao mercado internacional. A proposta foi defendida pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, durante a reunião do Comitê Ad Hoc para Promover a Expansão da Capacidade Produtiva Regional de Medicamentos, Imunizações e Tecnologias em Saúde. O comitê foi criado em 2021 e é uma instância do Mercosul cujo objetivo é discutir caminhos para a integração entre os diferentes países do bloco e para o enfrentamento de problemas comuns relacionados com o acesso a medicamentos, vacinas e tecnologias. Segundo informou a Fiocruz, Krieger defendeu uma atuação conjunta, em que a produção não precisasse ser país a país, mas aproveitando as capacidades de cada Estado-membro. Ele defendeu ainda que sejam mapeadas oportunidades para laboratórios públicos e privados, bem como as deficiências e as áreas em que há problemas sérios de suprimentos e que necessitam de estratégias específicas. “Na reunião, também foi discutida a formação de uma lista de produtos de saúde estratégicos para a região. Esta lista deve ser encaminhada depois aos ministros da Saúde para ver a viabilidade de pesquisa, desenvolvimento e produção”, informou a Fiocruz. A reunião ocorreu nos últimos dois dias, em Buenos Aires. Estiveram presentes representantes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Fonte
Fiocruz e Pasteur vão pesquisar sobre danos dos fungos no ser humano
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Pasteur firmaram parceria para pesquisar, pelos próximos cinco anos, como os fungos causam danos ao ser humano e ajudar pessoas que sofrem com doenças fúngicas. Os estudos serão realizados por uma unidade internacional do Instituto Pasteur, que ficará localizada no Instituto Carlos Chagas do Paraná. O contrato foi assinado em abril deste ano. As instituições terão ainda o apoio da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. Descoberta brasileira A implantação da unidade do instituto francês no Brasil surgiu após uma descoberta de pesquisadores brasileiros. Há 15 anos um grupo brasileiro identificou, pela primeira vez, a existência de vesículas extracelulares em fungos. Posteriormente, descobriu-se que as vesículas são usadas como veículos pelos fungos para atacar e causar danos ao organismo humano. De acordo com o coordenador da Fiocruz Paraná, Marcio Rodrigues, pesquisas posteriores, desenvolvidas por franceses e ingleses, indicam que as vesículas podem ser usadas para estudos sobre vacinas e resistência a medicamentos antifúngicos. “Nosso modelo principal de estudo é o fungo Cryptococcus, que causa infecções cerebrais muito letais. Mas essas vesículas parecem ser produzidas por todos os fungos estudados até agora. Trata-se de uma característica geral e essencial para a biologia de fungos”, explica o pesquisador em publicação da Fiocruz. Fiocruz e Pasteur trabalham no tema desde 2018. Com a unidade internacional, está previsto intercâmbio de pesquisadores e equipamentos. Haverá reuniões no Instituto Pasteur, em Paris, ainda neste mês e na Universidade de Birmingham, em novembro. Fonte
Saúde recomenda uso de máscara diante de sintomas gripais
Nota técnica do Ministério da Saúde recomenda o uso de máscaras de proteção facial para pessoas com sintomas gripais, pessoas que apresentem fatores de risco para covid-19 e casos suspeitos ou confirmados da doença. De acordo com a pasta, os grupos com fatores de risco para complicações da covid-19 incluem imunossuprimidos, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades em situações como locais fechados e não ventilados, locais com aglomeração e serviços de saúde. No documento, a pasta destaca que, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha declarado o fim da emergência em saúde pública de importância internacional, o vírus continua a circular no Brasil e no mundo. “O vírus ainda tem caráter pandêmico, com transmissão generalizada, e ainda há risco do surgimento de novas variantes que podem ser ainda mais graves do que as variantes atualmente em circulação e devem ser monitoradas.” Além do uso de máscaras faciais, o ministério classifica como importantes medidas não farmacológicas que incluem o distanciamento físico, a etiqueta respiratória, a higienização das mãos com álcool 70% ou água e sabão, a limpeza e desinfecção de ambientes e o isolamento de casos suspeitos ou confirmados. A pasta também reitera a importância da vacinação contra a covid-19, disponível para toda a população acima de 6 meses de idade. O reforço da bivalente está disponível para toda a população acima de 18 anos que tenha recebido pelo menos duas doses da vacina monovalente. Fonte
Aplicações garantem lucro de planos de saúde no primeiro trimestre
O setor de saúde suplementar registrou lucro líquido de R$ 968 milhões no primeiro trimestre de 2023. Esse resultado foi influenciado pela remuneração recorde obtida pelas operadoras com aplicações financeiras. Os dados do período foram divulgados nesta quinta-feira (22) no painel contábil mantido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em seu portal eletrônico. “Em termos relativos, esse resultado equivale a aproximadamente 1,45% da receita efetiva de operações de saúde – principal negócio do setor – que foi de R$ 66,8 bilhões no primeiro trimestre de 2023. Ou seja, para cada R$ 100 de receita efetiva de saúde no período, o setor teve no período cerca de R$ 1,45 de lucro ou sobra”, diz nota da ANS. Chama atenção que o resultado operacional das operadoras médico-hospitalares – principal segmento do setor – fechou o primeiro trimestre com um déficit de R$ 1,7 bilhão. Significa que os valores arrecadados com as mensalidades pagas pelos usuários não foram suficientes para garantir lucro. O prejuízo, no entanto, foi revertido através de ganhos recordes decorrentes de aplicações financeiras, que geraram uma remuneração de R$ 2,5 bilhões. Com esses rendimentos, foi registrado lucro líquido de R$ 620,6 milhões pelas operadoras médico-hospitalares. Resultados positivos são observados em todos os demais segmentos. O lucro foi de R$ 202 milhões entre as operadoras exclusivamente odontológicas e de R$ 145,5 milhões entre as administradoras de benefícios (empresas que atuam como intermediárias na contratação de planos de saúde coletivos, como a Qualicorp e a AllCare). O painel contábil mantido pela ANS é atualizado com dados financeiros que as próprias operadoras de planos de saúde devem apresentar. É possível fazer a consulta por cada uma delas. Sinistralidade De acordo com a ANS, o resultado operacional negativo das operadoras médico-hospitalares resulta da alta sinistralidade. Mais de 87% das receitas advindas das mensalidades estão sendo consumidas com as despesas assistenciais. O restante não tem sido suficiente para fazer frente às demais despesas, que envolvem gastos administrativos e de comercialização, entre outros. A ANS avalia que a manutenção dos altos patamares da sinistralidade está sendo mais influenciada pela lenta recomposição das receitas das grandes operadoras após a pandemia de covid-19 do que por um maior uso dos serviços dos planos de saúde. A dinâmica das contas do setor nos últimos anos foi influenciada pelos efeitos da pandemia. Em 2020, com o baixo uso dos serviços dos planos de saúde em um contexto de isolamento social, houve um lucro líquido recorde de R$ 18,7 bilhões. Já em 2021, foram contabilizados R$ 3,8 bilhões. Em 2022, em meio ao enfraquecimento da pandemia, o resultado deixou a casa dos bilhões. Houve um lucro de R$ 2,5 milhões. Em abril, quando foi apresentado o resultado de 2022, o diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, disse à Agência Brasil que a mensagem era de cautela, mas que já havia sinais de recuperação. Com a divulgação dos dados do primeiro trimestre de 2023, a agência reiterou em sua nota que há indicativos de melhora. “Cabe ressaltar que neste trimestre foi observada reversão de tendência, com a receita (ajustada pela inflação do período observado) subindo mais que a despesa assistencial (também ajustada pela inflação)” Reajuste de planos Os dados do primeiro trimestre de 2023 estão sendo divulgados 10 dias após a aprovação do limite de 9,63% para o reajuste de planos de saúde individuais e familiares. O anúncio foi acompanhado de críticas de diferentes entidades. A organização não governamental Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) considerou que o reajuste autorizado “extrapola o limite do razoável”. A nota divulgada pela entidade chama atenção justamente para a capacidade das operadoras compensarem prejuízos operacionais através da rentabilidade das suas aplicações financeiras, que vêm sendo impulsionadas pelas altas taxas de juros em vigor. Para o Idec, houve um descolamento entre o reajuste permitido e o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -, considerado a inflação oficial do país. “O índice de 9,63% é quase 67% maior do que o valor da inflação acumulada em 2022 e mais uma vez empurra para o consumidor problemas de gestão das operadoras do setor”, disse o Idec, em nota, acrescentando que os rendimentos dos usuários não crescem no mesmo ritmo e lembrando ainda que mais de 82% do mercado de saúde suplementar são compostos por planos coletivos, sejam empresariais ou por adesão, que não são submetidos aos tetos fixados pela ANS e tendem a aplicar reajustes maiores. O percentual máximo é fixado apenas para aumentos nas mensalidades dos contratos individuais e familiares firmados a partir de janeiro de 1999. Índices Já a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), que representa as maiores operadoras de planos de saúde do país, avalia que a fórmula de cálculo gera índices descolados do avanço real dos custos, desconsiderando parâmetros como a sinistralidade das carteiras, a diferença entre modalidades de negócios, a regionalização de produtos e a velocidade da atualização da lista de procedimentos e medicamentos de coberturas obrigatórias. A entidade sustentou, em nota, que o reajuste anual é fundamental para assegurar o equilíbrio financeiro do setor. A atual fórmula é aplicada desde 2019. Ela é influenciada principalmente pela variação das despesas assistenciais do ano anterior. Também é levado em conta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país. De acordo com a ANS, a fórmula garante maior transparência e previsibilidade e foi desenvolvida de modo a evitar um repasse automático da variação de custos, assegurando uma transferência da eficiência média do setor para os consumidores. Fonte
Lotação em UTIs pediátricas deixa 49 crianças na fila em Pernambuco
Pelo menos 49 crianças aguardam um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública do estado de Pernambuco em razão da síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Há ainda dez recém-nascidos na fila por um leito na UTI neonatal por causa da doença. A governadora Raquel Lyra decretou situação de emergência em saúde pública pelo período de 90 dias em razão das elevadas taxas de ocupação de leitos de UTI pediátrica e neonatal provocadas pelo aumento de casos de SRAG no estado. Em nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que o cenário se dá por conta da sazonalidade da gripe pediátrica, período em que as doenças respiratórias têm causado grande impacto nos sistemas de saúde do estado. “A abertura de novas UTIs neonatais é complexa, pois os profissionais necessitam de treinamento específico. Entretanto, a gestão esclarece que segue trabalhando para abrir novos leitos”, informou a pasta. No comunicado, a secretaria destaca ainda a importância da vacinação contra covid-19 e influenza, infecções que podem levar a um quadro de SRAG. A campanha de vacinação contra a influenza em Pernambuco foi adiada até o próximo dia 30. “Além disso, se possível, evitar levar a criança a locais fechados e com aglomerações, manter o cartão de vacinação atualizado, evitar a circulação das crianças em escolas e creches quando apresentarem sintomas de gripe e manter os hábitos de higiene, como lavar as mãos.” Fonte
Casos de síndrome respiratória aguda grave aumentam em Pernambuco
Pelo menos 49 crianças aguardam um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública do estado de Pernambuco em razão da síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Há ainda dez recém-nascidos na fila por um leito na UTI neonatal por causa da doença. A governadora Raquel Lyra decretou situação de emergência em saúde pública pelo período de 90 dias em razão das elevadas taxas de ocupação de leitos de UTI pediátrica e neonatal provocadas pelo aumento de casos de SRAG no estado. Em nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que o cenário se dá por conta da sazonalidade da gripe pediátrica, período em que as doenças respiratórias têm causado grande impacto nos sistemas de saúde do estado. “A abertura de novas UTIs neonatais é complexa, pois os profissionais necessitam de treinamento específico. Entretanto, a gestão esclarece que segue trabalhando para abrir novos leitos”, informou a pasta. No comunicado, a secretaria destaca ainda a importância da vacinação contra covid-19 e influenza, infecções que podem levar a um quadro de SRAG. A campanha de vacinação contra a influenza em Pernambuco foi adiada até o próximo dia 30. “Além disso, se possível, evitar levar a criança a locais fechados e com aglomerações, manter o cartão de vacinação atualizado, evitar a circulação das crianças em escolas e creches quando apresentarem sintomas de gripe e manter os hábitos de higiene, como lavar as mãos.” Fonte
Nova vacina contra a dengue chega ao Brasil na próxima semana
A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou que uma nova vacina contra a dengue deve chegar ao Brasil na próxima semana. Composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, a Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda., foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. De acordo com o órgão regulador, a dose confere ampla proteção contra a dengue. Em nota, a ABCVAC informou que o preço da vacina, disponível inicialmente apenas em laboratórios particulares, deve variar entre R$ 350 e R$ 500 para o consumidor final, dependendo do estado. Em São Paulo, por exemplo, o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) autorizado pela Anvisa para as clínicas é R$ 379,40. “As clínicas devem utilizar esse parâmetro na composição da sua precificação final, que também inclui o atendimento, a triagem, a análise da caderneta de vacinação, as orientações pré e pós-vacina, além de todo o suporte que os pacientes necessitam para se informar corretamente sobre a questão da vacinação”, destacou a ABCVAC. Indicação De acordo com a Anvisa, a vacina é indicada para crianças acima de 4 anos de idade, adolescentes e adultos até 60 anos de idade. A Qdenga, portanto, é a primeira dose aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, a Dengvaxia, só pode ser utilizado por quem já teve dengue. A nova vacina estará disponível para administração via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. “A concessão do registro pela Anvisa permite a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. A vacina, contudo, segue sujeita ao monitoramento de eventos adversos, por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da empresa”, informou. A eficácia contra a dengue para todos os sorotipos combinados entre indivíduos soronegativos (sem infecção anterior pelo vírus) foi de 66,2%. Já para indivíduos soropositivos (que tiveram infecção anterior pelo vírus), o índice foi de 76,1%. “A demonstração da eficácia da Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue com o objetivo de avaliar a eficácia, a segurança e a imunogenicidade da vacina”, informou a Anvisa. Fonte
Campinas inicia inventário de capivaras nos parques da cidade
A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas começou nesta quarta-feira (21) a fazer um inventário da população de capivaras nos parques das Águas, Jambeiro, Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão Filho, em Barão Geraldo, e Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, na Rodovia Heitor Penteado. O trabalho identificará o número de grupos, fêmeas, filhotes e machos e analisará a distribuição espacial dos grupos pelos parques, onde costumam ficar e circulam. Os dados obtidos serão usados para dar embasamento ao pedido de autorização de manejo e esterilização dos animais encaminhado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Um levantamento inicial já foi feito no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) e Lago do Café, ambos no bairro Taquaral, onde foram identificados dois grupos com 48 indivíduos no total. Após a conclusão do levantamento e autorização do governo estadual, a prefeitura de Campinas abrirá licitação para contratar uma empresa e esterilizar as capivaras, incluindo machos, fêmeas e filhotes. Todos os animais serão microchipados e receberão uma marcação que indique a castração. Segundo a Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a medida é importante porque auxiliará na redução do risco de transmissão da febre maculosa, doença transmitida pela bactéria Rickettsia rickettsii, por meio de picada do carrapato estrela. Seus hospedeiros podem variar de região para região, podendo ser cachorros, gatos, cavalos, bois e capivaras, que são os mais comuns. A cidade de Campinas está entre as regiões com mais casos de febre maculosa no estado de São Paulo, junto com Piracicaba. A doença passou a ser detectada na década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba e Assis, nas áreas mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em versão mais branda. Segundo o secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, a região de Campinas é endêmica para o carrapato estrela, assim como para a capivara, que é um animal que existe em todo o Brasil, mas em maior quantidade nas regiões Centro-oeste e Sudeste. “Campinas tem corpos hídricos em grande abundância, ainda preservados, e mais ou menos 14,4% do território é mata. Um terço do território é área de preservação permanente. Nós sempre teremos o risco de presença do carrapato estrela e a presença não só de cavalo e capivara, mas de outros intermediários. As capivaras têm facilidade de transitar, até mesmo em áreas urbanas, porque elas transitam. Basta uma galeria de água para ela chegar numa lagoa, num parque, e é difícil conter”, explicou. O secretário enfatizou que o manejo será feito nas capivaras habitantes dos parques, por isso, não há risco de eliminar a população desses animais. Ainda não há previsão de quando a castração começará a ser feita, porque, além da finalização do inventário e da entrega dos dados para obter a autorização para as cirurgias, é preciso levar em conta o tempo de licitação e contratação das empresas que farão esse trabalho. Casos O município tem cinco casos confirmados de febre maculosa relacionados ao surto na Fazenda Santa Margarida, onde ocorreu uma festa no dia 27 de maio. Quatro pessoas morreram, e uma mulher continua internada.O sexto caso é de uma mulher de 40 anos, moradora de Hortolândia, que aguarda confirmação de exames de laboratório. Ela também permanece internada. A doença não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo contato, e os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta. Em humanos, a enfermidade caracteriza-se por febre e manchas vermelhas no corpo. Além disso, há sinais de fraqueza, dores de cabeça, musculares e nas articulações, tudo de início súbito. Se não for tratada, a doença pode levar à morte rapidamente. Se diagnosticada logo e tratada com antibiótico nos três dias iniciais de manifestações clínicas, tem cura. Porém, depois que a bactéria se espalha pelas células que formam os vasos sanguíneos, o caso pode se tornar irreversível. Fonte
Distribuição de absorventes beneficiará 24 milhões de pessoas
O governo federal divulgou, nesta segunda-feira (19), os critérios para distribuição gratuita de absorventes, que deverá atender cerca de 24 milhões de pessoas em condição de vulnerabilidade social. Conforme portaria interministerial, o público-alvo é de pessoas inscritas no Cadastro Único, em situação de rua ou pobreza, matriculadas em escolas públicas federais, estaduais e municipais e que pertençam a famílias de baixa renda, estejam no sistema penal ou cumprindo medidas socioeducativas. Os absorventes serão distribuídos em estabelecimentos da Atenção Primária à Saúde, escolas da rede pública, unidades do Sistema Único de Assistência Social, presídios e instituições de cumprimento de medidas socioeducativas. Estão previstos cursos de capacitação de agentes públicos para esclarecer sobre a dignidade menstrual, além de campanhas publicitárias. A compra dos absorventes deve levar em conta critérios de qualidade previstos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caberá ao Ministério da Saúde fazer uma estimativa do uso médio de unidades de absorventes e do ciclo menstrual. O Ministério da Saúde ressalta que milhares de pessoas não têm acesso a absorventes no país “e, em consequência, meninas deixam de frequentar aulas por vergonha, e mulheres usam formas inadequadas de contenção do fluxo, como papel higiênico e até miolo de pão”. O projeto, que previa a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda da rede pública e para mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade social, foi aprovado no Senado em setembro de 2021 e seguiu para sanção presidencial. Porém, o então presidente Jair Bolsonaro vetou trechos do projeto. O governo à época argumentou que o projeto contrariava o interesse público. Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou o decreto que regulamenta a Lei nº 14.214/21 e instituiu o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. O objetivo do programa é combater a falta de acesso a produtos de higiene e a outros itens necessários ao período da menstruação ou a falta de recursos que possibilitem sua aquisição, oferecer garantia de cuidados básicos de saúde e desenvolver meios para a inclusão das mulheres em ações e programas de proteção à saúde menstrual. No mesmo mês, o Congresso Nacional derrubou veto de Jair Bolsonaro à distribuição de absorventes. Fonte
Estou tranquila, diz Nísia sobre pressão para trocar comando na Saúde
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta quarta-feira (21) que sua permanência no cargo é prerrogativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que está tranquila em relação ao tema. No início da semana, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tenha reivindicado a indicação do ministério e afirmou que Lula não colocará a pasta como cota de nenhum partido. “O cargo do Ministério da Saúde, de fato, é muito importante, mas tenho uma trajetória dedicada ao Sistema Único de Saúde [SUS], dedicada à democracia. Minha trajetória na Fundação Oswaldo Cruz, como o presidente Lula tem dito, foi o que o motivou a me chamar para esse cargo. Creio que, neste momento, aperfeiçoar as relações com o Poder Legislativo tenha que ser o foco do governo e tem sido”, disse Nísia. Ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro, ela destacou a importância de se alcançar o que chamou de equilíbrio nessa relação. “Isso, pra mim, é o objetivo central. Com relação à permanência no cargo, é uma prerrogativa do presidente. Sou uma ministra de Estado, tenho uma carreira e uma trajetória voltada para a defesa do Sistema Único de Saúde. Fico muito tranquila”, completou. “O importante para o Brasil é que o Ministério da Saúde se fortaleça. Passamos por uma crise gravíssima. A pandemia de covid-19, no Brasil, teve efeito muito maior do que poderia ter, uma vez que perdemos 700 mil vidas. Houve negacionismo de vários preceitos da ciência e a desestruturação do SUS, que é um patrimônio nosso. Estamos reconstruindo esse patrimônio e estou feliz de poder realizar esse trabalho com a confiança demonstrada pelo presidente Lula. Minha convicção é de fortalecer esse trabalho o máximo possível enquanto merecer a confiança do presidente, que é quem define seu ministério.” Febre maculosa Durante o programa, a ministra comentou ainda os casos recentes de febre maculosa identificados no país. “Infelizmente, questões relacionadas a doenças infecciosas que têm exatamente a ver com desequilíbrios ambientais, e é isso que marca o retorno de doenças e a sua intensificação, como é o caso da febre maculosa, estarão presentes. Temos que trabalhar também nessas causas e nessas determinantes”. “De forma objetiva, o que estamos fazendo agora é nos colocar primeiro junto à Secretaria de Saúde de São Paulo, onde apareceram esses casos e ocorreram as mortes, e trabalhar no sentido de identificar o problema, mapear da melhor forma possível e também contribuir para o manejo clinico, ou seja, para o cuidado necessário porque existe medicamento, esse medicamento é disponibilizado pelo SUS e, com isso, é possível evitar que as pessoas que contraiam a doença cheguem ao agravamento da sua saúde ou até mesmo à morte, como aconteceu.” Fonte
Câncer de mama: 2 em cada 10 mulheres negras se sentem discriminadas
Duas em cada dez mulheres pretas e pardas que fazem tratamento de câncer de mama se sentem discriminadas por sua raça ou etnia. Os dados são preliminares e fazem parte de um levantamento em andamento da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Rio de Janeiro (SBM-Rio). A pesquisa, em parceria com o Instituto Nosso Papo Rosa, avalia discriminação ou preconceito sofridos durante etapas do atendimento e tratamento de câncer de mama, nos sistemas público e privado de saúde do estado do Rio. Na sondagem inicial, das 200 mulheres que responderam às perguntas, 40% se reconheceram como pretas ou pardas. Desse universo, 20% desse universo relataram ter enfrentado algum tipo de situação discriminatória, e 10% disseram não ter certeza se o que passaram foi discriminação. Ao serem questionadas sobre a autoestima, cerca de 40% afirmaram que esse fator foi uma barreira para seguir com o tratamento, sendo que 30% deixaram o convívio social e 25% pararam de praticar atividade física. Os dados preliminares mostram ainda que 10% se separaram ou foram abandonadas pelo companheiro ou companheira e 43% das mulheres pretas e pardas entrevistadas não retornaram ao trabalho, após o diagnóstico. “São mulheres na faixa etária de maior risco, entre 45 anos e 65 anos. E a gente teve, infelizmente, essa surpresa de ver, nos dias de hoje, esse sentimento por parte dessas mulheres que já estão sofrendo uma situação [de câncer] tão difícil, tão complicada, principalmente se a gente pensar em sistema público, com toda dificuldade de tratamento, e ainda têm que sofrer com esse racismo estrutural”, disse a presidente da SBM-Rio e do Instituto Nosso Papo Rosa, doutora Maria Júlia Calas A médica explicou que o levantamento é aberto a pacientes de todas as raças e etnias, visando levantar mais dados. “O questionário tem 25 perguntas. Isso abre um leque para outras observações, atingindo outras áreas, como o retorno ao trabalho, por exemplo”. A meta é concluir o levantamento até outubro, mês dedicado à conscientização para a prevenção e o controle do câncer de mama, em todo o mundo. “Para outubro, a gente quer ter esses dados totalmente estruturados”, disse Maria Júlia. As informações colhidas até agora serão apresentadas no Simpósio Internacional de Mastologia (SimRio 2023), que ocorre de 22 a 24 deste mês, no Rio de Janeiro. LGBTQIA+ A médica conta que outro destaque da pesquisa será o público LGBTQIA+, que ela vem rastreando desde 2020. O foco são os transgêneros, pessoas cuja identidade de gênero difere do sexo atribuído ao nascer. “A transgeneridade é o que nos interessa mais, no sentido da possibilidade da doença, porque são pessoas que fazem uso de hormônios para terem características próprias do sexo com o qual se identificam e tomam hormônios em doses elevadas, por períodos muito longos. Essas pessoas têm maior foco nosso de interesse na investigação do câncer de mama”. Informações já coletadas pela SBM-Rio mostram que as mulheres trans (que nascem no sexo biológico masculino, mas se identificam como mulher) fazem uso de hormônio feminino (estrogênio). Com isso, a mama vai crescendo de volume, como elas desejam. “Este hormônio, porém, aumenta o risco de câncer de mama nessa população. A gente vê que nas mulheres trans, a incidência de câncer de mama é maior do que nos homens cisgêneros. Aumenta o risco pelo uso do estrogênio”. A presidente da SBM Rio advertiu, porém, que a literatura ainda não é robusta e não aponta por quanto tempo essa mulher pode usar o hormônio sem risco ou em quanto tempo de uso pode haver o risco de desenvolver o câncer. “Esses são dados que a gente ainda não tem na literatura mundial. Estamos em busca dessas informações”. Com relação à população LBGTQIA+, Maria Júlia Calas apontou a existência de uma carência grande no atendimento, pelo próprio preconceito e pela falta de cuidados de uma equipe multiprofissional em atender de forma adequada essa população. “A gente acaba perdendo controle, diagnóstico, rastreio, perde a chance de cuidar dessa população, sabendo que ela tem um risco maior em função do uso de hormônios”. Para a presidente da SBM Rio, o tema traz um debate e a necessidade de uma abordagem diferente até para a classe médica. As mulheres trans também estão na pauta do Simpósio Internacional de Mastologia, do qual participam médicos de todo o país e do exterior, como mastologistas, oncologistas, radiologistas, entre outros. Fonte