Brasil tem 16 milhões de vacinados com dose bivalente contra covid-19
O Ministério da Saúde informou que 16 milhões de pessoas já receberam a vacina bivalente contra a covid-19. Toda a população acima de 18 anos pode ser imunizada, o equivalente a cerca de 97 milhões de pessoas. Pode tomar a dose bivalente quem recebeu, pelo menos, duas doses de vacinas monovalentes (Coronavac, Astrazeneca ou Pfizer) no esquema primário ou reforço. A dose mais recente deve ter sido tomada há quatro meses. Quem está com dose em atraso, pode procurar também as unidades de saúde. O estado com a maior quantidade de doses aplicadas, até o momento, é São Paulo, onde mais de 5 milhões foram vacinados, seguido por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A campanha de imunização com a vacina bivalente teve início em fevereiro, voltada para os grupos prioritários, como idosos, gestantes e pessoas com deficiência ou imunocomprometidas. Em abril, o governo federal ampliou a dose de reforço bivalente para todo público com mais de 18 anos. “A estratégia da dose de reforço é feita porque, passado um tempo, a resposta do organismo cai e um novo contato com a vacina eleva sobremaneira a efetividade da prevenção contra o coronavírus. Pesquisas já realizadas apontam, por exemplo, que as doses de reforço desempenham um papel fundamental na prevenção de óbitos por Covid-19”, informa o ministério. A pasta orienta ainda que, além da vacina bivalente, as pessoas tomem outras vacinas que estejam atrasadas. Fonte
Ministra defende vacinação contra a gripe em todas faixa etárias
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reafirmou nesta sexta-feira (12), no Rio de Janeiro, a importância da vacinação contra a gripe em todas as faixas etárias, e não apenas nos grupos prioritários, devido ao aumento de casos de Influenza no país. “Isso se amplia no período de inverno que nós estamos entrando e a possibilidade da vacinação significa uma proteção, até porque, em alguns casos, temos complicações devido à gripe. Por isso, recomendamos a vacinação a partir de seis meses de idade”, disse a ministra, após participar da posse do presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mario Moreira. A vacina da gripe já chegou a 30% em cobertura no país, mas Nísia admitiu que a vacinação está aquém do que precisa, apesar do esforço do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde, em especial as secretarias municipais, “porque é na atenção básica que a vacina é aplicada”. Para aumentar o índice de imunização, ela disse ser necessário um trabalho conjunto entre governo e sociedade. “Nós estamos trabalhando junto com cada gestor municipal, estamos envolvendo agentes comunitários de saúde e vamos fazer ações in loco, principalmente nos municípios que estão com baixa cobertura, para tentar ampliá-la”. “Nós estamos estudando como melhorar isso [vacinação]. Já temos várias ações em curso, principalmente de busca ativa da população, para que ela possa ser vacinada”, disse. A imunização contra a gripe começou em abril, na Região Norte, mas é preciso intensificá-la, afirmou Nísia Trindade. Em relação à cobertura da vacinação indígena, que atingiu em torno de 16%, com destaque para a população Yanomami, onde os casos de síndrome gripal já são o dobro do ano passado, com casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) quase alcançando o nível de 2022, a ministra esclareceu que foi feita uma vacinação específica para os povos indígenas, uma multivacinação. “Muita preocupação também não só com a vacina contra a covid-19, mas vacinas para as chamadas doenças da infância, com aumento de casos de sarampo e preocupação com a pólio”. De acordo com a ministra, a campanha foi intensificada e terá continuidade. PNI O Programa Nacional de Imunizações completa 50 anos este ano. “São 50 anos de muito êxito e, principalmente nos últimos quatro anos, de grande preocupação, porque perdemos a luta da cobertura de vacinas que já era uma parte mais do que normalizada. Ou seja, não era um problema. Todas as famílias levavam suas crianças para vacinar contra a pólio, contra sarampo, contra rubéola. Isso já era uma prática que não veio do nada”. Ela lembrou que graças às campanhas de imunizações, o Brasil conseguiu erradicar a varíola. “Isto significa que não tem circulação do vírus em nenhuma região do país”. Disse ainda que na década de 1970 foi conseguido sucesso também em relação à meningite, a pólio, que havia sido eliminada da região das Américas e que, infelizmente, voltou”. Segundo a ministra, esses são alertas para que seja feito um movimento nacional envolvendo todos os níveis de governo e a sociedade, com o objetivo de recuperar essas coberturas. “É nesse processo que nós estamos. Sabemos que a reversão não será rápida, porque houve muita campanha contra a vacina e, também, muita mudança na sociedade. Doenças que deixaram de ser ameaça não geram a visão de que é preciso que as pessoas se protejam. Por isso, disse que não pode haver uma atitude passiva. Estamos montando muitas estratégias, busca ativa, envolvendo as escolas, festas populares, ações em todas as áreas de governo. Não fazemos da vacina um evento só da saúde”. Nísia Trindade disse que existem estudos que explicam a baixa cobertura vacinal. E um dos motivos para isso, segundo ela, são as fake news, ou notícias mentirosas, “fator fundamental a ser combatido”. Essas notícias mentirosas são criminosas, na avaliação da ministra, e muitas vezes “propagadas por médicos que ferem o código de ética, falando de mortes por vacina, alegando pesquisas que não têm nenhuma base”. A saúde é um dos casos que têm de ser vistos com muita atenção no Projeto de Lei das Fake News, alertou. A ministra defendeu a necessidade de ampliar a oferta de horários e de locais de vacinação e de encarar a questão como um problema que se formou e não como um problema de rotina. Para a ministra, os agentes comunitários de saúde têm papel fundamental nesse processo, indo até as famílias, às casas. “Terá de ser uma grande mobilização nacional” para ampliar a cobertura vacinal no Brasil, disse Nísia Trindade. Fonte
Novo presidente da Fiocruz quer investimentos e reposição de pessoal
O presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mario Moreira, disse nesta sexta-feira (12) que a instituição precisa de investimentos para modernizar suas instalações e tecnologias, ao tomar posse como presidente efetivo, depois de quatro meses e meio como interino. “Basicamente [precisamos de] investimentos na modernização de seu sistema de ciência e tecnologia, na recuperação de prédios e atualização das plataformas tecnológicas”, disse Moreira. Ele citou como exemplo um recente incêndio na sede da fundação para a necessidade de investimentos. Moreira também disse que é preciso contratar pelo menos 1.400 funcionários para repor perdas com saídas recentes por motivos como aposentadoria. “A Fiocruz precisa urgentemente de um concurso público. Já apresenta a necessidade de uma reposição de cerca de 1.400 pessoas. Então é disso que se trata agora nossa agenda com o Ministério da Saúde e o Ministério da Gestão”. O presidente da Fiocruz destacou que, entre as prioridades da fundação, estão ampliar as articulações com institutos de pesquisa, aumentar sua presença física em outros estados e colaborar com o desenvolvimento da saúde pública de outros países da América Latina e da África. Mário Moreira estava no cargo como interino desde o dia 2 de janeiro, como substituto de Nísia Trindade, que assumiu o cargo de ministra da Saúde. Antes de assumir a presidência interina, Moreira, que trabalha na Fiocruz desde 1994, atuou como vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional de 2017 a 2022. Sua nomeação como presidente foi publicada no Diário Oficial da União em 13 de abril, depois de vencer uma eleição, como candidato único, para um mandato de dois anos. Fonte
Encontro debate políticas de saúde para população em situação de rua
A 1ª Conferência Livre Nacional de Saúde com a População em Situação de Rua (CLNSPopRua) debate, nesta sexta-feira (12), na capital paulista, as diretrizes para políticas de saúde voltadas a esse grupo e que serão levadas à 17ª Conferência Nacional de Saúde. Ao longo do dia, pessoas com trajetória em situação de rua, movimentos populares e profissionais que atuam no atendimento a essa população participam do evento de forma presencial e remota, o que permite a participação de representantes de todo o país. Integrante do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) Vanilson Torres, que atualmente é um dos conselheiros no Conselho Nacional de Saúde, disse que a conferência pretende levar as pautas da população em situação de rua relacionadas à saúde para dentro das propostas da Conferência Nacional de Saúde. “No primeiro acesso dessa população a serviço de saúde, ela recebe logo um preconceito, é recebida com discriminação e, por seu modo de vida, por suas vestes, pelo seu odor, muitas vezes não passamos do segurança, do guarda do posto da UBS ou outro serviço de saúde. E aí quem vai voltar mais no local que é maltratado?”, disse Torres, acrescentando que é preciso conhecer as especificidades desse grupo para o atendimento em saúde. Ele ressalta que a população em situação de rua sofre com os estereótipos, como relacionado a drogas e acusações de que são “vagabundos”, mas que as condições que levam as pessoas às ruas são mais complexas. “Nós temos aí uma pandemia que está mostrando isso. Temos a Emenda à Constituição 95 [teto de gastos], que não gera investimentos, temos as deformas – que não foram reformas – trabalhista e da Previdência e retrocessos históricos que vivenciamos, que levam a cada dia famílias inteiras ou indivíduos para as ruas”. “Desde o acesso a ser atendido pelo Samu à questão da moradia, todas as políticas públicas têm relação com a população de rua. Não existe saúde sem moradia, não existe saúde sem a garantia básica das nossas vidas e a ter um teto”, disse “E aí eu pergunto: como é ter saúde, como é ter garantia de saúde dormindo num papelão numa marquise? Como é ter garantia de saúde sem ter água potável, sem ter alimentação, sem segurança alimentar? Para tomar inclusive medicamentos fortes, como é para tuberculose. Como vai ter saúde tendo uma pedra de paralelepípedo como travesseiro?”, questionou. As discussões e produções dos grupos de trabalho ocorrem em torno de quatro eixos: O Brasil que temos. O Brasil que queremos; O papel do controle social e dos movimentos sociais para salvar vidas; Garantir direitos e defender o SUS, a vida e a democracia; e Amanhã vai ser outro dia para todas as pessoas. Todo o trabalho desta sexta-feira vai resultar em um relatório final com as propostas aprovadas que serão levadas à Conferência Nacional de Saúde por delegados eleitos em plenária. Também integrante do MNPR, Pedro Luiz da Silva, que esteve em situação de rua por cerca de 20 anos, avalia que é importante que a própria população em situação de rua contribua na construção das propostas de políticas, poque eles sentem na pele. “É ótimo [levar propostas para a conferência nacional], agora nós temos a chance para sentar numa mesa para discutir as nossas propostas”. Ele tem uma proposta para facilitar e agilizar o atendimento das pessoas nas ruas. “Eu pessoalmente gostaria que as ambulâncias que socorressem pessoas vulneráveis tivessem a biometria, porque quando os bombeiros vão socorrer alguém ou as ambulâncias eles querem documento, eles demoram, querem identificar a pessoa. Eu acho que, com a biometria, vai saber da onde a pessoa vem, se ela tomou algum medicamento, para ser mais rápido. Porque eu vejo a demora no centro de São Paulo que é o socorro de uma pessoa vulnerável”. O assistente social José Carlos Varella Junior, que trabalha com população em situação de rua há 30 anos, disse que a conferência pretende “fazer com que a sociedade pare para pensar que população de rua também é cidadão. Os movimentos são movimentos para promover cidadania, promover as pautas de discussão da rua e levar o protagonismo para as instâncias maiores de discussão de deliberação, que são os conselhos as conferências.” Entre as demandas específicas para esse grupo, ele cita a necessidade de melhorar o financiamento do SUS nos equipamentos que cuidam dessa população, de se promover um atendimento humanizado e de reconhecer a população em situação de rua como sujeitos de direito. Fonte
OMS declara fim da emergência em saúde por mpox
Quase uma semana após alterar o status da covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a mpox (ou varíola dos macacos) não configura mais emergência em saúde pública de importância internacional. Em julho de 2022, a entidade decretou o status de emergência em razão do surto da doença em diversos países. Mais de 87 mil casos e 140 mortes foram reportadas em 111 países. “Observamos agora um progresso constante no controle do surto com base em lições aprendidas com o HIV [vírus da Aids] e trabalhando conjuntamente com as comunidades mais afetadas”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao destacar uma queda de quase 90% nos casos ao longo dos últimos três meses quando comparados ao trimestre anterior. Segundo Tedros, o trabalho de organizações comunitárias, juntamente com autoridades de saúde pública, tem sido fundamental para informar as pessoas sobre os riscos da mpox, encorajar e apoiar uma mudança de comportamento e defender o acesso a testes, vacinas e tratamentos para que sejam acessíveis aos mais necessitados. “Entretanto, assim como com a covid-19, o fim da emergência não significa que o trabalho acabou. A mpox continua a apresentar desafios de saúde pública significantes que precisam de uma resposta robusta, proativa e sustentável”, explicou o diretor-geral da OMS, ao destacar que o vírus segue afetando comunidades globalmente, inclusive na África. “Casos relacionados a viagens registrados em todas as regiões demonstram a ameaça contínua. Existe risco, em particular, para pessoas que vivem com infecção por HIV não tratada. Continua sendo importante que os países mantenham suas capacidades de teste e seus esforços, avaliem os riscos, quantifiquem suas necessidades de resposta e ajam prontamente quando necessário”, finalizou Tedros. A doença A mpox (ou varíola dos macacos) é uma doença zoonótica viral. A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza. De acordo com o Ministério da Saúde, o intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas (período de incubação) varia de três a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. Depois que as crostas na pele desaparecem, a pessoa infectada deixa de transmitir o vírus. As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas podem aparecer antes. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas que secam e caem. O número de lesões em uma pessoa pode variar de algumas a milhares de lesões. As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e na planta dos pés, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, nos olhos, nos órgãos genitais e no ânus. Fonte
Lula sanciona R$ 7,3 bilhões para novo piso nacional da enfermagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou projeto de lei que abre crédito especial de R$ 7,3 bilhões para o pagamento do piso nacional dos trabalhadores da enfermagem. A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (12), Dia Internacional da Enfermagem. O novo piso para enfermeiros contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é de R$ 4.750, conforme definido pela Lei nº 14.434. Técnicos de enfermagem recebem, no mínimo, 70% desse valor (R$ 3.325) e auxiliares de enfermagem e parteiras, 50% (R$ 2.375). O piso vale para trabalhadores dos setores público e privado. Dados do Conselho Federal de Enfermagem contabilizam mais de 2,8 milhões de profissionais do setor no país, incluindo 693,4 mil enfermeiros, 450 mil auxiliares de enfermagem e 1,66 milhão de técnicos de enfermagem, além de cerca de 60 mil parteiras. Fonte
Vacina brasileira contra covid-19 tem bons resultados em testes
A primeira fase de testes clínicos da vacina SpiN-Tec contra a covid-19 tem apresentado resultados positivos. Desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é a primeira vacina 100% nacional, por não depender de transferência de tecnologia ou de importação. Dados preliminares indicam que ela não apresentou problemas de segurança com os voluntários e tem potencial para gerar uma resposta imunológica ao vírus causador da doença. Depois de passar pela fase pré-clínica, quando os testes realizados em animais de laboratório não apresentaram efeitos colaterais, a fase clínica 1 começou em novembro do ano passado. Até março deste ano, a vacina foi aplicada em 36 pessoas, com idade entre 18 e 54 anos. Os dados estão em análise pelos pesquisadores e devem ser apresentados ainda neste mês para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é que a fase clínica 2 comece no início de junho com 372 voluntários entre 18 e 85 anos. Eles precisam ter sido vacinados com duas doses iniciais da vacina CoronaVac ou da AstraZeneca, e uma ou duas doses de reforço da Pfizer ou AstraZeneca. Quem tomou a vacina bivalente não pode participar dessa fase. Ter tido covid-19 não é um impeditivo, desde que tenha ocorrido há mais de seis meses. Na fase 2, o foco dos testes é na imunogenicidade, ou seja, verificar o nível de anticorpos gerados e a resposta dos linfócitos na proteção do organismo. A informações são de Helton Santiago, coordenador dos testes clínicos da vacina e professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. Ele explica que, ao contrário do que ocorreu nos testes das primeiras vacinas contra a covid-19, desta vez o objetivo é testar a eficácia da SpiN-Tec como dose de reforço. “Seria muito difícil, neste momento, ir atrás dos poucos no Brasil que não foram vacinados com nenhuma dose. A estratégia do CT Vacinas da UFMG foi mesmo desenvolver um imunizante que sirva como reforço. O nosso tem o diferencial de focar na imunidade celular. Quando os anticorpos neutralizantes falham, é a imunidade celular que segura a infecção e a deixa leve. Então, a gente acredita que essa vacina vai ser ideal para proteger contra novas variantes. Enquanto outras vão perder a eficácia, a nossa não deixa as variantes escaparem da imunidade”. Etapas seguintes O cronograma prevê o início da fase 3 em dezembro deste ano ou em janeiro de 2024. Até o início de 2025 a vacina pode estar disponível para a população. Os testes contam com investimentos de diferentes fontes: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Rede Vírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), da prefeitura de Belo Horizonte e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Helton Santiago reforça que é preciso ter paciência com possíveis ajustes de datas. Por ser a primeira vez que se produz uma vacina do tipo no Brasil, os testes estão mais sujeitos aos imprevistos e empecilhos da falta de experiência prévia. “Nós estamos aprendendo sobre o que é necessário para tirar uma vacina da pesquisa básica e levar para a pesquisa clínica. E estamos enfrentando vários gargalos da ciência brasileira e resolvendo da melhor forma possível. Então, muitas vezes, a gente faz um planejamento de cronograma e enfrenta situações que às vezes nem sabia que existiam”, explica Helton. “Não estão faltando recursos para a caminhada. Os entraves são realmente técnicos. Precisamos criar estruturas, criar ensaios, criar know-how para vencer várias etapas que o Brasil não tinha a expertise necessária”. Fonte
Doenças inflamatórias intestinais vêm aumentando no país, alerta ABCD
O Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) é lembrado em 19 de maio. Para marcar a data, a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn prepara uma série de ações para conscientizar a população sobre os cuidados para conter a enfermidade. Cerca de 10 milhões de pessoas ao redor do mundo são afetadas pela doença e a incidência vem aumentando também no Brasil. Entre as ações programadas pela ABCD para o Maio Roxo está a live Doenças Inflamatórias Intestinais – Qual o melhor tratamento para mim, Dra? a ser transmitida no próximo dia 15, às 20h, no perfi da entidade. No dia 21, haverá a tradicional caminhada do Maio Roxo em prol da conscientização das pessoas, com concentraçãobmarcada para as 9h, na Praça Oswaldo Cruz, na Avenida Paulista, próxima à Casa das Rosas. No dia 22, às 20h, será transmitida uma live especial sobre a importância do Maio Roxo e das evidências científicas nas doenças intestinais. A programação visa mostrar os males causados e aumentar a visibilidade para a doença. Incidência Em entrevista à Agência Brasil, nesta quinta-feira (11), a vice-presidente da ABCD, Andrea Vieira, alertou que as doenças intestinais têm apresentado aumento da incidência no Brasil como um todo, mas em especial nas regiões Sul e Sudeste. “Isso é mais notado nessas regiões do que nas outras, provavelmente porque somos expostos muito mais, pela nossa vida 100% urbana, aos fatores que colaboram com a doença”. A causa do distúrbio é multifatorial. Abrange desde fatores genéticos até o sistema imunológico extremamente amplificado, microbiota (conjunto de bactérias, vírus e fungos que fazem parte do corpo humano) alterada, além de fatores externos, ou ambientais, como conservantes químicos, poluição, estresse, alimentos transgênicos, tabagismo. ”Fatores a que nós somos expostos no nosso dia a dia e que trazem um agravamento, na medida em que o país se desenvolve e se industrializa”, diz a especialista. Andrea Vieira afirmou que a doença era mais prevalente e tinha incidência maior há 20 ou 30 anos em países mais ricos, como Estados Unidos, Canadá, países nórdicos da Europa. “Hoje, ela acomete pessoas no mundo inteiro. Com certeza, fatores ambientais estão fazendo parte da fisiopatogenia dessa doença”. Acometimento A DII acomete o adulto jovem, entre 15 e 40 anos de idade e, depois, em um segundo pico, entre os 60 e 70 anos. “Na verdade, pode acometer qualquer faixa etária, mas essas são as faixas que se vê mais acometidas”, explicou a vice-presidente da ABCD. Como se trata de uma doença autoimune, Andrea Vieira afirmou que o importante é ter o diagnóstico precoce, uma vez que as doenças oscilam entre períodos de crise e de acalmia, ou calmaria. “Esse tempo é individual em cada paciente. Muitos têm a doença, os sintomas, e depois ficam bem rapidamente. Isso vai, às vezes, atrasando o diagnóstico. Muita vezes são tratados como virose porque os principais sintomas são dor abdominal, cólica, diarreia. O paciente acaba retardando o diagnóstico”. Quando isso acontece, o desfecho pode ser desfavorável para o paciente, sinalizou a médica. “Porque deixa tempo para a doença progredir e trazer uma disfuncionalidade do órgão, que é consequência da evolução da doença. Trabalhar com diagnóstico precoce é muito importante”, assegurou. Andrea indicou que, atualmente, o que se pode fazer para melhorar o quadro desses pacientes é ter uma vida saudável, com boa alimentação, longe de alimentos ultraprocessados, praticar exercícios, evitar o tabagismo, controlar a obesidade desde a infância. O diagnóstico é feito com avaliação clínica detalhada do paciente, seguida de exames complementares laboratoriais (sangue e fezes, este último com o marcador de calprotectina fecal), além de exames de imagem, entre os quais a enterografia por tomografia ou por ressonância. O principal exame a ser feito, porém, é a videocolonoscopia com biópsia dos segmentos acometidos. Maio Roxo A mensagem principal de Andrea Vieira no Maio Roxo é que as pessoas saibam que existem essas doenças inflamatórias que, nos últimos dez anos, tiveram incidência em elevação. “Hoje nós temos ao redor de dez casos novos para cada 6 mil habitantes por ano, com prevalência de 100 casos para cada 100 mil habitantes.” Por este motivo, a médica reafirmou a importância de as pessoas saberem que, diante de sintomas como dor abdominal, sangramento retal, diarreia, perda de peso sem explicação ou febre que não tem causa, devem procurar o serviço médico especializado. Segundo a médica, é preciso investigar, “porque as doenças inflamatórias intestinais estão aí e não são mais consideradas doenças raras. E se não tem diagnóstico precoce, isso vai só retardando o paciente receber o tratamento correto”. De acordo com a associação, quando não diagnosticadas corretamente, e sem tratamento adequado, as DIIs podem levar à incapacidade física, baixa qualidade de vida e hospitalizações recorrentes. O tratamento pode incluir medicamentos para controle dos sintomas e cicatrização da mucosa; casos moderados a graves ou que não responderam ao tratamento convencional podem se beneficiar com o uso de agentes biológicos. Os tratamentos sob prescrição e indicação médica são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e têm cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Fonte
Fiocruz inaugura Centro de Covid Longa no Rio
O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e a diretoria executiva da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) inauguraram nesta quinta-feira (11) o Centro de Covid Longa, em Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação, que integra o programa Unidos Contra a Covid-19, permitiu equipar o INI/Fiocruz com a infraestrutura necessária para que o Centro de Covid Longa seja um espaço de pesquisa multidisciplinar, bem como um centro de tratamento e reabilitação de pessoas com sequelas da covid-19, proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes. No Centro de Covid Longa é desenvolvido o projeto Recover Pós-Covid: monitoramento, avaliação multidisciplinar e reabilitação de indivíduos com afecções pós-covid-19 no Rio. E, também, o Recover-Pós-Covid Sistema Único de Saúde (SUS) Brasil, uma colaboração entre pesquisadores do INI, do Instituto Oswaldo Cruz e da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). Vírus ainda circula “O vírus continua circulando e temos que não apenas fortalecer a capacidade de resposta do país a novas ameaças da covid-19 na saúde pública, seja na imunização, vigilância, pesquisa ou assistência, mas também lidar com as enormes sequelas deixadas pela doença na população”, disse, em nota, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira. O projeto envolve avaliações nos eixos cardiovascular, respiratório, hematológico, imunológico, neurológico/fisioterápico, metabólico-nutricional, otorrinolaringológico e saúde mental/qualidade de vida e ainda estudará a carga de doença da covid longa. Também pretende gerar evidência científica para subsidiar a formulação de políticas públicas para o enfrentamento do impacto da covid longa na população brasileira e ampliar o acesso aos serviços de de reabilitação no Sistema Único de Saúde (SUS). Fonte
Segunda fase da Operação Gota vai imunizar 6 mil indígenas no AM
Cerca de 6 mil indígenas devem ser imunizados entre os dias 13 de maio e 1º de junho no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Médio Rio Solimões e Afluentes, no Amazonas. A segunda fase da Operação Gota, parceria entre os ministérios da Saúde e da Defesa, vai cobrir os municípios de Envira, Eirunepé, Ipixuna, Itamarati e Jutaí, totalizando 62 aldeias. A operação conta com o suporte de duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) – um helicóptero H-60L Black Hawk e um avião C-105 Amazonas – para o transporte diário de 14 profissionais da saúde e de materiais. Durante 20 dias, serão ofertados 20 tipos de imunobiológicos, que incluem vacinas contra a covid-19 e a influenza, além de doses antirrábicas. O público-alvo são crianças, adolescentes, gestantes e idosos. Também serão promovidos atendimentos em saúde física e psicológica. “O suporte logístico dos militares é fundamental para que as ações do governo federal consigam alcançar as populações em regiões mais remotas e de acesso difícil do país”, destacou, em nota, o Ministério da Defesa. Durante a primeira etapa da operação, em abril, foram imunizados cerca de 8 mil indígenas do município de São Gabriel da Cachoeira (AM), no Distrito Sanitário Especial Indígena de Alto Rio Negro, totalizando 111 aldeias. Para este ano, estão previstas oito novas missões, incluindo outros estados. A operação A Operação Gota é classificada como uma estratégia de vacinação em áreas de difícil acesso geográfico. A ação é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente e o Ministério da Defesa, por meio de um termo de cooperação técnica, para utilização de horas-voo. A proposta é ofertar às populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas doses do Calendário Nacional de Vacinação, visando ao controle de doenças imunopreveníveis em território brasileiro. Os critérios utilizados para seleção das áreas que se caracterizam como de difícil acesso são: – área não atendida por rodovia ou hidrovia; – área que exige do profissional mais de cinco dias de viagem; – área sem visitação/entrada por mais de seis meses no ano; – área com barreiras geográficas; – área de floresta que exige a permanência do profissional por mais de quatro dias sem comunicação. Fonte
Fiocruz alerta para ressurgimento do sorotipo 3 da dengue
Estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), coordenado pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), mostra o ressurgimento recente do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil, que há mais de 15 anos não causa epidemias no país, o que faz acender o sinal de alerta quanto ao risco de uma nova epidemia da doença causada por esse sorotipo viral. A pesquisa apresenta a caracterização genética dos vírus referentes a quatro casos da infecção registrados este ano, três em Roraima, na Região Norte, e um no Paraná, no Sul do país. Segundo a Fiocruz, a circulação de um sorotipo há tanto tempo ausente preocupa especialistas. “Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, alerta, em nota, o virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, que atua como referência regional para dengue, febre amarela, chikungunya, Zika e vírus do Nilo ocidental. O vírus da dengue tem quatro sorotipos. Segundo a Fiocruz, a infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente. O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente por outro sorotipo. Para compartilhar rapidamente as informações, os resultados da análise foram divulgados em artigo preprint na plataforma medRxiv, sem o processo de revisão por pares. O trabalho foi submetido para publicação em periódico científico. A pesquisa contou com a parceria dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) de Roraima e do Paraná, além da participação de especialistas de diversas instituições de pesquisa. Segundo o virologista Felipe Naveca, as análises indicam que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, no período entre 2018 e 2020, provavelmente no Caribe. “A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”. Dos quatro casos analisados, três são referentes a casos autóctones de Roraima, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem. Já o caso no Paraná foi importado, diagnosticado em uma pessoa vinda do Suriname. Os casos foram inicialmente identificados pelos Lacens de Roraima e Paraná, respectivamente. Segundo o pesquisador, foram as equipes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos de Porto Rico e do Departamento de Saúde da Flórida, que identificaram os casos vindos de Cuba e nos EUA. “Assim, esse é um alerta válido não só para o Brasil, mas para toda a região das Américas. Tendo em vista estarmos vivendo um grande número de casos de arboviroses esse ano no Brasil, a detecção de um novo sorotipo do vírus da dengue não é uma boa notícia”, disse. A pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam); da Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas; da Rede Genômica Fiocruz; do Inova Fiocruz (Inovação Amazônia); do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde do Brasil; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Fonte
Anvisa revoga restrições sanitárias para embarque em cruzeiros
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revogou as restrições sanitárias para embarque, desembarque e transporte de viajantes em cruzeiros marítimos. As regras haviam sido aprovadas em 2022, em razão da pandemia de covid-19. Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência internacional provocada pelo vírus. Em reunião, a diretoria colegiada da Anvisa decidiu que não será mais obrigatória a cobrança do comprovante de vacina ou de testes negativos de covid-19 para embarque em cruzeiros. A companhia marítima, entretanto, ainda pode exigir testes ou vacina. Segue obrigatória a notificação de casos suspeitos e confirmados. Deve haver o isolamento de pessoas a bordo com suspeita de estarem infectadas. Em nota, a Anvisa destacou que a edição das restrições, à época, permitiu a retomada das atividades de cruzeiros no Brasil, em razão da queda no número de casos e mortes pela covid-19. “Contudo, naquele momento, o contexto ainda era de muitas incertezas sobre os cenários futuros, o que exigiu cautela e precaução por parte das autoridades de saúde”. “Vale observar que a decisão não acaba com as regras para as operações de embarcações e plataformas e ainda está alinhada à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de mudança do modo de emergência para uma atuação regulatória de enfrentamento contínuo”, completou a Anvisa. Regras em vigor Seguem vigentes as normas que tratam do controle sanitário de viajantes em portos, aeroportos, passagens de fronteiras e recintos alfandegados, além dos requisitos mínimos para a promoção da saúde em portos de controle sanitário instalados no território nacional e embarcações que por eles transitem. “Dessa forma, seguem vigentes requisitos importantes que permitem a avaliação do risco à saúde pública para aplicação de medidas sanitárias pertinentes”, destacou a Anvisa. Isso significa que as operações devem ser autorizadas pela agência e, para isso, as embarcações seguem obrigadas, por exemplo, a informar a situação de saúde a bordo por meio de declaração marítima de saúde e cópia do livro médico de bordo. Além disso, em caso de suspeita ou evidência de evento de saúde pública a bordo, continua sendo obrigatória a necessidade de comunicação imediata à autoridade sanitária, para garantir a avaliação do risco à saúde, para a aplicação das medidas sanitárias pertinentes. Fonte
Marina Silva recebe alta hospitalar após tratar da covid-19
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, recebeu alta hospitalar nesta quarta-feira (10), por volta das 9h30. Ela estava internada no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor), na capital paulista. A ministra deu entrada no sábado (6) no hospital, após ter testado positivo para a covid-19, para realizar exames. O hospital informou que, como a ministra estava com esquema vacinal completo, “isso contribuiu para que o quadro de saúde fosse controlado”. Ela deve permanecer em repouso em casa e retomará as atividades ministeriais a partir da próxima semana, conforme orientação médica. A alta foi assinada pelo cardiologista Sérgio Timerman, pela infectologista Tânia Mara Varejão Strabelli e pelo diretor da Divisão de Pneumologia do InCor, Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho. Fonte
Pandemia acentua insegurança alimentar para pessoas trans
Sete em cada dez pessoas transgênero enfrentaram insegurança alimentar durante a pandemia de covid-19. Para um quinto do grupo minoritário, o quadro foi severo, já que não tinha condições de fazer todas as refeições do dia, nem como comprar alimentos, passando fome. É o que comprova estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal da Paraíba (UFPB), publicado hoje (10), no periódico científico Plos One. Como forma de averiguar o cenário, a equipe de cientistas analisou relatos de experiências de 109 pessoas, por meio de um questionário. Os participantes, que responderam de modo voluntário, eram de todas as regiões do país, sendo a maioria negra. O critério aplicado para se definir o estado de insegurança alimentar foi o da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que entende como contextos em que o acesso ao alimento está sob ameaça. Isso significa quantidades insuficientes de comida, medo de o alimento acabar e a falta de estabilidade no fornecimento. Também se enquadra na classificação a inadequação da comida disponível, do ponto de vista cultural e/ou nutricional. Mortes Sávio Marcelino Gomes, autor principal do artigo, nutricionista e docente da UFPB, destaca que a comunidade trans é uma das mais vulneráveis. “O Brasil, apesar de a gente ter alguns avanços na saúde, como o processo transexualizador e de existir uma política nacional de saúde para a população LGBTQIA+, de forma geral, é também o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo”, assegura. O pesquisador comenta que, ao não poder entrar no mercado de trabalho, por conta da discriminação, chamada, nesse caso, de transfobia, as pessoas trans acabam em uma circunstância de suscetibilidade quanto à alimentação, camada que se soma à da fragilização por meio da violência. Gomes faz, ainda, uma crítica aos dados sobre a população trans que se tem, atualmente, à disposição no Brasil. “À medida que sofrem rejeições de empregos, sofrem violências dentro do mercado de trabalho, do setor da educação e também na área de assistência em saúde, quando tentam acessar a atenção primária, essas pessoas sofrem também experiências de estigma, e tudo isso junto, coloca essas pessoas em uma posição social de vulnerabilidade aos piores males que nossa sociedade tem. E a fome é um deles, apesar de a gente não [ter] esse resultado de forma nacional, porque nossos inquéritos, por muito tempo, também não mostram essa população. É uma população que está invisibilizada”, afirma Gomes, que é doutor em saúde pública. Fonte
Detecção de câncer no SUS é desafio para 70% de moradores de favela
As maiores dificuldades de moradores de favelas em todo país no acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer estão na demora em realizar agendamentos de exames (82%) e no acesso a instituições de saúde (69%). As informações fazem parte da pesquisa Oncoguia “Percepções e prioridades do câncer nas favelas brasileiras”, realizada pelo DataFavela e o Instituto Locomotiva. O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (9), em Brasília. A pesquisa escutou 2.963 pessoas, maioria de raça negra, classes D e E, de todas as regiões do país, entre os dias 18 de janeiro e 1º de fevereiro deste ano. A maioria do público ouvido depende exclusivamente do SUS (82%). Entre os entrevistados, 70% disseram que tentam cuidar da saúde, mas relatam que nunca encontram médico no posto de saúde e os exames demoram muito. A pesquisa revelou, por exemplo, que 45% dos moradores de favelas têm dificuldade para chegar na Unidade Básica de Saúde (UBS), levando, em média, uma hora nesse trajeto. Em outro trecho, 41% dos entrevistados responderam que não costumam fazer exames ou só realizam quando estão doentes. Esse índice cai para 34% entre pessoas que têm 46 anos ou mais. Para a fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, esses dados mostram a desigualdade no acesso à saúde no Brasil, além de indicarem a falta de transparência nas informações para a população. “Tem muito tempo que a gente acompanha esses problemas e, literalmente, nada acontece. Uma coisa são as filas e a gente sabe que elas são grandes, mas a gente não sabe de que tamanho é a fila, porque demora, o que está acontecendo. E mais do que não saber enquanto sociedade, existe um paciente esperando, sabendo que o câncer dele precisa ser tratado e isso tem um impacto gigantesco e complexo – inclusive correndo o risco de a doença avançar”, disse. Ausência do Estado Na avaliação do fundador do Data Favela, Renato Meirelles, o estudo mostra os reflexos do abandono do Estado nestas comunidades. “A favela não é um nicho. Se fosse um estado, seria terceiro maior do Brasil. São mais de 13.500 favelas brasileiras, com quase 18 milhões de habitantes. As favelas são concentrações geográficas pelo Brasil e formadas majoritariamente pela população preta e parda desse país”, ressaltou. “A favela concentra a desigualdade de renda porque mercado informal domina a favela, porque muita gente não contrata morador de favela pelo simples fato de eles morarem em uma favela”. Mitos A pesquisa identificou os principais mitos envolvendo o câncer entre os moradores de favela e apareceram respostas como: “o tabaco causa apenas câncer de pulmão” ou “alimentos cozidos no forno micro-ondas provocam câncer”. Nas comunidades, 11% não sabem dizer se o câncer é contagioso e 19% acham que o câncer é “castigo divino”. Outros 31% acreditam que pessoas negras não têm câncer de pele. “Muitas vezes a informação não quer ser recebida pelas pessoas. É aquela história: ‘se eu não olhar, não existe’”, disse Meirelles. Ao todo, a pesquisa mostrou que 63% dos ouvidos fazem associação negativa relacionada ao câncer. Por outro lado, 22% fazem associações otimistas. “A primeira palavra que vêm à cabeça quando escutam a palavra câncer é: morte, seguido de sentimentos negativos e sofrimento, dor e tristeza”, indica o levantamento. Para 84% dos moradores de favela, há casos de câncer em seu círculo social. “A experiência que essas pessoas têm com quem recebe o diagnóstico é muito negativa. Dos que responderam, 66% relataram ter parentes que morreram por câncer e 44% amigos que morreram por esse tipo de doença”, ressaltou o fundador do Data Favela. Falta de informação Sete em cada 10 moradores de favela acham que têm menos acesso à informação sobre prevenção e diagnóstico precoce da doença. Para 68% dos entrevistados, a prevenção é importante, mas não têm acesso às unidades de saúde adequadas. “Educação é fundamental para prevenção, mas sem diagnóstico não resolve. Educação sem equipamento de saúde, não resolve”, destacou Meirelles. O principal obstáculo para o diagnóstico precoce é a dificuldade para marcar exames na rede pública (40%), outros 25% indicaram a desinformação como maior problema. Fonte