O presidente norte-americano, Joe Biden, declarou nesta terça-feira (24) que o mundo atravessa “uma hora negra na história” com a invasão russa da Ucrânia. As observações de Joe Biden foram proferidas no âmbito dos encontros mantidos com parceiros do Japão, Índia e Austrália. As quatro nações constituem o Quad, grupo nascido na ressaca do tsunami de 2004.
Hoje, no discurso de abertura dos trabalhos da cúpula, Biden destacou que o tema era a questão das “democracias versus autocracias” e que a preocupação era apontar o azimute na rota correta.
Nesse sentido, Biden prometeu o empenho dos Estados Unidos em trabalhar com os aliados para liderar uma resposta global, reiterando o compromisso de defender a ordem e a soberania internacionais “independentemente das regiões onde sejam violadas”. Acrescentou a determinação de Washington de manter-se como “parceiro forte e duradouro” na região do Indo-Pacífico.
Biden vai realizar uma série de encontros com os líderes desses países em Tóquio, em seu primeiro périplo pela Ásia depois de tomar posse como líder máximo da Casa Branca. A viagem ocorre em plena guerra da Ucrânia.
O mundo “navega numa hora negra da nossa história” com a invasão russa da Ucrânia, disse o presidente aos aliados asiáticos. A guerra tornou-se agora “questão global”, sendo vital a defesa da ordem internacional, disse Biden.
“Com a Rússia a prosseguir nesta guerra, nós seremos parceiros e lideraremos uma resposta global. Isso é mais do que uma questão europeia, é uma questão global”, declarou o presidente.
Em seguida, falou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida: “Não podemos permitir que uma coisa semelhante aconteça no Indo-Pacífico”.
O discurso de Biden sofre dramatização no dia em que atingimos os três meses do conflito na Ucrânia e 24 horas depois de o presidente deixar um recado a Pequim, ao afirmar que os Estados Unidos estavam preparados para responder pela via militar a uma eventual incursão chinesa na ilha de Taiwan. Nas palavras de Joe Biden, uma decisão que seria vista por Washington como “não apropriada”, em tudo semelhante aos desenvolvimentos na Ucrânia.
A agenda do Quad contempla questões de segurança e economia e não deixa de lado a crescente influência da China na região. Encurtamento da designação Diálogo de Segurança Quadrilateral, o Quad é um fórum estratégico informal entre Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia que se mantém mais ou menos ativo desde 2007 por meio de cúpulas esporádicas, troca de informações e exercícios militares conjuntos.
Biden quis deixar claro o “compromisso” de Washington nessa matéria, mas não ficaria sem resposta da parte chinesa, com Pequim a aconselhar os Estados Unidos a não subestimarem a determinação chinesa na proteção da sua soberania.
Na realidade, tratou-se de uma declaração que apanhou de surpresa membros da própria Administração. Aqueles que estavam presentes à entrevista não esconderam o incômodo face às palavras de Joe Biden, que se afastavam da posição conservadora dos EUA em meio à questão de Taiwan.
A Casa Branca viria depois tentar corrigir o sentido da declaração do presidente: “Como disse o presidente, a nossa política de Uma Só China não mudou. Ele sublinhou o compromisso dos EUA ao abrigo da Lei de Relações de Taiwan, “para ajudar a fornecer a Taiwan os meios para se defender”.
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