CCBB RJ apresenta Festival Internacional Cinema e Transcendência


O Festival Internacional Cinema e Transcendência fez sua estreia no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ), comemorando 10 anos, com uma seleção de dez filmes que marcaram sua trajetória. Há também a Mostra Brasil Profundo, com 16 títulos que revelam ao público o sertão brasileiro, com suas características mitológica, poética, indígena, africana, encoberto por lendas, festejos e cordéis. Estão aí incluídas obras de Geraldo Sarno e Glauber Rocha.

O evento estreou no Rio de Janeiro este mês, depois de oito edições em Brasília e duas online e fica no CCBB RJ até o dia 19, seguindo depois para o CCBB SP, de 26 de março a 16 de abril. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia entrada) e são disponibilizados às 9h do dia da sessão na bilheteria física, ou no site do Banco do Brasil. A Sala de Cinema 1 do CCBB RJ tem 102 lugares, sendo quatro para cadeirantes.

Considerado o único festival de cinema no Brasil que investiga a subjetividade dos caminhos da consciência e do autodesenvolvimento por meio da arte cinematográfica, o evento terá programação especial no Dia Internacional da Mulher, nesta quarta-feira (8). Serão exibidos dois longas-metragens que abordam os legados da filósofa e ativista popular indiana Vimala Thakar (In the Fire of Dancing Stilness), às 15h; e de Gloria Arieira, professora brasileira de Vedanta, conhecimento ancestral da Índia (Kamala, Caminhos da Gloria), às 17h. Às 18h30, será exibido o episódio Marieta, Mãe do Mundo, da série de TV Resto de Mundo, seguido de bate-papo sobre a natureza feminina, com Gloria Arieira, Diego Zanotti, seu aluno e diretor da série, e Carina Bini.

O festival apresenta também, além dos filmes, atividades culturais que incluem aulas de yoga, de frevo, contação de estórias, apresentações musicais, nos fins de semana, no salão do cinema, com entrada franca.

Retrospectiva

Criado em 2013, o Festival Internacional Cinema e Transcendência reúne filmes que exploram a experiência da transformação pessoal a partir das suas narrativas. De acordo com os organizadores, os títulos selecionados promovem uma relação transformadora entre o cinema e a realidade de cada pessoa, abordando temas como a espiritualidade, práticas de autoconhecimento, meditação, biografias de estudiosos, sábios ou gurus, ancestralidade, expansores alucinógenos, terapias, xamanismo e outras questões que abordam o caminho de busca pela consciência.

Para o curador André Luiz Oliveira, a possibilidade de promover a relação do cinema como arte mediadora entre o sentido estético e a experiência introspectiva de autoconhecimento é a tônica do festival. Durante os primeiros anos da pandemia do novo coronavírus, o festival teve edições online gratuitas que atingiram 60 mil pessoas no Brasil e no exterior.

A programação retrospectiva do décimo aniversário do festival no CCBB Rio traz, entre outros, documentários como Psicomagia, o mais recente filme do chileno Alejandro Jodorowsky, para quem o cinema é capaz de “transformar almas e mentes”; Meeting the Beatles in India, no qual o cineasta Paul Saltzman refaz sua jornada de 50 anos atrás, quando conviveu com os Beatles na casa do guru Maharishi Mahesh Yogi; Orin – Música para os Orixás, de Henrique Duarte, sobre a influência das cantigas sagradas dos terreiros de candomblé na música popular brasileira, entre outros.

Brasil profundo

Entre os destaques da Mostra Brasil Profundo, está o clássico O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, obra-prima de Glauber Rocha, premiado com melhor direção no Festival de Cannes em 1969, que apresenta um estrato da sociedade brasileira injusta e violenta do Nordeste, ao mesmo tempo, rica e poderosa na sua essência cultural. O filme é conhecido internacionalmente como Antonio das Mortes, nome do protagonista, que apareceu em outro filme do diretor, Deus e o Diabo na Terra do Sol, de 1964.

São relembradas também obras do cineasta Geraldo Sarno (1938-2022), diretor e roteirista baiano, que abordou temas como o movimento migratório brasileiro, as religiões e cultura populares. Serão exibidos três curtas clássicos, filmados na década de 1970 (Jornal do Sertão, Padre Cícero e Vitalino), além de seu último longa-metragem Sertânia, lançado em 2020.

Estão na programação ainda dois filmes do cineasta cearense Hermano Penna, que têm como tema o cangaço e a arte cabocla, o média-metragem Nhô Caboclo e o elo perdido, baseado nas manifestações culturais do encontro entre negros e índios; e o longa José de Julião – Muito além do Cangaço, que recupera a figura de um homem que passou de cangaceiro a político, no sertão de Sergipe. Tendo como referência também o sertão e o cangaço, o festival apresenta o curta-metragem de ficção Porta de Fogo, do cineasta baiano Edgard Navarro, e um documentário sobre a vida do sanfoneiro e compositor Dominguinhos, dirigido por Mariana Aydar e Eduardo Nazarian.

Consta do programa também o documentário Mito e Música – A Mensagem de Fernando Pessoa, da cineasta luso-brasileira Rama de Oliveira, em parceria com o cineasta e músico André Luiz Oliveira. Do diretor baiano será exibido o curta de documentário É Dois de Julho, filmado em 1979, que terá exibição inédita no festival, com cópia restaurada, retratando a festa cívica baiana do caboclo e da cabocla, que relembra a guerra de independência do Brasil na Bahia, que resultou na expulsão definitiva dos portugueses.



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