Manaus/AM – O prefeito de Manaus, David Almeida, afirmou que teme por uma sequência de ondas da Covid-19, após a flexibilização anunciada em decreto nesta sexta-feira (5) pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, que a partir da segunda-feira, amplia o horário de funcionamento de lojas e shoppings, liberou salões de beleza, flutuantes, academias, creches, transporte intermunicipal e mais
Governador do Amazonas entra na onda do Capitão e não quer saber de mimimi
Em entrevista à coluna Painel, da Folha de São Paulo, o prefeito levanta a possibilidade do agravamento da pandemia com a flexibilização caso faltem vacinas para os demais, já que a vacinação dos idosos de 65 anos em diante teve início nesta semana na capital. “Sem vacina eu temo por terceira, quarta, quinta onda. Porque não tem controle da nova variante, não”, afirma.
“Esperem o pior. Esperem o que vocês nunca viram. Uma pessoa que ficava dez dias internada agora fica 30. A variante tem muito mais contágio, é muito mais forte, mais resistente ao tratamento. As pessoas ficam mais tempo em UTI, a UTI não tem rotatividade de leito e represa toda a demanda. As pessoas ficam em corredores, macas e ambulâncias”, alerta.
Manaus ainda tem taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 em 88% e 100 pacientes na fila de espera por vaga nos hospitais públicos. O prefeito considera a flexibilização do governo do Estado “muito grande” e vê com preocupação o cenário de flexibilização de atividades diante de uma situação ainda crítica: “Minhas atribuições municipais continuam sob os decretos. Parques, balneários, áreas comuns, continuamos fechando. Não vejo da forma que está sendo vista pelo estado. Flexibilização muito grande. Estamos abrindo, avançado na flexibiliação, mas não concordo com a flexibilização que está sendo feita. Muito ampla. Precisa ser feita, mas não de forma tão ampla”.
“Ainda ontem faleceu o arcebispo emérito, hoje faleceu um apóstolo de uma igreja. As pessoas ainda estão morrendo. Com o avançar da vacinação a tendência é chegar a uma normalidade nos próximos meses caso tenhamos vacina”, afirma.
O alerta também fica para o restante do Brasil, que começa a ter um cenário semelhante ao do Amazonas. O País registrou na quarta-feira (3/3/2021) o recorde de mortes diárias por Covid-19 desde o início da pandemia.
“Se não fechar tudo, vão passar pelos mesmos problemas de Manaus. O que aconteceu em Manaus vai acontecer no Brasil se as regras de distanciamento não forem respeitadas. O restante do Brasil só não vai faltar oxigênio. Aqui faltou oxigênio por causa da nossa distância dos outros locais”.
“Só tem um tratamento: distanciamento social. Se tem tratamento precoce é o isolamento. Vejo com muita preocupação a situação do restante do país. Espero que não aconteça o que aconteceu em Manaus, que foi muito muito por desobediência ao distanciamento, pouco uso de máscara. As pessoas só vão sentir na pele quando estiverem com alguém próximo precisando de atendimento e não conseguir. Estamos aprendendo pela dor.”