Enquanto a economia mundial enfrenta ventos contrários, as atuais previsões de crescimento oferecem uma proteção contra uma possível recessão global, disse hoje (23) a autoridade número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Entre as principais ameaças ao crescimento econômico, a primeira vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, disse à Reuters que o conflito na Ucrânia pode aumentar e acrescentou: “você pode ter sanções e contrassanções”.
Gita disse em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial em Davos que os outros desafios incluem inflação, aperto das taxas de juros pelos bancos centrais e desaceleração do crescimento chinês.
“Então, tudo isso fornece riscos negativos para nossa previsão”, disse Gita Gopinath, com referência à estimativa de crescimento global do FMI para 2022 divulgada no mês passado de 3,6%, um rebaixamento em relação ao prognóstico de 4,4% de janeiro.
“Eu diria que em 3,6% há um amortecedor”, disse ela, admitindo, no entanto, que os riscos são desiguais em todo o mundo.
“Há países que estão sendo duramente atingidos. países na Europa que estão sendo duramente atingidos pela guerra, onde podemos ver recessões técnicas”, acrescentou Gita.
A representante do FMI disse que a inflação “permanecerá significativamente acima das metas do banco central por um tempo”, acrescentando: “É muito importante que os banqueiros centrais de todo o mundo lidem com a inflação como um perigo claro e presente, isso é algo com o qual eles precisam lidar de forma muito contundente”.
“As condições financeiras podem apertar muito mais rapidamente do que já vimos. E o crescimento na China está desacelerando.”
O Federal Reserve, Banco Central dos EUA, está à frente no aperto entre os maiores bancos centrais, com dois aumentos de juros neste ano. O segundo, de 0,5 ponto percentual, foi a maior em 22 anos. Pelo menos mais dois aumentos dessa magnitude são esperados nas próximas reuniões.
“O que é muito importante é que o Fed observe os dados com cuidado e responda na escala necessária para lidar com os dados recebidos”, disse Gopinath. “Então, se a inflação for especialmente disseminada, estiver subindo ainda mais, eles podem precisar reagir com mais força.”
*É proibida a reprodução desse conteúdo.