Escassez de kit intubação no Brasil leva Governo do Amazonas a suspender cirurgias eletivas e ‘Operação Gratidão’

Escassez de kit intubação no Brasil leva Governo do Amazonas a suspender cirurgias eletivas e ‘Operação Gratidão’

FOTO: Diego Peres/Secom
FOTO: Diego Peres/Secom

A escassez no mercado brasileiro de medicamentos do “kit intubação”, composto por bloqueadores neuromusculares e sedativos, e o cenário epidemiológico da pandemia de Covid-19 no Brasil acenderam o sinal de alerta na Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), que suspendeu o retorno das cirurgias eletivas, aquelas com data marcada para acontecer, e a recepção de pacientes de outros estados na “Operação Gratidão”.

A SES-AM orienta que sejam mantidas apenas as cirurgias de urgência e emergência e aquelas que não podem ser adiadas por risco aos pacientes, como as cardíacas e oncológicas.

A “Operação Gratidão” permitiu que o Amazonas recebesse, em 15 dias, 48 pacientes de Rondônia e do Acre, dos quais 18 já se recuperam e tiveram alta do Hospital Delphina Aziz, para onde são encaminhados. Com o risco de desabastecimento dos medicamentos do kit intubação, a recepção de pacientes pela operação será suspensa.

Ainda por meio da operação, o Governo do Amazonas ofertou 120 concentradores de ar, 200 cilindros de oxigênio, 60 bombas de infusão, 18,5 mil unidades de medicamentos, dez monitores e 10 ventiladores, e 700 exames RT-PCR foram processados pelo Laboratório Central do Estado. A operação é uma forma de retribuir a ajuda recebida de outros estados quando o Amazonas enfrentou a fase mais aguda da pandemia, entre janeiro e fevereiro desse ano.

O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, informou que ambas as medidas são temporárias para que o estado possa melhor avaliar o cenário local, diante da possibilidade de um novo incremento de casos. O Estado trabalha em estratégias para garantir o abastecimento de insumos, em especial os medicamentos do kit intubação.

“Vamos suspender as cirurgias eletivas na rede estadual e recomendar que a rede privada avalie também a possibilidade”, disse o secretário.

Aquisição de medicamentos – A escassez de medicamentos usados na intubação de pacientes com Covid-19 levou o Ministério da Saúde a fazer a requisição administrativa da indústria local. Com isso, toda a produção está sendo direcionada para o Ministério da Saúde fazer a distribuição entre os estados.

O Hospital Delphina Aziz, a maior unidade referência para Covid-19 no Estado, com 180 leitos, não está conseguindo fazer aquisições com seus fornecedores por conta da requisição do Ministério da Saúde. Enquanto o Instituto Nacional de Desenvolvimento Humano (INDSH), Organização Social que gerencia a unidade, busca novos meios de aquisição, a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema) está abastecendo o hospital.

A Cema realiza compras em grande quantidade e tem estoque para aproximadamente um mês. Além disso, começou a receber remessas de medicamentos do Ministério da Saúde, mas trabalha em novas estratégias de compras para garantir o abastecimento futuro, como as compras internacionais, que também dependem do aval do Ministério da Saúde.

Leitos – A SES-AM está reformulando o Plano de Contingência para Enfrentamento da Covid-19, considerando não mais apenas a taxa de ocupação de leitos para a definição das medidas de restrição de circulação. O plano também considera fatores como a taxa de transmissão, além da situação dos insumos, como medicamentos e oxigênio.

Atualmente, há uma queda no número de internações por Covid-19, mas a rede de saúde segue sendo pressionada pela necessidade de internação por outras causas, como acidentes e outras doenças, que aumentaram. A tendência levou a secretaria a converter parte dos leitos nos prontos-socorros, onde a pressão se mostra maior.

Essa conversão de leitos acaba influenciando na taxa de ocupação de leitos da rede pública estadual por Covid-19, que teve um crescimento de 50% para 62%, no caso dos leitos clínicos, e a de UTI se mantém na casa de 80%. Já a taxa de ocupação de leitos não Covid está 76% para clínicos, e 75% para UTI. Embora as taxas considerem também os leitos ofertados a outros estados, a SES-AM se mantém vigilante, tendo em vista a possibilidade de um terceiro pico da doença no estado.

A SES-AM também monitora os números de chamadas no Sistema de Transferências Reguladas (Sister), que se mantém em queda para leitos Covid-19. Em compensação, vem aumentando para outras causas.

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