Lágrimas, emoção que não pode ser descrita, histórias de superação e infelizmente de necessidade extrema. Esse é o perfil dos primeiros moradores que passam a ocupar o residencial multifamiliar Cidadão Manauara 2, etapa B, localizado no bairro Santa Etelvina, zona Norte. Oito famílias contempladas dentro do programa habitacional da Prefeitura de Manaus, que integra o programa federal “Casa Verde e Amarela”, do Ministério do Desenvolvimento Regional, realizaram, em caráter excepcional, suas mudanças para o novo endereço neste sábado, 21/8, em razão de terem sido despejadas de suas moradias anteriores ou estarem em ocupações em grande risco de insalubridade e até desabamento.
Sem ter para onde ir e com tudo na rua, a Prefeitura de Manaus, por meio da Vice-Presidência de Habitação e Regularização Fundiária (Vpreshaf), montou uma força-tarefa de caráter humanitário para auxiliar as famílias despejadas a realizarem suas mudanças. Como foi o caso da desempregada e indígena Maria Ione Brandão Alves, 48, que agora reside no bloco 21, apartamento 402. A sua família era uma das ocupantes do antigo prédio da Casa do Estudante, na rua Barroso, no Centro.
Da etnia kokama, assim como o marido, que é cardiopata e sustenta a família vendendo água nos terminais, Maria estava com as suas coisas na rua Barroso, e pediu ajuda para a mudança. Ela morou na ocupação por 5 anos, praticamente a idade do filho. Quando se mudaram para o prédio na Barroso o bebê tinha 7 meses. “A emoção de ter uma casa não consigo descrever, o quanto esse apartamento significa na minha vida e na da minha família. Agradeço a Deus, ao prefeito David Almeida e ao senhor Renato. Que Deus abençoe imensamente a todos. E que eles continuem olhando por famílias que precisam de moradia e acabam sendo invisíveis. Hoje vou morar no que é meu, onde tem água, luz. Onde estava não tinha nada. A sala que a gente ocupava era tudo. A emoção de poder pagar a primeira parcela do meu apartamento será única e já choramos muito por tudo”, disse ela emocionada.
Maria conta que o prédio onde morava, condenado pela Defesa Civil, tem outras pessoas morando. “Têm muitas crianças, deficientes, idosos. Estou muito feliz de contar com a ajuda num momento tão crítico da minha vida. Agradeço de coração. Onde eu estava fiz família, crianças que cresceram com meu filho. Estou desempregada, sem condições de pagar uma mudança agora, me cobraram R$ 300”, relata.
Os beneficiários do residencial iniciam neste domingo, 22, a fase de mudança para seus apartamentos, após terem realizado a assinatura de contrato e recebimento das chaves. Em razão das medidas de distanciamento por causa da pandemia da Covid-19, os beneficiários foram divididos em grupos e têm prazo de até 30 dias para realizar suas mudanças, que estão previstas para ocorrer até a próxima quarta-feira, 25.
Entre os primeiros moradores que infelizmente foram despejados estão Alessandra da Silva Vasconcelos, Pessoa com Deficiência (PcD), que vai começar uma nova vida, na casa própria, morando no bloco 8, apartamento 202. Um rapaz de 26 anos, portador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), que foi despejado no dia 17, também fez sua mudança hoje para o residencial.
A Prefeitura de Manaus montou uma força-tarefa com o uso de caminhões da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) para atender aos mutuários desempregados e sem recursos para pagar uma mudança. Outras secretarias estão sendo acionadas para poder utilizar caminhões que possam ser necessários para atender aos novos moradores na mesma condição. Para o prefeito David Almeida é fundamental, neste momento, onde muitas pessoas estão desempregadas e em vulnerabilidade social, como os que se mudaram hoje, ajudar da melhor forma.
“Estamos resgatando parte da esperança e dignidade de pessoas que necessitam de habitação, atendendo proposta de campanha do prefeito David Almeida, de oferecer para a cidade uma política habitacional e de regularização urbana. Isso é gratificante, para a gente que trabalha com população carente e vê essa felicidade, essas lágrimas de alegria. Isso é mais valoroso do que qualquer outra coisa, fazer as pessoas felizes”, afirma o vice-presidente da Habitação e Regularização Fundiária, Renato Queiroz.
Pioneirismo
Uma das características do residencial é ser pioneira no Estado ao entregar apartamentos adaptados para PcDs. São 16 que apresentam funcionalidades que vão facilitar o deslocamento e atividade dos moradores dentro dos seus imóveis. A execução da obra, com valor de R$ 41 milhões, foi da construtora RD Engenharia.
A adaptação foi feita sob encomenda para a Prefeitura de Manaus e servirá de tendência e modelo para empreendimentos futuros, adequando uma realidade de milhares de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, melhorando a qualidade de vida, cuidados e segurança.
Cada apartamento tem sala de estar e jantar, dois quartos, hall, banheiro social adaptável, cozinha e área de serviço. Os equipamentos comunitários que compõem o conjunto incluem salão, clube social, copa/bar, banheiros, quadra poliesportiva, quadra de areia, dois playgrounds, área verde, área de preservação permanente e sistema viário, incluindo vagas de estacionamento para visitantes e moradores. O empreendimento tem sistema de esgoto sanitário final para Estação de Tratamento (ETE), a obra começou a ser construída em outubro de 2018.
Programa
O prefeito David Almeida já lançou o programa “Casa para Todos”, cuja meta é a construção de mais de 5 mil unidades habitacionais de interesse social em diversos bairros da capital. “Nós fizemos essa entrega de 500 casas e a perspectiva é de fazer 5 mil habitações na cidade de Manaus, em parceria com o governo federal”, comenta Almeida.
O objetivo do programa é a construção de novos conjuntos habitacionais, além da oferta de lotes pequenos e urbanizados. Conforme o prefeito, o projeto prevê a criação de um Núcleo de Apoio Técnico à Moradia, que será responsável por orientar o cadastramento das famílias nos programas habitacionais.
Residencial
Cada torre do residencial Cidadão Manauara 2 tem cinco andares, sistemas de gás encanado e de água, além de instalações hidrossanitárias.
Os apartamentos são adaptados, atendendo à Norma Brasileira (NBR) nº 9.500, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trata da acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos para Pessoas com Deficiência (PcDs), inclusive nas áreas comuns.
Os futuros moradores serão isentos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), como medida da gestão David Almeida, por lei municipal.
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Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – Divulgação