No cenário interno, investidores seguem digerindo os dados do governo federal divulgados na véspera, mostrando aumento da previsão do rombo das contas públicas
O Ibovespa fechou em alta de 0,43% nesta quinta-feira (23), aos 126.675 pontos com o avanço das ações do Bradesco (BBDC4) e sem a referência de Wall Street pelo feriado de Ação de Graças. O resultado renova a máxima desde julho de 2021.
No cenário interno, investidores seguem digerindo os dados do governo federal divulgados na véspera, mostrando aumento da previsão do rombo das contas públicas e maior contenção de verbas.
Já o dólar encerrou a sessão com avanço de 0,11%, negociado a R$ 4,907 na venda. O comportamento é semelhante ao visto nesta quarta (22), quando a divisa norte-americana fechou praticamente estável, a R$ 4,902.
O feriado nos EUA afeta a liquidez global, desviando as atenções para possíveis novos estímulos da China e dados econômicos da zona do euro.
O gigante asiático pode permitir que os bancos ofereçam empréstimos de curto prazo sem garantia a incorporadoras imobiliárias qualificadas pela primeira vez, como parte de um pacote de novas medidas para apoiar o setor imobiliário em dificuldades, informou a Bloomberg News nesta quinta-feira.
Já dados de Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro mostraram que a economia continuou em território de contração em novembro, mas teve desempenho melhor do que o esperado, o que dava algum suporte ao sentimento internacional.
O destaque do dia no Ibovespa são as ações do Bradesco, que subiam 3,5% após o banco anunciar que seu conselho de administração aprovou a indicação de Marcelo de Araújo Noronha para a presidência-executiva do grupo, em substituição a Octavio de Lazari Jr.
O movimento positivo do mercado ocorre a despeito da perda dos papéis com maior peso no Ibovespa com a queda de preços commodities.
A Vale (VALE3) recuava 0,73%, enquanto os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) cediam 0,2%.
Apesar da hesitação, o Ibovespa segue para o maior ganho mensal em três anos, com alta de cerca de 11% em novembro até agora, apoiado principalmente no retorno do capital externo com apostas de que acabou o ciclo de alta de juros nos EUA.
Contas públicas preocupam
Os investidores seguem de olho nos resultados fiscais publicados pelo governo na véspera. Em relatório bimestral, o Executivo revisou a projeção de déficit primário de R$ 141,4 bilhões (1,3% do Produto Interno Bruto, PIB) para R$ 177,4 bilhões (1,7% do PIB).
O principal impacto está nas receitas administradas, que tiveram redução de R$ 22 bilhões. Este impacto se concentrou em dois aspectos, depósitos judiciais da Caixa (R$ 12,6 bilhões) e queda de arrecadação com impostos e contribuições (R$ 9 bilhões).
A piora na previsão para no resultado das contas públicas deste ano expõe a situação difícil do governo de apoiar o ajuste fiscal na arrecadação — sua aposta para equilibrar as contas em 2024, dizem especialistas consultados pela CNN.
“Esses dados reforçam as incertezas para 2024. É incerto assumir um compromisso com o déficit zero quando sua estrutura fiscal está permanentemente mais pesada do lado das despesas e não há contrapartidas sólidas”, analisa a diretora da Instituição Fiscal Independente do Senado Federal (IFI), Vilma da Conceição Pinto.
Fonte: CNN
