Modelos adotados nas RDS Mamirauá e Uacari apresentam resultados positivos e apontam caminhos para novos polos
Instituições envolvidas na construção do regramento do manejo de jacarés no Amazonas reuniram-se, nesta terça-feira (1º/06), para acompanhar resultados de modelos de implementação executados nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá e Uacari, e na Reserva Extrativista (Resex) do Médio Juruá.
O Grupo de Trabalho (GT) foi instituído pelo Núcleo de Pesca (Nupes) da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Em atuação desde 2019, o GT é composto por 20 instituições que discutem os processos de encaminhamento para construção das bases de liberação do manejo sustentável das quatro espécies de jacarés amazônicos: Melanosuchus niger (jacaré-açu), Caiman crocodilus (jacaretinga), Paleosuchus palpebrosus (jacaré-paguá) e Paleosuchus trigonatus (jacaré-coroa).
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, reforçou a importância de observar modelos já implementados. “É um prazer estar aqui reunido com vocês, para que a gente possa avançar em estratégias de manejo que tornem o jacaré um sucesso, com êxito muito grande como o do pirarucu e o de quelônios. Avançar nessa metodologia é garantir a conservação de uma espécie importante para a biodiversidade”, destacou.
O chefe do Nupes, Rogério Bessa, destaca que é importante encontrar mecanismos que possam ajudar a população a consolidar essas cadeias produtivas.
“É importante destacar que o manejo sustentável de jacarés no Amazonas, é uma diretriz do Governo do Estado onde o principal objetivo é o de apresentar um novo produto sustentável para a geração de renda dos moradores de Unidades de Conservação. Estamos falando de uma iguaria de extremo valor agregado dentro da cadeia produtiva e com um mercado promissor e aquecido”, afirmou.
Mamirauá
A primeira licença para abate de jacaré na atividade primária, em UC, foi assinada em 2018, autorizando o funcionamento de abatedouro e entreposto flutuante de abate do animal na comunidade rural Jarauá, no município de Uarini (distante 565 quilômetros de Manaus), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá. A licença tem validade de 5 anos, período no qual poderão ser abatidos até 10 mil animais das espécies jacaré-açú e jacaretinga no rio Paraná do Jarauá, seguindo normas dos órgãos ambientais.
Diogo de Lima Franco, zootecnista do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Jacarés, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), apresentou os resultados obtidos na RDS.
Atualmente, na RDS Mamirauá, a atividade possui 62 manejadores, 13 técnicos do IDSM e um fiscal da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf).
Já foram vendidos 585 quilos de carne para 142 consumidores, por meio da 1ª Feira de Jacaré-Açu Manejado, realizada em 2020. As peles foram vendidas para um curtume de Minas Gerais. A receita total obtida foi de R$ 8.150.
O IDSM também iniciou pesquisas voltadas para análises de viabilidade, análises de qualidade da carne e análises de dinâmica populacional. Entre as metas do órgão, até 2025, estão a retomada de ações nas regiões do Aranapu e Panauã de Baixo e, também, o início de ações na área de Maraã.
Médio Juruá
Os resultados obtidos da região que abrange a RDS Uacari e a Resex do Médio Juruá foram apresentados pelo gestor da RDS, Gilberto Olavo. Há quatro anos, comunitários das UC têm feito monitoramento de ninhos e contagens noturnas para acompanhar o potencial produtivo da atividade.
Neste período, foi identificada uma superpopulação de jacarés nas áreas das comunidades que foram monitoradas. São elas: Monte Carmelo, Pupunha, Morro Alto, Bauana (RDS Uacari) e São Raimundo (Resex do Médio Juruá).
Por ninho, foram identificados de 20 a 80 ovos, com porcentagem de eclosão de 90 a 95%. Um total de mais de 4.500 animais na UC.
“A gente entende que o GT vai ser um facilitador da implementação e continuidade desse manejo jacaré. A gente vai fazer uma propositura junto ao GT para que, junto com a Assembleia Legislativa, a gente possa receber uma emenda parlamentar para a montar o nosso abatedouro de de jacaré e avançar no manejo”, disse o gestor.
Se implementado, o manejo do jacaré é uma ação que beneficiará diretamente mais de 600 famílias na região do Médio Juruá, garantindo uma geração de renda sustentável. “A expectativa dos comunitários em relação ao manejo é muito grande, mas eles sabem que precisam de uma infraestrutura mínima, para que eles possam fazer o abate, já temos todas as informações para início do manejo”, afirmou o gestor.
Grupo de Trabalho
Além da Sema, participam do GT a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror), Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Wildlife Conservation Society (WCS), Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Câmara Municipal de Itacoatiara, Federação de Manejadores e Manejadoras de Pirarucu de Mamirauá (Femapam), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Turismo de Manacapuru (Sematur).
A próxima reunião do comitê está agendada para o dia 27 de julho, às 14h, no auditório da Sema.
Com informações da ACS