Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 830 mulheres morrem todos os dias no mundo de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto e 2,5 milhões de recém-nascidos (47% de todas as mortes de menores de 5 anos) morrem todos os anos. Em razão de dados como esses, a Maternidade Dr. Moura Tapajóz (MMT), da Prefeitura de Manaus, realizou nesta segunda-feira, 16/5, às 9h, a abertura da 13ª Semana de Enfermagem e Serviço Social da unidade, com programação focada no tema “Prevenção da Mortalidade Materna e Neonatal”.
O secretário municipal de Saúde, Djalma Coelho, elogiou a iniciativa da maternidade e destacou a importância de eventos científicos e plurais como esse. “O diálogo e a discussão entre a equipe multidisciplinar são de vital importância para o processo. A equipe precisa trabalhar integrada e seguindo todos os protocolos científicos como estratégia para enfrentamento da mortalidade materna e neonatal, cujos números realmente têm se mostrado preocupantes”, disse o secretário.
Hipertensão, hemorragias graves, infecções, partos complicados e abortos inseguros são complicações que representam aproximadamente 75% de todas as mortes maternas. Além disso, a maior parte das mortes acontece entre mulheres jovens, negras e indígenas, com baixa escolaridade e baixa renda familiar.
Segundo a subsecretária municipal de Gestão da Saúde, enfermeira Aldeniza Araújo de Souza, o objetivo da Semsa com a realização dessa semana é o de discutir, dialogar, construir propostas e aplicá-las. “Temos que nos comprometer a não deixar as ideias perecerem aqui, senão, todo nosso trabalho perderá o sentido e não alcançará o impacto desejado. Precisamos garantir que o momento do nascimento seja um momento sublime”, ressaltou a subsecretária.
O Ministério da Saúde reiterou, em 2018, compromisso com a Organização das Nações Unidas (ONU) para redução de 51,7% da razão da mortalidade materna até 2030, o que corresponde a uma meta de 30 mortes maternas por cada 100 mil nascidos vivos. Conforme dados registrados pelo Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, em 2021, o país teve uma razão alarmante de 107 mortes a cada 100 mil nascimentos. Para efeito de comparação, em 2019, período anterior à pandemia por Covid-19, foram 57 mortes maternas por cada 100 mil nascidos vivos.
No Amazonas, a estatística é particularmente mais preocupante. Em 2021, a razão de mortalidade materna no Estado foi de 146 mortes por cada 100 mil nascidos vivos e na capital Manaus de 175.52 por 100 mil.
“Estamos trabalhando, mas ainda muito longe das metas que estabelecemos para os próximos anos. Por isso, é imprescindível seguirmos capacitando nossa equipe de modo a garantir o atendimento adequado às gestantes, puérperas e neonatos, identificando os sinais e sintomas que indiquem o comprometimento da saúde da paciente, para não haver mais qualquer morte por causa evitável. Nós temos que fazer a diferença nesse processo”, destacou a diretora da MMT, enfermeira obstetra Núbia Pereira da Cruz.
Durante a abertura, o gerente de Enfermagem da MMT, Everton de Freitas Gomes, explicou a razão da escolha do tema pela unidade hospitalar. “Optamos por esse tema pois não nos conformamos com os números apresentados pelo Amazonas, sempre figurando nos primeiros lugares nas taxas de mortalidade materna e neonatal. Precisamos intervir nesse processo e, enquanto estivermos à frente da gestão da Moura Tapajóz, será nosso compromisso capacitar cada vez mais nossa equipe, porque maternidade é para ser um local de alegria, de vida e de nascimento, não de morte”, avaliou o enfermeiro.
O evento, que segue até sexta-feira, 20, abordará os temas: “Identificação Segura da Mãe e do Recém-Nascido”, “Protocolo de Sepse Materna e Neonatal”, “Transporte Neonatal Seguro”, “Atuação da Equipe de Enfermagem na Prevenção e Tratamento da Hemorragia Pós-Parto”, “Acesso Vascular em Neonatologia”, “Registro de Enfermagem: Implicações Éticas e Jurídicas”, e “Síndrome Hipertensiva Específica da Gestação”.
Haverá ainda um curso teórico-prático do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) sobre Suporte Básico de Vida e um momento dedicado ao Projeto Acolhendo Vidas, desenvolvido em 2013 pelo Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJ-AM), que trata da entrega voluntária e protegida de bebês para adoção por mulheres grávidas ou em estado puerperal.
Também participaram da mesa de abertura, o presidente do Conselho de Enfermagem do Amazonas, Sandro André da Silva Pinto; o representante do Fórum de Entidades de Enfermagem do Amazonas, Elton Aleme; e a coordenadora da equipe de Serviço Social da MMT, Kátia Patrícia Gonçalves de Souza.
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Texto – Marcella Normando / Semsa
Fotos – Camila Batista / Semsa