No entanto, eles constataram que o aumento nas temperaturas foi principalmente causado pelas mudanças climáticas ao analisar dados meteorológicos históricos. Assim, embora o El Niño tenha contribuído para agravar a seca, as mudanças climáticas foram o principal impulsionador.
“À medida que o clima se aquece, uma potente combinação de diminuição da precipitação e aumento do calor está impulsionando a seca na Amazônia.”
— Regina Rodrigues, professora de Oceanografia Física e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Relembre o que é o El Niño:
- O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.
- Em resumo, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais, e provoca chuvas excessivas no Sul e no Sudeste.
No estudo em questão, os especialistas advertem ainda que, em um cenário ideal com temperaturas 1,2°C mais baixas em todo o mundo (ou seja, sem as alterações climáticas atribuíveis à atividade humana), a ocorrência da seca teria sido consideravelmente menos intensa.
Isso ressalta que as emissões de gases do efeito estufa provenientes da queima de petróleo, gás e carvão desempenharam um papel crucial na transformação desse fenômeno em um evento de proporções devastadoras.
Os cientistas alertam que, em caso de um aumento global de 2°C na temperatura, a probabilidade de eventos semelhantes de precipitação extremamente escassa aumentará quatro vezes, ocorrendo aproximadamente a cada 33 anos.
Da mesma forma, secas agrícolas comparáveis se tornarão três vezes mais propensas, com uma ocorrência esperada a cada 13 anos.
“Nossas escolhas na batalha contra as mudanças climáticas permanecem as mesmas em 2024 – continuar destruindo vidas e meios de subsistência queimando combustíveis fósseis, ou garantir um futuro saudável e habitável substituindo-os rapidamente por energia limpa e renovável.”
— Friederike Otto, professor sênior em Ciência do Clima no Grantham Institute – Climate Change and the Environment, da Imperial College de Londres
Fonte: G1