Mamografia, colonoscopia e densitometria podem ajudar a prevenir problemas mais sérios
Com o início do ano, vem aquela vontade de dar um reset em tudo: dar ao corpo um tempo dos excessos das festividades, fazer novos planos para o próximos 12 meses e claro, cuidar da saúde.
E neste quesito se encaixam alguns deles , como a mamografia e a densitometria são imprescindíveis e devem ser feitos com regularidade, principalmente se você passou dos 50 anos e já entrou na menopausa. Mas é preciso estar atenta a outros, que também merecem a máxima atenção.
Conversamos com a ginecologista e obstetra Lígia Santos Mascarenhas, médica com especialização em PTGI (patologia do trato genital inferior), fitoterapia e sexualidade, que fez uma lista dos testes que devemos fazer para ajudar a reverter alguns problemas e prevenir outros mais sérios. Vamos juntas?
Densiometria Óssea
A osteoporose é a perda de massa óssea que ocorre durante o envelhecimento e que causa fragilidade dos ossos, principalmente dos ossos longos e deixando-os predispostos a fraturas. Isso acontece a partir dos 35 anos, quando nossos ossos começam a ficar mais porosos e , na menopausa, essa condição acaba sendo acentuada. “A densitometria serve para verificar se eu tenho osso mais ou menos poroso e se existem outras doenças ósseas que podem facilitar o aparecimento de fraturas, principalmente de coluna, punho e colo do fêmur”, explica a médica.
A ginecologista destaca a importância do diagnóstico, pois, uma vez que uma mulher com uma fragilidade óssea tem uma fratura, isso pode, futuramente, gerar problemas de mobilidade e outras doenças decorrentes do problema inicial. “O exame da densitometria óssea deve ser feito para saber como está o status ósseo quando a mulher entra na menopausa, ou seja, um ano depois da última menstruação”, aconselha. “Se você fez o primeiro exame e o resultado foi uma densitometria normal, ele deverá ser repetido com um intervalo de três anos até cinco anos. Mas, caso apresente a osteoporose, deve-se fazer uma avaliação a cada dois anos, juntamente com uma reposição com um medicamento adequado para tratar a doença.
Exames Cardiológicos
Outros exames que devem constar na sua lista são os cardiológicos. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as doenças cardiovasculares são a principal causa de óbito no Brasil e no mundo. E a médica confirma que as mulheres, porém, são um grupo de maior risco ainda, já que doenças cardiovasculares são as que mais as matam. “Depois que entramos na menopausa, temos uma mudança muito grande no metabolismo. Com o aumento de peso, por exemplo, a mulher pode ter mais predisposição a ter esse tipo de doença, mais chances de desenvolver diabetes e hipertensão”, conta.
Para se ter uma ideia, o estudo Women’s Ischemia Syndrome Evaluation (WISE) mostrou que uma a cada três mulheres morrem por doenças cardiovasculares. Dessas, 47% são em decorrência de infarto. Por isso, é importante ter essa avaliação, que pode ser feita com um clínico geral, não necessariamente com ginecologista. “E aí são exames de rotina, que quase todos conhecemos e que são importantes para que a gente descubra outras doenças que são muito mais prevalentes e muito mais mortais do que as ginecológicas: eletrocardiograma, dosagem de átomos, colesterol, triglicérides, hemograma, avaliação de glicemia, hemoglobina glicada e avaliação de tireoide, por exemplo.”
Mamografia e Ultrasom Transvaginal
Outros exames bem conhecidos das mulheres são o ultrasom transvaginal e a mamografia. “O ultrassom é um exame importante para diagnosticar algumas doenças ginecológicas e é indicado para observar de maneira mais minuciosa o útero, especialmente o endométrio, os ovários e também em casos em que a mulher que tem um aumento de volume abdominal ou quando ela apresenta um sangramento que não é normal. Lembrando que, após a menopausa, nenhum sangramento vaginal é considerado normal”, explica a doutora.
“Já a mamografia é melhor indicada para rastreamento, pois consegue ver, além de lesões relacionadas a nódulos ou cistos, acidentes, assimetrias e microcalcificações, que são sinais iniciais importantes de câncer e que não são visibilizados através do ultrassom de mamas”, explica Lígia.
A especialista ressalta que, no caso do Brasil, ela é recomendada, através do Ministério da Saúde, a partir dos 50 anos, em uma frequência de dois em dois anos. “No entanto, isso não é consenso entre os médicos. Nas sociedades de ginecologia, alguns órgãos recomendam a partir dos 40, com uma frequência anual.
No caso de pacientes que tenham histórico de câncer de mama na família, a mamografia é importante para nortear a realização dos exames. “Quando a gente pensa em uma família que tem predisposição genética para o câncer de mama, a estamos falando de cerca de 10% dos cânceres”, explica. “90% dos casos são de mulheres que não têm familiares com a doença.”
Dra. Lígia chama atenção para o fato de que, quando se fala em familiar com câncer de mama que é relevante para o rastreamento, refere-se àqueles de primeiro grau de parentesco. “Se eu tenho, no caso, uma mãe, uma irmã, uma filha que teve este tipo de câncer, é preciso começar a fazer o rastreamento 10 anos antes da idade que esse meu familiar apresentou a doença. Por exemplo: se a minha mãe teve câncer de mama aos 50 anos, a partir dos 40 eu devo começar a rastrear periodicamente. Se a minha mãe teve a doença com 30 anos, a partir dos 20 eu começo a fazer a checagem e assim sucessivamente”, ensina. “Mas o exame que será feito irá variar de acordo com a idade, o tipo de câncer e outros fatores”, diz.
Ela ainda pontua que, dependendo do caso, pode ser necessário, inclusive, fazer uma avaliação de marcadores genéticos. “É importante que as mulheres que têm histórico de câncer de ovário na família também prestem atenção, porque alguns cânceres de mama e de ovário têm relação genética. Por isso, é necessário que se faça também um rastreamento precoce.”
Colonoscopia
Importante também a partir dos 50 anos, a colonoscopia é o exame que investiga o intestino grosso e parte do intestino delgado e é imprescindível para rastrear o câncer colorretal e tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus. Este é o terceiro tipo mais comum no Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Através de um microtubo, o médico consegue visualizar imagens de pólipos. “Se forem pequenos, eles podem ser tratados na hora do exame mesmo”, diz a médica.
A Dra Ligia alerta que a colonoscopia deve ser feita a cada dois anos, principalmente em mulheres que têm histórico familiar de polipose intestinal ou de câncer de cólon. “É importante falar a respeito do tema, conversar com as mulheres a respeito do câncer de cólon intestinal, da importância de realizar os exames de rotina. E em casa, observar sempre se há sangramento nas fezes, se houve alguma mudança do ritmo intestinal ou no formato das fezes. Tudo isso conta para suspeita de algum tipo de problema e investigação.
Perfil lipídico e Vitaminas
A dosagem do perfil lipídico e vitaminas é importante para avaliação da saúde da mulher como um todo. Sim, pois o fato dela não estar mais na vida reprodutiva não significa que o resto não precisa ser cuidado e examinado. “E aí que entram os exames de dosagem de triglicérides e colesterol, entre outros, para ver se ela precisa suplementar ou tomar medicamento específico”, esclarece a médica.
Este também é o momento de checar as vitaminas e verificar se alguma está em falta. De forma geral, a mais importante é a vitamina D, porque ela faz a composição do nosso sistema osteoarticular. Cabe também uma avaliação de vitamina A e de micronutrientes. Isso muitas vezes acaba sendo secundário, principalmente para mulheres que têm uma alimentação rica em macronutrientes e uma rotina saudável de exercícios. “É preciso observar vários aspectos que não têm a ver necessariamente com a parte ginecológica, mas sim com o processo de envelhecimento natural de qualquer pessoa.”
Dosagem Hormonal
“Os exames de dosagem de hormônios são necessários para avaliar os níveis hormonais tanto da tireoide quanto dos hormônios sexuais”, explica a Dra. Lígia. Ela explica que, através dos índices do estradiol, FSH (hormônio folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizante), progesterona e testosterona, é possível entender as mudanças hormonais que ocorrem durante a menopausa. “Se eu tenho uma mulher de 50 anos que parou de menstruar e que está com estes hormônios sexuais dentro da faixa etária esperada, mas ela apresenta os sintomas da menopausa (calor, perda de memória, diminuição da libido, secura vaginal, e incontinência urinária), é indicado fazer um ajuste hormonal para melhorar sua qualidade de vida.
Papanicolau
Pensando na parte ginecológica, a especialista destaca um velho conhecido das mulheres: o papanicolau. “Este é um exame que deve ser realizado até os 65 anos, justamente por conta do câncer de colo de útero”, aconselha.
Este é um tipo de câncer que demora anos para se desenvolver, mas as alterações das células que dão origem a ele podem ser facilmente descobertas no exame preventivo. “Embora seja uma doença prevalente em mulheres mais jovens, pode acontecer em mulheres que estão na menopausa. Principalmente no Brasil, onde as mulheres, entram na menopausa, em média, por volta dos 48, 50 anos”, aponta a Dra. Lígia.
Por: Vogue