Eduardo Luz é adepto da numismática: o estudo de moedas e cédulas de dinheiro.
Colecionador, ele viu uma parte bem específica de seu acervo viralizar na internet: os pacotes de notas de real picadas.
Notas de colecionador de Eduardo, com vários fragmentos de cédula colados no verso
Imagem: Pietra Carvalho/UOl
O advogado de São Paulo conta que adquiriu os pacotes de cédulas, moídas pelo Banco Central, e decidiu fazer souvenirs com os pedaços: ele imprimiu notas comemorativas —com o mesmo estilo do real, mas sem imitar detalhes da cédula— e colou os pedacinhos de dinheiro no verso.
“Eu tirei todos os elementos de segurança e coloquei minha marca nelas, para ficar claramente comemorativo. Cada uma tem, em média, 6 ou 7 cédulas coladas, é para ser colecionável”, destaca o advogado.
As primeiras 500 unidades do souvenir foram vendidas por R$ 30 cada.
De onde vem o dinheiro picotado?
Quando as cédulas são consideradas inadequadas para circulação —em função de seu desgaste— são substituídas por cédulas novas, segundo o Banco Central.
Elas são compactadas em blocos para facilitar o armazenamento e transporte até o destino final. Hoje, o material é usado em atividades como fabricação de cimento, o que, segundo o BC, ajuda a reduzir o uso de recursos naturais não renováveis e a emissão de gás carbônico.
Conseguir os pacotes de notas moídas, no entanto, é um desafio. A venda é proibida, já que o Banco Central não pode lucrar com a oferta dos pacotes.
Mas, então, como Eduardo conseguiu?
Antes, os blocos de dinheiro triturado eram entregues como “lembrancinha” aos visitantes do Museu de Valores —uma prática já extinta, segundo o BC, que agora faz o “descarte correto do ponto de vista ambiental”.
Para quem não aproveitou os brindes, outra opção é adquirir os pacotes em eventos de numismática, que reúnem colecionadores do mundo inteiro.
Eduardo, por exemplo, comprou os seus por R$ 50 cada.
A coleção curiosa de Eduardo ganhou o mundo depois que ele postou vídeos dos pacotes de dinheiro moído no TikTok —em apenas um deles, mostrando um pacote de notas de R$ 100 (que juntas totalizariam R$ 100 mil), ele conseguiu quase 15 milhões de visualizações.
Mas, afinal, para que serve colecionar essas cédulas?
As notas moídas não têm validade como dinheiro. Mesmo que alguém tenha a paciência para remontar as notas picotadas, elas já não teriam mais os padrões de segurança necessários em uma cédula com valor de mercado — como a marca d’água ao colocá-la contra a luz.
Novos souvenirs à vista
Agora, Eduardo pretende fazer notas especiais com as cédulas que ainda faltam —de R$ 1, R$ 2 e R$ 10. Mas, dessa vez, o desafio é outro: sem pacotes delas, ele mesmo deve incinerar o dinheiro. “O que estou tentando fazer é montar uma com três cédulas, para o custo não ficar tão alto. Por mais que seja engraçado, isso vende muito, porque tem muito colecionador.”
Questionado pelo UOL se a venda do dinheiro picotado é permitida, o BC afirmou que “não cabe a ele se manifestar sobre a possível comercialização desses brindes nas redes”.
Por: UOL