Nova plataforma do Desenrola entra no ar para renegociar dívidas; veja como participar e tela a tela

No total, 654 empresas com dívidas a receber ofertaram na última semana de setembro descontos variados. A média geral foi de 83% na redução do valor dos débitos. Mas há descontos maiores, como no caso de dívidas de cartão de crédito, para as quais foi oferecido abatimento médio de 96%.

As dívidas que poderão ser negociadas são aquelas com bancos, varejistas, companhias de água e saneamento, além de distribuidoras de energia, por exemplo.

A plataforma poderá ser acessada nesta manhã. Ela foi desenvolvida em parceria com a Bolsa de Valores brasileira, a B3 (Veja abaixo o passo a passo de como acessar).

O programa ficou sob risco de ser paralisado após um atraso na votação da lei que regulamentou a realização do Desenrola, já sancionada pelo presidente Lula. O Ministério da Fazenda fez forte articulação na última semana pela aprovação da Lei.

O diretor de Produtos da Febraban, Rafael Baldi, lembra que tradicionalmente o setor bancário já realiza muitos mutirões de renegociação de dívidas. O Desenrola, por outro lado, teria um papel inédito ao ter abrangência nacional e unir diferentes setores, para além das instituições financeiras.

— Se fosse ruim nós (Febraban) falaríamos. O programa veio muito acertado, trouxe a possibilidade de ofertar descontos profundos para os clientes.Temos um programa que, de fato, está tirando muitas pessoas de uma situação ruim — avalia Baldi.

Veja como obter descontos para pagar a dívida

O acesso e a utilização da plataforma é gratuito. O passo inicial para o devedor é ter uma conta no gov.br (portal oficial do governo). Essa conta precisa ter um grau de segurança, então, o governo está aceitando no mínimo uma certificação nível prata. Para quem não conseguir fazer virtualmente, esse cadastro pode ser feito presencialmente nas agências do INSS.

O consumidor pode acessar a plataforma oficial do Desenrola pelo celular ou computador. Vai ficar vinculada ao portal oficial do governo, com endereço próprio (desenrola.gov.br).

Na plataforma, os devedores têm acesso direto às dívidas elegíveis. Ou seja, apenas aqueles débitos no seu nome que tiverem oferta de desconto pelas empresas. Se não tiverem sido realizadas ofertas, as dívidas não estarão disponíveis.

Clicando em “Minhas dívidas”, aparecerá esta página com as dívidas do usuário que foram cadastradas — Foto: Divulgação

Clicando em “Minhas dívidas”, aparecerá esta página com as dívidas do usuário que foram cadastradas — Foto: Divulgação

Já será possível visualizar o valor do desconto, e as opções de pagamento. Uma pessoa, com uma dívida de R$ 5 mil, por exemplo, pode ter um desconto de 70%. Ou seja, neste caso, teria que pagar R$ 1,5 mil.

Se tiver condições de pagar à vista e com dinheiro próprio, a plataforma oferece as opções em Pix, débito automático ou boleto. O processo é rápido, segundo os técnicos, e a partir disso, o devedor já terá o nome limpo.

A outra opção é realizar o pagamento parcelado, fazendo um empréstimo para pagar a dívida inicial com a empresa credora. Esse empréstimo será no valor da dívida, após o desconto oferecido.O usuário poderá clicar no banco de sua escolha a partir da lista de opções para quitar a dívida — Foto: Divulgação

O usuário poderá clicar no banco de sua escolha a partir da lista de opções para quitar a dívida — Foto: Divulgação

As dívidas renegociadas poderão ser parceladas em até 60 vezes, com parcela mínima de R$ 50 e juros de até 1,99% ao mês.

O usuário faz a simulação de acordo com a quantidade de parcelas desejada ou com o valor ideal de cada parcela — Foto: DivulgaçãoO usuário faz a simulação de acordo com a quantidade de parcelas desejada ou com o valor ideal de cada parcela — Foto: Divulgação

Da perspectiva da empresa credora, ela recebe o valor à vista em ambos os cenários: ou o consumidor paga com dinheiro ‘do bolso’ ou faz um empréstimo para pagar essa dívida.

O usuário receberá confirmação do banco após a análise da solicitação de renegociação — Foto: DivulgaçãoO usuário receberá confirmação do banco após a análise da solicitação de renegociação — Foto: Divulgação

Além das empresas credoras, os bancos (que vão financiar as dívidas) já estão conectadas à plataforma. Em função disso, a solicitação de uma pessoa devedora que optar pelo parcelamento será automaticamente processada e encaminhada para o banco.

Os técnicos esperam um tempo rápido de análise das instituições financeiras. O consumidor vai assinar digitalmente um contrato com o banco e, a partir disso, a relação será direta com a instituição e não será mais intermediada pela plataforma.

Após a escolha da forma de pagamento, é gerado o contrato para assinatura digital do usuário. O tempo para leitura e assinatura é de até 10 minutos — Foto: DivulgaçãoApós a escolha da forma de pagamento, é gerado o contrato para assinatura digital do usuário. O tempo para leitura e assinatura é de até 10 minutos — Foto: Divulgação

O grande benefício aos credores (com dívidas a receber) é recuperar um crédito que, de outra forma, seria muito difícil reaver. São débitos entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022.

Além disso, foram destinados R$ 8 bilhões para o programa, para garantir eventuais inadimplências. Foi estabelecida uma prioridade, por recorte de dívidas, nas negociações garantidas pelo Fundo Garantidor de Operações (FGO).

No primeiro momento, os consumidores terão 20 dias, prorrogáveis por igual período, para renegociação das dívidas de até R$ 5 mil de forma parcelada. Se ainda restar recursos no fundo, após 40 dias, entram em campo as dívidas de R$ 5 a 20 mil parceladas, para serem negociadas sob a cobertura do FGO.

Para pagamento à vista, não haverá esse prazo e todas as dívidas de até R$ 20 mil já poderão ser negociadas a partir desta segunda-feira.

Podem realizar as operações pessoas com renda de dois salários mínimos, ou inscritos no CadÚnico.

— As condições oferecidas são vantajosas quando comparadas a outras modalidades de crédito. O cheque especial, por exemplo, pode chegar a cobrar até 8% ao mês e o empréstimo pessoal, em média, gira em torno de 7,66% ao mês — avalia Andressa Siqueira, economista e planejadora financeira.

Inicialmente, cerca de R$ 163 bilhões de dívidas estavam aptos para negociações. Com a retirada dos valores sem lance no leilão e os contratos removidos pelos credores, esse montante passou para R$ 151 bilhões.

Considerando todas as ofertas e em todas as modalidades, o desconto sobre esse total revisado foi R$ 126 bi. Ou seja, os R$ 151 bilhões se transformaram em R$ 25 bilhões.

O desconto mínimo ofertado na plataforma foi de 32%. O lote que ofereceu o maior valor de desconto médio (96%) foi o do cartão de crédito.

Fonte: Globo

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