Número parcial de queimadas no AM, em 2020, já é maior que total do ano anterior

O número parcial de queimadas no Amazonas, em 2020, já é maior que o total de 2019. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) e revelam que no ano passado o Estado chegou a registrar 12.676 focos, enquanto até a primeira quinzena de setembro, já são 13.978 casos.

O aumento é de um pouco mais de 10% e é um reflexo dos altos índices de queimadas que o Estado passou a registrar mês a mês. Somente em agosto, o Amazonas teve 8.030 focos, o maior índice já registrado pelo Inpe desde 1998, quando o órgão passou a monitorar anualmente os casos.

Setembro é, até o momento, o segundo mês do ano com o maior número de focos. Até a primeira quinzena, já foram registrados 3.333 casos, inclusive, índice maior do que o mesmo período do ano passado, que registrou 3.026 casos. Em seguida, na terceira colocação, vem julho, com 2.119 focos.

Os três meses que registraram as maiores altas, costumam ser os mais secos do ano na região e também formam o período em que ocorrem os maiores índices de queimadas.

Segundo o Inpe, a Amazônia é o bioma mais afetado pelas queimadas em 2020. 48,5% dos casos registrados no país durante o ano ocorreram na região. Em todo o Amazonas, os municípios de Apuí e Lábrea, no extremo sul do estado e fronteira com o Mato Grosso, são os mais afetados. Em Apuí, até o setembro foram 2.640 focos, enquanto em Lábrea são 1.889.

Ao fim do mês de agosto, quando houve o maior número de focos de queimadas para um único mês desde 1998, a A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) respondeu ao G1, por meio de nota, que o aumento das queimadas no Amazonas está relacionado, principalmente, ao avanço do desmatamento ilegal – sobretudo entre os meses de março e maio.

Conforme a secretaria, nesse período, o Governo do Estado concentrava esforços para o combate à pandemia do novo coronavírus e a ação ilegal foi favorecida pela restrição das atividades intermunicipais do Estado, estabelecida no intuito de conter o avanço da pandemia para o interior do Amazonas.

A Sema afirmou, ainda, que o aumento das queimadas no Amazonas ocorre, predominantemente, no Sul do Estado, relacionado à pressão em glebas e assentamentos federais para expansão da fronteira agropecuária e grilagem de terras.

Desta forma, a Operação Curuquetê 2 está concentrada na localidade, que também é a área focal das ações voltadas para o fortalecimento da regularização fundiária e ambiental. Tais ações estão previstas no Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento e Queimadas (PPCDQ-AM), lançado em junho deste ano, com execução até o final de 2022.

Política nacional na contramão

No início do mês, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicaram em rede social um vídeo em que negavam que a Amazônia estivesse queimando. O material chegou a receber críticas, já que trazia imagens de um mico-leão-dourado, animal só encontrado na Mata Atlântica.

Em agosto, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que as ações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia seriam suspensas. Em nota, o órgão afirmou que suspensão seria motivada por um bloqueio financeiro determinado pela Secretaria de Orçamento Federal em verbas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Logo em seguida, o vice-presidente contestou a decisão do ministro e afirmou que Salles havia se precipitado ao anunciar a suspensão das operações. Segundo ele, o bloqueio orçamentário de R$ 60,6 milhões do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) — apontado pelo Ministério do Meio Ambiente como motivo para a suspensão das operações — não será efetuado.

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