Papa vai se encontrar com vítimas de conflitos no Sudão do Sul e Congo

O papa Francisco vai se encontrar com vítimas dos conflitos na República Democrática do Congo (RDCongo) e visitar um campo de deslocados no Sudão do Sul, durante a viagem aos dois países no início de julho, anunciou hoje (28) o Vaticano.

A viagem está marcada para o período de 2 a 7 de julho. Francisco, que mediou pessoalmente as negociações de paz no Sudão do Sul, visitará a capital, Juba, enquanto na RDCongo estará nas cidades de Kinshasha e Goma, no Leste do país.

A visita ao Sudão do Sul é uma das mais desejadas por Francisco desde que começou o seu pontificado e tinha sido já adiada algumas vezes devido à instabilidade do país. A viagem ocorre no momento em que o pontífice sofre de fortes dores no joelho, que o impedem de andar e ficar de pé durante longos períodos. Ele está usando uma cadeira de rodas para se deslocar e uma bengala para ajudar.

Segundo o programa publicado hoje pelo Vaticano, Francisco dedicará o seu primeiro dia na capital da RDCongo a visitas oficiais às autoridades, enquanto no dia seguinte celebrará missa no aeroporto de Ndolo, em Kinshasha. À tarde, terá o tradicional encontro com o clero do país na catedral de Notre Dame du Congo (Nossa Senhora do Congo).

o papa seguirá depois para Goma, onde celebrará missa e se encontrará com as vítimas da violência na província do Kivu Norte, que tem sido afetada não só pelo conflito, mas também por grave epidemia de ebola e inundações.

Na terça-feira, 5 de julho, o papa seguirá para o Sudão do Sul, acompanhado pelo arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e pelo moderador da Igreja da Escócia, Jim Wallace. Os dois trabalham com o Vaticano para ajudar no processo de paz do país, onde há forte presença anglicana.

Além das habituais audiências com as autoridades, o papa visitará o campo de deslocados em Juba, onde se encontram dezenas de milhares de pessoas relutantes em regressar aos locais de origem por medo de violência.

Francisco presidirá também encontro ecumênico no Mausoléu John Garang, e encerrará sua viagem com uma missa.

O papa e líderes anglicanos convocaram políticos do Sudão do Sul para um retiro no Vaticano. Durante essa iniciativa, ele se ajoelhou, beijou os pés dos líderes beligerantes e pediu ao presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit, e ao líder da oposição, Riek Macharel, que prossigam o acordo de paz que tinham assinado antes.

Em novembro de 2019, a Comunidade de Santo Egídio, que trabalha pela paz no país há anos, organizou reunião dos não signatários do tratado de paz, que queriam declarar publicamente o compromisso de diálogo político com o governo, a fim de evitar qualquer tipo de confronto armado.

A declaração de paz foi assinada em Roma em 12 de janeiro de 2020, na qual o governo do Sudão do Sul e os movimentos de oposição se comprometeram a cessar as hostilidades.

Esta será a primeira viagem de um papa ao Sudão do Sul. A viagem à RDCongo ocorrerá 37 anos depois da visita de João Paulo II e é a terceira confirmada para este ano, após visita a Malta, de 2 a 3 de abril, e a que está prevista para o Canadá, de 24 a 30 de julho.

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