Pix Automático: como funciona e quais são as vantagens para os empreendedores

O Banco Central divulgou nesta semana as regras de implementação do Pix Automático, modalidade que permitirá que os usuários façam pagamentos recorrentes a empresas, como concessionárias de serviço público, escolas, academias, condomínios, planos de saúde, serviços de streaming, clubes por assinatura e empresas do setor financeiro. O Pix Automático entrará em vigor em 28 de outubro de 2024.

A forma de pagamento é semelhante ao débito automático, mas não necessita do convênio com um banco. “Para quem é pagador, não incide tarifa, mas para quem promove o convênio existe um custo de manutenção junto à instituição financeira. A pessoa jurídica paga para que haja esse fluxo operacional. Como o Pix é um ecossistema de múltiplas transações, a redução de tarifa será perceptível”, aponta Rafael Bombassaro Vignotto, gerente de produtos de meios de pagamentos da Unicred. Ele acrescenta que com a diminuição do custo, os empreendedores poderão administrar melhor o fluxo de caixa.

A modalidade pode causar confusão com o Pix Agendado, já em vigor, mas o BC acredita que os serviços são complementares. No caso do Pix Agendado recorrente, o cadastro das instruções de pagamento é feito pelo próprio usuário pagador, tendo como destinatário uma pessoa física ou jurídica. Já no Pix Automático, as instruções são fornecidas pelo recebedor – necessariamente pessoa jurídica – após autorização prévia do usuário pagador.

A atualização na tecnologia do pagamento por recorrência é destacada por Felipe Lourenço, coordenador do grupo de trabalho antifraude da Zetta, associação sem fins lucrativos fundada por Nubank e Mercado Pago: “Hoje temos o tradicional débito automático, baseado em estruturas arcaicas e anacrônicas, muito manual e com propensão ao erro, tanto no processo de adesão quanto na efetivação dos débitos. Há dificuldade de utilizar e a conversão de pagamentos é baixa”.

Ele pontua que, se antes a recorrência era mais ofertada por grandes empresas, como concessionárias de serviço público, por terem capacidade de lidar com um volume maior de cobranças, o Pix Automático vai ser adotado por mais negócios. “Ele vai incluir muitas empresas que estavam à margem, fazem cobranças recorrentes e poderiam utilizar esse meio de pagamento. Na ponta recebedora, teremos ampla inclusão desses negócios”, afirma.

Na opinião de Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), o setor de serviços será o mais beneficiado pelo implemento do Pix Automático, por já fazer uso do pagamento por recorrência. Porém, outros negócios também podem aproveitar o movimento para atrair clientes. “Gerar receita recorrente é importante para não depender de sazonalidade. Você pode criar novos produtos de fidelização, como um clube que dá acesso a descontos e promoções, e cobrar de forma recorrente, algo simples de ser implementado”, sugere.

No universo de startups, a recorrência dos clientes é citada com frequência como importante para escalar o negócio. De acordo com um mapeamento divulgado pela ACE neste ano, 44,4% das startups brasileiras adotam o modelo SaaS (software as a service), que garante mais flexibilidade e previsibilidade de receita, a partir de cobrança de assinatura para utilizar o software. Perez afirma que, no caso dessas startups, o Pix Automático se apresenta como meio de pagamento de baixíssimo custo, o que pode ser interessante para investidores. “As métricas são muito importantes para quem quer captar. O investidor olha esses números do presente para vislumbrar o futuro. Com essa recorrência automática, os números são mais claros”, pontua.

A fintech Barte oferece automação de pagamentos entre empresas, incluindo via Pix. A plataforma gera os boletos e chaves de pagamento de forma recorrente, conforme programação do empreendedor. Lá, o Pix Automático será implementado “o quanto antes” como mais uma ferramenta dentro da solução.

“Não será uma concorrência ao que fazemos, mas uma complementaridade. É mais uma forma de garantir que o sistema cobre de maneira fluida, permitindo um pagamento automático para o empreendedor focar no core do negócio e deixar de cobrar o cliente”, afirma Caetano Lacerda, cofundador e CEO da startup. Para ele, a perspectiva é positiva. “Ter o regulador [Banco Central] favorável à inovação é um privilégio, não acontece em todos os países”, acrescenta.

O Pix completou três anos em novembro e, de acordo com o Banco Central, movimenta R$ 1,5 trilhão por mês. São 155,8 milhões de usuários cadastrados atualmente. Desse total, cerca de 91% são pessoas físicas. Porém, apesar de as pessoas jurídicas representarem a menor parcela de usuários, são elas que movimentaram mais dinheiro no último levantamento do BC: cerca de 40% do volume movimentado em setembro foi de empresas para empresas.

Por: PEGN

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