No momento em que alunos chilenos começam as férias de inverno, eles deixam para trás um semestre marcado pela violência. Várias escolas de ensino médio ao redor de Santiago foram ocupadas por estudantes, uma foi incendiada e jovens encapuzados entraram em confronto com a polícia e queimaram ônibus.
Em junho, a prestigiosa escola Internado Nacional Barros Arana (INBA), em Santiago, foi temporariamente fechada devido a violência “grave”, incluindo um incêndio no escritório do diretor.
Em um país que tem registrado desenvolvimento rápido mas desigual nas últimas décadas, protestos de estudantes contra a educação cara e de baixa qualidade nas escolas e universidades tornaram-se mais frequentes.
Para os jovens, isso agora está exacerbado por problemas de comportamento relacionados à pandemia, dizem especialistas. Embora efeitos negativos de longo prazo do confinamento em crianças tenham sido vistos em outros lugares, o Chile parece ser particularmente atingido.
“Não vimos nada em nenhum outro lugar tão drástico ou dramático como aqui”, disse Francisca Morales, autoridade de educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Chile.
O principal impacto foi em adolescentes e pré-adolescentes que retornam à escola depois de passar pela puberdade em isolamento, disse ela.
A Superintendência de Educação do Chile registrou aumento de 56% nos incidentes violentos no último semestre em comparação com 2018 e 2019, antes da pandemia, aumento que incomodou políticos, psicólogos e professores.
“Depois desses dois anos, eles se irritam mais com a autoridade e a disciplina. Há rejeição das figuras de autoridade”, afirmou Esteban Abarca, professor do ensino médio da escola INBA em Santiago.
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