Um tratamento experimental, baseado nos medicamentos mais utilizados contra a AIDS há mais de uma década, foi a opção escolhida pelos médicos do Hospital Virgen del Rocío de Sevilha (sul da Espanha) para tratar com sucesso o primeiro paciente contaminado na Espanha com o coronavírus SARS-CoV-2. Trata-se da aplicação de lopinavir/ritonavir, também usado para combater infecções pelo HIV, junto ao interferon beta, uma proteína que ajuda as células a se protegerem da infecção.
Santiago Moreno, chefe de doenças infecciosas do Hospital Ramón y Cajal (Madri), explica que “a protease do SARS-CoV-2 se parece muito com a do HIV”, e que “essa enzima é fundamental para que o vírus possa se replicar”. “A combinação de lopinavir e ritonavir a inibe e bloqueia o HIV”, acrescenta. “Os resultados que conhecemos até agora sobre seu uso contra o coronavírus são animadores”, afirma.
O interferon beta, o outro fármaco utilizado em Sevilha, tem um mecanismo de atuação semelhante. É uma das chamadas proteínas sinalizadoras produzidas de forma natural pelas células humanas ao serem infectadas por um vírus. “O objetivo é alertar às demais células, que desenvolvem assim uma maior resistência à infecção”, ilustra Bosch. Alguns hospitais de Wuhan também utilizaram o tratamento empregado no Virgen del Rocío em pacientes com o coronavírus CoV-19, segundo várias comunicações publicadas em revistas científicas, embora novamente “as provas sobre sua eficácia sejam escassas”, segundo os especialistas.