Antes de começar o último espetáculo gratuito da primeira temporada da “Série Rio Negro Concertos Sinfônicos”, aconteceu
nesta quinta-feira (28.12), às 20h, o Teatro Amazonas já estava lotado. O quarto programa da série encerrou as atividades em 2023, com o concerto realizado pela Orquestra Pró Cultura do Amazonas.
O destaque da noite foi a estreia amazonense do compositor pernambucano, radicado no Amazonas há 27 anos, Timóteo Esteves, com a composição “À Brasiliana”. A composição fala sobre o Brasil e dos ritmos brasileiros, como o maracatu, samba e MPB.
“Fizemos a estreia mundial dessa obra em Brasília, ano passado. A composição recebeu o prêmio pela Academia Claude Brendel Brasil- França 2022. E agora, finalmente, pude apresentar “À Brasiliana” no palco do Teatro Amazonas, na Série Rio Negro e para o público da terra onde realizei a minha formação”, declarou o compositor Timóteo Esteves.
À Brasiliana
A obra é dividida em três movimentos: Brasiliana; Jornada Etérea e Saudoso Carnaval.
Segundo o compositor, o primeiro movimento apresenta acordes evolutivos usando a harpa e o violão. As madeiras e as cordas estão juntas nessa harmonia. Após uma breve introdução, com a movimentação dos ritmos brasileiros, é realizada a entrada da cuíca e uma grande batucada africana.
“O segundo movimento, é sobre a passagem dessa vida para outra. A morte é um assunto tão delicado e evitado, mas tive grandes perdas que me levaram às emoções necessárias para escrever esse movimento. Apesar de ser um movimento lento, escolhi dar efervescência rítmica e isso gerou mais impacto na melodia. A música tem algumas frases que escolhi fazer em uníssono, essas frases são como um grande lamento lacrimoso. A música termina bruscamente como um coração parando, o tímpano faz o som do coração e as madeiras fazem o bip da máquina que vai descompassando até fatalmente parar de bater”, explica Timóteo.
O terceiro movimento tem característica de samba, bem rítmico com harmonias e melodias que mudam bastante.
Timóteo Esteves é natural de Recife, Pernambuco. É violoncelista e pedagogo formado pela Universidade Federal do Amazonas. É integrante da Amazonas Filarmônica há mais de dez anos.
Dvořák e Wagner
O concerto apresentou ainda a obra da sinfonia número 8, em sol maior opus 88, de Antonín Dvořák, e ainda, “Die Meistersinger von Nürnberg” (Os Mestres Cantores de Nuremberg) do compositor alemão Richard Wagner.
Sucesso de Público e crítica
O público recebeu o espetáculo com muita emoção. Na plateia e nas frisas dos Teatro Amazonas era visível o contentamento por meio dos aplausos, de quem apreciou o concerto.
“Que maravilha! Que espetáculo maravilhoso! Sempre que foi possível, eu acompanhei os concertos da Série Rio Negro”, comentou a aposentada Conceição Fabi.
Jornalistas com atuação de mais de 30 anos no mercado da comunicação, Karime Leão e Mário Adolfo, fizeram críticas positivas do projeto da Série Rio Negro e sobre o último concerto da primeira temporada.
“A Orquestra Pró Cultura e o maestro Rubens Souza demonstaram uma experiência musical fantástica, fechando a primeira temporada com chave de ouro. Foi emocionante mesmo, só posso falar bravo, bravo! Já estou ansiosa pela temporada 2024”, relatou a jornalista Karime Leão.
“Esse tipo de projeto precisa ser incentivado sempre. Eu fiquei impressionado com a obra “À Brasiliana” do músico Timóteo Esteves. Seria muito bom pensar em apresentações como essa aos domingos, pela manhã e também no anfiteatro da Ponta Negra”, ressaltou Mário Adolfo.
Trajetória da Série Rio Negro
O programa da primeira temporada da Série Rio Negro foi composto de quatro concertos gratuitos e três palestras musicais em escolas públicas da capital amazonense. A abertura ocorreu no dia (06.09), no Teatro Amazonas. O segundo concerto no dia (21.10) e o terceiro no dia (18.11), ambos no Teatro ICBEU. O encerramento da primeira temporada da Série Rio Negro no Teatro Amazonas, está marcado para o dia (28.12), com o concerto de fim de ano.
Foram realizadas duas palestras musicais no mês de novembro: “Conhecendo os metais graves da Orquestra”, na Escola Estadual Diana Pinheiro, bairro Educandos, e ainda, “A Orquestra e a nossa história”, na Escola Estadual Petrônio Portela, bairro Dom Pedro. Neste mês de dezembro a terceira palestra musical “Conhecendo a família das cordas”, na Escola Estadual Áurea Braga.
“Hoje celebramos o sucesso de público e de crítica da “Série Rio Negro Concertos Sinfônicos”. Alcançamos um público presencial com os quatro concertos e as três palestras musicais de quase três mil pessoas, isso sem falarmos do alcance com as transmissões ao vivo da TV Encontro das Águas, para mais de 50 municípios do Amazonas e nas redes sociais da TV Estatal e do projeto da Série Rio Negro”, analisa o maestro Rubens Souza, diretor artístico do projeto.
Pró Cultura do Amazonas
A Orquestra Pró Cultura do Amazonas possui uma configuração com 50 componentes. A criação oficial da Orquestra Pró Cultura do Amazonas ocorreu em 2019, tendo o maestro Rubens Claudio de Souza, como o diretor artístico e regente titular dos instrumentistas. O grupo nasceu com o intuito de criar oportunidades aos novos músicos em início de carreira, com a participação de músicos renomados.
Transmissão ao vivo
A “Série Rio Negro” teve transmissão ao vivo pelo Sistema Encontro das Águas, TV aberta 2.1, NET 513, e também pelo Facebook e Youtube, para mais de 50 municípios do Amazonas.
Incentivo à Cultura
O projeto “Série Rio Negro” foi realizado através da “Lei de Incentivo à Cultura”, Ministério da Cultura, com o patrocínio master da Atem Distribuidora.
O patrocínio cultural é do Instituto Cultural Brasil – Estados Unidos (ICBEU-Manaus). Além do patrocínio, o ICBEU é parceiro do projeto, a Pró Cultura do Amazonas é uma orquestra residente do Instituto.
A Série Rio Negro tem apoio cultural da TV Encontro das Águas, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, do Governo do Amazonas e do Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas (CAUA). A realização é da Procult/Guerra Produções Culturais. Entre os principais objetivos: promover acesso à cultura; inclusão social e oportunidade de emprego e renda em Manaus.
A primeira temporada teve a regência e a direção artística do maestro Rubens Claudio de Souza e a direção de produção do maestro Ezequias Guerra.