Sidney Magal faz 73 anos e descarta procedimentos estéticos: ‘Não adianta rejuvenescer para os outros e me achar um velho ridículo’

Ao EXTRA, o cantor falou sobre saúde, vaidade, sucesso, assédio, sexualidade e moda: ‘Às vezes eu saio esculhambado, com bermuda rasgada e camisa faltando botões. Tenho o direito de ir à rua assim depois de tantas conquistas na vida’

Sidney Magal se preparava para cantar “Se o corpo estremece e já não consegue parar…”, primeiro verso do hit “Me chama que eu vou”, quando sentiu as pernas bambearem e a cabeça tontear. Mas não era parte da coreografia da lambada. O sangue ferveu, e sua pressão arterial chegou a 20 por 16, durante um show em São José dos Campos (SP), no último dia 25 de maio. Magal precisou deixar o palco, procurando atendimento médico. “E o público seguiu cantando sozinho umas quatro ou cinco músicas minhas, foi um carinho lindo!”, lembra o cantor, que teve uma pequena hemorragia no cérebro, sem sequelas, ficando internado sob observação e realizando exames por 12 dias.

Passado o susto, o carioca completa seus 73 anos muito bem vividos neste 19 de junho, com o astral lá em cima e as mais diversas formas de comemoração. Desta terça-feira (dia 20) até 29 de julho, a “Expo Sidney Magal: muito mais que um Amante Latino” reúne no Centro Cultural Correios São Paulo, com entrada franca, discos, figurinos, entrevistas, presentes de fãs e muito mais, guardados pelo próprio em 55 anos de carreira. Tem o filme “Meu sangue ferve por você”, sobre sua história de 43 anos de amor com Magali West, vindo por aí; tem homenagem de José Loreto em “Vai na fé” na interpretação de Lui Lorenzo inspirada no ídolo… Em conversa exclusiva com o EXTRA pontuada por gostosas gargalhadas, o astro “tropicaliente” falou sobre saúde, vaidade, sucesso, assédio, sexualidade e moda. “Ainda tenho um mundo de sensações e vibrações para oferecer”, bradou ele, com sua voz grave e inconfundível, ao fim da entrevista por videochamada.

“Há dois meses, fui fazer uns exames de rotina e a ressonância acusou um trombo numa artéria do baço. Um cateterismo desbloqueou essa via e fui liberado dois dias depois. Aí, no fim de maio, tive esse outro susto. O anticoagulante que eu tomei para evitar novo trombo pode ter influenciado nessa hemorragia. Antes disso, só tinha tido cálculo renal, ácido úrico… Coisas que já eram da idade e do relaxamento com a saúde. Mas nada grave. Sempre tive uma saúde muito boa, e por causa disso fiquei abusado. Agora, preciso cuidar da alimentação, pra reduzir o sobrepeso, e descansar. Foram muitos excessos em todos esses anos”.

Ritmo de trabalho menos intenso

“Eu não penso em morrer tão cedo. Tenho uma neta maravilhosa, com 3 anos e meio, e eu quero vê-la ser avó (risos). Meu otimismo com relação à vida continua. Tenho muitos anos pela frente, só não sei se cantando tanto. Vou ter que diminuir o ritmo das viagens, tenho que ficar mais com o pé no freio. Quero parar na hora em que eu sentir que não tenho mais o mesmo pique. O público acredita no meu trabalho porque a energia sempre foi a mesma. Digo de coração: se eu não puder continuar me apresentando do jeito que gosto, prefiro fazer um show só por mês ou sair de cena. É melhor deixar as pessoas com a lembrança do quanto a minha carreira foi brilhante do que me deixar levar por uma depressão ou qualquer coisa parecida”.

José Loreto e Sidney Magal — Foto: Reprodução de Instagram

José Loreto e Sidney Magal — Foto: Reprodução de Instagram

Homenagem em ‘Vai na fé’

“José Loreto entrou no meu camarim, se ajoelhou aos meus pés, me deu um beijo e disse: ‘Você é minha inspiração pra vida toda’. Ele ficou três meses me estudando porque me faria no filme ‘Meu sangue ferve por você’, mas não pôde. Então, levou esse meu jeito pra novela, eu achei lindo! Quando as pessoas fazem alguma coisa por mim, eu quero que coloquem todo o tesão delas naquilo. Me identifico em alguns momentos com Lui Lorenzo; em outros, não. Duas semanas antes desse meu problema de saúde, eu fiz um show em praça pública em Indaiatuba (SP) que reuniu 35 mil pessoas. Arrastei multidões de cima do trio elétrico duas vezes, em São Paulo. Não tenho dúvidas: o termo ‘cantor decadente’ está bem longe do meu vocabulário”.

“Já aceitei tratamentos dentários oferecidos por dentistas porque é até uma questão de higiene. Agora, qualquer outro tipo de correção no rosto, estou fora! De que adianta mexer na cara e olhar decepcionado para as mãos, para o pescoço, para outras partes do corpo que não escondem a passagem do tempo? Preciso me conformar. Não adianta rejuvenescer para os outros e me achar um velho ridículo. Eu não faria qualquer coisa para me melhorar só para estar no palco. Não me acho feio, sou um coroa bastante simpático. Só não sou mais um amante latino (risos). Nos shows, quando gritam: ‘Magal, meu gato, meu crush!’. Eu respondo: ‘Gente, vamos mudar os felinos de acordo com a época. Agora eu sou um tigre, não mais um gato. E, daqui a pouco, um tigre de bengala’ (gargalhadas)”.

“O assédio amadureceu e ficou variado de uma maneira que eu tenho muito orgulho. Tem homem de 40, 50 anos que chora ao entrar no camarim acompanhado da mulher. Era a criança que foi feliz me imitando lá nos anos 70. Se esbarro em executivos nos aeroportos e peço desculpas, eles pedem um abraço, dizendo que o sonho da vida era me conhecer. O público ficou tão variado e bonito, que eu prefiro o de atualmente do que a antiga histeria”.

“Eu guardo tudo que os fãs me dão. Os Trapalhões chegaram a fazer um programa mostrando a quantidade de joias que as mulheres jogavam no palco pra mim. Fiz um cordão com 150 gramas de ouro puro, derretendo anéis, brincos, pulseiras… Hoje, a situação financeira das pessoas não permite mais esse devaneio, lançam mais bijuterias e lingeries (risos). Mas continua sendo uma loucura! Minha mulher, Magali (sua empresária, com quem está há 43 anos), diz que eu viajo cantor e volto sacoleiro. Me dão potes de doce, bolos… Eu trago comigo na bagagem. Não sei largar para trás o sentimento das pessoas”.

“Desde os 60, eu não me acho mais desejável, apesar de muito bem casado. Mas a época dos arrepios com elogios e olhares já passou. Não me arrepio mais com facilidade. Os valores são outros. Eu acho que todos podemos ser tudo, com respeito. Sempre acreditei que todos somos bissexuais, apesar da resistência machista. Nunca me relacionei com homens, mas já os desejei. De repente, se tivesse uma tendência maior, eu teria ficado com pessoas do mesmo sexo. Assisto aos programas da RuPaul e da Xuxa, com drag queens, e fico embasbacado. Eu poderia ser uma drag! É tanta beleza artística! Todos podemos ser tudo. Só não aceito vulgaridade. Disso, sempre tive repulsa”.

“Não uso mais os blazers coloridos de antigamente. Brinco que agora eu tenho uma moda ‘não fashion’: não fashion aqui, não fashion ali… Não fecha mais nos lugares onde fechava (risos). Meu closet é o dobro do tamanho do da minha mulher. Guardo o Sidney Magal e o Sidney de Magalhães ali. O Magalhães é estilo Dorival Caymmi e Jorge Amado, com camisas estampadas de coqueiros, sol, praia… Sou um artista de país tropical, não me cabe ficar usando cinza e fazendo tipo. Mas o pessoal acha mesmo que eu vou entrar na padaria com roupa de cigano e cueca de paetês prateados, sapato de salto alto e gritar: ‘Me dá um pão! Fresquinho! Comigo! Agora!’ (faz voz grossa). Seria uma cena ridícula! Às vezes eu saio esculhambado, com bermuda rasgada e camisa faltando botões. Magali reclama e eu argumento: ‘Já sou um senhor de idade, só quero respeito. Tenho o direito de ir à rua assim depois de tantas conquistas na vida. Por que ficar me privando?”.

Por: Extra

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