A Ucrânia informou nesta quarta-feira (11) que repeliu forças de Moscou em um contra-ataque que pode sinalizar uma mudança no ímpeto da guerra, e também interrompeu fluxos de gás em uma rota através do território controlado pela Rússia, aumentando o espectro de uma crise energética na Europa.
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia disse ter recapturado Pytomnyk, uma vila na estrada principal ao norte da segunda maior cidade do país, Kharkiv, perto da fronteira russa.
“As forças de ocupação se deslocaram para defesa para diminuir o ritmo da ofensiva de nossas tropas”, afirmou. “O assentamento de Pytomnyk… foi liberado.”
Após dias de avanços ao norte e leste de Kharkiv, uma fonte militar ucraniana disse sob condição de anonimato que as forças da Ucrânia estavam a apenas alguns quilômetros da fronteira russa na manhã desta quarta-feira.
Antes, as forças russas estavam nos arredores de Kharkiv, uma cidade a 40 km da fronteira.
O avanço parece ser o mais rápido que a Ucrânia conseguiu desde que expulsou as tropas russas da capital Kiev e do norte da Ucrânia no início de abril.
Se sustentado, pode permitir que as forças ucranianas ameacem as linhas de suprimento para a principal força de ataque da Rússia.
O Kremlin chama suas ações na Ucrânia de “operação militar especial” para desmilitarizar o país vizinho, que diz ser uma ameaça para a sua segurança. Moscou nega ter civis como alvo.
A Ucrânia diz que não representa ameaça e que as mortes de milhares de civis e a destruição de vilas e cidades mostram que a Rússia está travando uma guerra de conquista.
Suprimento de gás
A decisão de quarta-feira da Ucrânia de cortar o fornecimento de gás russo através do território controlado por separatistas apoiados pela Rússia foi a primeira vez que o conflito interrompeu diretamente os embarques para a Europa.
Os fluxos de gás da Gazprom, empresa que detém monopólio russo de exportação, para a Europa via Ucrânia caíram um quarto depois que Kiev disse que foi forçada a interromper todos os fluxos de uma rota, através do ponto de trânsito de Sokhranovka, no sul da Rússia.
A Ucrânia acusou separatistas apoiados pela Rússia de desviar suprimentos.
Caso o corte de abastecimento persista, seria o impacto mais direto até agora nos mercados de energia europeus.
Moscou também impôs sanções ao proprietário da parte polonesa do gasoduto Yamal que transporta gás russo para a Europa, bem como à antiga unidade alemã da Gazprom, cujas subsidiárias atendem ao consumo de gás da Europa.
As implicações para a Europa, que compra mais de um terço de seu gás da Rússia, não ficaram imediatamente claras.
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