Uma mulher australiana foi acometida por um verme que usualmente só acomete as cobras píton. Ela teve esquecimentos por conta do parasita
Em um caso inédito e inusitado, médicos descobriram que uma mulher australiana de 64 anos com problemas de memória tinha, na verdade, um verme de oito centímetros, ainda vivo, alocado em seu cérebro. Segundo os responsáveis pelo atendimento, este é o primeiro caso de parasita do tipo Ophidascaris robertsi no cérebro humano.
Vermes desta espécie normalmente são parasitas de cobras píton — os humanos geralmente são hospedeiros ocasionais de suas larvas. No entanto, neste caso, o animal acabou indo parar no cérebro da mulher.
O caso foi revelado em um artigo publicado em 11/8 na revista especializada Emerging Infectious Diseases.
A mulher vivia em uma região de lagos habitada por cobras e consumia vegetais da própria horta na alimentação — os médicos acreditam que foi assim que ela teve contato com os ovos dos vermes. A paciente foi internada em janeiro de 2021 com muita diarreia e dor abdominal.
Ela foi tratada com medicamentos para recompor a flora intestinal e teve melhora. Três semanas depois, porém, a mulher voltou ao hospital com febre e tosse. Os responsáveis pelo caso notaram que algumas larvas tinham migrado para o pulmão.
Mulher passou anos tratando larvas
Ela foi tratada com altas doses de vermífugo e acompanhada por um ano até que não apresentasse mais sinais de infecção. Em março de 2022, porém, a paciente desenvolveu um quadro depressivo e começou a apresentar episódios de esquecimento.
A mulher passou por uma bateria de exames de imagem que mostraram uma estrutura semelhante a um fio no cérebro da paciente. Os médicos decidiram que ela deveria passar por uma biópsia aberta, que abre o crânio, para retirar a estrutura. Foi quando encontraram o verme de oito centímetros de comprimento e um milímetro de diâmetro. Ele era o único parasita presente no órgão.
A paciente voltou a tomar vermífugo e fez mais vários exames, mas não voltou a apresentar parasitas. Apesar da melhora, ela precisa fazer check-ups constantes, já que as larvas podem sobreviver por até quatro anos no corpo de mamíferos.
Apesar de os sintomas neuropsiquiátricos terem persistido, especialmente o esquecimento, ela melhorou ao longo do tempo.
Por: Metrópoles