Brasil zera fila para tratamento de hepatites virais

No dia em que se comemora o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, o Ministério da Saúde anunciou que o Brasil zerou a fila para tratamento das hepatites virais. Também foi anunciada a realização de um pregão para aquisição de mais 50 mil tratamentos para hepatite C.

“Essa medida garante o abastecimento do Sistema Único de Saúde até 2021. E também há estoque de medicamentos para hepatite B suficiente para abastecer o SUS até o primeiro trimestre do ano que vem”, disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, que participou de coletiva à imprensa nesta terça-feira (28). Para lembrar da luta contra as hepatites virais, o mês foi chamado de “Julho Amarelo”.

Uma outra novidade anunciada pelo Ministério da Saúde é que os medicamentos contra as hepatites virais passaram a ser enviados a estados mensalmente. Antes, o envio era trimestral. “Passamos a fazer isso primeiro para garantir maior agilidade no atendimento dos pacientes; para garantir maior controle dos estoques; e diminuir a chance do desabastecimento”, disse o secretário. Para garantir um estoque de segurança, o Ministério da Saúde tem enviado 20% a mais do consumo de medicamentos apresentado por cada estado.

De 2019 a junho deste ano, foram feitos 54.710 tratamentos para hepatite C. Além da hepatite B, o SUS também oferece vacinação contra a hepatite A.

O governo pede que as pessoas se protejam e se cuidem para evitar a doença.  “A gente insiste para que você procure o posto de saúde para garantir e manter sua cobertura vacinal adequada, atualizada, porque dessa forma você está prevenindo doenças, está garantindo vida”, disse Arnaldo Correia.

As hepatites virais são doenças infecciosas silenciosas e graves que atacam o fígado e se manifestam na forma aguda e crônica. O diagnóstico precoce amplia a eficácia do tratamento. Existem cinco tipos de hepatite: A, B, C, D e E. As do tipo A e E só se manifestam de forma aguda, ou seja, o paciente elimina o vírus do organismo depois da crise. A hepatite do tipo E possui ocorrência rara no Brasil. É mais comum na Ásia e África.  

 Boletim Epidemiológico Hepatites Virais

O Ministério da Saúde também lançou nesta terça-feira (28) um estudo com informações atualizadas e detalhadas sobre as hepatites virais no Brasil nos últimos 20 anos.

Segundo a publicação, de 1999 a 2019, foram notificados 673.389 casos confirmados de hepatites virais no país. Desse total, 168.036 (25%) são referentes aos casos de hepatite A, 247.890 (36,8%) aos de hepatite B, 253.307 (37,6%) aos de hepatite C e 4.156 (0,6%) aos de hepatite D. O SUS oferece tratamento para todos os tipos da doença.

De acordo com o estudo, a região Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A (30,1%). Na Sudeste, verificam-se as maiores proporções dos vírus B e C, com 34,5% e 59,3%, respectivamente. A região Norte acumula 74,4% do total de casos de hepatite D. Entre 2000 e 2018, foram registrados 74.864 óbitos por hepatites virais no Brasil.

 Taxa de Incidência

 A taxa de incidência de hepatite A no Brasil vem apresentando uma importante queda. Passou de 5,7 casos em 2009 para 0,4 por 100 mil habitantes em 2019, uma redução de 93%. “Isso é um fluxo, um reflexo do trabalho da ponta, do SUS, a cada dia no nosso país”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Já as taxas de detecção de hepatite B no Brasil vêm apresentando pouca variação nos últimos dez anos, com leve tendência de queda a partir de 2015, atingindo 6,6 casos para cada 100 mil habitantes no país em 2019. O grupo das pessoas acima de 60 anos foi o único a apresentar aumento nas taxas de detecção da doença nos últimos 10 anos. “A gente acredita que isso se deve ao programa de vacinação. A gente tem uma população que hoje se vacina muito mais precocemente; e as pessoas, portanto, que estão nesse grupo etário não tiveram a oportunidade de serem vacinadas anteriormente”, afirmou Arnaldo de Medeiros.

O Ministério da Saúde estima que cerca de 0,52% da população viva com a hepatite B, o que corresponde a aproximadamente 1,1 milhão de pessoas. Esta doença é a segunda maior causa de óbitos entre as hepatites virais.

Em relação à hepatite C, desde 2015, houve uma tendência significativa de aumento no número de casos. Também se observa que a provável fonte de infecção da hepatite C é o uso de drogas, correspondendo a 12,1% do total de casos, seguido de transfusão sanguínea (10,3%) e de relação sexual (8,9%). Os óbitos por hepatite C são a maior causa de morte entre as hepatites virais.

Já sobre a hepatite D, segundo o estudo, a população jovem é a mais infectada. Mais da metade dos indivíduos (50,8% do total de casos) possuía idade entre 20 a 39 anos no período analisado (2009 a 2019), e 16,9% dos casos tinham idade superior a 50 anos.

O Brasil é signatário do Plano Estratégico Global das Hepatites Virais para Eliminação até 2030. Entre as metas divulgadas pelo Ministério da Saúde está a redução de 90% dos casos e a diminuição de 65% das mortalidades associadas às hepatites.

“Faltam 10 anos para alcançarmos essa meta. Essa meta será alcançada com o esforço contínuo do nosso Sistema Único de Saúde. Essa meta será alcançada com o esforço contínuo dos nossos profissionais da atenção básica e da atenção especializada. Essa meta será alcançada com a nossa cobertura vacinal. Essa meta será alcançada com a nossa disponibilização dos tratamentos adequados”, finalizou o secretário.

Conheça mais sobre os diferentes tipos de Hepatite

 HEPATITE A

A hepatite A é uma doença contagiosa. A transmissão ocorre por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. O diagnóstico é realizado por exame de sangue. A doença tem cura quando o portador segue corretamente as recomendações médicas.

Como se prevenir: Melhorar as condições de higiene e de saneamento básico, lavar sempre as mãos, consumir apenas água tratada e evitar contato com esgoto a céu aberto. O SUS oferta vacina para a hepatite A, para menores de cinco anos e grupos de risco.

 HEPATITE B

A hepatite do tipo B é uma doença infecciosa. Está presente no sangue, no esperma e no leite materno. É considerada uma doença sexualmente transmissível. O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue específico.

 Como se prevenir: Usar preservativo nas relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings. O SUS também oferece vacina para a hepatite B, em qualquer idade.

 HEPATITE C

A hepatite C está presente no sangue. O diagnóstico depende do tipo do vírus (genótipo) e do comprometimento do fígado (fibrose). Nem sempre o paciente apresenta sintomas e, por causa disso, é necessária a realização de exames específicos, como biópsia hepática nos pacientes sem evidências clínicas de cirrose e exames de biologia molecular.

A transmissão ocorre por compartilhamento de material para uso de drogas, como seringas e agulhas, de higiene pessoal, como lâminas de barbear. Também ocorre a transmissão de mãe infectada para o filho durante a gravidez; e no sexo sem camisinha com uma pessoa infectada.

Como se prevenir: Não compartilhar com outras pessoas nada que possa ter entrado em contato com sangue.

 HEPATITE D

 A hepatite D é também chamada de Delta. Esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa. A transmissão, assim como a do vírus B, ocorre por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; compartilhamento de material para uso de drogas, de higiene pessoal ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings.

Como se prevenir: Como a hepatite D depende da presença do vírus B para se reproduzir, as formas de evitá-la são as mesmas do tipo B da doença. A vacinação da hepatite B também protege contra a hepatite D.

 HEPATITE E

A transmissão da hepatite E é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.

 Como se prevenir: Melhorar as condições de higiene e de saneamento básico, como lavar sempre as mãos, consumir apenas água tratada e evitar contato com esgoto a céu aberto.

 

 

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