Conflitos com a família estão por trás da maioria dos registros de fuga do lar entre adolescentes em Manaus

Conflitos com a família estão por trás da maioria dos registros de fuga do lar entre adolescentes em Manaus

FOTOS: Carlos Soares/SSP-AM
FOTOS: Carlos Soares/SSP-AM

Brigas em casa e a proibição de namoros na adolescência são as justificativas mais comuns para os casos de fuga do lar entre crianças e adolescentes registrados na Polícia Civil, em Manaus. No ano passado, foram 493 ocorrências desse tipo, segundo dados da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca). A maioria delas envolvendo meninas.

Neste ano, a unidade policial já registrou 45 casos até fevereiro. Para além de uma rebeldia juvenil, uma saída de casa nessa idade pode esconder algo mais grave. Aliciamento, envolvimento com o tráfico ou consumo de drogas ou outros tipos de violência. Por isso, pais e responsáveis não podem se descuidar, alerta a delegada Joyce Coelho, responsável pela Depca, da Polícia Civil do Amazonas.

Mudanças de humor, o uso de álcool ou drogas, brigas, baixas notas na escola e até mesmo o sumiço de objetos pessoais são sinais que devem ser observados com preocupação, diz a delegada.

“Muitas vezes, falta um canal de comunicação. A família é desestruturada, o adolescente não tem confiança em contar as suas coisas para os pais e ele também é deixado de lado. Livres para navegar pela internet, sem uma vigilância e acompanhamento, acabam ficando em risco”, afirmou.

A atenção com as redes sociais deve ser redobrada. “Os pais precisam manter o monitoramento. Alguns adolescentes não têm maturidade e não têm medo do perigo. E eles correm muito perigo na internet, com convites inapropriados, principalmente para fugir de casa, e pedidos de fotos íntimas. Os responsáveis precisam checar e alertar os filhos sobre os riscos”, explica Joyce Coelho.

Conforme a titular da Depca, os pais em dificuldades podem procurar auxílio profissional, procurando psicólogos ou até mesmo fazendo uma terapia de família.

Psicossocial – De acordo com a titular da Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), delegada Elizabeth de Paula, os pais precisam estabelecer um diálogo com os filhos e se posicionarem em casos de desobediência.

“O adolescente entra numa fase em que ele começa a bater de frente com os pais. Minha dica é que os responsáveis se posicionem e sejam firmes nas palavras. Infelizmente, em alguns casos, os adolescentes são abandonados pelos tutores, acabam fugindo de casa e entram no mundo das drogas”, observa.

A Deaai dispõe de um atendimento psicossocial para receber crianças e adolescentes que já fugiram do ambiente doméstico. A assistente social da Especializada, Polyana Bezerra, conta que pais procuram ajuda dos especialistas para saber como orientar os filhos.

“Geralmente os responsáveis buscam a delegacia, e nossa equipe faz um acolhimento de apoio e orientação. Conversamos com os responsáveis e os filhos sobre o que aconteceu e, em alguns casos, como de dependência química, a gente encaminha para o (atendimento) psicológico. Estamos aqui para ajudar essas famílias e tentar solucionar o problema”, disse.

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