Cresce número de inadimplentes que acreditam que não conseguirão pagar dívidas

A parcela de inadimplentes que acreditam ou têm certeza que conseguirão pagar as dívidas caiu de 73% para 59% entre 2021 e 2022. Já o percentual daqueles que afirmam que acha ou têm certeza que não quitarão os débitos subiu de 5% para 17%.

Os dados são da edição 2022 da pesquisa “Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, realizada anualmente pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia, empresa de tecnologia que desenvolve soluções de softwares e serviços, com foco no mercado financeiro, especializada nas áreas de crédito e cobrança.

Segundo o levantamento, que ouviu 1.020 pessoas entre 19 e 28 de setembro em 2022, 32% afirmam estar inadimplentes atualmente, sendo que 42% contraíram a dívida no último ano e 45% entre dois e cinco anos.

Entre os brasileiros com contas em atraso, 9% declaram ter certeza de que não serão capazes de pagar as dívidas, ante um percentual de 2% no ano passado.

Mais inadimplentes também declararam que acham que não conseguirão quitar os débitos, com o índice passando de 3% para 8%.

“Os resultados mostram que uma forte redução na capacidade de pagamento de quem está endividado. Isso pode ser visto mesmo entre quem avalia que terá capacidade de pagar as dívidas. Quatro em cada 10 endividados, por exemplo, acreditam que só conseguirão quitar seus débitos economizando em outras contas. Desses, 56% pretendem reduzir o consumo de determinados produtos e serviços. Por outro lado, 29% dos brasileiros com dívidas declaram que, com a melhora da economia, poderão melhorar a sua situação financeira e conseguirão pagar os débitos”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

O “rodízio de contas” também se tornou uma prática para a maior parte entre endividados, com 60% deles afirmando ter atrasado alguma conta para pagar outra mais urgente nos últimos 12 meses.

Em caso de priorização de contas para pagar, itens básicos – como luz, água e gás (58%), cartão de crédito 42%, supermercado (40%) e aluguel (30%) – aparecem como as mais citadas.

Principais vilões 

Cartão de crédito e bancos/financeiras permanecem como os principais vilões entre os brasileiros inadimplentes. Entre 2021 e 2022, houve aumento no percentual de endividados com cartão de crédito (de 49% para 56%), contas básicas (13% para 20%), supermercados (7% para 8%) e plano de saúde (3% para 7%).

Perda de emprego e falta de planejamento das finanças são os principais motivos para os brasileiros terem dívidas em atraso, com 31% e 29% das citações, respectivamente. Além disso, 18% dos inadimplentes afirmaram ter perdido o prazo de pagamento e acumulado dívidas por ficar doente.

Segundo o levantamento, juros menores no parcelamento (31%) e desconto total da dívida (27%) são fatores citados por endividados que ajudariam durante o processo de negociação dos débitos.

Em seguida, também foram mencionados negociação de todas as dívidas em conjunto, por 13%, e maior prazo para pagamento/número de parcelas (12%).

Dívidas afetam estado emocional, felicidade, sono e autoestima

A grande maioria do endividados declaram que o fato de estar nessa situação impactam negativamente em diversas áreas da vida. Para 84%, as dívidas afetam o seu estado emocional, sendo que 42% afirmaram terem um impacto muito forte.

Autoestima e felicidade são também outras esferas da vida atingidas de forma negativa pelo endividamento, com taxas 82% e 81%, respectivamente.

As dívidas chegam a tirar o sono de 81% dos endividados, segundo a pesquisa. Para 38%, a situação de endividamento, inclusive, impacta muito no sono.

Além disso, 66% declaram que o endividamento afeta negativamente o seu apetite.

“Isso mostra a importância de se combater a inadimplência não apenas do ponto de vista de seus impactos na economia, mas também sociais”, afirma Luiz Sakuda, diretor de Inovação e Marketing da MFM Tecnologia.

“Verificamos também uma enorme demanda por informações e ferramentas tecnológicas. A maior parte dos endividados considera não ter acesso pleno a informações de qualidade sobre educação financeira (72%) e ferramentas e aplicativos de gerenciamento de dívidas (74%)”, acrescenta Sakuda.



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