O diabetes é considerado uma das emergências de saúde global de mais rápido crescimento do século. Em 2021, estimou-se que 537 milhões de pessoas no mundo sofressem com a doença.
Caso não seja controlada adequadamente, ela pode gerar um tipo de dor crônica que impacta significativamente na qualidade de vida do paciente: a neuropatia diabética.
A Dra. Mariana Palladini, anestesiologista especialista em dor, médica responsável do Centro Paulista de Dor, explica que essa condição afeta os nervos das extremidades, principalmente os pés, causando sensações dolorosas anormais como sensação de aperto nos pés, formigamento, queimação ou dormência, que devem ser devidamente controladas para que complicações irreversíveis possam ser evitadas.
“A neuropatia diabética está relacionada a uma série de alterações da condição que conhecemos como pé diabético, como a deformação do pé, diminuição da circulação e ulceração. A falta de tratamento em tempo oportuno, infecções ou danos nos vasos sanguíneos pode provocar a amputação do membro afetado ”, alerta a especialista.
Os problemas associados à neuropatia diabética impactam negativamente na qualidade de vida das pessoas que sofrem com ela, as quais se veem afetadas a nível emocional, econômico e profissional.
Por isso, a médica destaca a importância de educar os pacientes com diabetes para que eles conheçam e compreendam de fato as dificuldades que envolvem sua doença.
A importância da avaliação e tratamento oportunos
De acordo com a Dra. Palladini, que também é editora-chefe do livro “Tratado de Dor Neuropática: Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED)”, é essencial que os pacientes de neuropatia diabética sejam avaliados e tratados de forma oportuna para que sua dor seja aliviada adequadamente.
“Muitas vezes, pessoas que sofrem com dor crônica recorrem à automedicação, mas a dor neuropática, por alteração do sistema somatossensorial, é especialmente complexa de tratar, sendo necessárias, portanto, uma abordagem especializada e alternativas de tratamento inovadoras, como consta no Tratado de Dor Neuropática, publicado no Brasil em setembro de 2021”, aponta.
Além disso, a doutora destaca a importância do atendimento multiprofissional para essa condição, pois “para proporcionar qualidade de vida a essa pessoa, seu nível de glicose deve ser controlado com suporte nutricional, por exemplo, e, paralelamente, deve-se aliviar a dor”, detalha.
Por fim, a especialista também ressalta a necessidade de diagnosticar o diabetes a tempo de evitar complicações como a neuropatia diabética. Para isso, ela sugere ficar atento à sua saúde se você tem um familiar com diabetes, se está comendo ou bebendo em grandes quantidades e se seu peso tem variado sem razão aparente.
“Pacientes que já sabem que têm diabetes precisam saber que conviver com a dor não é normal e que existe tratamento”, conclui.